terça-feira, 29 de maio de 2018

APRENDENDO COM JÓ (PARTE 7)




Com Deus, sempre haverá um final feliz



Afirmou um inditoso crítico literário, certa vez, que dois são os defeitos do Livro de Jó. O primeiro é que o antagonista da história - Satanás - sai de cena ainda no prólogo. E o segundo é que, diferentemente dos dramas gregos, romanos e ingleses, a história de Jó tem um final feliz. Não obstante, acrescenta o crítico, o Livro de Jó é o mais belo poema de todos os tempos.

O que os críticos seculares classificam de defeito, nós chamamos de perfeição. Pois, de uma forma magistral, o autor sagrado pôde conduzir o drama de Jó sem a presença do adversário. E se ele o concluiu com final feliz, é porque se manteve com absoluta fidelidade aos fatos. Se os gregos, romanos e ingleses não se afeitam aos finais felizes, os que servimos a Deus sabemos que, apesar das intempéries, sempre haverá um final surpreendentemente feliz àqueles que confiam nas promessas do Pai Celeste.

I. A PROFUNDA HUMILHAÇÃO DE JÓ

Com profunda e singular humilhação, o melhor dos homens daquela época, ouviu dois pronunciamentos que, judiciosamente, apontaram-lhe as falhas: o discurso de Eliú e o monólogo do Todo-Poderoso. Jó, em momento algum, se exaspera. Agora tem ele certeza de estar sendo provado; na economia divina sempre é possível melhorar o que já é perfeito (Dt 18.13; Pv 4.18; Mt 5.48; Ef 4.13).
1. A confissão de Jó. O que resta, agora, ao patriarca? Não obstante ser tido como um dos três homens mais perfeitos de todos os tempos, confessa Jó a sua falta, e reconhece a sua pequenez diante da imensidade de Deus: "Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza" (Jó 42.6). Ver Ezequiel 14.20.
Que diria você ao ouvir tal confissão de um homem cuja integridade era reconhecida e avalizada até pelo próprio Senhor? Sim, era Jó um homem perfeito. Mas, diante de Deus, quão imperfeitas são as nossas perfeições. Diante daquele que é infinito em suas perfeições, o perfeito sempre poderá se aperfeiçoar; o bom sempre poderá melhorar (Fp 3.12; Cl 1.28). Jó o sabia muito bem.
2. Ouvindo e vendo a Deus. Jó teve de se calar para compreender a natureza de seu sofrimento; e, perfeitamente, compreendeu-a. Infelizmente, muitos não logram o mesmo entendimento, pois ainda não aprenderam a ouvir a Deus (Hb 3.7,8). Oram, mas não lhe ouvem a resposta (Is 42.20). Com os seus murmúrios, acabam por encobrir a voz de Deus (Sl 106.25).
Primeiro, ouviu Jó a voz de Deus; depois, seus olhos passaram a vê-lo (Jó 42.6). Até este momento, a fé que o patriarca professava em Deus, conquanto sublime e singularíssima, era apenas intelectual. Mas, agora, que os seus olhos vêem o Todo-Poderoso, começa a ter um conhecimento experimental do Senhor.
Como é a sua fé? Intelectual? Ou experimental? O Senhor deseja que você o conheça integralmente (Os 6.1-3).

