quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

APRENDENDO COM RUTE (PARTE 06)


RUTE - Um Deus que age no silêncio


O livro de Rute revela para nós um Deus que trabalho no silêncio, um Deus que trabalho no oculto. um Deus que não precisa avisar que está agindo a teu favor.

Muitas das vezes Deus vem ao nosso encontro sem que percebamos, Ele nos livre, ele nos guarda, ele nos guia, ele nos protege, sem que você perceba, sem que você note.

Quando você pensa que Ele está distante de você, ou até que se voltou às costas pra você,

A verdade é que Ele está agindo no oculto, em secreto, no silencio em teu favor.

É isso que aprendemos quando estudamos o livro de Rute. Já nos primeiros versículos identificamos a providencia da mão divina agindo na vida daquele que lhe pertence.

Leitura: Rute 1.1-17

Eu penso que existem duas principais razões pelas quais o escritor dedica muito espaço ao esforço de Noemi para devolver Rute e Orfa,

A 1ª Razão pelo qual o escritor dedica muito espaço ao esforço de Noemi em devolver Rute e Orfa é devido a sua miséria

De acordo com o primeiro versículo a história de Rute aconteceu durante o tempo dos juízes. Este foi um período de 400 anos depois que Israel entrou na terra prometida sob liderança de Josué e não havia nenhum rei em Israel.

O livro de Juízes vem um pouco antes de Rute em nossas Bíblias e você pode ver em seu último versículo que tipo de período era esse. Juízes capítulo 21.25 diz: “Naqueles dias não havia rei em Israel, cada um fazia o que era reto aos seus próprios olhos”.

Ou seja, cada um arbitrava da melhora maneira que lhes parecia. E uma sociedade onde cada um é xerife o que temos não é ordem é caos. Imagine uma tribo onde a maioria é o cacique?

Assim sendo esse foi um tempo muito escuro em Israel. As pessoas pecavam, E Deus mandava inimigos contra eles, o povo pedia socorro, e Deus misericordiosamente levantava um juiz para libertá-los.

Esse primeiros versículos descrevem não somente a miséria de Israel, mas a miséria de certa mulher chamada Noemi. Há fome em Judá. Noemi e sua família residiam em Judá, Noemi sabe muito bem quem é que provoca a fome.

Deus provoca a fome! Levítico 26:3-4 diz: “Se andardes nos meus estatutos, e guardardes os meus mandamentos, e os cumprirdes, então eu vos darei as chuvas há seu tempo; e a terra dará a sua colheita, e a árvore do campo dará o seu fruto”.


As coisas já estavam difíceis, e eles tomaram a pior decisão!

Quando as chuvas são retidas é a mão dura de Deus. Então, eles tomaram a pior decisão, Sair de Judá e ir habi­tar em Moabe, Uma terra pagã com deuses estrangeiros,

Se a situação já estava difícil em Judá de Israel por causa da fome que era resulta da desobediente aos mandamentos de Deus, E agora eles vão morar na terra de Moabe, Isso é brincar com o fogo. E todos nós sabemos: Quem brinca com fogo acaba se queimando!

Deus tinha chamado seu povo para que vivessem separados das terras vizinhas. Com certeza não era à vontade e Deus que eles fossem morar em Moabe. Moabe com certeza era a última opção para eles, na verdade Moabe nem deveria estar na lista de cidades para ser consideradas,

Alguém sabe como Moabe se originou? A cidade de Moabe originou daquele caso incestuoso das filhas de Ló com o seu pai, a mulher de Ló virou uma estátua de sal, as filhas querendo preservar o nome da família, embriagou o pai e as duas filhas ficaram grávidas do próprio pai, e o filho da primogênita foi quem deu origem a cidade de Moabe.

Gênesis 19.35-37 “De novo, pois, deram, aquela noite, a beber vinho a seu pai, e, entrando a mais nova, se deitou com ele, sem que ele o notasse, nem quando ela se deitou, nem quando se levantou. E assim as duas filhas de Ló conceberam do próprio pai. A primogênita deu à luz um filho e lhe chamou Moabe: é o pai dos moabitas, até ao dia de hoje”.

A cidade de Moabe além de se originar de uma maneira bizarra, sua história é marcada por paganismo e perversidade, a cidade foi uma Pedra na sandália de Moisés, próximo da sua morte teve problemas com o rei de Moabe, Pra vocês terem uma ideia o rei de Moabe foi o rei que conseguir subornar o profeta Balaão, para conseguir derrotar o exercito de Israel.

Deus ficou tão aborrecido, que colocou na boca de Moisés uma maldição sobre Moabe. Números 21.29 “Ai de ti, Moabe! Perdido estás, povo de Quemos; entregou seus filhos como fugitivos e suas filhas, como cativas a Seom, rei dos amorreus”.

De acordo com esse versículo os Moabitas também eram adorarem de “Quemos” é conhecido como Baal-Peor, Baal-Peor é um deus que exige sacríficos humanos como acontece em centros de Umbanda da cultura africana.

Desse modo foi erro, eles terem optado pelas terras de Moabe, en­tão, quando o marido de Noemi morre o que ela poderia sentir além do juízo de Deus?

As coisas já estavam difíceis, e eles tomaram a pior decisão!

Então seus dois filhos, para piorar as coisas tomam mulheres moabitas para se casar: Orfa e Rute. E mais uma vez a mão de Deus cai sobre eles.

O versículo 05 resume a tragédia de Noemi após dez anos do casamento de filhos: “E morreram também ambos, Malom e Quiliom, ficando assim a mulher desamparada dos seus dois filhos e de seu marido.”

A fome, uma mudança precipitada para Moabe, o juízo contra seu marido, o casamento de seus filhos com esposas estrangeiras, o juízo contra seus dois filhos. Um golpe após outro golpe, tragédia atrás de tragédia, e agora?

No versículo 6 Noemi fica sabendo que “o Senhor visitou o seu povo e deu-lhes comida”. Então, ela decide voltar para Judá.

Suas duas noras moabitas, Rute e Orfa, vão com ela parte do caminho.

Nos versículos de 08 á 13 temos a insistência de Noemi. Tentando convencer suas noras para voltar para casa, cada uma para casa de seu pai,

A cena destaca a miséria de Noemi.

Noemi está desolada, ela se sente um lixo, ela está arrasada, sem expectativa e sem esperança. Ela está no fundo do poço.

Note a insistência de Noemi em dispensas suas Noras, versículo 11,

Em outras palavras, Noemi não tem nada para lhes oferecer, sua condição é pior, do que a condição delas,

Assim, ela conclui no final do versículo 13, “Não, filhas minhas, que mais amargo me é a mim do que a vós mesmas; porquanto a mão do SENHOR se descarregou contra mim.”

Em outras palavras: Não venha comigo, porque Deus é contra mim, sua vida pode ser tão amarga quanto a minha.

E olha que nós nem comentamos sobre a questão de ser uma mulher viúva, num contexto patriarcal, onde a mulher era proibida de trabalhar fora, dependendo tão exclusivamente dos filhos.

Essa é a primeira razão pelo qual o escritor dedica muito espaço ao esforço de Noemi em devolver Rute e Orfa é devido a sua miséria

A 2ª Razão pelo qual o escritor dedica muito espaço ao esforço de Noemi em devolver Rute e Orfa é devido a sua desesperança

O que é pior que a miséria? Em minha opinião, por causa desse texto, pior que a miséria é desesperança.

O que é desesperança? Desesperança é onde a pessoa desiste da vida, onde a pessoa deixa de lutar, onde se joga a toalha por que você não vê mais solução, você não vê a luz no final do túnel.

O versículo 14 diz que Orfa beijou Noemi e se foi, mas Rute se agarrou a ela, nem mesmo a insistência no verso 15 pode mandar Rute embora,

Esta é a mais impressionante demonstração de fidelidade após o vale sombrio de Noemi, Rute fica com ela apesar de aparentemente não ter esperança para o futuro.

As palavras surpreendentes de Rute são encontradas nos versículos 16 e 17, “Não me instes para que te aban­done, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus; Onde quer que morreres morrerei eu, e ali serei sepultada. Faça-me assim o SENHOR, e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti.”

As coisas já estavam difíceis, e eles tomaram muitas decisões erradas, mas quando Noemi decide tomar a decisão certa, ou seja, voltar para Judá, as coisas começam a entrar no eixo novamente!

Quanto mais você refletir sobre essas palavras, mais surpreendente essas palavras se tornam. O compromisso de Rute com a sua sogra indigente é simplesmente surpreendente.

De um lado temos uma mulher que simplesmente desistiu do outro lado temo uma mulher que simplesmente se nega a desistir

Rute abre mão de tudo. Ela abre mão não apenas de sua nacionalidade, mas ela abriu mão da sua filiação, ela abriu mão da sua herança religiosa, ela abriu mão do seu ambiente cultural, por causa da sua sogra,

Deus usa pessoas que menos esperamos para nos abençoar, e de fato Deus age em silêncio.

E não pense que foi fácil lidar com Noemi. Por que tem pessoas que vão dizer: Pra Rute foi fácil, O senhor não conhece a bruxa da minha sogra, O senhor não conhece a bruaca da minha nora, Noemi era fácil, Noemi deveria ter sido a sogra dos sonhos,

Engano teu! Noemi não foi uma mulher fácil de amar, nessa altura ela era uma mulher muito amarga.

Tanto é fato que ela fez questão de mudar seu próprio: Rute 1.20 “Porém ela lhes dizia: Não me chameis Noemi; chamai-me Mara, porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso”.

E mesmo assim Rute demonstrou fidelidade, a fidelidade de Rute está acima das circunstâncias,

E nós ouvimos tantas coisas desagradáveis entre noras e sogras, conflitos muitas das vezes que gera separação, tumultos que geram ofensas, confusões que geram mágoas e amargura profundas,

Temos notícias de relacionamento rompido entre nora e sogra que não se falam há anos. Piadas que são contadas em meio a gracejos que refletem essa realidade tão nítida nas nossas famílias,

Existe um conflito muito nítido entre noras e sogras. Por isso que a atitude de Rute é simplesmente surpreendente,

Noemi está completamente sem chão. Você já se sentiu assim?

A única coisa que Noemi consegue assimilar era o juízo de Deus sobre sua vida, note novamente o versículo 13, “A mão do Senhor foi contra mim”. Ela sente a mão de Deus

A experiência de Noemi com Deus foi tão amarga que ela perdeu a esperança,

Por isso que essa história é fantástica. Um Deus que trabalho no silêncio, um Deus que trabalho no oculto, um Deus que não precisa avisar que está agindo a teu favor.

