APRENDENDO COM BELSAZAR (PARTE 2)
Surpresa na Festa
“Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-O em todos os teus caminhos, e Ele endireitará as tuas veredas” (Provérbios 3:5 e 6)
Havia muitas festas entre os reis do mundo antigo. Os reis eram conhecidos por seus banquetes. As autoridades de todos os tempos, não só as antigas, gostam de
“aparecer” perante os homens. Gostam de mostrar o seu poderio, sua
capacidade e riquezas.
Uma forma de fazer isto é por meio de festas,
grandes festas. Aliás, não só os grandes agem assim, quase todos tem
esse ponto fraco.
Se nem ao menos os pequenos escapam da
tentação de ostentar, o que esperar dos grandes. Se atentarmos para os
dias de hoje, as festas não são longas como as dos tempos antigos, mas
são caríssimas e fartas de pomposidade, onde se mostra o gasto de muito
dinheiro. A simplicidade é privilégio de poucos, é coisa rara em nossos
dias.
Pois o neto do rei Nabucodonosor, a quem
chama carinhosamente de pai, deu uma festa nem assim tão grande, pois
eram mil os convidados, e a festa era de poucos dias. Mas o que
diferenciou essa festa foi a arrogância mística do rei.
Ele decidiu
fazer uma gozação contra o DEUS do Universo, que ele conhecia porque,
como futuro rei, devia ter estudado, e muito bem, a história do império
que herdava de seus antepassados. Sabia que Nabucodonosor lutara contra
DEUS, perdera diversas vezes até que se entregou por completo a DEUS.
Sabia que o reino não era eterno, e que passaria a outros. Mas, decidiu
arrogantemente desafiar ao DEUS que seu avô já ousara desafiar,
arriscando perder o reino, pois, conscientemente, cometia os mesmos
desacatos de seu avô.
O herdeiro do grande império babilônico para
dominar o mundo todo caiu na armadilha da segurança e da confiança em
seu próprio poder, e achava que estava garantido como rei de Babilônia.
Assim mandou, em atitude de deboche contra o DEUS dos judeus, trazer
alguns dos vasos sagrados para deles beber vinho, e com seus grandes,
rirem desse DEUS.
No momento em que estavam fazendo isso, a mão de DEUS
escreveu na parede o decreto divino de que o seu reino já estava
passando às mãos de outro poder, por ordem do DEUS de quem Belsazar
estava ridicularizando.
Sem que soubesse, em sua alegria de poderoso
zombador, o inimigo já estava trabalhando para entrar na cidade e
tomar-lhe o poder e a vida. Quanta ignorância!
A escrita na parede (Dan. 5:1-9)
A festa transcorria ruidosamente. Dentro
do palácio, só alegria sem compromisso com a realidade, mas com o
álcool. Um jovem rei, sem experiência de vida, esbaldava a sua loucura,
intemperança, irresponsabilidade e principalmente leviandade. Seu pai, o
verdadeiro rei de babilônia, Nabonido, há pouco perdera uma batalha
decisiva para deter o imperador Ciro de avançar sobre Babilônia.
As
forças inimigas aproximavam-se rapidamente da capital do império
babilônico. E o rei herdeiro fazendo festa – típica coisa de pessoa nova
sem capacidade de percepção dos perigos da vida. E não faltaram aqueles
aproveitadores, que só apreciam barulho para a ele se unirem na
intemperança e idolatria.
Em meio a bebedeira, o rei ousou desafiar
o DEUS que convertera seu avô Nabucodonosor. Mandou que trouxessem os
vasos sagrados que tempos atrás pertenceram ao templo de Jerusalém, e
que Nabucodonosor sempre respeitara, mesmo nos tempos em que se achava
maior que DEUS. Belsasar em sua desvairada loucura, transformou a festa
de glutonaria e bebedeira em uma espécie de ritual em homenagem aos
deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra que
havia no palácio.
Ele confiava nesses deuses, e resolveu
desafiar o verdadeiro DEUS, de quem sabia muitas coisas, bebendo com
seus grandes e as mulheres daqueles vasos, brindando aos deuses pagãos. Fez isso justamente no momento em que mais deveria ter recorrido ao DEUS que tem poder, quando a crise se aproximava.