II. INTERCESSÃO E RESTAURAÇÃO

O Senhor dirige-se, neste momento, aos três amigos de Jó, e gravemente os repreende:
"A minha ira se acendeu contra ti, e contra os teus dois amigos; porque não dissestes de mim o que era reto, como o meu servo Jó. Tomai, pois, sete bezerros e sete carneiros, e ide ao meu servo Jó, e oferecei holocaustos por vós, e o meu servo Jó orará por vós; porque deveras a ele aceitarei, para que eu vos não trate conforme a vossa loucura; porque vós não falastes de mim o que era reto como o meu servo Jó" (42.7,8).
Desta advertência de Deus, podemos ver alguns fatos bastante interessantes quanto à atuação de Jó. Em primeiro lugar, teria ele de agir como sacerdote.
1. O sacerdócio de Jó. Mesmo em frangalhos, e mesmo não passando de ruínas, deveria Jó, naquele momento, atuar como sacerdote daqueles que muito o feriram com suas palavras. Que incrível semelhança com o Senhor Jesus Cristo! Nosso Salvador, embora tenha sido retratado pelo profeta como alguém desprovido de parecer e formosura, intercedeu por nós pecadores (Is 53.2, 3,12). Se este retrato que o profeta revela do Senhor parece forte, o que diremos da pintura que do mesmo Salvador faz Davi: "Mas eu sou verme, e não homem, opróbrio dos homens e desprezado do povo" (Sl 22.6)?
No auge da angústia, Jó fez-se mui semelhante ao Senhor Jesus. Mas quão distante achava-se ele da glória exterior do sacerdócio araônico! Caber-lhe-ia pois orar por seus amigos, e por eles oferecer os sacrifícios prescritos pelo Senhor.
Tem você orado por seus amigos? Tem jejuado por eles? Mesmos se estes o ferirem, não deixe de apresentá-los diante do Senhor, a fim de que sejam salvos.
2. A restauração na intercessão. Mu itos crentes não são restaurados, porque, embora orem muito por si mesmos, não intercedem diante de Deus pelos outros. Tinha Jó um amor tão altruísta e de tal forma sacrificial que, ao invés de orar por si, pôs-se a clamar em favor de seus amigos. "E o SENHOR virou o cativeiro de Jó, quando orava pelos seus amigos; e o SENHOR acrescentou a Jó outro tanto em dobro a tudo quanto dantes possuía" (Jó 42.10).
Mesmo em dificuldades, e ainda que no mais ardente crisol, ore por seus parentes, amigos e por quantos o cercam. Pois o seu cativeiro começará a ser virado exatamente neste momento. Não podemos subestimar a força da oração intercessória. Enquanto você ora por seus amigos, haverá milhares de irmãos intercedendo por você.

III. A RESTAURAÇÃO DE JÓ

Eis que o Senhor põe-se a virar o cativeiro de Jó; restaura-o integralmente. Se tudo ele perdera por completo, e de uma só vez, de forma duplicada o Senhor lhe retribui.
1. Restauração espiritual. Jó se humilha, reconhece a sua pequenez, e mostra haver experimentado um grande conhecimento espiritual: "Então, respondeu Jó ao SENHOR e disse: Bem sei eu que tudo podes, e nenhum dos teus pensamentos pode ser impedido. Quem é aquele, dizes tu, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso, falei do que não entendia; coisas que para mim eram maravilhosíssimas, e que eu não compreendia. Escuta-me, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu ensina-me. Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos. Por isso, me abomino de me arrependo no pó e na cinza" (Jó 42.1-6).
2. Restauração material. O Senhor acrescentou duplicadamente a Jó em relação a tudo quanto dantes possuía (Jó 42.10).
3. Restauração social de Jó. Os que desprezaram a Jó, estando este na angústia, agora presenteiam-no como se fora ele um príncipe: "Então, vieram a ele todos os seus irmãos e todas as suas irmãs e todos quantos dantes o conheceram, e comeram com ele pão em sua casa, e se condoeram dele, e o consolaram de todo o mal que o SENHOR lhe havia enviado; e cada um deles lhe deu uma peça de dinheiro, e cada um, um pendente de ouro" (Jó 42.11).
4. Restauração doméstica de Jó. Embora a Bíblia não o revele, a esposa de Jó veio, evidentemente, a se converter ao Senhor, fazendo-se partícipe de toda a ventura do esposo. Eis os filhos que ela lhe deu à luz: "Também teve sete filhos e três filhas. E chamou o nome da primeira, Jemima, e o nome da outra, Quezia, e o nome da terceira, Quéren-Hapuque" (Jó 42.13,14). Informa o autor sagrado terem sido estas filhas de Jó as mulheres mais formosas de toda a terra.
5. Restauração histórica de Jó. O homem que fora tão caluniado por Satanás, tão incompreendido pela esposa e tão acusado pelos amigos, entra agora para uma exclusivíssima galeria; é posto entre os três mais piedosos homens de todos os tempos: "Ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor JEOVÁ, que nem filho nem filha eles livrariam, mas só livrariam a sua própria alma pela sua justiça" (Ez 14.20). Pode haver maior honra do que esta?

CONCLUSÃO

Conforte-se na história de Jó! Se as suas angústias são grandes, maiores ser-lhe-ão as consolações. De toda essa provação, sairá alguém bem melhor. Sua história também terá um final feliz.
Não nos esqueça em suas orações: "Orando também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo" (Cl 4.3).
A Deus toda a glória! Aleluia!

 Holocausto
Sacrifício levítico que consistia na queima completa da vítima sobre
o altar.

