terça-feira, 25 de outubro de 2022

APRENDENDO COM PAULO (PARTE 69)

APRENDENDO COM PAULO

A ATITUDE DE PAULO PARA COM O SOFRIMENTO

ALGO SOBRE O QUE PENSAR

Por que os cristãos sofrem? Por que você tem sofrido?

Estas são questões profundas e legítimas. Muita gente tem feito estas perguntas no decorrer dos séculos

A Bíblia tem muito que dizer sobre o sofrimento e por que ele acontece. De fato, Paulo, em muitas ocasiões falou sobre este assunto. Em sua carta aos Filipenses, ele escreveu sobre seu próprio sofrimento e sobre o que aconteceu por causa dele.

  

UM EXAME DA CARTA DE PAULO ...

O Propósito Que Paulo Em Seu Sofrimento

1:12 Quero ainda, irmãos, cientificar-vos de que as coisas que me aconteceram têm antes contribuído para o progresso do evangelho;

 

Modos Pelos Quais o Evangelho Progredia

1:13 de maneira que as minhas cadeias, em Cristo, se tornaram conhecidas de toda a guarda pretoriana e de todos os demais;

1:14 e a maioria dos irmãos, estimulados no Senhor por minhas algemas, ousam falar com mais desassombro a palavra de Deus.

1:15 Alguns efetivamente proclamam a Cristo por inveja, e porfia; outros, porém, o fazem de boa vontade;

1:16 estes, por amor, sabendo que estou incumbido da defesa do evangelho;

        1:17 aqueles, contudo, pregam a Cristo, por discórdia, insinceramente, julgando suscitar tribulação às minhas cadeias.

 

 A Atitude de Paulo em Meio ao Sofrimento

1:18    Todavia, que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por pretexto, quer por verdade, também com isto me regozijo.

Outros Motivos Pelos Quais os Cristãos Sofrem

 O QUE PAULO DISSE?

A.     O Propósito Que Paulo Em Seu Sofrimento

B.    Modos Pelos Quais o Evangelho Progredia

1.      Na comunidade paga

2.      Na comunidade cristã

3.      Na comunidade judaica

C.     A Atitude de Paulo em Meio ao Sofrimento

D.     Outros Motivos Pelos Quais os Cristãos Sofrem


O QUE PAULO QUIS DIZER?

 

A.                O Propósito Que Paulo Vê Em Seu Sofrimento—o Progresso do Evangelho 


(FILIPENSES 1:12)


Os cristãos Filipenses haviam-se preocupado extremamente com a situação de Paulo em Roma. Não há dúvida de que uma das perguntas candentes que eles queriam fazer, quando Epafrodito saiu a procurá-lo, relacionava-se com seu estado físico. E enquanto escrevia uma carta, que logo seria levada por Epafrodito, Paulo referiu-se à pergunta dos Filipenses quanto ao seu bem-estar: "Quero, ainda, irmãos, cientificar-vos" disse ele, "de que as coisas que me aconteceram têm antes contribuído para o progresso do evangelho" (1:12).


Paulo, quando escreveu esta carta, era um prisioneiro. Não resta dúvida de que ele escreveu a epístola aos Filipenses durante o período de dois anos que permaneceu em sua própria casa alugada, acorrentado a um guarda romano (Atos 28:16, 30).1

Note, porém, o propósito que Paulo via em sua prisão e conseqüente sofrimento. "Estou bem e ativo", escreveu ele. verdade que estou em cadeias e tenho tido muitas dificuldades, mas a coisa importante é que as pessoas estão aprendendo de Cristo."

Que atitude fantástica! Paulo tinha uma capacidade maravilhosa para ver um propósito positivo em tudo o que lhe sucedia. Ele poderia ter cruzado os braços e, por dois longos e agonizantes anos, ter-se enterrado na autocomiseração.

Mas Paulo não era assim. Ele viu uma oportunidade de ouro. Três dias depois de acomodar-se em sua casa, "convocou os principais dos judeus" (Atos 28:17). Quando chegaram, ele repassou as circunstâncias que o levaram à sua presente condição (w. 17- 20). Eles se dispuseram, pelo menos, a ouvir o ponto de vista de Paulo, e nos dias seguintes os líderes judaicos voltaram para ouvi-lo explicar o Antigo Testamento e a vinda de Jesus Cristo, a esperança de Israel.

