CIRO –
REI DA PÉRSIA
Vocês, a
quem tenho sustentado desde que foram concebidos, e que tenho carregado desde o
seu nascimento. Mesmo na sua velhice […] sou eu aquele que os susterá. [Isaías
46.3-4]
A sátira de
Isaías acerca da idolatria atinge o seu auge no capítulo 46. Somos apresentados
às duas divindades principais da Babilônia: Bel (também chamado de Marduk) e
Nebo (filho de Bel). Isaías descreve a maneira como esses ídolos eram
fabricados pelas mãos de ourives (v. 6-7), e depois de prontos, carregados nos
ombros de seus adoradores até o lugar onde eram colocados em determinada
posição, porque elas não podiam se mover ou falar.
Subitamente,
a Babilônia é tomada por Ciro, rei da Pérsia, e seus soldados passam a saquear
os templos da cidade. “Bel se inclina, Nebo se abaixa” (v. 1). Isto é, esses
ídolos inúteis são arrancados de seus pedestais e carregados de ponta-cabeça,
como cadáveres, pelas ruas. Aqui eles são colocados sobre carroças e levados.
É a
decadência dos poderosos! Os deuses que antes eram carregados orgulhosamente
sobre os ombros, nas procissões, agora são carregados em carroças, como lixos
inúteis, tornando-se um fardo para seus adoradores.
O tom de
ironia na voz do profeta desaparece, e no silêncio Deus fala. Com efeito, ele
diz: “Eu não sou como Bel e Nebo. Não preciso ser carregado. Sou o Deus
vivo e exaltado. Eu tenho carregado vocês desde que foram concebidos, e mesmo
depois de velhos eu ainda os carregarei” (v. 3-4, paráfrase).
Assim,
devemos perguntar a nós mesmos, hoje: Quem está carregando nossos fardos? A
religião tem sido um fardo ou uma libertação para nós? Deus tem sido um fardo?
Jesus Cristo
é descrito no Novo Testamento como o supremo carregador de fardos do mundo.
Ele levou
sobre si os nossos pecados (veja Isaías 53). Ele também carrega as nossas
tristezas. Como escreveu Pedro:“Lancem sobre ele toda a sua ansiedade, porque
ele tem cuidado de vocês” (1Pe 5.7).
A grande
tragédia é quando invertemos os papéis designados por Deus e tentamos
carregá-lo, em vez de permitir que ele nos carregue, como ele prometeu!
Bel está
abatido, Nebo se encurvou, os seus ídolos são postos sobre os animais e sobre
as feras; as cargas dos vossos fardos são canseiras para as feras já cansadas.
Juntamente se encurvaram e se abateram; não puderam livrar-se da carga, mas a
sua alma entrou em cativeiro. Ouvi-me, ó casa de Jacó, e todo o restante da
casa de Israel; vós a quem trouxe nos braços desde o ventre, e sois levados
desde a madre. E até à velhice eu serei o mesmo, e ainda até às cãs eu vos
carregarei; eu vos fiz, e eu vos levarei, e eu vos trarei, e vos livrarei. A
quem me assemelhareis, e com quem me igualareis, e me comparareis, para que
sejamos semelhantes? Gastam o ouro da bolsa, e pesam a prata nas balanças;
assalariam o ourives, e ele faz um deus, e diante dele se prostram e se
inclinam. Sobre os ombros o tomam, o levam, e o põem no seu lugar; ali fica em
pé, do seu lugar não se move; e, se alguém clama a ele, resposta nenhuma dá,
nem livra alguém da sua tribulação. Lembrai-vos disto, e considerai; trazei-o à
memória, ó prevaricadores. Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade;
que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim. (Isaías
46.1-9)
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