Sacerdócio araônico
Divina investidura conferida a Arão e a seus filhos com o objetivo de: interceder por Israel diante de Deus; presidir o ministério levítico; e, entrar no Santo dos Santos, uma vez por ano, para fazer a expiação pelos pecados
do povo. (Êx 28; Hb 5.4).


APRENDENDO COM JACÓ (PARTE 7)



O VALOR DO TRABALHO DIÁRIO

Quando Jacó viu Raquel, filha de Labão, irmão de sua mãe, e as o velhas de Labão, aproximou-se, removeu a pedra da boca do poço e deu de beber às ovelhas de seu tio Labão. (Gênesis 29.10) 

Como líder do povo de Deus e luz para o mundo, Jacó foi uma pessoa extremamente importante.

Ele tinha a bênção e a promessa de Deus e até mesmo tinha ouvido o Senhor falar com ele. É notável que ele viveu como se não tivesse coisa alguma.

Ele viveu como uma pessoa comum e fez seu trabalho diário, ações para as quais Deus não dá instrução específica alguma em sua Palavra.

Deus não disse a Jacó como ele o ajudaria ou o dirigiria, como as coisas terminariam nem se haveria boa colheita em determinado ano.

De modo semelhante, nós nunca devemos dizer: “Eu não sei o que acontecerá, então nada farei”. Deus nos diz para fazer o melhor que pudermos e deixar o restante para ele.

Ele não prometeu que tudo que fizéssemos teria sucesso. Não precisamos saber o que acontecerá nem como as coisas terminarão.

Devemos simplesmente realizar o trabalho atribuído a nós da melhor maneira possível.

Na Bíblia, ouvimos sobre os atos impressionantes e heroicos dos nossos ancestrais na fé.

Juntamente com eles, também ouvimos sobre o trabalho humilde, desagradável e repugnante que tiveram de fazer.

Isso deve nos confortar todas as vezes que nosso trabalho diário tentar nos desanimar. Então, não nos sentiremos deprimidos nem cairemos em desespero, pensando que Deus nos desprezará.

Pelo contrário, devemos entender que todo trabalho é santificado por meio da Palavra de Deus e da nossa fé.

Mas o mundo não vê o trabalho dessa maneira. As pessoas pensam que ler histórias envolvendo personagens bíblicos fazendo tarefas comuns e cotidianas é uma perda de tempo.

Somente os cristãos são capazes de ver e compreender que Deus está trabalhando nessas atividades comuns.

Esse trabalho é precioso, não apenas aos nossos olhos, mas também aos olhos de Deus. 

APRENDENDO COM ABRAÃO (PARTE 11)




A MAIOR PROVA DE ABRAÃO


- No capítulo 22 do livro do Gênesis, encontramos um dos mais dramáticos relatos das Escrituras Sagradas, uma incompreensão aos olhos humanos que, entretanto, revela a sublimidade e o ponto culminante da vida de fé do patriarca Abraão. É graças a este fato, aliás, que Abraão assume, em definitivo, a condição de "pai da fé", que lhe é reconhecida pelas três grandes religiões monoteístas do planeta.

- O episódio do capítulo 22 do livro do Gênesis é conhecida pelos estudiosos da Bíblia como sendo o "sacrifício de Isaque" , sendo que os judeus o denominam de "Akedah", que quer dizer, atadura ou atar, visto que Isaque não foi sacrificado, mas atado junto ao altar e salvo na última oportunidade.

I. O DESAFIO DA FÉ

- O capítulo 22 do livro do Gênesis começa com uma expressão forte: " E aconteceu depois destas coisas, que tentou Deus a Abraão". A expressão "tentou Deus a Abraão" é melhor traduzida como "Deus pôs Abraão à prova" (como consta da NVI e da Almeida Revista e Atualizada) ou "Deus provou a Abraão", pois, como diz o apóstolo Tiago, Deus não tenta a pessoa alguma (Tg.1:13). 

Esta, entretanto, não foi a única prova por que Abraão passou. Como ensinou o grande mestre e filósofo judeu Maimônides (1135-1204), Abraão teve de suportar dez provas: 1 - teve de peregrinar como um estrangeiro desde a sua chamada; 2 - a fome que encontrou em Canaã, depois da promessa de que Deus lhe faria uma grande nação; 3 - a violação de direitos humanos elementares quando os egípcios levaram Sara a Faraó; 4 - a luta contra quatro reis conquistadores; 5 - a tomada de Agar como esposa, depois que perdeu toda a esperança de ter um filho com Sara; 6 - a circuncisão em idade avançada por ordem divina; 7 - a atrocidade perpetrada por Abimeleque , que prendeu Sara; 8 - a despedida de Agar; 9 - a separação de Ismael e 10 - o sacrifício de Isaque (apud Meir Matzliah MELAMED. Torá: a lei de Moisés, nota a Gn.12:15, p.30-1). 