Nesse momento rejeitou ostensivamente ao DEUS de seu avô, e se lançou
aos deuses do paganismo. Fez portanto duas coisas, formalmente
demonstrou sua entrega e confiança em deuses feitos por mãos humanas e
afrontou o DEUS de verdade, que é Criador, e que pode dar autoridade e
pode tira-la.
A festa transcorria em meio aos ruídos da
música, altos risos, piadas imundas, demonstrações e atos de
sensualidade, um processo de franca degeneração moral. Ainda era uma
espécie de culto imoral às divindades da mitologia babilônica. O barulho
da festa estava alto demais para permitir a ação de qualquer bom senso,
essa não era a hora para alguma reflexão e avaliação do que ali se
passava. Todos queriam mais barulho, bebida, dança e a alegria do álcool
no vinho.
Repentinamente, silenciosamente, aparece
uma grande mão que se movimenta independentemente do que ali se passa.
Logo todos vêem a mão que se aproxima da parede e, estendendo o dedo
indicador, escreve. É o mesmo dedo que escreveu os Dez Mandamentos, agora estava escrevendo um decreto.
É o dedo do DEUS de Quem estava zombando. Do grande barulho na sede do
império de satanás, em instantes, o ambiente passa a um silêncio
sepulcral. Nem ao menos uma palavra alguém ousa pronunciar.
Todos
dirigem seus olhares para os movimentos da mão e para as palavras que
ela escrevia na parede. Era algo impressionante, e se espalhou um temor
entre todos, principalmente no rei. Nele os ombros se soltaram, perdeu
as forças, tremia de alto a baixo, batiam-lhes os joelhos um no outro, e
a fala lhe desapareceu da garganta. Lentamente a mão escreveu quatro
palavras incompreensíveis.
Era tudo muito apavorante, e as consciências
pelo que fizeram com os vasos retumbaram em repreensões íntimas. Parecia
ser tarde, algo estranho e terrível parecia que estava por acontecer,
e, aliás, já estava acontecendo do lado de fora dos muros, e até mesmo
dentro dos muros. O rei Ciro com seus soldados já entrava na cidade,
tendo desviado o curso do braço menor do riu Eufrates, e já se preparava
para o assalto final.
O pavor estava em todos os rostos, e o
rei sem poder pronunciar uma palavra. A escrita estava ali. A mão que
escrevera desaparecera. Tentavam entender o que significava, mas era
impossível. Longos minutos se passaram, e o rei só olhava para as
palavras. Eram apenas quatro palavras, mas parecia terem um poder que
não se poderia avaliar. Aos poucos, suado e tremendo, o rei se recupera.
E, conseguindo falar, com dificuldade, dá em sussurros, uma ordem de
perdedor: queria que os sábios interpretassem a mensagem que permanecia
na parede. Mas o mistério se estendeu até que ali foi introduzido
Daniel, o servo do DEUS do qual zombaram.
O conselho da rainha-mãe (Dan. 5:10-12)
A rainha-mãe era provavelmente a viúva de
Nabucodonosor, pois ela conhecia detalhes a respeito de Daniel como
quem deles tivesse participado intensamente, e demonstrou confiança nele
como quem partilhasse da mesma fé. É de se esperar que a esposa de
Nabucodonosor tomasse a mesma decisão de seu esposo.
Quem sabe veremos,
em breve, o casal de um dos mais famosos reis do passado, escalado por
satanás para erradicar da terra os adoradores ao Criador, mas que se
tornou um deles, juntamente com sua esposa. Terei um abraço também para
eles, e a presença deles será motivo de emocionantes diálogos após a
redenção.
A rainha-mãe não estava na festa, mas as
concubinas do rei Belsazar sim. Também é de se crer que a idosa mulher
se reservasse a não participar da orgia pagã após sua conversão. Mas ela
entrou como uma poderosa autoridade de DEUS no momento da crise, e como
verdadeira serva do Altíssimo, ousadamente desprezou os magos e
encantadores e, não economizando elogios e virtuosidades a Daniel,
anunciando-o como servo dos deuses santos (deuses santos, expressão
comum em babilônia para se referir a DEUS acima dos deuses comuns),
afirmando haver nele luz, inteligência e sabedoria dos deuses.
Disse,
recordando ousadamente, que Nabucodonosor o constituiu chefe sobre todos
os sábios do império. Ela, com firmeza ordenou que Daniel fosse chamado
pois garantia que ele daria a solução ao enigma.
