Um Antigo Decreto de Morte
“O meu DEUS enviou o Seu anjo e fechou a boca dos leões, para que não fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante dEle; também contra ti, ó rei, não cometi delito algum” (Daniel 6:22).
A história de Daniel bem poderia ser
classificada como fazendo parte da ‘mitologia’ judaica. Mas ela é mais
profunda. Para ser aceita como verdadeira precisa-se conhecer os
propósitos e o poder de DEUS. Ela mostra algumas coisas importantes para
nós, nesses dias finais. Ela demonstra principalmente que DEUS está no controle.
Aí está o ponto central da história de Daniel na cova dos leões: a fidelidade de Daniel a DEUS.
Quando DEUS livra seus SERVOS de alguma ameaça, sentimos o seu
poder, mas quando Ele não livra, sentimos a sua presença junto com o
sofrimento da perseguição ou da morte.
Ou seja, você já ouviu
sobre algum mártir fiel a DEUS que tenha morrido em angústia, berrando e
se contorcendo de dor? Pelo contrário, mesmo no fogo, não gritavam nem
amaldiçoavam seus inimigos, mas cantavam hinos ao Criador.
Portanto,
livrando-nos do mal, apenas percebemos a ação de DEUS, e por vezes, Ele
se faz presente como no caso da fornalha; mas sendo mortos, sentimo-Lo
agindo para que suportemos. Ninguém será submetido à prova superior a
que possa suportar. É assim que DEUS age, Ele nunca nos deixa, por uma
ou por outra via, Ele está conosco.
Características de um servo fiel
“Pelos frutos os conhecereis” (Mateus 7:16)
Quando Babilônia caiu sob o poder dos
Medo-Persas, Daniel estava com 80 anos de idade. Algo inacreditável
aconteceu. É inacreditável por ser Daniel servo de um Reino não desse
mundo, instrumento pelo qual DEUS interferiu diretamente no centro do
poder de satanás nesse mundo, fazendo o que queria com o seu império.
Era de se esperar que Dario, o medo, que cuidasse em encarcerar Daniel,
que fora o principal conselheiro do poderoso Nabucodonosor, pelo qual
este recebera revelações futuras sobre a seqüência dos reinos do mundo,
e, principalmente, sobre quem teria, por final o poder nesse planeta.
Jamais se ouviu algo semelhante na história, de um homem importante no
império vencido se tornar requisitado pelo império vencedor. Afinal, o
que Dario viu em Daniel?
O novo imperador viu pelo menos uma coisa: fidelidade.
Não se pense que Dario nada soubesse a respeito de Daniel. A Bíblia não
relata isso, mas em todos os tempos, como também hoje, os grandes
conselheiros das nações tornam-se muito conhecidos no estrangeiro. Isso
deve ter acontecido com Daniel, e esse era o seu testemunho.
Muitos reis
e imperadores de outras nações souberam do caráter de Daniel em
Babilônia. Sabiam em especial que ele era um servo de outro DEUS, e não dos deuses de Babilônia. houve até decretos a esse respeito. Muitas pessoas importantes das nações ficaram sabendo do poder de Daniel dentro do poderoso império.
E, certamente, pelas informações que a seu respeito tinham, o admiravam, e lhes era digno de confiança. Essa é uma lição para os nosso jovens que querem vencer profissionalmente: sejam como Daniel, e terão emprego garantido!
Sabiam da fidelidade de Daniel a seu DEUS, e de como essa fidelidade
jamais fora rompida, mesmo em condições de grave desafio. Portanto, pela
fidelidade do servo do Altíssimo, o respeitavam, admiravam, e o tinham
como pessoa que só falava a verdade, e que merecia consideração
independente de que reino estivesse contratando seus serviços.
Além disso, o DEUS do Céu também o tinha como homem fiel, o que aprendemos das seguintes palavras: “és mui amado” (Dan. 9:23) “Tu, porém, segue o teu caminho até o fim; pois descansarás, e, ao Tim dos dias, te levantarás para receber a tua herança.” (Dan. 12:13). DEUS tinha um homem, e com apenas esse homem manteve sob controle dois impérios.
O caráter desse homem influenciou no modo de administração do rei
Dario, assim como alterou todo o curso do Império Babilônico. O que Daniel possuía de especial? Um caráter moldado por DEUS!
O complô contra Daniel (Dan. 6:5-9)
Se Daniel tinha ou não pecados, não se
sabe. Pelo que obtemos da Bíblia, esse homem, desde sua infância, deve
ter sido peculiar servo de DEUS, absolutamente fiel. Como diz a Bíblia,
nenhum ser humano há que não seja pecador. Mas há os que são
extremamente fiéis, como foi Enoque, e também Daniel. Esses homens e
mulheres ligam-se de tal modo ao Criador que por Ele são transformados a
ponto de chegarem muito próximos da perfeição. O apóstolo João também
foi um caso assim.