- Muito se tem discutido a respeito da natureza desta prova imposta ao patriarca Abraão, tendo em vista que, pelo conceito da lógica humana, seria, realmente, impensável que Deus pudesse vir a pedir Isaque em sacrifício. Assim, há aqueles que não admitem sequer a possibilidade de que Deus estivesse, mesmo, querendo Isaque em sacrifício, ainda que Deus o tivesse pedido explicitamente, porque uma tal ordem, dizem, contrariaria todo o caráter divino. Contudo, assim não pensamos, pois são as Escrituras que afirmam que de Deus saiu esta ordem e Deus é soberano, podendo, pois, exigir tal coisa de Seu servo, ainda que, explicite-nos o texto, o Seu propósito fosse o de pôr à prova Abraão e não o de ter Isaque como oferta. Aliás, é assim que se expressa Flávio Josefo: "... Deus lhe concedeu o que desejava, mas quis antes experimentar a sua fidelidade..." (Flávio JOSEFO. Trad. de Vicente Pedroso. História dos hebreus, v.1, p.35).

- Todavia, observe-se, apenas Deus sabia deste propósito, que não era de conhecimento do patriarca, assim como apenas Deus e Satanás tinham conhecimento do que estava acontecendo na vida de Jó. A fé está, precisamente, em crermos em Deus e na imutabilidade de Seu caráter, mesmo quando a própria ordem divina pareça contrariar tanto uma coisa quanto outra. O propósito de Deus nas provas que nos advêm nem sempre nos é divulgado de imediato, mas devemos, sempre, ter a consciência e a convicção de que tudo que ocorre conosco é o melhor para nós (cf. Rm.8:28). Não devemos nos angustiar nem perder a esperança, mas, simplesmente, confiar no Senhor, que, muitas vezes, dirige-se para nós como se dirigiu ao apóstolo Pedro: " o que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois" (Jo.13:7b). Isto nos mostra, claramente, que Deus está acima dos nossos pensamentos ou das nossas concepções, de modo que não podemos, jamais, perscrutar Seus propósitos ou intentos (Is.55:8,9; Rm.11:33-36). Desconfiemos, pois, daquelas doutrinas e filosofias que explicam totalmente todos os pensamentos e caminhos de Deus, tudo racionalizando e tornando compreensível, pois, de modo algum, os homens poderão alcançar o pensamento de Deus, pois sempre serão meros homens (Sl.9:19,20)
- Deus chega ao patriarca e lhe dá a ordem tão incompreensível quanto inusitada: "Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que Eu te direi."(Gn.22:2). A ordem divina tem alguns pontos que devemos frisar, a saber:

a) TOMA o teu filho - Deus não deixa qualquer dúvida. Trata-se de uma ordem, que não admite qualquer discussão. Ao contrário do que ocorrera com as cidades da planície, em que o Senhor revela Seu intento a Abraão, aqui estamos diante de uma ordem. Isto explica, aliás, o silêncio de Abraão que intercedera pelos habitantes das cidades da planície com insistência e que se cala com relação ao filho da promessa, algo que intriga muitos até hoje, inclusive os rabinos judeus. Tratava-se de uma ordem e o patriarca, que agora era íntegro e estava na presença do Senhor(cf. Gn.17:1), com um caráter totalmente transformado(cf.Gn.17:5), não hesita em obedecer ao Senhor. Esta mesma prontidão é exigida aos servos do Senhor (Mt.5:37; Rm.6:16,17).