Daniel foi chamado para se apresentar
perante o rei. Ele já era um idoso homem, de porte nobre com a dignidade
de quem serve ao DEUS Criador.
Quando ele entrou, com seus brancos
cabelos, todos os zombadores fitaram nele os olhos, na esperança de que
dele viesse uma palavra de esperança de que aquelas inscrições não
representavam o grave problema que parecia ser. O trecho que o homem de
DEUS caminhou da porta da entrada do salão até perante o rei foi
apreciado como o caminhar de um nobre, de um homem de outro planeta, de
um homem poderoso, que merece respeito, sábio, naquele momento acima de
todos os que ali estavam, acima inclusive do rei. Ali, embora apenas um
homem, estava uma autoridade do Governo do Universo, um embaixador de
DEUS.
Naqueles momentos, Daniel era visto como um embaixador de um reino
cujo Rei era o todo-poderoso Rei do Universo, o seu representante,
alguém revestido de uma autoridade que merece cuidadosa deferência e
obséquios de admiração: era um filho de DEUS!
Sem desculpa (Dan. 5:13-24)
Belsazar conhecia a história de seu avô Nabucodonosor. Conhecia o que lhe aconteceu ao ficar por sete anos como um animal. Ainda assim, ele, conscientemente, decidiu adorar a deuses pagãos, de ouro, de prata de bronze, de ferro, de madeira e de pedra. Ele sabia o erro que assim cometia, Daniel mesmo referiu-se a essa situação, dizendo: “ainda que sabias de tudo isto”
(Dan. 5:22). Talvez Belsazar não conhecesse a Daniel de perto, mas
sabia de seu poder, dos feitos e tinha conhecimento do poder do DEUS de
Daniel. Daniel mesmo disse ao rei, antes de lhe revelar a escritura, que
ele, sabendo de tudo isso, que ele se levantara contra o Senhor do Céu
(Dan. 5:23).
Isso significa que o rei, tal como fizera Nabucodonosor
várias vezes, também decidiu desafiar e ofender o Rei Criador que
possuía todo o poder sobre todas as coisas. E o desafio dessa vez foi o
de zombar de DEUS por meio do uso dos utensílios sagrados do templo de
Jerusalém, utilizados para o culto verdadeiro, que DEUS tinha intenção
de fazer retornar para a Sua cidade.
Belsazar resolveu debochar de DEUS
utilizando esses utensílios em sua festa pagã misturada com cerimonial
aos deuses feitos por mãos de homens, e que nada valem. Portanto,
Belsazar, bêbado, sem noção do que fazia, sem ter ouvido seu avô,
desconsiderando os fatos reais a respeito da adoração falsa e
verdadeira, enfrentou o Criador, e arcou com as conseqüências. DEUS o avaliou, e o achou sem valor, para nada prestava, foi substituído por outro mais disposto a obedecer a DEUS.
Pesado e achado em falta (Dan. 5:25-29)
A escrita na parede, em aramaico, só as
consoantes, não pôde ser lida pelos sábios de Belsazar. Mas Daniel, sem
dificuldade as leu e deu a interpretação. De um tremendo susto o rei
agora passa para uma realidade patética sem possibilidade de retrocesso,
avançara o sinal e agora já estava condenado por si mesmo, pelos seus
atos, e a sentença já estava em andamento. O que estava ali escrito?
MN = MENE = CONTADO (uma contabilidade dos feitos na vida)
MN = MENE = CONTADO (repetição solene, é muito importante)
TQ = TEQUEL = PESADO (avaliado, julgado)
PERES (ou UFARSIN) = DIVIDIDO (condenação, perdendo o reino para outro, ou, para dois outros)
Da história percebemos um fato curioso,
os reinos que se sucediam, dividiam-se cada vez mais, até se
fragmentarem por completo. É o destino do governo de satanás, que
degenera cada vez mais, se fragmenta gradativamente, até se tornar
insustentável.
Por exemplo, o Império Babilônico foi uno, com um
imperador, mas passou para um império composto de dois povos, os Medos e
os Persas, um mais forte, outro mais fraco. Esse império passou para o
poder da Grécia, cuja unidade durou pouco para dividir-se em quatro após
a morte de Alexandre. Da Grécia passou para o Império Romano cuja
unidade durou alguns séculos, mas no tempo de Constantino começou a
dividir-se em dois, uma capital em Roma e outra em Constantinopla. Mais
tarde, fendeu-se em dois impérios.