Daniel era um caso estranho aos olhos dos grandes do império Medo-Persa.
Sendo judeu, povo sob condição de exílio, tendo servido ao Império
Babilônico, servindo a um DEUS diferente, merecendo a admiração do rei
Dario, recebendo dele muito poder, não é de admirar que isso causasse ciúmes.
Não era um dos deles, não adorava como eles, não era nem medo nem
persa, mas um elemento estranho, e tão favorecido, mais do que todos os
outros. Seria hoje, mal comparando, na vitória política da eleição para
presidente de algum país, ser convocado pelo novo presidente para o
cargo principal uma pessoa muito importante, mas do partido de natureza
oposicionista e ainda de outro país. O que diriam os que apoiaram o novo
presidente? Ficariam perplexos, e enciumados.
As demais autoridades do governo então
procuraram encontrar alguma falha em Daniel para, por denúncia, o
destituir (assim como hoje, em tempo de eleição, surgem muitas denúncias
contra muitos candidatos, e eles geralmente possuem muitos pontos
fracos). Nada encontraram, o homem era praticamente perfeito.
Então
tiveram uma idéia genial, infalível segundo imaginavam: criar um impasse
para Daniel, colocando-o num brete, se saída visível. Não havia como
encontrar algo nas atividades profissionais em Daniel, ele era
eficiente, teriam que criar um impasse onde Daniel jamais mudaria. Seria
um decreto que criasse uma dificuldade tal que jogaria Daniel contra o
rei, criando uma situação sem saída: ou reverencia o rei, ou,
desobedecendo, seria jogado aos leões. Parecia um plano perfeito, mas
não contavam com o poder de DEUS.
A questão da oração (Dan. 6:10-18)
O que se debate nesse dia é: uma vez
saído o decreto sobre adoração, deveria Daniel desse dia em diante
fechar ou manter seu costume de orar com a janela aberta?
Daniel bem poderia ter
fechado a janela, não mudaria sua relação com DEUS, nem diminuiria sua
fé, nem isso seria alguma violação de princípios. Por que então ele não o
fez? Aliás, Daniel poderia ter fechado a janela sempre que fosse orar,
mesmo antes do tal decreto. Por que ele não agiu assim?
E, por que Daniel não fechou a janela
após o decreto. É simples responder, isso de nada adiantaria. Naqueles
lugares, quente como é, as janelas raramente são fechadas. Eles indagariam, por que, agora que saiu o decreto, Daniel, bem no horário da oração, passou a fechar a janela? É porque, com medo, covarde, diriam, está infringindo a lei do rei Dario, e continua secretamente adorando o seu DEUS. Chegaria à mesma conclusão que chegaram com a janela aberta. É que o decreto fora feito especificamente contra Daniel, e eles estavam o tempo todo de olho nele.
Fizesse
Daniel o que fosse, eles o pegariam, exceto se deixasse de adorar a
DEUS por aqueles dias, e isso, sabiam eles, Daniel não faria.
Era o que satanás queria, para derrubar o poderoso servo de DEUS.
satanás queria mais, como propôs a JESUS, que o adorasse, queria também
que Daniel, ao menos por 30 dias adorasse um ser humano. Mas no caso de
Daniel, satanás queria ainda mais: deixando Daniel sem saída, ele teria,
humanamente falando, apenas duas alternativas para viver – ou
reverenciaria o rei, ou ao menos deixaria de adorar a seu DEUS. por uma
ou por outra, Daniel cairia em tentação, e se separaria de DEUS. Ele, no entanto, foi fiel naquela crise, e DEUS também foi. Caso ele fechasse a janela, evidentemente, logo após fecha-la, entrariam em seu quarto para pegá-lo em “flagrante delito”.
Portanto, Daniel, extremamente inteligente, raciocinando assim,
concluiu que deveria manter as coisas como sempre foram. Ele sabia que
DEUS, como das vezes anteriores, estaria a seu lado. E esteve com
Daniel, como está com todos os que O servem, e estará, em especial,
nesses dias finais.
Daniel na cova dos leões (Dan. 6:19-23)
Delatado ao rei, este percebeu que se
tratava de uma cilada contra Daniel. Logo o seu fiel servo, o mais
inteligente, que mais contribuía. Daniel merecia o respeito do rei pela
sua avançada idade, humildade e dignidade, pois ele, Daniel, jamais se
fez superior a ninguém, e jamais se via inferior a ninguém: a humildade e
a dignidade na mesma pessoa. Era sábio acima dos demais, e nele se
podia confiar.