b) Toma AGORA - A ordem divina é extremamente precisa e não permite qualquer dúvida, porque o nosso Deus não é um Deus de confusão (I Co.14:33). A ação deveria ser feita de imediato, sem qualquer lapso temporal, no que o Senhor foi atendido prontamente, pois o patriarca, diz o texto sagrado, logo na madrugada, albardou o seu jumento e iniciou a caminhada para o local indicado por Deus (Gn.22:3). O patriarca nem discutiu com o Senhor que, para Isaque nascer, decorreram longos vinte e cinco anos, mas para ser oferecido, isto deveria ocorrer de imediato. Não, Abraão sabia bem o seu lugar, o lugar de servo, não admitindo seu caráter transformado qualquer questionamento da ordem divina. Será que temos este mesmo caráter, ou estamos questionando a Deus e a Seus métodos ? Cuidado, um dia alguém muito próximo ao Mestre questionou-o sobre Seus propósitos e, neste questionamento, Jesus disse exatamente quem estava operando através da boca do "zeloso" discípulo ! (Mt.16:22,23).

c) O TEU FILHO, O TEU ÚNICO FILHO, ISAQUE, A QUEM AMAS - Deus é onisciente e revelou ao patriarca exatamente o que Isaque significava para si. Isaque era o único filho que convivia com o patriarca, era o herdeiro de todos os bens materiais e espirituais do patriarca, era alguém, efetivamente, amado pelo patriarca. Deus, assim se expressando, demonstrava ter plena consciência do trauma espiritual-sentimental-emocional-psicológico que representava esta atitude de sacrifício para o patriarca, mas O reconhecendo, demonstrava que nada disso poderia impedir o cumprimento da ordem divina. Deus conhece a nossa estrutura, sabe que somos pó (Sl.103:13,14), não é um Deus distante, mas um Deus que, inclusive, participou das nossas próprias aflições, quando a pessoa de Seu Filho encarnou, para que pudesse ser pleno em nosso auxílio (cf. Hb.2:9-18). 

Daí porque não podermos jamais deixar de considerar, em nossas lutas e aflições, que Deus, de antemão, já sabe o que sentiríamos, o que estamos padecendo, tendo total condição de nos consolar e confortar(II Co.1:3-7), pois Ele é compassivo, ou seja, sente exatamente o que estamos sentindo. Eis a razão pela qual a Palavra diz-nos que jamais seremos tentados acima do que podemos suportar ( I Co.10:13). Deus reconhecia que Abraão depositara todas as suas esperanças e todo o seu amor em Isaque e que isto tornaria absolutamente incompreensível a obediência à ordem divina, por isso mesmo Deus afirma ter pleno conhecimento disto e, assim fazendo, não deixa qualquer margem para que o patriarca pudesse sequer questionar ou pedir um tempo para cumprir a ordem emanada do Senhor.

d) Vai-te à terra de Moriá e OFERECE-O ali EM HOLOCAUSTO sobre uma das montanhas, que Eu te direi - A ordem de Deus é clarevidente. Abraão deveria, a exemplo dos idólatras que com ele conviviam, fazer um sacrifício humano, o sacrifício de seu único filho, matando-o e o queimando a Deus, na terra de Moriá, numa montanha que seria indicada por Deus. Aqui a ordem de Deus apresenta algumas similitudes com a experiência do patriarca com Deus, como também algumas novidades. Senão vejamos: 

1º ) Deus quer um sacrifício e Abraão já sabia, desde o início de sua jornada de fé, que os sacrifícios agradavam a Deus, daí porque o altar ser uma constante em sua vida com o Senhor. Entretanto, se o sacrifício era uma constante, o mesmo não se poderia dizer a respeito do sacrifício humano. Esta atitude, tão comum aos idólatras, era algo que jamais lhe fora requerido antes. Deus não estava Se contradizendo, porque jamais lhe proibira tal prática, mas, até então, nunca havia exigido uma coisa destas. 

Às vezes, o nosso costume acaba gerando normas entre nós, servos de Deus, normas às quais, até involuntariamente, acabamos impondo ao Senhor. Tenhamos cuidado pois Ele é o Senhor e não tem compromisso com nossos costumes. Deus exige o sacrifício humano, algo que jamais pedira a Abraão antes, mas não podemos dizer que Deus teria Se contradito aqui com esta exigência. Somente, mais tarde, com a lei, seria proibido, terminantemente, o sacrifício humano (Lv.18:21; 20:1-5), algo que sempre desagradou sobremaneira ao Senhor (II Rs.23:10; Jr.32:35; At.7:43).