O ocidental capitulou em 476,
fragmentando-se depois em pedaços bem pequenos no tempo de feudalismo.
Nesse tempo havia impérios na Europa, mas eram os senhores feudais que
detinham grande parte do poder sendo os impérios fracos por esse motivo,
e também fracos porque o cristianismo proclamou sua independência
política e passou a dominar o estado, aliado a ele apenas para o
subjugar.
O Império Romano Oriental terminou com a invasão dos turcos,
em 1453, e também se fragmentou em nações menores. Até os dias de hoje
tem prevalecida a fragmentação do que há muitos séculos fora o grande
Império Babilônico.
Voltando ao assunto, o Império
Babilônico, na pessoa do rei Belsazar, teve suas realizações
contabilizadas, elas foram avaliadas e a conclusão foi de que nada
valiam, tamanha a sua maldade. Belsazar tornou-se inútil à humanidade e
inútil para DEUS, um estorvo para o governo do amor. Assim sendo, o
reino foi tirado de Belsazar e foi entregue a outro rei, Dario, que
encabeçava a união de dois povos, os Medos e os Persas.
DEUS fez isso,
ou seja, influenciou nos negócios dos seres humanos para que essa
mudança ocorresse exatamente dessa forma. Ele o fez para o bem da
humanidade, pois Babilônia já estava se tornando inconveniente do ponto
de vista moral e religioso, precisava ser substituída por alguém mais
atento às coisas do verdadeiro DEUS. E o que satanás pôde fazer para
impedir? Nada!
A queda de Babilônia (Dan. 5:30 e 31)
Enquanto Belsazar bebia dos vasos
sagrados, DEUS, que já sabia que ele faria isso, autorizou o exército
dos Medos e dos Persas unidos a atacarem Babilônia. A condução da parte
de DEUS foi tão eficiente que exatamente no mesmo tempo em que ocorria a
festa de afronta a DEUS também o poder dos Medo-Persas faziam diques
num dos braços do rio Eufrates, baixando a sua profundidade para que
pudessem passar por ele homens andando. Assim eles passaram facilmente
por baixo do largo muro que normalmente a água dificultaria em muito a
passagem de homens, pois eles teriam que mergulhar por mais de dez
metros com armas e tudo e aparecer do outro lado do muro, já dentro da
cidade, para serem facilmente mortos assim que suas cabeças saíssem das
águas.
Mas aconteceu que os guardas da cidade também beberam, e estavam
desatentos, e ninguém percebeu que um inimigo trabalhava do lado de fora
dos gigantescos muros e os inutilizava por um ponto frágil, por onde
passava parte do rio Eufrates. Centenas de trabalhadores foram colocando
material para que a água do braço menor se desviasse para o braço maior
do leito do rio, faziam isso possivelmente alguns quilômetros mais
acima, no local da bifurcação (parte da cidade de Babilônia ficava numa
ilha do rio), de modo que ninguém percebeu o que se passava, e também
ninguém percebeu que a água estava baixando, pois, em festa, comiam e
bebiam vinho.
Em ostensiva afronta contra o Rei do Universo, as defesas
de Babilônia se desfizeram diluídas em álcool exatamente por meio dessa
afronta, e assim se fragilizaram, e abriram caminho para o inimigo os
destruir em poucas horas, sem nenhuma resistência.
Os poderosos muros
para nada serviram, o inimigo entrou por uma brecha que jamais fora
motivo de preocupação. Quem iria desconfiar que um exército entrasse
pelo leito do rio?
No entanto não foi assim, mal o poder passa para Nabonido, e também para Besazar, que reinava na ausência de Nabonido que saía às guerras, os mesmos erros, e de modo mais acentuado, retornaram.
O reino, que insistia persistir no mal, deveria passar a outro mais
atento às cosias de DEUS, e ficar nas mãos deste enquanto se mantivesse
ao menos atencioso ao Rei do Universo, que dá ou que tira o poder.
Belsazar foi julgado e foi achado em falta, ele não atentou a tudo o que
sabia ser o Rei a quem devia seu título e poder. Foi despedido de seu
cargo e seu reino foi entregue a outro.
***
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