Muitas das vezes Deus vem ao nosso encontro sem que percebamos, quando você pensa que Ele está distante de você,  ou até que se voltou às costas pra você,

A verdade é que Ele está agindo no oculto, em secreto, no silencio em teu favor.

É isso que aprendemos nesses primeiros versículos. A providência da mão divina agindo na vida daqueles que lhes pertencem.

Noemi não percebeu Deus. Mas isso não mudou o fato de Deus perceber Noemi,

Você não precisa sentir Deus para saber que ele está agindo, não é uma questão de sentir, é uma questão de saber.


APRENDENDO COM JABEZ


Análise do Livro "A Oração de Jabez" - Feitiçaria Cristã

Ao mesmo tempo em que o mundo caminha velozmente em direção ao Anticristo, o povo cristão está se defrontando com a mais poderosa enganação que já apareceu nos tempos recentes: 'A Oração de Jabez'. Quando estudamos esse livro, pudemos ver a feitiçaria que cerca as afirmações de seu autor.

A Oração de Jabez - 1 Crônicas 4:9-10: "E foi Jabez mais ilustre do que seus irmãos; e sua mãe deu-lhe o nome de Jabez, dizendo: Porquanto com dores o dei à luz. Porque Jabez invocou o Deus de Israel, dizendo: Se me abençoares muitíssimo, e meus termos ampliares, e a tua mão for comigo, e fizeres que do mal não seja afligido! E Deus lhe concedeu o que lhe tinha pedido."
Com essa simples oração, Jabez colocou toda sua confiança no Deus de Israel. Essa seção em 1 Crônicas é a única vez que ouvimos a respeito de Jabez na Bíblia. Jesus não o citou nos evangelhos e nunca ofereceu a oração dele como um modelo para nós. Nosso Salvador também não instruiu seus discípulos a repetirem essa oração diariamente para que pudessem usufruir as bênçãos de Deus em suas vidas.
O apóstolo Paulo tampouco menciona Jabez em seus escritos. Pedro, João, Lucas e Tiago também não mencionam a oração de Jabez. Aprendi por experiência que é perigoso criar uma doutrina com base em um único verso, e ainda mais perigoso se esse verso estiver no Antigo Testamento e não tiver confirmação de algum autor do Novo Testamento. Assim, foi com grande reserva que tratei esse assunto da garantia de bênçãos, riquezas e expansão de "território" do livro A Oração de Jabez, de Bruce Wilkinson, publicado em português pela Editora Mundo Cristão.
Um Exame da Oração de Jabez nas Escrituras
Deus nos diz no verso 9 que Jabez era um homem bom e honrado, e mais honrado que seus irmãos. O registro histórico nos diz que Jabez foi um dos pilares da incipiente nação de Israel. A história registra que Jabez encorajou o estudo dos escribas daqueles tempos e uma cidade em que os escribas se congregavam para trabalhar e para viver recebeu o nome Jabez em homenagem a ele.
Assim, em 1 Crônicas 2:55, lemos "E as famílias dos escribas que habitavam em Jabez, foram os tiratitas, os simeatitas e os sucatitas; estes são os queneus, que vieram de Hamate, pai da casa de Recabe". Portanto, Jabez foi um pilar da incipiente nação de Israel, e como tal, Deus o escolheu para uma missão muito importante - mas para esse fato histórico voltaremos dentro de instantes.
Quando Jabez orou, seu foco foi estritamente em seu Deus onipotente, maravilhoso e protetor. Em todos os quatro pedidos, Jabez manteve seu foco em Deus e na vontade soberana de Deus. Ele não estava tentando forçar Deus a fazer algo contrário à sua vontade, nem manipular ou colocar Deus em uma situação constrangedora, que o obrigasse a agir de uma certa maneira. Jabez simplesmente fez quatro pedidos a Deus que eram a vontade e desejo do seu coração, e Deus respondeu porque o pedido de Jabez era coerente com sua soberana vontade.
O Contexto Histórico da Oração de Jabez
Para compreender como a oração de Jabez realmente estava dentro da vontade soberana de Deus, vamos examinar um comentário bíblico para termos o pano de fundo histórico. [Citaremos o The Jamieson, Fausset, and Brown Commentary, da "The Bethany Parallel Commentary on the Old Testament", publicado em conjunto com a Zondervan Publishing House. ISBN 0-87123-617-3, 1985, Bethany House Publishers, pg 741]
Veja o pano de fundo apresentado por esse comentário a respeito da oração de Jabez.
"A oração aqui registrada está na forma de um voto, como a de Jacó em Gênesis 28:20. Parece que foi proferida quando Jabez estava iniciando um serviço crítico ou importante, e para que a execução fosse bem sucedida, ele colocou sua confiança não na sua própria capacidade nem na coragem da sua gente, mas desejou ardentemente a ajuda e a bênção de Deus. Muito provavelmente, o empreendimento era a expulsão dos cananeus dos território que ele ocupava; e como essa era uma guerra de extermínio, que o próprio Deus tinha ordenado, suas bênçãos podiam ser mais racionalmente pedidas e esperadas na preservação deles de todos os perigos que o empreendimento envolveria."
Agora, essa informação histórica lança um pouco mais de luz sobre a oração de Jabez, não lança? Naquele momento histórico, Deus ordenou que o exército de Israel atacasse os povos que viviam na Terra Prometida, cuja religião era tão satânica que eles tinham "contaminado a terra" com a prática das suas feitiçarias. Veja a declaração de Deus sobre essa questão:
"Com nenhuma destas coisas vos contamineis; porque com todas estas coisas se contaminaram as nações que eu expulso de diante de vós. Por isso a terra está contaminada; e eu visito a sua iniqüidade, e a terra vomita os seus moradores. Porém vós guardareis os meus estatutos e os meus juízos, e nenhuma destas abominações fareis, nem o natural, nem o estrangeiro que peregrina entre vós; porque todas estas abominações fizeram os homens desta terra, que nela estavam antes de vós; e a terra foi contaminada. Para que a terra não vos vomite, havendo-a contaminado, como vomitou a nação que nela estava antes de vós. Porém, qualquer que fizer alguma destas abominações, sim, aqueles que as fizerem serão extirpados do seu povo." [Levítico 18:24-29]
Assim, Deus ordenou que Moisés, Josué e os outros líderes de Israel organizassem expedições militares para atacar e destruir totalmente os povos adoradores de Satanás. Deus foi bem claro ao dar ordens ao rei Saul:
"Vai, pois, agora e fere a Amaleque; e destrói totalmente a tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois até às ovelhas, e desde os camelos até aos jumentos." [1 Samuel 15:3]
Esses amalequitas eram os mais vis adoradores de Satanás. Assim, Deus queria erradicar a maldição da feitiçaria hereditária que era desmedida em toda aquela sociedade. A maldição do satanismo pode se estender por sete gerações. Certamente, Deus cortou três gerações da feitiçaria matando todos os anciãos, todos os adultos e todas as crianças. Nenhum amalequita restou, por meio de quem Satanás pudesse ter obtido autoridade legal para atacar os israelitas uma vez que os amalequitas sobreviventes se misturassem com os israelitas.
Além disso, Deus ordenou que o rei Saul aniquilasse todos os animais, por duas razões básicas: Primeiro, aqueles animais não eram usados apenas na produção de alimento, mas também para sacrifícios aos muitos deuses dos amalequitas. Assim, todo o rebanho estava amaldiçoado aos olhos de Deus. Segundo, as práticas sexuais pervertidas dos amalequitas por causa de suas feitiçarias incluiam a bestialidade e a homossexualidade. Assim, as doenças venéreas eram comuns, não somente nas pessoas, mas também entre os animais.
Deus estava decidido a erradicar esse pecado satânico e fazer cessar a poluição moral na Terra Prometida, que estava dando à nação de Israel.
Jabez era um daqueles líderes que em breve iriam atacar os cananeus pelas mesmas razões que os amalequitas foram atacados e aniquilados. Com essa missão militar a ser liderada por Jabez em mente, vamos examinar novamente as quatro partes de sua oração para ver o sentido que fazem no contexto histórico.
"Jabez invocou o Deus de Israel... " - Como o Deus de Israel foi aquele que prometeu vitória militar total sobre os ferozes inimigos que habitavam a Terra Prometida, Jabez sabia exatamente a quem se dirigir para obter ajuda nessa empreitada militar. Deus tinha ordenado o ataque àqueles povos; tinha decretado a severidade da aniquilação; tinha prometido a vitória total para Israel. Assim, Jabez sabia exatamente a quem deveria orar.
Pedido 1: "Se me abençoares muitíssimo..." - Jabez queria as bênçãos de Deus na batalha contra os cananeus. Ele humildemente compreendia suas limitações em liderar um exército de soldados contra um inimigo feroz e determinado, de modo que naturalmente pediu que Deus o abençoasse.
Pedido 2: "...e meus termos ampliares..." - Naquele momento da história de Israel, Deus estava particionando seções da terra que tinha sido conquistada dos inimigos vencidos e dando essa terra aos líderes israelitas. Como essa terra permaneceria na posse da família, é fácil ver como esses líderes originais queriam uma boa área de terra. Se Jabez iria liderar seus homens na batalha, e obter a vitória, é fácil ver como ele queria que Deus o recompensasse com uma grande extensão de terra.
Pedido 3: "... e a tua mão for comigo..." Os cananeus não seriam um adversário fácil na batalha, embora Deus tivesse prometido estar com os israelitas e dar-lhes a vitória. Certamente, Jabez não queria tomar alguma ação no calor da batalha que desacreditasse Deus e desse a vitória para os inimigos. Assim, é fácil ver por que Jabez queria que a mão de Deus estivesse com ele.
Pedido 4: "... e fizeres que do mal não seja afligido!" - Como dissemos anteriormente, os cananeus praticavam a forma mais vil de feitiçaria de Magia Negra imaginável. Portanto, Jabez sabia que estaria enfrentando não somente os ferozes soldados cananeus, mas também o poder sobrenatural que estava por trás deles - as legiões demoníacas. Jabez conhecia bem o poder da feitiçaria, e sabia que estaria enfrentando os tipos mais terríveis de encantamentos e maldições demoníacas que seriam lançados contra ele. Ele sabia que seria o alvo pessoal dessas maldições satânicas, pois era o líder da força militar. Jabez sabia que os mais poderosos feiticeiros cananeus realizariam rituais poderosos contra ele, para tentar evitar que ele os atacasse.
Assim, Jabez orou pedindo que Deus o preservasse dessas maldições malignas provenientes do poço do abismo! "Faças que do mal não seja afligido!"
Portanto, Jabez pôde comandar seus homens na batalha, certo da proteção de Deus. No entanto, a questão mais importante que quero enfatizar é que ele colocou o foco da sua oração em Deus, não em si mesmo.
O Autor Wilkinson Distorce as Escrituras
Agora, vamos examinar o modo como Wilkinson pegou essa oração bíblica simples e maravilhosa e a distorceu para algo que Deus nunca teve em vista. Vamos começar no início, no prefácio, em que Wilkinson faz primeira afirmação problemática:
"Quero ensiná-lo a fazer uma oração audaciosa que Deus sempre atende..." Mais tarde, na página 24 do original, ele "garante" que sua vida será "marcada por milagres" se você fizer essa oração de Jabez. Em seguida, apresenta um calendário para esse "milagre garantido" ocorrer - 30 dias [pg 86 do original]! Assim, podemos dizer sem exagero que Wilkinson está prometendo que essa oração "tem a garantia" de sempre ser respondida por Deus, e que ele fará os milagres acontecerem no prazo de trinta dias!