2º ) Deus mandou que o patriarca partisse para a terra de Moriá, pois lhe mostraria lá qual o monte em que deveria fazer o sacrifício. Assim como Deus havia, anteriormente, dito para Abraão deixar a casa de seu pai para uma terra que ele lhe mostraria, também aqui iria indicar o local. Entretanto, se Abraão já estava acostumado a que Deus lhe indicasse o lugar, isto jamais havia se dado antes com relação a construção de um altar. Até aquele momento, Abraão sempre edificara altar onde tinha querido, segundo a sua vontade, mas, agora, o altar deveria ser construído no local que Deus lhe haveria de mostrar. Quanto mais tempo passamos na presença de Deus, a tendência será a de, cada vez mais, passarmos a ser dependentes do Senhor e não o contrário. A tendência humana do servo de Deus é achar que já conhece o Senhor e querer alargar o espaço da sua vontade e do seu querer no serviço a Deus, no cotidiano de nossas vidas. 

A situação é totalmente outra. Devemos, sempre, ir num sacrifício de nossa vontade, numa anulação cada vez mais intensa de nosso querer. Os grandes homens da Bíblia apresentam-se como pessoas sem vontade própria, totalmente submissas ao Senhor, a começar do exemplo de todos, Jesus, que anulou até mesmo Seu instinto de sobrevivência no Getsêmane. Devemos nos lembrar das elucidativas palavras que Jesus disse a Pedro (Jo.21:18,19), muito bem aprendidas pelo apóstolo (II Pe.1:10-21), ou, então, da forte expressão de Paulo, segundo o qual, ele nem sequer mais vivia, mas era Cristo quem vivia nele (Gl.2:20). Isto tem sido uma realidade em nossas vidas ? Por fim, naquele local, no monte Moriá, onde, mais tarde, seria construído o templo de Jerusalém, Abraão só fez um único sacrifício, como que a indicar que o sacrifício prefigurado seria único e suficiente para a redenção da humanidade.

II. A CRISE DA FÉ

- O patriarca, prontamente, obedeceu a Deus, embora mantivesse em segredo o propósito de sua viagem até a terra de Moriá. Tomou dois de seus moços, Isaque e partiu em direção a terra de Moriá, tendo, antes, fendido lenha para o holocausto. Notamos aqui o caráter resoluto de Abraão em atender à ordem do Senhor, mas, também, sua prudência em não alardear o que estava a fazer. Esta prudência tem faltado a muitos servos do Senhor na atualidade. A recomendação do Senhor é que sejamos simples como as pombas, mas prudentes como a serpente. 

A ordem dada por Deus era incompreensível ao próprio patriarca, cuja estatura espiritual permitia tal prova por parte do Senhor, pois já era, como vimos no ensinamento de Maimônides, a décima prova sofrida pelo patriarca. Entretanto, naturalmente, se o próprio Abraão não a compreendia, como poderia alardeá-la, senão para inviabilizar o seu cumprimento ? Por isso, nada disse a pessoa alguma. Jesus, em momentos cruciais de Seu ministério, também foi reservado e, não raro, solitário (cf. Mt.14:13;17:1;20:17; Mc.9:2; Lc.9:10). Devemos valorizar nossa intimidade com o Senhor, pois se, na intimidade, não há segredos entre nós e Deus, há entre o que temos acertado com o Senhor e os demais. Jesus, mesmo, recomendou este comportamento quando O buscarmos em oração (Mt.6:6).

OBS: Este pensamento de reserva para impedir a frustração do cumprimento da ordem divina é a interpretação dada por Josefo para o silêncio de Abraão, em trecho que vale a pena transcrever: "...Estando Abraão persuadido de que nenhuma consideração poderia dispensá-lo de obedecer a Deus, a quem todas as criaturas são devedoras da própria existência, nada disse à sua esposa nem a outro qualquer de seus familiares sobre a ordem que havia recebido de Deus e a resolução que tinha tomado de executá-la, de medo que eles se esforçassem para dissuadi-lo disso. Disse somente a Isaque que o seguisse acompanhado por dois de seus criados e mandou colocar sobre um jumento todas as coisas de que necessitava para o sacrifício..." (Flávio JOSEFO. Trad. de Vicente Pedroso. História dos hebreus, v.1, p.35)

- Foram três dias de jornada, em que Abraão mantinha-se silente para com os dois moços e seu filho a respeito do propósito daquela viagem. Só ao terceiro dia, Abraão viu o local, ainda de longe, ou seja, Deus lhe mostrou qual era o local em que se deveria fazer o sacrifício. Assim que mostrado o lugar, Abraão estreita ainda mais a situação, mandando que os dois moços aguardassem ali, juntamente com o jumento que fora albardado, enquanto ele e Isaque iriam até o lugar indicado por Deus (Gn.22:4,5). Aqui encontramos a expressão que denotava a confiança excelente do patriarca: " eu e o moço iremos até ali e, havendo adorado, tornaremos para vós." 