Alguns creram nele. Outros, porém, rejeitaram sua mensagem. Este foi o princípio de um esforço evangelístico maravilhoso que se irradiou da casa-prisão de Paulo.

 

B.      Modos Pelos Quais o Evangelho Progredia


(FILIPENSES 1:13-17) Quanto tempo havia Paulo passado na prisão quando escreveu esta carta não o sabemos, mas fora suficiente para ter um forte impacto sobre a cidade de Roma, e provavelmente além dela. Seu claro testemunho de Jesus Cristo atingiu muita gente em várias camadas sociais.2

 

1.   Na comunidade paga

Ao dar um exemplo de como o evangelho havia progredido como resultado de sua prisão. Paulo referiu--se primeiro à comunidade paga; na realidade, o último grupo com quem ele trabalhou. "De maneira que", escreveu ele, "as minhas cadeias, em Cristo, se tomaram conhecidas de toda a guarda pretoriana e de todos os demais" (Filipenses 1:13).

Quando os líderes judaicos vieram ouvir Paulo explicar por que se encontrava na prisão em Roma, numerosos guardas pagãos que ficavam ao lado de Paulo vinte e quatro horas por dia ouviram sua história várias vezes. Lucas relata: "Por dois anos permaneceu Paulo na sua própria casa. que alugara, onde recebia a todos que o procuravam, pregando o reino de Deus, e, com toda a intrepidez, sem impedimento algum, ensinava as coisas referentes ao Senhor Jesus Cristo" (Atos 28:30, 31).

A história registra que havia cerca de 9000 homens na guarda imperial em Roma. E difícil imaginar que a maioria destes homens tivesse ouvido falar da prisão de


Paulo, mas não impossível. Paulo era um caso especial. Até onde sabemos, ninguém antes fora preso por causa de Cristo. Por roubos, assassínios. e outros crimes, sim. mas não por seguir um religioso que dizia ser Deus.

Isto era algo inusitado. Não dúvida de que se espalhou muita conversa acerca deste pequeno judeu que. com seu ensino, alvoroçava a comunidade judaica. Não resta dúvida de que um guarda após o outro deixava seu turno ao lado de Paulo, cocando a cabeça e indagando a si mesmo o que tudo isso queria dizer Com o tempo, um a um, muitos dos próprios guardas provavelmente tornaram-se cristãos.

Mas a prisão singular de Paulo era comentada por mais gente do que os próprios guardas: "as minhas cadeias . . .se tornaram conhecidas. . .de todos os demais" (1:13). Logo, grande multidão de pessoas espalhadas por toda a cidade ouviu falar de Paulo. O nome de Cristo tornou-se um tópico comum de conversa. "Quem é este Cristo?" seria e pergunta natural. "Ele deve ser uma pessoa muito fora de série para receber lealdade tão grande", seria a conclusão lógica. "Descubramos mais!" seria a reação natural.

E concebível que os próprios guardas cobiçassem a oportunidade de guardar Paulo, apenas para acrescentar variedade e interesse ao que, de ordinário, seria uma tarefa maçante.

Paulo estava emocionado com estas oportunidades de falar de Cristo ao mundo pagão. Afinal de contas, era este o principal objetivo de sua vida. Visto que muitos dos judeus não responderam ao verdadeiro evangelho, Lucas relata. Paulo voltou-se uma vez mais para os gentios e pregou-lhes o evangelho (Atos 28:25-30). Começando com os guardas romanos, ele teve a oportunidade de falar de Cristo com muitos cidadãos romanos que vinham vê-lo—possivelmente por curiosidade—e ouvir Paulo pregar o evangelho (v. 30).

 

2.    Na comunidade cristã

A prisão de Paulo também estimulou outros cristãos de Roma a falarem acerca de Jesus Cristo. Quando ouviram falar da ousadia de Paulo, começaram a "falar com mais desassombro a palavra de Deus" (1:14).

Algo dentro do homem reage à bravura dos outros. Lembro-me de visitar o Forte Alamo, na cidade de Santo Antônio, no Estado do Texas. Aí um pequeno grupo de homens ficou sabendo que seu destino estava selado se permanecessem e lutassem contra o grande destacamento de soldados mexicanos que estava prestes a avançar sobre a pequena missão da igreja, seu único refúgio. O coronel W. B. Travis riscou uma linha no com sua espada, desafiando os homens a cruzá-la se quisessem ficar e lutar até à morte. Todos, com exceção de um, aceitaram o desafio—até mesmo o coronel James Bowie, que se encontrava ferido numa cama de campanha.