Para não prejudicar a autoridade do rei,
este agora viu-se na contingência de cumprir o decreto, devendo jogar
Daniel na cova. Não o fez de imediato, tentou por todos os meios
encontrar uma saída, mas deveria faze-lo naquele mesmo dia. Bem que lhe
deve ter ocorrido de jogar aqueles homens maldosos na cova. Afinal, ele,
o rei, fora por eles enganado. Mas com que argumentos?
A cilada fora
muito bem preparada. O rei procurou, talvez, reverter a situação de
Daniel por alguém outro. Deve ter trabalhado para achar algum motivo
naqueles homens e assim ao menos anular o decreto contra Daniel,
jogando-os em seu lugar na cova. Mas, já quase ao final do dia, aqueles
homens, confiantes em si e na vitória, retornaram ao rei, e exigiram o
cumprimento do decreto do rei, fomentado por eles. Quanto mais nesse
momento subiu a ira do rei contra aqueles homens, e nada encontrou para
fazer contra eles. Assim, pesaroso e contrariado, teve que chamar Daniel
e mandar joga-lo na cova.
O rei falou pessoalmente com Daniel, e
naquele momento começou a desmascarar a intenção por detrás do decreto,
que os maus homens tinham. Ele disse a Daniel, e muitos dali ouviram
isso: “O teu DEUS, a quem tu continuamente serves, que ele te livre.”
(Dan. 6:16).
O rei estava irritado com a manobra política dos seus
grandes, e declarou isso para Daniel, instantes antes dele ser colocado
na cova dos leões. A declaração era como que um repúdio ao decreto por
ele mesmo assinado, cujos motivos agora percebia claramente, uma
declaração da superioridade do DEUS de Daniel. A questão dos maus
assessores do rei não era homenagear o rei, mas eliminar Daniel.
Posto na cova, curiosamente nada ouviram
de estranho, mas foram-se dali. Os inimigos de Daniel foram certamente
fazer festa, o rei foi fazer jejum. A cova devia ser um buraco onde os
leões chegavam, com uma abertura em cima, pois não ficou certo e não
podiam saber se os leões o devoraram ou não. Só no dia seguinte, o rei
foi até o lugar, mandou tirar a pedra, e chamou por Daniel. Então ele
quase repetiu as mesmas palavras: “Daniel, servo do DEUS vivo, dar-se-ia o caso que o teu DEUS, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos leões?”
(Dan. 6:20).
O rei acentuava a questão da adoração de Daniel, e não o
recriminava por isso. Isso demonstra que o rei Dario estava no mínimo
contrariado com a atitude dos inimigos de Daniel. Da cova Daniel
respondeu que o anjo de DEUS o livrara dos leões porque ele nada tinha
feito contra DEUS nem contra o rei.
Então, mais que depressa o rei manda
tirar Daniel do meio dos leões, e agora, não só irado como também
coberto de motivos e razões, manda que atirem na cova aqueles homens que
atentaram contra Daniel. Eles nem sequer chegavam ao chão, já os leões
os destroçaram e devoraram.
Por que nesse caso DEUS livrou Daniel dos
leões? Ainda esse homem deveria fazer muitas coisas. A sua carreira não
havia terminado. DEUS ainda tinha novas profecias e outros detalhes
proféticos para revelar por meio de Daniel. E, também, o novo império
dos Medo-Persas deveria ser livre dos maus homens que se entregaram aos
poderes de satanás.
Dario honra a DEUS (Dan. 6:24-28)
Bem cedo o rei Dario foi até a cova dos
leões para ver o que se havia passado. O rei tinha esperanças de que
Daniel estivesse vivo, protegido por seu DEUS, e queria isso. O rei fora
enganado por homens maus, e estava sedento por fazer justiça. Sua
expectativa era de que Daniel estivesse vivo. E, se Daniel fosse atacado
pelos leões, o rei teria que manter a seu lado homens perigosos,
capazes de trair a verdade. Como governar com gente assim por perto?
Chamando por Daniel, este, de dentro da
cova, responde. Então a ordem é imediata, que o tirassem de lá. Mandou
que às pressas trouxessem aqueles homens maus, incluindo suas famílias, e
os jogassem na cova. Estes nem sequer tocavam o chão, já os leões
pulavam contra eles, e os estraçalhavam. Era costume naqueles tempos
eliminar toda a família de alguém que o rei queria castigar severamente.