Isso é heresia bíblica! Deus não está obrigado a responder a uma oração sempre da forma positiva. Ele pode responder "sim", "não", ou pode demorar anos antes de responder às orações. Se a premissa de Wilkinson fosse verdadeira, então Jó foi um tolo. Quando Deus permitiu que Satanás atacasse Jó - precisamente por que Jó era um homem reto e amado por Deus - tudo o que Jó deveria ter feito era a Oração de Jabez, e Deus seria forçado a encerrar os sofimentos de Jó no prazo de trinta dias, e começar a fazer os milagres acontecerem na vida dele.
Similarmente, quando Deus permitiu que Satanás colocasse um "espinho na carne" [2 Coríntios 12:7-12] do apóstolo Paulo para "esbofeteá-lo", tudo o que Paulo precisaria era ter feito a Oração de Jabez e ficaria livre daquela aflição satânica no prazo de trinta dias! No entanto, Jesus Cristo lhe disse, "A minha graça de basta".
Deus nunca é forçado a fazer algo pela repetição de qualquer oração, seja ela bíblica ou pessoal! Ninguém pode querer limitar Deus. Não podemos querer transformar Deus em nosso fantoche, que dança de acordo com os nossos comandos e vontades! Ele é totalmente soberano, justo e íntegro. Wilkinson rebaixa Deus ao nível do homem.
Tenha esse fato em mente pois terá grande impacto adiante no artigo.
Wilkinson então nos diz como liberar essa maravilhosa oração de Jabez:
"Na manhã do dia seguinte, fiz a oração de Jabez palavra por palavra. Repeti no dia seguinte, e no outro dia seguinte. Trinta anos mais tarde, não parei... desafio-o a tornar essa oração de Jabez parte abençoadora da sua vida diária. Para fazer isso, incentivo-o a seguir resolutamente o plano delineado aqui durante os próximos trinta dias. No fim desse prazo, você começará a observar transformações significativas na sua vida, e a oração estará no seu caminho para se tornar um tesouro, um hábito na sua vida." [pg 86 ênfase adicionada]
Isso é paganismo! Todos os pagãos de todas as gerações repetem rezas diariamente e dizem que "entesouram" a experiência. Os antigos hindus criaram uma roda de oração diária com a qual podiam controlar todas as orações diárias que queriam orar; hoje, chamamos isso de Rosário. Os pagãos também "seguem religiosamente" esse ritual diário.
Assim, Wilkinson está asseverando que encontrou na Oração de Jabez a fórmula exata de forçar Deus a responder de forma afirmativa - começando a produzir milagres em nossas vidas no prazo de trinta dias!
Ele deixa a máscara escorregar e mostrar um pouco mais de sua natureza pagã quando diz, "Abençoar no sentido bíblico significa pedir ou conceder um favor sobrenatural" [pg 23]. Novamente, os pagãos pedem continuamente o favor de seus deuses; eles fazem grandes esforços para obter esse favor; cortam-se com lâminas, caminham com pés descalços sobre brasas e sacrificam seus filhos.
No entanto, Wilkinson diz que a palavra hebraica para "abençoar" na Oração de Jabez significa pedir um favor sobrenatural. É mesmo? Vamos voltar à oração de Jabez em 1 Crônicas 4:10, e examinar a definição na Concordância de Strong para a palavra "abençoar". Eis o que encontramos:
"A palavra que foi traduzida como 'abençoar' nessa oração é o item H1288 e é a palavra hebraica 'barak'. A Concordância de Strong dá as seguintes definições para a palavra 'barak': ajoelhar; ato de adoração a Deus e vice-versa um benefício ao homem; abundantemente; ao todo; parabenizar; grandemente."
A palavra "favor" não é mencionada como um significado dessa palavra hebraica. No entanto, você poderia argumentar, "benefício" não significa "favor"? Não, não significa. Uma consulta ao dicionário revela que "benefício" significa "qualquer coisa que promova ou amplie o bem-estar".
Meu dicionário define 'favor' como "um ato que requer sacrifício ou generosidade especial".
Assim, favor tem uma conotação muito forte sobre benefício. Jesus disse que o Pai faz que "o sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos." [Mateus 5:45] Assim, o Pai faz um benefício vir sobre justos e injustos todos os dias do ano. Da mesma forma, Deus trouxe julgamento físico sobre uma nação, e muitos justos sofreram, juntamente com os injustos por causa de quem o julgamento veio. Assim, Jó pôde exclamar, "Ainda que ele me mate, nele esperarei." [Jó 13:15a]
Algumas vezes, Deus resgatou os justos do julgamento e algumas vezes não. Embora tenha resgatado Ló e Noé, não há registro que tenha resgatado Daniel, Sadraque, Mesaque e Abednego durante o tempo dos severos setenta anos de julgamento nas mãos de Nabucodonosor, conforme registrado no livro de Daniel. Eles foram protegidos dos estratagemas do rei, mas perderam suas famílias, foram levados para fora do seu país e foram forçados a servir a um império extremamente pagão.
Assim, Wilkinson está na verdade ensinando paganismo quando diz que o significado da palavra hebraica "abençoar" nessa oração de Jabez significa pedir o favor de Deus. Os pagãos fazem isso diariamente em suas vidas; os cristãos genuínos buscam fazer a vontade de Deus, mesmo que isso signifique sofrer por amor ao seu nome.
Wilkinson então diz, "Claramente, o resultado [de sua oração] pode ser rastreado à sua oração" [pg 15]. Isso é somente parcialmente verdade; a oração de Jabez enfocou o cumprimento do plano de Deus para ele no ataque aos cananeus. A afirmação de Wilkinson sutilmente muda o foco para o homem, Jabez; todas as heresias e as falsas religiões são centradas no homem, não centradas em Deus.
Os Católicos Observam Que a Oração de Jabez é a Repetição de uma Reza
Vamos voltar à repetição dessa oração todos os dias. Já observamos que essa repetição constante parece-se muito com o método hindu de repetição de sua Roda de Oração; a revista católica Our Sunday Visitor dedica uma página inteira à discussão dessa Oração de Jabez, em um artigo intitulado "O Retorno do Evangelho da Prosperidade?", 24/6/2001. pg 9. Veja o que diz o artigo:
"Um livro pequeno que teve enorme vendagem está apresentando aos protestantes evangélicos um conceito exclusivamente católico - o conforto e poder da oração 'fixa' ou 'definida' - mas também revigorando os aspectos problemáticos do 'mencione e reivindique' da pregação do Evangelho da Prosperidade."
Que asserção de um jornalista católico romano! Ele reconhece que a repetição constante da Oração de Jabez é, na realidade, exatamente o mesmo que rezar o rosário, e identificou corretamente essa prática como outra versão do Evangelho da Prosperidade "mencione e reivindique". Além disso, embora esse autor católico goste da idéia que os protestantes estejam sendo condicionados a aceitar a reza do rosário, está preocupado com o fato que a Oração de Jabez subverte a providência de Deus a simplesmente pedir prosperidade. Esse autor católico está buscando distanciar-se da Oração de Jabez, embora seja exatamente como a reza utilizando o rosário.
Veja os dois últimos parágrafos desse artigo na revista católica:
"... o problema real é como os protestantes analisam a Bíblia. 'Como muitos outros mestres protestantes, esse movimento e esse livro são muito seletivos no modo como citam as Escrituras'... Como católicos, temos a autoridade do ensino da Igreja para restringir o abuso das Escrituras. Temos também os exemplos dos santos e dos mártires - pessoas de uma fé inegável, mas cujas bênçãos raramente incluiram saúde, riqueza e alegrias." [Ibidem]
Acho risível que os ensinos de Wilkinson sobre a Oração de Jabez possam ser claramente demonstrados como falsos por um autor católico romano! Desde os tempos de Martinho Lutero, os protestantes foram conhecidos por "ensinarem todo o conselho de Deus", enquanto os católicos é que foram conhecidos pelo uso seletivo das Escrituras. O simples fato de um católico estar agora acusando um teólogo protestante de citar seletivamente a Bíblia é uma clara indicação de como a igreja cristã desceu na ladeira escorregadia da apostasia!
No entanto, esse autor católico está correto quando diz que os santos do Antigo e do Novo Testamento ficaram famosos por suas vidas de pobreza e pela perseguição que sofreram. Qual dos apóstolos viveu uma vida de tranquilidade e de conforto? Todos foram martirizados após servirem a Jesus Cristo durante anos após o Pentecostes, exceto João, que passou seus últimos anos exilado na ilha de Patmos. Quais dos cristãos martirizados durante os dez períodos de perseguição romana viveram vidas tranquilas, com prosperidade e bênçãos materiais? Quantos dos aproximadamente oito milhões de cristãos martirizados durante a Inquisição da Igreja Católica de 1550-1850 viveram vidas tranquilas, em conforto e prosperidade material?
O que estava errado com todos esses santos martirizados de Jesus Cristo? Não conheciam a Oração de Jabez? Não sabiam que poderiam obrigar Deus a poupá-los, e transformar todas as coisas à sua volta totalmente, para que experimentassem prosperidade, tranquilidade e conforto? Se Wilkinson estivesse correto, então o Espírito Santo falhou com esses mártires cristãos.
Não se engane quanto ao fato que Wilkinson está prometendo prosperidade material. Como ele explica, "Se Jabez trabalhasse em Wall Street, teria orado, 'Senhor, faça aumentar o valor da minha carteira de aplicações'" [pg 31]
Finalmente, observe a satisfação desse autor católico ao ver que os protestantes estão finalmente sendo condicionados a fazer as rezas repetitivas que o catolicismo ensina há muitos séculos. O mundo religioso atual está caminhando em direção à Religião do Mundo Globalizado do Falso Profeta, que servirá ao Anticristo. No artigo N1094, "A Religião Global Já Está Criada - Equivalente Espiritual das Nações Unidas", informamos que a Nova Ordem Mundial concordou no início de 1991 que o líder religioso principal dessa religião do Anticristo será o papa católico romano.
Dentro da escala prevista, os líderes protestantes começaram a elogiar o papa e a cooperar com ele. De Billy Graham a Chuck Colson, os líderes protestantes começaram a trabalhar com o papa e a promover o Movimento Ecumênico, a união de todas as religiões no mundo inteiro. Até os Promise Keepers entraram em cena.
No meados nos anos 90, diversos líderes protestantes assinaram um acordo com o papa, em que basicamente disseram que não existem diferenças entre o catolicismo e a fé protestante. Assim, a apresentação aos protestantes de uma oração a ser repetida diariamente é um evento que poderá trazer enormes dividendos à Religião Global que está sendo formada!
Feitiçaria em Disfarce
"O último pedido de Jabez é uma brilhante, porém pouco compreendida estratégia para sustentar uma vida abençoada." [pg 63 do original]. Assim, Jabez foi mais esperto que Deus; ele venceu Deus em uma partida de xadrez espiritual! Ele descobriu uma "estratégia brilhante, porém pouco compreendida" de forçar Deus a abençoá-lo e continuar abençoando de forma milagrosa!
Uma das palavras mais usadas nesse pequeno livro é "milagres", embora a oração bíblica original não contenha essa palavra. Desde o prefácio até o final do livro, Wilkinson promete que a Oração de Jabez pode forçar Deus a operar milagres. Os feiticeiros buscam os milagres continuamente por meio da repetição correta dos rituais, encantamentos e meditações de suas orações a Lúcifer.