"Carreguem-me para o outro lado da linha'1, gritou ele para seus companheiros.

Todos foram mortos, inclusive Bowie, que lutou contra o inimigo como melhor pôde de seu leito de morte.

Todos os verdadeiros norte-americanos "lembram-se do Alamo". Mas. muitas vezes, como cristãos, não nos lembramos dos que sofreram e morreram por sua fé em Jesus Cristo.

 

3.    Na comunidade judaica

Há muitas opiniões quanto ao que Paulo se referia, em 1:15-17. ao escrever a respeito dos que pregavam a Cristo "por inveja e porfia. . . por discórdia, insincera- mente, julgando suscitar tribulação às minhas cadeias". Quem eram estas pessoas com motivos falsos?

Alguns crêem que estes eram os judaizantes. os "cristãos" que misturam a lei


com a graça. Mas em outras ocasiões Paulo deu ênfase ao seu desprazer quando se pregava "um falso evangelho" (Gálatas 1:6-9). Assim, não é do feitio de Paulo aprovar o procedimento dos judaizantes de Roma.


Outros crêem que ele se referia aos crentes que tinham "falsos motivos" quando saíam para pregar a fim de causar perseguição a Paulo. Contudo, é difícil imaginar crentes que aumentariam o sofrimento daquele que lhes comunicou a mensagem de liberdade em Cristo.


Outro ponto de vista é possível e que, de fato, parece fazer mais sentido. Repito, um estudo cuidadoso do relato de Lucas em Atos 16, quando comparado com Filipenses 1:12-18. parece apoiar a idéia de que estas pessoas eram judeus não convertidos.


Note que Paulo primeiro chamou os líderes judaicos para virem à sua casa- prisão para ouvi-lo interpretar o Antigo Testamento. Desde a manhã até a noite "lhes fez uma exposição em testemunho do reino de Deus, procurando persuadi-los a respeito de Jesus, tanto pela Lei de Moisés, como pelos profetas" (Atos 28:23). Alguns se persuadiram de que Jesus Cristo era o verdadeiro Messias: mas outros "continuaram incrédulos". De fato, "havendo discórdia entre eles, despediram-se".


Este evento na vida da comunidade judaica evidentemente desencadeou uma discussão calorosa entre seus líderes. Com o número crescente de gentios que começou a voltar-se para o evangelho, é provável que logo eles se lançassem em uma campanha maciça para sujar o nome de Paulo.


Mas tinham de defrontar-se com Paulo em seus próprios termos—Jesus Cristo! Era ou não era ele o verdadeiro Messias? Era este o debate. E assim, em "sentido contrário", os judeus que não criam ser Jesus o Cristo, na realidade, tornavam-se instrumentos que ajudavam a demonstrar que ele era o Cristo; em sua inveja e rivalidade, em sua ambição egoísta e seus motivos falsos, na verdade, eles pregavam a Cristo enquanto tentavam desacreditar a Paulo.

Este não era um novo fenômeno no Israel incrédulo. Aconteceu quando Cristo esteve na terra. João registrou a história do cego de nascença que. de fato, chegou à fé em Cristo por causa dos argumentos judaicos contra Cristo (João 9). Parece, pois. que quanto mais os líderes judaicos de Roma tentavam convencer o povo de que Jesus não era o Cristo, tanto mais gente ficava convencida de que ele era!

 

B. A Atitude de Paulo Em Meio ao Sofrimento (1:18)

Paulo termina este parágrafo dinâmico de sua carta aos Filipenses, com estas palavras: 'Todavia, que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por pretexto, quer por verdade, também com isto me regozijo."

O evangelho progredia, e Paulo viu este propósito positivo em seu sofrimento. Talvez ele tenha visto mais resultados evangelísticos neste período de dois anos do que em qualquer outro período de sua vida. Como poderia ele ficar triste e deprimido quando o mesmo propósito para o qual ele nasceu estava sendo cumprido de uma maneira admirável?

 

D. Outros Motivos Pelos Quais os Cristãos Sofrem

Vários propósitos podem ser realizados quando os crentes sofrem.