Isso aumentava a autoridade do rei, evidentemente, pelo medo do que ele
pudesse vir a fazer. Nisso o rei estava errado, assim como estava
errado o costume ou tradição dos reis daqueles tempos.
Então o rei baixou um decreto a favor de
DEUS. Ora, DEUS não necessita de decretos, e nem Ele deve ser adorado
pelo poder de decretos. Foi por decreto que os maus homens obrigaram as
pessoas adorarem o rei, mas não devia ser assim para adorar a DEUS. É
satanás que precisa ser adorado por força de lei, pois do contrário, na
liberdade, as pessoas tendem a buscar o Amor, atendendo aos bons
testemunhos dos que já O adoram. Dario impôs a todos que “tremessem e
temessem” diante do DEUS de Daniel.
Isso criou um clima ruim para DEUS,
pois nesse decreto Dario O igualou aos demais deuses pagãos, que
precisam desses decretos, ou cujos seguidores são obrigados a adora-los
por decretos. Dario quis honrar a DEUS, e o fez a seu modo, a partir do que conhecia sobre reverência aos deuses pagãos.
Nabucodonosor, anteriormente, também já fizera coisa semelhante. É tão
errado impor a verdadeira adoração por força de lei quanto a falsa,
embora a intenção de Dario fosse boa.
Mas há mais um detalhe nesse episódio que
merece destaque: foi a vitória de Daniel. Este nada teve a ver com o
decreto de Dario, nem com o exagero da pena sumária aplicada aos
inimigos de Daniel, que se tornaram também inimigos do rei. Daniel
garantiu a sua vitória desde o dia em que, recém chegado a Babilônia,
decidiu firmemente não contaminar-se com as finas iguarias da mesa do
rei.
Antes disso, Daniel havia aprendido a ser fiel a DEUS, e em
cada oportunidade crítica, sabia tomar a decisão correta. Ele foi o que
hoje podemos dizer como sendo um pequeno remanescente dentro dos
impérios inimigos, e que ali deu poderosos testemunhos sobre a
verdadeira adoração. Na sua fidelidade DEUS impediu que satanás tomasse
conta do planeta todo, assim como pela fidelidade dos remanescentes
dentro do povo remanescente garante a existência de um povo que serve de
marco do reino de DEUS na Terra, como sendo embaixadores de um reino,
não escravos de um império dividido entre nações sempre em guerra entre
si, destruindo-se na luta pela hegemonia.
Daniel desenvolveu, pela experiência com
DEUS, uma experiência muito próxima a de Enoque, um caráter conforme
DEUS deseja. Chegou ao ponto de receber uma mensagem de DEUS, uma
revelação do anjo que assiste perante DEUS, que o Criador o amava muito.
Num tempo de grave crise de adoração, tempo em que o povo de
DEUS fora levado ao exílio, DEUS pôde contar com um campeão de fé.
Parece que nos tempos difíceis sempre é assim, nesses tempos são poucos
os que restam, mas entre esses poucos, encontram-se verdadeiros gigantes
da fé. Assim foi Noé e Abraão, como Daniel. Tempos em que
havia poucos fiéis, mas esses poucos podiam ser comparados a gigantes
que jamais se dobravam perante outro deus, mesmo que sob iminente risco
de tortura ou da vida.
Nos tempos finais, o remanescente será
bem pequeno. Poucos serão os que se manterão fiéis ao lado do Criador.
Mas, dessa vez, algo será diferente: esses poucos poderão ser milhares
de homens e mulheres, e estarão espalhados pelo mundo todo, em todos os
lugares. Eles concluirão o trabalho de proclamação do reino de DEUS.
Eles terão poder especial par isto. O remanescente dos últimos dias não
será apenas um punhado de pessoas como no tempo de Noé, de Abraão ou de
Elias, ou de Daniel. Serão, proporcionalmente um pequeno número de
pessoas, mas o suficiente para por elas DEUS, em poucos dias, anunciar
este evangelho a todas as pessoas, então virá o fim.
A fidelidade de Daniel é hoje um requisito para cada servo de DEUS que realmente deseja permanecer em pé nos últimos dias. Daniel
venceu em razão de uma decisão acertada quando ainda jovem: assentou
não contaminar-se com os alimentos do palácio real de Babilônia.
Daniel tinha a força intelectual para DEUS
nele agir, e tornou-se muito inteligente e sábio, cada vez mais poderoso
em se manter fiel a DEUS mesmo só num império hostil. Ele nunca deixou
de ter DEUS a seu lado. E as vitórias de Daniel, bem como as de seus
companheiros, foram de fazer tremer o império de satanás.
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