Os feiticeiros são além disso muito egoístas, pois vidas centradas em si mesmo é uma parte integral de sua religião luciferiana. Anton LaVey diz em seu livro A Bíblia Satânica, "O satanismo incentiva a indulgência na cobiça, orgulho, inveja, glutonaria, lascívia e na indolência (preguiça)". [pg 46]. Certamente, a Oração de Jabez, de acordo com o ensino de Wilkinson, enfoca as mentes das pessoas nos milagres materiais que estão esperando, encorajando a "cobiça" natural do espírito humano.
Lembre-se, a premissa básica de Wilkinson é que Deus é forçado pela repetição diária da Oração de Jabez a lhe dar bênçãos e milagres em sua vida.
Você sabia que os magos e feiticeiros crêem na mesma coisa? Eles acreditam que conhecendo a estratégia correta, a fórmula correta, e repetindo-a da forma correta, os deuses são obrigados a cumprir suas vontades! Essa crença é o elemento-chave na feitiçaria. Os feiticeiros repetem a fórmula correta, sabendo que um demônio virá a esta dimensão para cumprir de forma sobrenatural suas vontades.
Quando uma pessoa é incentivada a participar de um conciliábulo, recebe a promessa que obterá riquezas, poder e sexo. Embora Wilkinson não prometa que Deus oferecerá uma vida sexual melhor, promete que Deus dará mais riquezas e influência. Do ponto de vista dos feiticeiros, Wilkinson é simplesmente outro mago, praticando da forma correta suas artes. O testemunho de Cisco Wheeler, uma ex-satanista, a esse respeito, é muito esclarecedor. Compramos e enviamos a ela um exemplar do livro de Wilkinson para que lesse e avaliasse, com base em sua vida pregressa no satanismo.
Eis o que ela escreveu:
"Se a família de Deus não vai ao mundo, então Satanás trará o mundo do ocultismo para ela em um pacote de um novo evangelho. O mundo ocultista compreende as coisas espirituais."
Vamos parar aqui por um momento. Neste tempo da história mundial, a maioria dos cristãos é tão ignorante da Bíblia que os ocultistas compreendem as questões espirituais melhor que muitos cristãos. Esse triste fato certamente inclui a guerra espiritual! Nós, cristãos, não sabemos o que Satanás está fazendo contra nós, porque não aprendemos o que ele é capaz de fazer!
O apóstolo Paulo disse claramente que "não desconhecemos os seus ardis" [2 Coríntios 2:11]
Se formos ignorantes a respeito das estratégias de Satanás, ele se aproveitará de nós de uma maneira cada vez mais crescente, à medida que caminhamos para os estágios finais que antecedem o aparecimento do Anticristo.
Não percebemos que estamos sendo manipulados e levados a uma das avenidas de Satanás - usando palavras cristãs e doutrinas cristãs falsificadas - e uma maneira de prestidigitação. Bruce Wilkinson está fazendo exatamente esse tipo de ilusionismo mágico. Ouça novamente as palavras de Cisco:
"Bruce Wilkinson: Gostaria que ele parasse de escrever sua própria Bíblia. Satanás é o deus deste mundo. Ele controla com punho de ferro; controla a mente dos homens com um falso evangelho. Ele controla as mentes, porém ele e seu reino são de uma forma espiritual invisível para o olho natural. No mundo ocultista um programador é treinado e conhece bem os assuntos da mente. Na memória de curto prazo, a criança ou o adulto "faz uma imagem mental". Na memória de longo prazo, essa "imagem mental" pode ser fixada no cérebro humano por meio da meditação e da repetição! Na verdade, o elemento mais importante é a repetição, e é mais eficiente quando é realizada por meio do veículo da meditação religiosa."
Cisco continua:
"Os programadores satânicos procuram produzir mudanças na memória de longo prazo de uma pessoa para que ela possa ser controlada mentalmente sem saber. Essas mudanças da memória de longo prazo são insidiosas, pois realmente causam mudanças eletroquímicas no cérebro!"
Agora, vamos examinar de perto esse aspecto criticamente importante do controle mental satânico. Como o pai de Cisco esteve profundamente envolvido em feitiçaria de Magia Negra, Cisco foi programada exatamente dessa forma. Ela é co-autora de vários livros sobre o controle mental realizado pelos Illuminati. Cisco está dizendo que os programadores de controle mental satânico procuram modificar a função da memória de longo prazo da mente de suas vítimas. A maneira como essa função de controle mental funciona é por meio de muita repetição de uma meditação religiosa.
Assim, Satanás usa a natureza religiosa inerente do homem contra o próprio homem. Ele cria falsas religiões com falsas doutrinas que satisfaçam nossa natureze inerentemente religiosa, mas então invisivelmente começa a obter o controle mental por meio da meditação religiosa e da repetição de orações e rezas.
Agora você sabe por que a Igreja Católica Romana enfatizou a repetição das rezas, por meio da meditação religiosa! Os padres e freiras sempre disseram que se puderem cuidar uma criança até a idade de cinco anos, essa criança será católica pelo resto da sua vida. Agora, você sabe que a repetição de rezas por meio da meditação religiosa, produz um controle mental na memória de longo prazo.
O controle mental sobre uma parte significativa da população mundial é o único modo plausível como o Anticristo conseguirá fazer as pessoas segui-lo entusiasticamente quando ele aparecer. Na verdade, os autores de Nova Era admitem estarem preocupados com um único grupo de pessoas: os cristãos fundamentalistas nascidos de novo. Como comparamos tudo estritamente com a Bíblia, não seremos enganados pelo Anticristo, e isso preocupa os líderes da Nova Ordem Mundial.
Como o mundo está bem próximo do aparecimento do Anticristo, parece que chegou o tempo de levar os protestantes a essa técnica de controle mental. Aparentemente, Wilkinson está realizando esse tipo de condicionamento mental!
Wilkinson Organizou Seu Livro Usando Prestidigitação!
As heresias são aparentes desde o prefácio do livro, onde o autor promete ensinar uma oração que Deus sempre precisará responder, fazendo com que os "milagres ocorram regularmente". Desse ponto em diante, até o final do capítulo 3 [pg 44 do original], Wilkinson apresenta o coração e a alma do seu falso evangelho, um "Evangelho da Prosperidade"; um cristão que tenha discernimento não terá dificuldades em ver essa heresia exposta. Wilkinson até mesmo usou dois termos de Nova Era que são muito preocupantes para mim:
  • Paradigma - pg 15 do original - Antes de o Movimento de Nova Era tornar-se público em 1975, essa palavra simplesmente não fazia parte do vocabulário normal. Desde então, entretanto, paradigma vem sendo usada por muitas pessoas. Literalmente, paradigma significa um conjunto de conceitos profundos sobre a realidade que moldam o mundo em que vivemos. Os aderentes da Nova Era ensinam que estão quebrando os paradigmas existentes de modo a preparar o mundo para o Anticristo. Wilkinson promete que fazer a Oração de Jabez quebrará os paradigmas existentes em sua vida. Essa similaridade com a Nova Era é próxima demais para o meu gosto!
  • Olhos da Mente - pg 22 do original - Novamente, antes de 1975, "Olhos da Mente" era uma expressão raramente usada, exceto por pessoas envolvidas no ocultismo. Refere-se à crença ocultista que toda pessoa tem uma espiritualidade latente dentro de si que precisa ser despertada por meio da meditação ocultista. Eles acreditam que essa espiritualidade latente é seu Olho da Mente, e que quando totalmente desenvolvida, fará o Terceiro Olho físico aparecer na testa. Os hindus representam essa crença pintando um Olho da Mente vermelho em suas frontes.
Wilkinson usa seu Olho da Mente para fazer acréscimos às Escrituras, para nos dar um relato fictício das idéias que passaram pela cabeça de Jabez e que o levaram a pedir grandes bênçãos a Deus. Assim, Wilkinson incorre no erro de "fazer acréscimos" à Bíblia. Em várias ocasiões, usa adições fictícias similares às Escrituras para reforçar suas asserções acerca do poder milagroso da Oração de Jabez.
Durante essa seção herética, Wilkinson não menciona o nome de Jesus nem uma única vez! Ele usa nomes de deidade de Deus, Senhor e Cristo, mas nunca o nome Jesus. Os aderentes de Nova Era e outros membros do ocultismo fazem isso regularmente, pois odeiam o nome Jesus, embora não tenham problemas com Deus, Senhor ou Cristo. Veja, Deus e Senhor tornaram-se tão genéricos que podem significar qualquer deidade que a pessoa imagine em sua mente; e o mundo ocultista está ansioso, aguardando o aparecimento do Cristo da Nova Era em breve.
Entretanto, todos os ocultistas odeiam o nome Jesus! Eles forçosamente separam Jesus do Cristo, cumprindo assim a definição bíblica das forças do Anticristo especificamente:
"Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo." [2 João 7]
Portanto, não fiquei satisfeito quando percebi que Wilkinson não menciona o nome de Jesus nem uma vez na seção herética.
Mas então, na página 45 do original, no início do capítulo 4, ele muda totalmente de direção e inicia uma seção de ensino bíblico que a maioria dos cristãos não encontraria muito que rejeitar! Na verdade, se um cristão lesse da seção herética até o final do livro, ficaria impressionado pela verdade da segunda metade. A impressão geral que você tem ao terminar o livro é que Wilkinsom conhece as Escrituras, afinal. O fedor da seção herética é bem coberto pela força da verdade dos ensinos bíblicos na segunda metade.
Nessa segunda metade, o nome de Jesus é mencionado cinco vezes.
Acho essa organização do livro "A Oração de Jabez" muito ofensiva. O leitor é levado pela força da última impressão que o livro deixa, concluindo assim que a heresia de Wilkinson no início deve estar correta! Os cristãos esquecem-se da advertência de Paulo que basta um pouco de fermento (erro doutrinário) para arruinar toda a massa. [1 Coríntios 5:6]
O Contínua Tragédia do Dr. James Dobson
Em artigos anteriores, lamentamos a virada que o ministério Focus on the Family, do Dr. James Dobson, fez em direção à apostasia. Observamos que Focus on the Family publicou o livro herético Seven Promises of a Promise Keeper [leia os detalhes no artigo N1171 (não traduzido)]
Observamos com desânimo as ocasiões em que o Dr. Dobson elogiou o papa João Paulo II. Em um editorial na edição de janeiro de 1990 da revista Focus on the Family Citizen, o papa foi chamado de "o líder religioso mais eminente que utiliza o nome de Jesus Cristo".
Observamos com grande tristeza quando Focus on the Family recomendou que os pais permitam que seus filhos leiam os livros da série Harry Potter.
A autora cristã, Dra. Cathy Burns detalhou muitas outras situações em que o Dr. Dobson e sua organização Focus on the Family promoveram conceitos sem base bíblica e até de Nova Era. Se você ainda não compreende a realidade dessa questão séria, precisa ler o livro Little Known Facts About Focus on the Family, da Dra. Cathy Burns.
No entanto, agora descobrimos outro trágico apoio do Dr. Dobson. "Bruce Wilkinson foi convidado a participar do programa de rádio Focus on the Family, de James Dobson, no início de março de 2001. Referindo-se ao livro mais recente de Wilkinson, 'A Oração de Jabez', 