Tratava-se de uma profunda confiança a do patriarca. Como tornar com Isaque se ele seria sacrificado a Deus em holocausto, ou seja, após matá-lo, Abraão teria de queimá-lo em oferta ao Senhor ? Assim Abraão falou não porque tivesse uma mera esperança, mas, diz-nos o escritor aos Hebreus, porque " pela fé ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado; sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigênito. Sendo-lhe dito: em Isaque será chamada a tua descendência, considerou que Deus era poderoso para até dos mortos o ressuscitar..." (Hb.11:17,18). 

As circunstâncias eram totalmente adversas: Deus, que prometera e dera o filho ao patriarca, era o mesmo que o queria em holocausto, mas Deus é imutável, não é homem para que minta, nem filho do homem para que Se arrependa e, portanto, de algum modo, não sabido, não revelado, Isaque tornaria a viver, teria de dar continuidade à descendência, conforme Deus havia prometido. Querido(a) irmão(ã), seu Isaque foi levado para o altar ? Seu Isaque foi até já sacrificado, sem que o anjo interviesse antes que o cutelo fosse lançado ao pescoço do seu prometido ? 

Onde está a sua fé para confiar e crer que Deus é poderoso para até dos mortos ressuscitar o seu Isaque ? As promessas de Deus não falham. Como diz o cantor sacro: "De Deus mui firmes são as promessas, falhando tudo, não falharão. Se das estrelas, o brilho cessa, mas as promessas brilharão" ! (refrão do hino 459 da Harpa Cristã).
- Durante estes três dias, certamente, Abraão deve ter procurado entender a ordem divina, que contrariava toda a lógica humana e tudo o que Abraão havia aprendido de Deus até ali. Este confronto entre a lógica humana e a lógica divina, aliás, foi o principal ponto que o estudioso judeu Richard S. Ellis enfatizou em seu artigo " Human Logic, God's Logic, and the Akedah"(A lógica humana, a lógica de Deus e a Akedah") 

(math.umass.edu/~rsellis/akedah.html) , onde afirma que o episódio é um "pesadelo que lança sua sombra através de toda a história judaica"(tradução nossa), cujo entendimento é possível se o focalizarmos como "o choque entre a lógica humana e a lógica de Deus"(tradução nossa), como "o confronto destes dois modos de lógica"(tradução nossa). Diz o estudioso que "Abraão, a ponto de subir ao Monte Moriá, foi suspenso entre a lógica humana e a lógica de Deus, onde todas as contradições são resolvidas(...).(tradução nossa)". O texto silencia-nos a respeito do que se passou entre Abraão e Deus, mas, como afirma Ellis, "...o silêncio do texto convida-nos, enfurece-nos, força-nos a confrontar a realidade de nossa falta de poder e de nossa própria morte, força-nos a vir às mãos com a questão-chave: quando a tragédia surpreende, como um dia deve ocorrer, irei eu buscar refúgio na lógica humana ou abrir-me-ei para a infinita luz desconcertante de Deus ?" (tradução nossa).

OBS: Prossegue Richard S. Ellis seu pensamento: "...Assim como a jornada de Berseba para o Monte Moriá em Jerusalém é um ascensão física, do mesmo modo Abraão através de sua fé parece ter sido elevado acima do nível da lógica humana para o nível da lógica de Deus, onde todas as contradições são resolvidas. Mas Abraão precisa de uma jornada de tr6es dias para chegar a este nível, para cultivar o cenário mental que poderia aceitar a resolução da contradição por Deus. A jornada dá a Abraão o espa;co no qual a ruptura para o nível mais elevado pode acontecer..." (Richard S. ELLIS. op.cit.) (tradução nossa).


- Outra lição importante que tiramos é de que Abraão e Isaque assumiram pessoalmente a responsabilidade pelo ato de adoração. Não eram, como muitos crentes de nossos dias, "crentes de carona", que vivem às custas da espiritualidade e santificação dos outros. Abraão e Isaque tomaram todo o material necessário para o sacrifício e partiram rumo a Moriá. Abraão levava o fogo e o cutelo na sua mão e Isaque, mais jovem e vigoroso, a lenha do holocausto. 