 

1.    Comunicação do evangelho de Cristo

Neste exemplo, o sofrimento ajudou Paulo a comunicar a mensagem de vida em Cristo, o que lhe deu esperança e alegria durante sua prisão.


2.    Compreensão dos sofrimentos dos outros

Em outras ocasiões, Paulo compreendeu que seu próprio sofrimento ajudá-lo-ia a ter simpatia por outros que sofriam. Por sua vez, ele podia ajudar mais eficazmente os que estavam perturbados, partilhando com eles o mesmo consolo que havia recebido de Deus (2 Coríntios 1:3-5).

 

3.    Produção da maturidade cristã

Tiago lembrou aos cristãos que o sofrimento, quando visto adequadamente, pode produzir a maturidade. "Meus irmãos, tende por motivo de toda a alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes" (Tiago 1:2-4).

 

4.    Por causa de pecado pessoal

O escritor de Hebreus lembra-nos que os cristãos às vezes sofrem por causa de pecado em suas vidas. Se somos filhos de Deus e somos "maus". Deus, como pai amoroso, nos disciplina—não com o fim de punir-nos, mas para levar-nos, com amor. de volta à comunhão com ele (12:5-10). "Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça" (12:11).

 

5.    Porque vivemos em um mundo contaminado pelo pecado

Hã também o sofrimento que resulta do fato de vivermos num mundo poluído pelo pecado. Às vezes acontece por causa de outras pessoas e está além de nosso controle. Por exemplo, pais insensíveis e egoístas ás vezes criam problemas para seus filhos, causando muita perturbação emocional e até mesmo dano físico.

 

6.    Sofrimento que não podemos compreender

Há também um tipo de sofrimento que não podemos compreender de modo nenhum. É difícil perceber-lhe o motivo, muito menos o propósito. Jó passou por este tipo de experiência. Contudo, ele confiou em Deus mesmo quando os outros se haviam afastado dele. até quando sua mulher o aconselhou a amaldiçoar a Deus e morrer. Visto que conhecia a Deus de uma maneira pessoal, ele também sabia que além desta vida ele viria a compreender o significado de sua experiência. Ele viu "significado" em seu sofrimento, embora este sofrimento tivesse de basear-se no fato de que Deus, no final, esclarecerá todas as coisas (Romanos 8:28).

 

7.   Levar o indivíduo à experiência da salvação

O sofrimento também tem sido a oportunidade que algumas pessoas têm de convidar Jesus Cristo para ser seu Salvador. Sem chegarem ao ponto da desesperança, pode ser que elas jamais se tivessem voltado para Deus e pedido sua ajuda. É melhor sofrer nesta vida do que passar toda a eternidade separados de Deus!

UMA APLICAÇÃO PARA O SÉCULO VINTE

Qual é minha atitude para com o sofrimento? Tento desenvolver uma atitude positiva para com ele, não importa qual seja sua causa? Ou gasto a maior parte do tempo sentindo pena de mim mesmo ou amargurando--me contra Deus e os outros? Procuro oportunidades de transformar meu fardo em bênção? Tento ver, pela fé, algum significado na experiência, ainda quando não consigo compreender claramente por que o problema existe, ou qual seja seu propósito específico?

 

 UMA RESPOSTA DE VIDA PESSOAL


Escolha uma circunstância em sua própria vida que seja um fardo. Que significação possível, que o capacitará a ser um crente mais maduro, você pode ver nesta experiência? Como pode você transformar esta situação negativa em uma experiência positiva, na sua vida ou na vida de outra pessoa? Seja específico. Que passo você dará primeiro?

 

Sabe-se que vários pontos de vista diferentes quanto a onde e quando Paulo esteve na prisão. Alguns acreditam, e com boa razão, que ele estava preso em Éfeso. Outros, porém, pensam que ele estava em Roma e que foi durante o período de dois anos que ficou preso em sua casa alugada. 

Embora em cadeias, foi-lhe dada a liberdade de pregar o evangelho. Parece que o material textual em si, Filipenses 1:12-18, quando cuidadosamente relacionado com Atos 28:16-30, apoia esta hipótese. 

Toda a evidência da passagem de Filipenses parece apontar para o fato de que quando Paulo escreveu esta carta, já havia estado preso por um bom período de tempo, talvez a maior parte do período de dois anos.

 

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