Dobson disse que o livro vendeu um milhão de exemplares apenas em fevereiro e que o site oficial na Internet afirma que mais quatro milhões de exemplares estão no prelo. O livro aparece na lista dos dez mais vendidos dos jornais USA Today e New York Times e está sendo adotado por evangélicos, católicos, fundamentalistas e até não-cristãos.

 Assim, o Dr. Dobson está agora no negócio de incentivar os cristãos a cairem na armadilha das técnicas satânicas de controle da mente. Esta é a era do fim dos tempos. Agorá é o tempo profetizado quando a enganação espiritual estará em níveis sem precedentes, de modo que, se não fosse pela ação do Espírito Santo, até os eleitos seriam enganados. [Mateus 24:24]
Resumo
Este é um tempo de não seguir a homem algum, mas constantemente comparar aquilo que uma pessoa diz com a Bíblia. Os bereanos fizeram exatamente isso e foram elogiados nas Escrituras pelo seu ceticismo inicial até que conferiram tudo aquilo que o apóstolo Paulo estava anunciando para eles. [Atos 17:10-11]
Acreditamos que a Oração de Jabez, conforme apresentada por Bruce Wilkinson é apenas mais um exemplo de uma longa série de líderes religiosos levando seus seguidores ao caminho do ocultismo. Como o mundo está na iminência do aparecimento do Anticristo, nenhum cristão pode se dar ao luxo de sair da proteção da Bíblia e das suas doutrinas. Contrariamente à opinião comum atual que as doutrinas não são importantes, digo que elas são a âncora da alma nessa área da enganação espiritual no fim dos tempos.


APRENDENDO COM PAULO (PARTE 33)


