APRENDENDO COM SILAS E PAULO
Paulo e Silas estavam na cidade de Filipos, Macedônia, por
causa de uma visão (Atos 16:9). Por duas vezes antes de chegar naquela nação
ele havia tentado rumar para outras direções. A primeira vez para a Ásia (Atos 16:6)
e a segunda vez para a Bitínia (Atos 16:7). E nas duas ocasiões o Espírito
Santo havia impedido.
Quantas vezes em nossas vidas tentamos fazer coisas que
nunca dão certo? Às vezes, inclusive, estamos tão imbuídos das melhores
intenções (o caso de Paulo, por exemplo, que era para fazer missões, pregar a
Palavra de Deus) que ficamos a nos perguntar “O que deu errado?” ou “Por que
deu errado?”.
A questão é que Deus não queria Paulo nem na Ásia nem na
Bitínia. Deus queria Paulo na Macedônia. E essa é a questão. Se não estivermos,
ou não nos colocarmos nos centro da vontade de Deus, as coisas nunca sairão
como queremos ou esperamos.
Uma situação que lembra Ageu 1:9, onde o povo esperava muito
e o que recebia era pouco, e o pouco que vinha logo era dissipado. E por quê?
Porque estavam longe da vontade de Deus. Estavam vivendo a sua vontade pessoal.
A sua vontade particular.
Haviam se tornado negligentes. Desleixados com a causa de
Deus. E esse é um risco silencioso que devemos vigiar em nossas vidas com todo
o cuidado. Jamais perder a vigilância de nós mesmos.
Lembra também Jonas, o teimoso, que quanto mais tentava se
esconder pior ficava sua situação.
Ao perceber o que Deus queria, Paulo rumou para a Macedônia,
chegando, como vimos no início, a Filipos. E apesar de ter ficado nessa cidade
por pouco tempo, foi um importante instrumento nas mãos de Deus em pelo menos
três obras poderosas: as conversões de Lídia e do carcereiro e sua família, e a
libertação de uma jovem possessa de um demônio adivinhador.
Moral da história: Deus não nos chama para nada. Nenhum de
nós. Não nos salva à toa. Ele tem um propósito para as nossas vidas, e isso
passa pela realidade de ele quer nos usar, quer fazer de nós instrumentos,
vasos de honra. Para sua honra
No intervalo dessa ação de Deus encontramos Paulo e Silas
presos, acorrentados os pés e as mãos em um tronco, como se fossem os
criminosos mais perigosos da Macedônia. Talvez no fundo em algum momento Paulo
tenha se perguntado se tivesse ido para a Ásia e para a Bitínia não tivesse
sido melhor. Afinal, a visão que tiveram os levou ao cárcere, ao castigo físico
(Atos 22:23), à humilhação pública.
E aqui que podemos ver alguns mistérios de Deus revelados.
1. Romanos 8:28 “Sabemos que todas as coisas concorrem para
o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu
propósito”
Muitas vezes não entendemos porque, aparentemente, as coisas
não estão dando certo. Ou mesmo que Deus esqueceu de nós. Mas acredite, se
tivesse ido para a Ásia ou para a Bitínia, a situação de Paulo seria bem pior.
Basta lembrar mais uma vez o caso de Jonas. Ele se recusava
a pregar em Nínive, na época uma cidade violentíssima, pagã. Achou ser mais
seguro e confortável ir de barco para Társis. Resultado: o ventre do peixe, bem
pior que pregar em Nínive.
Se amarmos a Deus, como diz o versículo em Romanos 8:28, o
que vier é na frente é lucro ou mal menor. Davi aprendeu isso e disse no Salmo
37:5 “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais ele fará” (ACF). A
BJ trás uma tradução ainda mais interessante. Ela termina com a expressão “e
ele agirá”.
Se eu amo a Deus, vivo para ele, sou instrumento em suas
mãos, sou bênção e não maldição, minha boca é usada para adorar e louvar e não
para murmurar, me comporto como ovelha e não bode, então deve esperar que ele
aja em meu favor. E ele agirá, como diz a Bíblia, porque ele é fiel
2. II Coríntios 9:6 “E digo isto: O que semeia pouco, pouco
também ceifará, e o que semeia com fartura, com fartura também ceifará” Com
Deus não há vitória sem luta. Não há colheita sem semeadura. Não há unção sem
santidade. Não há poder sem Palavra. Não há salvação sem se abdicar de muitas
coisas.
Paulo havia sido separado para uma grande obra. Não fez nada
para merecer aquilo e por isso mesmo Deus o escolheu. Mas para se conseguir
grandes coisas de Deus deve-se antes se fazer coisas grandes para Deus. Antes
de receber as tábuas da Lei Moisés ficou quarenta dias no monte em consagração.
Para receber uma resposta a uma oração Daniel jejuou por vinte e um dias. A
grande obra que Paulo faria na Macedônia exigia mais do que simplesmente
querer.
Era preciso enfrentar o inimigo. A incredulidade. A ganância
dos poderosos, que foi a causa de sua prisão (Atos 16:19). Mas ali haviam vidas
em jogo, uma obra a ser realizada, e ele, Paulo, sabia que Deus estava no
comando da situação e era hora de colocar a fé para agir, não dava mais para
voltar atrás, como bem mostra o autor em Hebreus 10:38. Essa é a verdadeira
obra de Deus, “Os que semeiam com lágrimas, ceifarão com cânticos de alegria”
(Salmos 126:5).
3. Atos 16:24-25 “Ele, tendo recebido tal ordem, lançou-os
no cárcere interior, (‘a parte mais interna da prisão’ / BJ), e lhes segurou os
pés no tronco. Perto da meia noite Paulo e Silas oravam e cantavam hinos, e os
outros presos os escutavam”.
Acredite. Chega uma hora em que não vai dar mais para fazer
nada. Quando isso acontecer, ore e louve ao Senhor, porque só ele terá a
solução para o problema. Não era o que fazia Moisés o tempo inteiro? Dá para
imaginar dois camaradas com as costas dilaceradas de açoites, acorrentados pés
e mãos em um tronco, dentro de um beco escuro e fétido entoando cânticos de
louvor ao Rei?
Sim, sabemos o quanto isso é difícil e como sempre temos a
desculpa de dizer “mas era Paulo”. Por isso Deus permitiu que Silas estivesse
junto. Para que todos vissem e vejam que fé não é só privilégio de apóstolos
especiais. Quem era Silas? Um obreiro dedicado que amava a Deus. Era alguém que
qualquer um de nós poderia ser. E muitos são.
O Deus que fez a terra tremer debaixo dos pés de seus servos
é o mesmo Deus até hoje. Seu poder permanece inalterado. Ele continua fazendo
qualquer coisa que queira. O homem não tem autoridade para lhe impor limites.
Para que tudo isso aconteça. Para que estejamos sempre no
centro da verdade de Deus, precisamos trazer Jesus para o centro de nossas
vidas. Precisamos nos arrepender dia após dia de nossas transgressões e começar
a caminha rumo à luz de Cristo.
Precisamos mudar, e buscar sermos cada vez mais parecidos
com ele, imita-lo. Ele mandou que fizéssemos isso: imita-lo. E mesmo sabendo
que nunca seremos como ele, mas ficamos satisfeitos que em saber que morremos
tentando. E o primeiro passo é reconhecê-lo e recebe-lo como único e suficiente
Salvador de nossas vidas.
Neto Curvina