A Perspectiva Missionária de Paulo - II
I - MISSÕES EM PAULO
1.1. A missiologia de Paulo
Dentre algumas dicotomias que a igreja evangélica brasileira enfrenta atualmente, uma delas é a polarização entre teologia e missões. Este reducionismo evangélico foi detectado pelo Dr. Augustus Nicodemus Lopes (Paulo,Plantador de Igrejas,1997, p. 5), ao dizer que a separação entre teologia e missões tem penetrado nas igrejas e organizações missionárias no período moderno, e tem produzido efeitos perniciosos até o dia de hoje. Isto é verdade.
 E a causa dessa divergência teológica, com sua conseqüência danosa para a igreja, foi acertadamente observado pelo Dr. Michael Green (Evangelização na Igreja Primitiva, 1989, p. 7) quando disse: A maior parte dos evangelistas não se interessa muito por teologia; e a maioria dos teólogos não se interessa muito por evangelização.
Alguns teólogos, como o renomado Dr. Nicodemus, e missiólogos, como o igualmente ilustre Dr. Timóteo carriker, são concordes quanto a importância da teologia e missões na vida da igreja. No entanto, será que a ênfase que eles dão às motivações missionárias de Paulo está correta? É o que procuraremos mostrar a seguir.
a. As motivações missionárias de Paulo
.O conceito do Dr. Augustus Nicodemus Lopes
O Dr. Nicodemus é pastor presbiteriano, mestre em Novo Testamento pela Potschefstroom University for Christian Higher Education, na
África do Sul e doutor em hermenêutica e estudos bíblicos pelo Westminster Theological Seminary, Filadélfia, USA, com cursos especiais na Universidade Teológica da Igreja Reformada da Holanda. Atualmente coordena a área de teologia exegética do Centro de Pós-Gradução Andrew Jumper, em São Paulo e leciona exegese no Seminário Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição, também em São Paulo. É autor de vários livros e artigos, dentre os quais destacamos Paulo, plantador de igrejas: Repensando fundamentos bíblicos da obra missionária (Fides Reformata. São Paulo: JMC, Vol. II, Nº 2, 1997).
De acordo com o Dr. Nicodemus, a atividade missionária de Paulo era resultado direto da sua teologia.
Ele pergunta:
O que motivava o apóstolo Paulo a sair plantando igrejas, organizando comunidades ao longo da bacia do Mediterrâneo, apesar da rejeição dos seus patrícios e das implacáveis perseguições que sofria? (p. 7)
E responde:
O que o movia não eram arroubos de piedade, espírito proselitista, amor ao lucro, popularidade ou qualquer outra motivação similar. Essas motivações não teriam suportado as angústias do campo missionário por muito tempo. Paulo estava movido por suas convicções teológicas. (p. 7, grifo do autor).
Segundo ele, a ação missionária de Paulo era resultado dessas convicções teológicas.
Um ponto que esclarece bem o que o Dr. Nicodemus entende por "convicções teológicas" de Paulo é a exemplificação que ele faz com a teologia de missões de William Carey, missionário batista que viveu no século XIX. Carey era um calvinista ardoroso, que tinha um coração inflamado por missões e não podia compreender a obra missionária como outra coisa senão a extensão das suas convicções como crente no Senhor Jesus (pp. 5,6). E prossegue:
É interessante observar que no livrete Enquiry, onde estabelece os motivos da sua atividade missionária, Carey segue uma seqüência similar à obra Theory of Missions, escrita pelo teólogo e missiólogo alemão Gustav Warneck (1834-1910). Isso mostra que Carey, mesmo sem ter tido o treinamento teológico de Warneck, esboça a sua missiologia teologicamente. Carey nunca usa o argumento das "almas que estão se perdendo" nem justifica-se a partir de suas convicções batistas. Sua preocupação é com a promoção do Reino de Cristo (p. 6, nota 2).
O Dr. Nicodemus salienta, ainda, que toda reflexão teológica deveria desembocar em subsídios para o esforço expansionista da Igreja de Cristo. Esses esforços, segundo ele, nada mais podem ser do que teologia em ação. Entende que quando a nossa prática missionária não é fertilizada e controlada por uma reflexão teológica correta, ela acaba se tornando em ativismo, desempenho estilizado ou simplesmente uma aplicação frenética de métodos.
E quais eram, segundo o Dr. Nicodemus, as convicções teológicas que motivavam a obra missionária de Paulo? Eram basicamente três. A primeira dessas convicções é que os últimos dias já começaram. Paulo estava vivendo nos últimos dias, dias de cumprimento, em que os fins dos séculos haviam chegado para ele. A segunda convicção do apóstolo Paulo era que as antigas promessas de Deus encontravam concretização histórica na Igreja de Cristo. Era na Igreja que a restauração de Israel se consumava e a plenitude dos gentios estava entrando. A terceira convicção de Paulo era que Deus o havia chamado para edificar essa Igreja (1).
.O conceito do Dr. C. Timóteo Carriker
O Dr. Carriker é pastor da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos (P. C. – U.S.A.). Trabalha no Brasil desde 1977. Cursou o bacharelado na Universidade da Carolina do Norte, em Charlote, o mestrado em teologia no Seminário Teológico Gordon-Conwell, e o mestrado em missiologia e doutorado em estudos interculturais do Seminário Teológico Fuller. É professor e diretor acadêmico do Centro Evangélico de Missões, em Viçosa, MG. Dos seus escritos destacamos, para este propósito, o livro Missão Integral: Uma teologia bíblica (São Paulo: Editora Sepal, 1992) e o artigo A missiologia apocalíptica da carta aos Romanos (Fides Reformata. São Paulo: JMC, Vol. III, Nº 1, 1998).
Enquanto o Dr. Nicodemus parte da teologia para a missão, o Dr. Carriker claramente inverte a ordem. Segundo ele, as profundas convicções teológicas de Paulo brotaram de intenso envolvimento missionário e pastoral. Segue-se, de acordo com o Dr. Carriker, que a teologia consiste primariamente de reflexão acerca da missão, não sendo esta mera aplicação conseqüente daquela, mas missão está no âmago da teologia. (Missão Integral, p. 7). E ainda:
Como Martin Kahler reconheceu em 1908, missão, de fato,é a mãe da teologia (Bosch 1980:24) e não uma subdivisão menor e dispensável da teologia prática. De modo inverso, Pedro Savage observa que "a teologia é, em essência, missiológica" (1984:56). Isto é, a missiologia é fundamental à teologia porque é o lugar aonde a fé e a estratégia se encontram no caminho para o mundo num dado momento específico. Entendendo a missiologia na sua devida relação teológica, se torna patente a necessidade de seu enraizamento sólido na Bíblia. (pp. 7,8)
Em sua exposição de Romanos, o Dr. Carriker observa que esta carta se caracteriza por uma extensa elaboração teológica e é a teologia que melhor indica o contexto ou os contextos da carta, inclusive o apelo feito pelo apóstolo para que os cristãos romanos apóiem a sua missão espanhola. Mas, segundo ele, não é uma teologia abstrata e desconectada da situação missionária de Paulo. É uma teologia de missão. Citando Krister Stendahl, assevera que este é um dos poucos biblistas que percebeu isso, quando iniciou um dos seus últimos livros com a seguinte afirmação:
Romanos é a última declaração de Paulo acerca da sua teologia de missão. Não é um tratado teológico sobre a justificação pela fé... Quando falo de Romanos como a declaração, feita por Paulo, da sua teologia de missão, estou convencido de que a teologia paulina tem o seu centro norteador na percepção apostólica de Paulo sobre a sua missão aos gentios. Conseqüentemente, Romanos é central à nossa compreensão de Paulo, não por causa da sua doutrina da justificação, mas porque a doutrina da justificação está aqui no seu contexto original e autêntico: como um argumento a favor da posição dos gentios baseada no modelo de Abraão (Romanos 4). (pp. 132,3). (2)
Quais eram, portanto, segundo o Dr. Carriker, as convicções que levaram um "fariseu dos fariseus" a se tornar apóstolo dos gentios? De acordo com ele, devemos qualificar que Paulo não desenvolveu seu ministério de fundamentos exclusivamente dogmáticos. Nem podemos afirmar que Paulo era um "teólogo" no sentido que muitos o fazem hoje em dia, como se fosse um pensador sistemático. Em vez de considerá-lo como um teólogo sistemático, devemos encará-lo como um teólogo pastoral, que desenvolveu sua perspectiva não de reflexão acadêmica divorciada das situações concretas e problemas eclesiásticos em que se envolvia.
Paulo seria uma sorte de teólogo peregrino (ou missionário!) que, na estrada da experiência da vida e do ministério, procurava teologar a partir da sua realidade. Assim, Paulo seria melhor descrito como um teólogo de práxis que, partindo da sua experiência, refletia nela a base das escrituras hebraicas e do seu encontro com Jesus crucificado e ressurreto.
.Avaliando os dois conceitos
Mesmo numa análise ligeira dos conceitos de nossos teólogos (Nicodemus e Carriker), é possível observar que ambos enfatizam, de maneira positiva, a importância do valor conjunto da teologia e missões no ministério de Paulo e da igreja, e também o prejuízo que a igreja experimenta quando divorcia uma da outra. Nenhum dos dois desmerece a teologia ou a missão. À despeito de tanto um quanto o outro procurar rever os conceitos de "teologia" e "missões" à luz de suas convicções teológicas.
Mas isto também é positivo, pois como o Dr. Nicodemus bem observa, quando a nossa prática missionária não é conduzida por uma reflexão teológica correta, ela acaba se tornando em mero ativismo. Por outro lado, o Dr. Carriker salienta, com muita propriedade, que não podemos afirmar que Paulo era um "teólogo" no sentido que muitos o fazem hoje em dia, como se fosse um pensador sistemático. Em vez de considerarmos Paulo como um teólogo sistemático, devemos encará-lo como um teólogo pastoral, que não desenvolvia sua perspectiva teológica academicamente, mas no contexto da missão.
Entretanto, a questão fundamental é se a teologia de Paulo era motivada por sua missiologia e vice-versa. A tese que defendemos é pelo "sim". Paulo foi um grande missionário porque era um grande teólogo, e que, por sua vez, era um grande teólogo porque foi um grande missionário. Infelizmente esta tese não é defendida pelo Dr. Nicodemus e muito menos pelo Dr. Carriker. Um teólogo geralmente não admite que a teologia (principalmente a sua própria) é fruto de uma missiologia bem definida e um missiólogo, por sua vez, não costuma afirmar que a missão por ele defendida é o resultado de uma teologia bíblica coerente (3).
Mas em Paulo a missão é teológica e a teologia é missiológica. Ele não apenas não separava uma da outra, mas também subordinava uma a outra. Um bom exemplo disso é sua carta aos Romanos. Tomemos como exemplo o capítulo 15 dessa carta. Para Samuel Escobar, fundador da Fraternidade Teológica Latino-Americana,
A missiologia de Paulo muitas vezes é expressa como exposição teológica, entrelaçada com referências de sua prática missionária. Penso que Romanos 15.11-33 é um texto ilustrativo da metodologia de Paulo, especialmente relevante para a reflexão missiológica na América Latina. Esta passagem apresenta uma interação entre a teoria e a prática, entre os fatos da vida em obediência a Deus e a reflexão sobre esses fatos (Desafios da Igreja na América Latina, 1997, p. 89).
E resume:
Uma leitura cuidadosa de Romanos 15.11-33 evidencia uma estrutura de quatro partes da missiologia de Paulo. Em cada seção encontraremos um "fato" central ligado à Prática de Paulo, seguido da reflexão pastoral e missiológica que é estimulada por esse fato e que gira em torno dele. O primeiro é proclamação: "Proclamarei plenamente o evangelho de Cristo" (v. 17-22); o segundo é previsão: "Planejo [vê-los] quando for à Espanha" (v. 23-24); o terceiro é conclusão: "Agora, porém, estou de partida para Jerusalém" (v. 25-29); e o quarto é luta: "Recomendo-lhes, irmãos [...] que se unam a mim em minha luta" (v. 30-33). (Idem) (4).
Ademais, a motivação missionária de Paulo não era determinada somente por convicções teológicas e escatológicas, como sugere o Dr. Nicodemus (1997, pp. 5-21), ou apocalípticas, como pretende o Dr. Carriker (1998, pp. 124-148), mas que, além disso, o apóstolo possuía o coração inflamado de paixão e amor pelos perdidos (5).
Como resultado do amor de e a Cristo, Paulo amava os perdidos (Cf. 2 Co 5.14; Rm 1.5; 9.3; Ef 3.1; Fp 3.7; 1 Ts 1.5; 2 Tm 2.10). O amor tornava Paulo afetuoso e caloroso em sua evangelização (PACKER, Evangelização e Soberania de Deus, 1990, p. 38). Escrevendo aos tessalonicenses o apóstolo dizia que "... nos tornamos dóceis entre vós...". E ainda, "assim, querendo-vos muito, estávamos prontos a oferecer-vos não somente o evangelho de Deus, mas, igualmente, a nossa própria vida, por isso que vos tornastes muito amados de nós" (1 Ts 2.7,8).
O amor também fazia Paulo ter sensibilidade, sendo capaz de adaptar-se às circunstâncias em sua evangelização; embora se recusasse terminantemente a alterar sua mensagem para agradar as pessoas (cf. 2 Co 2.17; Gl 1.10; 1 Ts 2.4), ele se esforçava ao máximo, em sua apresentação da mesma, para evitar escândalo e não dificultar desnecessariamente o caminho para aceitação e resposta positivas (cf. 1 Co 9.16-27; 10.33). Segundo Packer,
Paulo procurava salvar os homens e, visto que procurava salvá-los, não se contentava apenas em informá-los sobre a verdade; mas empenhava-se em se pôr ao lado deles, começando a pensar juntamente com eles, a partir de onde se encontravam, falando-lhes em termos que podiam compreender e, acima de tudo, evitando tudo quanto pudesse fazê-los adquirir preconceitos contra o evangelho ou pôr pedras de tropeço em seu caminho. Em seu zelo por manter a verdade, nunca perdeu de vista as necessidades e reivindicações das pessoas. Seu alvo e objetivo, em todas as suas atividades no evangelho, até mesmo no calor da polêmica evocada por pontos de vista contrários, nunca deixou de ser conquistar almas, convertendo aqueles que considerava seus próximos à fé no Senhor Jesus Cristo.
Tal era a evangelização, de acordo com Paulo: sair em amor, como agente de Cristo no mundo, a fim de ensinar aos pecadores a verdade do evangelho, tendo em vista a conversão e a salvação dos mesmos (Evangelização, 1990, p. 38).
b. As estratégias missionárias de Paulo
As estratégias missionárias de Paulo eram o resultado direto e natural de suas motivações. Dentre os vários meios utilizados por Paulo para divulgar o evangelho (6), destaquemos os mais utilizados pelo apóstolo; a saber, a escolha de centros estratégicos e as sinagogas.
Paulo percorria as estradas romanas anunciando o evangelho e fazendo discípulos nas principais cidades das províncias imperiais, verdadeiros centros estratégicos. Ele concentrava suas atividades nesses locais, tornando o que outrora eram campos missionários em bases de sua missão. Tessalônica, por exemplo, tornou-se a base missionária para a província da Macedônia; Corinto a base para a província da Acaia; Éfeso a sua base para a Ásia proconsular. A igreja de Roma também seria uma possível base para a evangelização na Espanha (cf. Rm 15.24).
Quando voltamos nossos olhos para o livro de Atos (7), percebemos que os missionários daquela época, de modo geral, e Paulo, em especial, concentravam seus esforços geralmente naqueles centros estratégicos do ponto de vista cultural, econômico, religioso, político e geográfico até. Embora no caso deste último a estratégia de trabalho de Paulo não era tanto geográfica quanto humana ou cultural, no sentido de etnias (8).
O Dr. Timóteo Carriker faz uma importante observação acerca dos centros estratégicos de Paulo. Diz ele:
Paulo procurava atingir primeiro os centros provinciais que não eram evangelizados na sua missão. Isto era uma estratégia do "quadro geral" e não dos detalhes, isto é, não de todo e qualquer lugar. Ele não tentava evangelizar o mundo gentílico totalmente, mas contava com a obra evangelizadora das comunidades que ele estabeleceu para continuar a missão. Ele mesmo se apressava para a tarefa urgente de pregar o evangelho para aqueles que não o ouviam (Romanos 10.14). Sua perspectiva era de "preencher" ou "completar" os principais lugares que faltavam no mundo gentílico e prosseguir em frente [veja peplérókenai em Romanos 15.19] (Missão Integral, 1992, pp. 235,6).
As sinagogas judaicas também faziam parte das estratégias missionárias de Paulo. Roland Allen (9) reconheceu quatro características da pregação de Paulo nas sinagogas.
Em primeiro lugar, é possível ver em Paulo a simpatia e a conciliação com as sensibilidades dos ouvintes: a apresentação é clara, ele está disposto a aceitar o que há de bom na posição deles, simpatiza com suas dificuldades, mostrando que ele os aborda com sabedoria e tato.
Em segundo lugar, ele tem coragem de reconhecer abertamente as dificuldades, de proclamar verdades não muito fáceis de engolir, e de recusar-se inapelavelmente a fazer coisas difíceis parecerem fáceis.
Em terceiro lugar, vem o respeito por seus ouvintes, suas capacidades intelectuais e suas necessidades espirituais.
Em quarto lugar, há uma confiança inabalável na verdade e no poder do evangelho. Não estaremos longe da verdade ao supormos que estas eram características típicas da pregação na sinagoga, nos primeiros tempos da missão, em que as oportunidades ainda estavam abertas. Os missionários cristãos aceitavam com gratidão esta oportunidade de falar a Israel, nas três primeiras décadas decisivas antes que a porta das sinagogas lhes fossem fechadas (GREEN, Evangelização, 1989, p. 240).
Mas por que será que o apóstolo Paulo priorizava as sinagogas judaicas como parte de sua estratégia? Antes de tudo é preciso lembrar que Paulo era essencialmente um apóstolo enviado por Cristo aos gentios. Na época de sua conversão no caminho de Damasco, o Senhor Jesus disse que o livraria "dos gentios, para os quais eu te envio" (At 26.17). Entre os apóstolos ficou acertado que Tiago, Pedro e João iriam para a circuncisão (judeus) e ele, Paulo, "para os gentios" (Gl 2.9). Entre Pedro e Paulo, por exemplo, havia uma consciência marcante da missão deles aos judeus e gentios, respectivamente (Gl 2.7,8).
Em quase toda sinagoga judaica existiam, além de judeus é claro, dois grupos distintos de gentios. O primeiro grupo era formado pelos denominados "prosélitos", isto é, gentios convertidos ao judaísmo. Os homens eram circuncidados, concordavam em obedecer a lei e guardar o sábado, faziam peregrinações a Jerusalém, e daí em diante não eram mais gentios, e sim judeus.
O segundo grupo de gentios que normalmente freqüentava a sinagoga era formado pelos "tementes a Deus". Eram apreciadores da lei e do ensinamento judaicos, mas por uma série de razões pessoais achavam por bem não se desvincular de suas raízes gentílicas, como os prosélitos, para se tornarem judeus. Todavia, eles freqüentavam a sinagoga regularmente, ainda que tivessem que ficar na parte que lhes era reservada, não lhes sendo permitido a participação completa dos cerimoniais litúrgicos. Em suma, enquanto os "prosélitos" eram ex-gentios, os "tementes a Deus" ainda eram gentios. E embora Paulo tivesse o que dizer aos três grupos que freqüentavam a sinagoga, seu objetivo principal era converter os gentios que lá estavam, os tementes a Deus (10).
A estratégia de um homem como Paulo era basicamente simples: ele só tinha uma vida, e estava decidido a usá-la o máximo possível, tirando dela o melhor proveito no serviço de Jesus Cristo. Sua visão era ao mesmo tempo pessoal, urbana, provincial e global (GREEN, Evangelização, 1989, p. 318).
1.2. As missões de Paulo
A obra missionária de Paulo é vastíssima, quer seja compreendida no tanto de trabalho que ele realizou, quer seja no aspecto do próprio conceito de missões que o apóstolo tinha. Para Paulo missões não era proclamação fria, automática e desencarnada. Era, antes de tudo, proclamação compromissada, significando a manutenção daqueles aos quais ele alcançou mediante a pregação e ensino do evangelho. Missões em Paulo não era mero espiritualismo, mas pura encarnação. Ele se preocupava com o ser humano em sua totalidade. Um bom exemplo disso está em ele não se esquecer dos pobres (cf. 2 Co 8; Gl 2.10). Sua missão era fazer "missão integral", no sentido em que essa expressão é usada na missiologia contemporânea.
Neste tópico nos limitaremos às missões pelas quais Paulo é mais conhecido e através das quais ele deu forma ao seu ministério e de onde produziu suas epístolas inspiradoras, isto é, suas viagens missionárias, conforme registradas em Atos (11) e em seu testemunho de Romanos 15.
a. A primeira viagem missionária de Paulo
Obedecendo à direção divina e sob os auspícios da igreja de Antioquia, o apóstolo iniciou sua primeira viagem missionaria entre 45 e 50 A.D. Com Paulo estavam Barnabé e João Marcos. Partiram de Antioquia para Selêucia, situada na foz do Orontes e dali para Chipre, terra de Barnabé. Desembarcando em Salamina, na costa de Chipre, começaram a trabalhar, como de costume, nas sinagogas. Percorreram toda a ilha até chegarem a Pafos, na costa sudoeste. Neste lugar despertaram a atenção de Sérgio Paulo, procônsul romano. Saiu-lhes ao encontro um feiticeiro chamado Barjesus, também conhecido por Elimas o mago, que opondo-se a Paulo procurava Desviar a atenção do procônsul (At 13.6, 7).
Paulo resistiu-lhe indignado e repreendeu-o severamente, ferindo-o temporariamente com cegueira. Resultou disto a conversão de Sérgio Paulo (At 13.12). Partindo de Chipre navegaram para a Ásia Menor e chegaram a Perge na Panfília. Ali Marcos, por motivos ignorados, deixou seus companheiros e regressou a Jerusalém. Os dois, Paulo e Barnabé, saíram de Perge, rumo ao norte, passando por Frígia e indo até Antioquia da Pisídia. Ali o povo da cidade, incitados pelos judeus, levantou-se contra Paulo e Barnabé e os expulsaram (At 13.50). De Antioquia passaram a Icônio, outra cidade da Frígia, onde uma copiosa multidão de judeus e gregos foram convertidos (At l3.51).
Por causa da perseguição dos judeus, partiram de Icônio para Listra e Derbe, cidades da Licaônica (At 14.1-7). Em Listra Paulo curou um coxo, foi adorado juntamente com Barnabé, pregou o evangelho, foi apedrejado e lançado fora da cidade como morto (At 14.8-19). Restabelecido vão a Derbe, de Derbe a Listra, de Listra a Icônio, de Icônio a Antioquia da Pisídia, fortalecendo os discípulos e elegendo presbíteros. Atravessando a Pisídia, passam pela Panfília e Perge. Tendo anunciado a Palavra em Perge, desceram a Átalia e dali navegaram para Antioquia da Síria (At 14.20-26).
b. A segunda viagem missionária de Paulo
Tempos depois, por volta do ano 50, Paulo propôs a Barnabé uma segunda viagem missionária (At 15.16). Mas o apóstolo não queria que João Marcos fosse com eles, o que provocou a separação dos dois grandes missionários da Igreja Primitiva. Silas foi o companheiro de Paulo nessa segunda viagem. Primeiro visitaram as igrejas da Síria e da Cilícia; depois passaram para os lados do norte, atravessaram as montanhas do Tauro e passaram às igrejas que Paulo havia fundado na sua primeira viagem. Foram a Derbe e a Listra. Nesta última cidade Timóteo se juntou a eles. De Listra foram para Icônio e Antioquia da Pisídia. Após alguns "impedimentos" do Espírito Santo (At 16.6,7), desceram a Trôade, onde Paulo teve a visão do varão macedônio.
Obedecendo a este chamado, os missionários vão, juntamente com Lucas, para a Europa. Desembarcando em Neápolis, seguem logo para a importante cidade de Filipos. Vale lembrar que Atos 16 e a carta de Paulo aos filipenses formam um dos mais belos retratos de sua missiologia. De Filipos, onde Lucas ficou, Paulo, Silas e Timóteo foram para Tessalônica, lugar em que alcançaram grandes resultados entre os gentios, fundando ali uma igreja (At 17.1-9). Por causa da perseguição dos judeus, os irmãos enviaram Paulo para a Beréia; deste lugar, após valiosos resultados até mesmo dentro da sinagoga, seguiu para Atenas (At 17.10-15), cidade onde Paulo proferiu seu famoso discurso, mas com poucos resultados (At 17.16-31).
Depois partiu para Corinto, onde ficou dezoito meses e, ao contrário de Atenas, os resultados foram admiráveis (At 18.1-11). A missão de Paulo em Corinto foi uma das mais frutíferas da história da Igreja Primitiva. De Corinto foi para Éfeso, ficando pouco tempo, seguiu para Cesaréia, indo apressadamente para Jerusalém. Havendo saudado a igreja desta cidade, voltou a Antioquia, de onde havia partido (At 18.22).
c. A terceira viagem missionária de Paulo
Depois de algum tempo em Antioquia, o apóstolo Paulo, talvez no ano 54 A.D., deu início à sua terceira viagem missionária. Primeiro atravessou a região da Galácia e da Frígia, afim de fortalecer os discípulos (At 18.23); depois vai a Éfeso, capital da Ásia e uma das cidades de maior influência no oriente. Paulo permaneceu três anos em Éfeso (At 20.31).
Durante três meses ensinou na sinagoga e, depois, durante dois anos na escola de Tirano (At l9.8-10). Seu trabalho nesta cidade notabilizou-se pela riqueza de instrução (At 20.18-31), pela realização de milagres (At 19.11,12), pelos resultados obtidos, porque todos os que habitavam na Ásia ouviram o evangelho (At 19.10) e pelas constantes perseguições (At 19.23-40). De Éfeso partiu para a Macedônia, e depois de fortalecer os discípulos com muitas exortações, viajou para a Grécia, onde permaneceu três meses (At 20.12).
Agora iniciaria sua última viagem a Jerusalém, acompanhado de amigos, representantes das várias igrejas dos gentios (At 20.4). Seu plano inicial era navegar diretamente para a Síria, mas uma conspiração dos judeus o obrigou a voltar pela Macedônia (At 20.3). Demorou-se em Filipos enquanto seus companheiros foram para Trôade. Depois da festa da páscoa Paulo foi com Lucas para Trôade (At 20.5), onde os companheiros os esperavam e ali ficaram uma semana (At 20.6). De Trôade Paulo viajou para Assôs (At 20.13). Depois de uma rápida passagem por Mitilene e Samos, Paulo e mais alguns amigos chegaram a Mileto (At 20.14, 15).
De Mileto mandou chamar os presbíteros de Éfeso, e naquele local é registrado um dos episódios mais emocionantes da Bíblia (At 20.17-38). Partindo de Mileto o navio seguiu diretamente para a ilha de Cós e no dia seguinte chegaram a Rodes. De Rodes passaram a Pátara, nas costas da Lícia (At 21.1). Achando um navio que ia para a Fenícia embarcaram, e seguindo viagem passaram por Chipre, desembarcando em Tiro (At 21.2, 3) ficando durante sete dias nesta cidade. De Tiro partiram para Ptolemaida (At 21.5,6) e no dia seguinte, após afetuosa despedida, chegaram em Cesaréia. A despeito de alarmantes predições e das lágrimas dos irmãos para que não fosse a Jerusalém (At 21.4, 10-12), Paulo seguiu em frente e assim, acompanhado dos irmãos, terminou a terceira viagem missionária (At 21.12-15).
d. As "viagens" à Roma e à Espanha
Escrevendo aos crentes de Roma, Paulo observa que durante anos se esforçou em pregar o evangelho "desde Jerusalém e circunvizinhanças, até o Ilírico" (Rm15.19).
Mas agora, não tendo já campo de atividade nestas regiões, e desejando há muito visitar-vos, penso em fazê-lo quando em viagem para a Espanha, pois espero que de passagem estarei convosco e que para lá seja por vós encaminhado, depois de haver primeiro desfrutado um pouco a vossa companhia (Rm 15.23,24).
Carlos Del Pino (In Missões e a igreja brasileira, 1993, p. 58) comenta que em Romanos 15.22-24 todo esforço, a visão e o investimento de vida do apóstolo durante anos naquelas regiões o levaram a duas atitudes específicas em relação aos romanos. Segue-se abaixo um esboço de Del Pino dessas atitudes de Paulo:
1. Não visitar os romanos (15.22). E o próprio Paulo nos dá suas razões para isso:


a) O evangelho já havia se estabelecido em Roma, já havia igreja lá. E, de acordo com o que ele mesmo disse no v. 20, não seria conveniente que ele, Paulo, exercesse seu ministério ali;
b) Muitos outros povos ainda careciam de receber o evangelho e Paulo via-se impulsionado por força do ministério recebido de Deus, para trabalhar em regiões ainda não atingidas.
2. Visitar os romanos (15.23,24). Agora Paulo tinha razões para visitar os romanos.



São elas: 


a) Término das atividades naquelas regiões; novos lugares precisam ser alcançados (15.23);
b) Desejo antigo de conhecer a igreja romana (15.23);
c) Devido a sua visão de alcançar novos povos, esta visita não seria para lazer, mas para estabelecer na igreja em Roma uma base missionária para o Ocidente até a Espanha – "para lá ser por vós encaminhado" (15.24,28).

Mas por que Paulo não tinha mais campo de atividades naquelas regiões? O que ele fazia lá para que tenha terminado o seu trabalho? Del Pino lembra que
Paulo proclamava o evangelho naquelas regiões. O que ele está dizendo no v. 23 é que houve o cumprimento de um ministério específico por uma pessoa específica (Paulo). Não significa que ninguém mais teria nada para fazer ali; ao contrário, muito trabalho ainda havia para ser feito, tanto de evangelismo quanto de ensino, exortação etc. Outros poderiam e deveriam continuar ali exercendo seus ministérios, mas aquilo para o que Paulo havia sido chamado por Deus já havia se completado naquelas regiões. Isso também não significa que o ministério de Paulo em si houvesse terminado por completo, tanto que ele buscava uma nova região onde pudesse desenvolvê-lo. O que o apóstolo fez "desde Jerusalém e circunvizinhanças até ao Ilírico", que foi "pregar o evangelho" (15.20), era exatamente o que ele pretendia continuar fazendo, em seguida, na Espanha. Para isso, ele precisava de uma nova base de missões: a igreja em Roma! (1993, p. 59).
E mais:
Para tratarmos sobre esta nova base de missões, precisamos entrar no v. 24. Aqui Paulo revela claramente seus propósitos e seus meios. Veja bem, o propósito final de Paulo, seu objetivo real, não era apenas conhecer a igreja de Roma. Isso ele poderia ter feito em outras circunstâncias. Seu objetivo final era chegar à Espanha. Este objetivo reflete o esforço de Paulo (15.20) e sua vocação (15.21), conforme já temos enfatizado. Ele pretendia chegar à Espanha para ali continuar desenvolvendo o seu ministério; "de passagem" por Roma (15.24), ele esperava ir à Espanha, enviado pela igreja de Roma. Quando Paulo diz no v. 24 "para lá seja por vós encaminhado", ele não apenas tinha em mente, mas estava claramente dizendo as coisas necessárias para a sua viagem e subsistência lá (1993, p. 59).
Paulo chegou em Roma por volta do ano 60 A.D. como prisioneiro (cf. At 27 e 28). Lucas relata que "por dois anos permaneceu Paulo na sua própria casa que alugara" (At 28.30) com toda liberdade de receber a todos que o procuravam e de pregar o evangelho (At 28.30,31). Para quem pretendia apenas passar por Roma, e livre, dois anos, e preso, era tempo de mais. Após esta sua primeira prisão (domiciliar), o apóstolo, entre outras viagens, provavelmente tenha chegado à Espanha (DEL PINO, 1993, p. 59). II - RELEVÂNCIA PARA O NOSSO POVO E IMPLICAÇÕES PARA A MISSÃO DA IGREJA
A sociedade brasileira carece de uma mensagem evangélica confrontadora. Não que ela queira ser tocada em suas feridas, mas à luz da Bíblia não podemos oferecer às pessoas um evangelho paliativo e barateado. O cristianismo puro e simples (para usar o título em português do livro de C. S. Lewis) precisa ser a mensagem e o estilo de vida de todo homem e de toda mulher salvos em Cristo.
Em se tratando de evangelho para o povo brasileiro, a igreja evangélica, não raramente, tem ido ou para o extremo da mensagem desencarnada, distante da realidade cotidiana do povo, mediante a apresentação de um evangelho transcendente que alcança as estrelas mas esquece da terra; ou tem, por outro lado, oferecido Jesus Cristo às pessoas como se Ele fosse um produto de consumo a disposição nas prateleiras do mercado eclesiástico. Apresenta-se Cristo no melhor dos estilos "fada madrinha".
Em nome de Cristo promete-se ao povo casa, carro, dinheiro; enfim, toda sorte de prosperidade, sem contar a confusão que se faz entre as fraquezas e tristezas sentidas por alguém em relação aos objetivos não alcançados por ele e a verdadeira convicção de pecados. As pessoas não devem ser confrontadas em termos de "você não conseguiu? Venha para Jesus que você consegue", mas sim encaradas como pecadoras que precisam urgentemente da graça redentora.
Cremos sinceramente que Cristo pode dar tudo e até mais do que é prometido às pessoas em termos de prosperidade; porém, não podemos perder de vista as implicações e exigências do evangelho autêntico.
Além disso, a sociedade brasileira carece do evangelho que seja encarnado na vida dos crentes. Um cristianismo integral que seja a expressão de uma vida santificada e consagrada ao Senhor. Em outras palavras, a manifestação viva daquilo que dizemos acreditar.
Hoje em dia parece que virou moda e status ser crente. No meio artístico, por exemplo, ouve-se falar daquele e daquela como os mais novos irmãos na fé; entretanto, aqui e ali ficamos sabendo dos escândalos que esses "irmãos" cometem. Não negamos que haja conversões de verdade entre os artistas, porém, é preciso que o quanto antes a pureza do evangelho, com todas as suas implicações para a igreja e a sociedade, seja resgatada em nosso meio. É necessário que "o sal da terra" e "a luz do mundo", a Igreja de Jesus Cristo, seja a verdadeira opção de vida, ou mais que isso, seja, de certo modo, o sentido da vida para todo aquele que perece em seus próprios pecados; a verdadeira diferença na vida de tantos que permanecem indiferentes.
Que Deus nos ajude a começar em nós, nos impulsionando a pregar o evangelho como o fez com Paulo. O apóstolo Paulo fazia do evangelho a razão de seu viver e de outras pessoas. Paulo é um exemplo fabuloso de compromisso com a verdade do evangelho. Ele nunca a comprometia. Podia como poucos ser imitado como imitador de Cristo (1 Co 11.1). Acredito que não seria exagero de minha parte dizer que Paulo alcançou mais pessoas para Cristo por sua vida de dedicação e seriedade ao reino de Deus do que em suas pregações propriamente ditas. Semelhantemente o povo brasileiro precisa ver na igreja de hoje pessoas que vivam o que dizem crer. A prática é a expressão do que acreditamos. Se não praticamos o que falamos, então a nossa pregação não passará de retórica evangélica desqualificada.
III - CONCLUSÃO
A perspectiva missionária de Paulo era "preencher" ou "completar" os principais lugares que faltavam no mundo gentílico e continuar seguindo em frente, motivado por uma teologia pastoral de vida, pela esperança escatológica do retorno imediato de Cristo e por seu amor aos perdidos como resultado do seu amor por Jesus, com estratégias missionárias bem definidas. Valeria a pena seguirmos o apóstolo com essa mesma perspectiva missionária? Certamente que sim. Pois é nesse contexto de missão que o intrépido sede meus imitadores como eu sou de Cristo encontraria, aqui, a sua melhor e mais completa aplicação. Se a igreja hoje imitasse Paulo como ele imitava Cristo, missões seriam o nosso maior projeto de vida.
Entendemos que para uma melhor compreensão da perspectiva missionária de Paulo era indispensável uma análise do conceito "apóstolo", visto que é o título que melhor designa a missão de Paulo, e por ele preferido. Achamos necessário também, ainda que tratado rapidamente, um apanhado de sua vida e do contexto de sua época para situarmos e entendermos melhor a missão dele. Mesmo em termos das viagens missionárias de Paulo em Atos dos Apóstolos, muita coisa os eruditos disseram e têm a dizer. Nosso propósito foi dar apenas um resumo dessas viagens conforme registradas em Atos.
Como uma análise histórica, teológica e exegética dessas viagens tornaria este estudo extenso demais para seu propósito inicial, isto é, o de tentar apresentar um panorama geral sobre a perspectiva missionária de Paulo, achamos por bem sugerir, para quem lê inglês, a leitura do comentário bíblico de Simon Kistemaker que, na minha opinião, é um dos melhores neste tipo de análise (12). Apesar de não ser missiólogo (no verdadeiro sentido do termo), Kistemaker pode ajudar bastante. É só conferir.
A minha oração é que este estudo seja proveitoso para você, assim como foi para mim a sua elaboração e preparo.

APRENDENDO COM JABES

  APRENDENDO COM JABES O m enino  p rodígio da  g enealogia!   Alguém já disse certa vez que existe muito pouca diferença entre as pessoas –...