Diz o texto que ambos foram juntos, a demonstrar, portanto, unidade, ainda que houvesse diversidade de funções, de tarefas, diante das peculiaridades de cada um. O texto mostra-nos, também, que Isaque tinha uma idade suficiente que permitia que ele levasse sobre seus ombros a lenha do holocausto, não era, portanto, uma criança inocente, sem consciência, de tenra idade. Alguns eruditos judeus chegam a dizer que Isaque tinha cerca de 37 anos de idade. Na igreja, devemos agir do mesmo modo. Para que haja uma perfeita adoração, é mister que cada um cumpra o seu papel, que cada um faça o seu esforço, segundo a sua aptidão e capacidade. Lamentavelmente, se fôssemos depender de muitos crentes, hoje em dia, a lenha, o fogo ou o cutelo ficariam ao pé do monte...

- Outro ponto importante para nossa meditação é que Abraão trouxe todo o material para o sacrifício de sua casa, não tomou coisa alguma estranha ao seu lar, ao seu domicílio. Não havia fogo estranho, não havia cutelo improvisado ou adquirido de terceiros, não havia lenha de outros lugares, nem mesmo da vegetação do local indicado por Deus. Tudo foi trazido de casa, tudo havia tido sua elaboração, sua confecção e sua preparação segundo os costumes e as regras estabelecidas pelo patriarca na sua comunhão e vida íntima com Deus. Será que nosso culto tem sido o aprendido junto aos nossos pais na fé, será que tem sido o resultado de uma vida íntima e de comunhão com Deus, segundo os marcos estabelecidos pela Palavra de Deus, ou temos cedido às inovações, às novidades, ao fogo de procedência desconhecida e ignorada ? Deus não aceita coisas estranhas na adoração ao Seu nome. Lembremo-nos dos filhos de Arão ! (Lv.10:1-11). 

- Ao silêncio de Abraão correspondia igual silêncio da parte de seu filho, Isaque. Chamado por seu pai, sem hesitação, obedeceu e iniciou a viagem. Não sabia para onde ia, mas seu pai lho indicou. Sem hesitar, também, toma a lenha do holocausto sobre seus ombros e começa a caminhar em direção a Moriá. Entretanto, como era alguém dotado de plena consciência e ensinado por seu pai na adoração a Deus, logo percebeu que faltava um elemento para o sacrifício, ou seja, a vítima. Por isso, perguntou a seu pai onde estava ela e Abraão, uma vez mais, demonstra o seu interior, ao dizer que Deus iria prover a vítima. É desta expressão do patriarca que advém o conceito da "Divina Providência", ou seja, "o cuidado de Deus sobre todas as Suas obras"(Sl.145:9) (cf. R.N. CHAMPLIN. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.5, p.487)
.
- Após a declaração do patriarca, Isaque prosseguiu o seu caminho, demonstrando satisfação com a resposta recebida de seu pai, bem assim, também ter a mesma confiança e a mesma fé de Abraão. O texto expressa esta comunhão de propósitos e de valores ao afirma que "caminharam ambos juntos" (Gn.22:8, parte final). Assim, não apenas em Abraão vemos uma demonstração de fé e submissão, mas também em Isaque, que foi obediente, visto que poderia, ante a sua idade e condição física, facilmente fugir do papel de vítima do sacrifício, ainda mais quando seu pai, aparentemente, havia mentido, já que omitira que a vítima do sacrifício era o próprio Isaque. Todavia, Isaque deixou-se amarrar e ser colocado no altar, sem resistir, numa perfeita tipificação do que Jesus faria pela humanidade milênios depois (Jo.10:17,18).
OBS: "...Há outras interpretações que nos lembram que Isaque é tipo de envolvido em todo este negócio. Para alguns, Isaque era um menino (com idade suficiente para carregar madeira) ao tempo da Akedah. Para outros, ele era um homem formado, de 37 anos de idade. Em qualquer caso, Abraão tinha 110 anos. A história é explícita que Abraão amarrou Isaque. Se era um menino ou um homem, estes intérpretes concluem, Isaque tinha de consentir com a amarração. A mensagem aqui é: Esteja preparado como Isaque para sacrificar-se a Deus." (Philip BORENSTEIN. Rosh Hashannah: the Akedah.www.rjca.org/5759rh2akedah.html ).(tradução nossa).

III. A PROVA E A COMPENSAÇÃO DA FÉ

- Abraão estava determinado a obedecer a Deus. Edificou o altar, pôs em ordem a lenha e amarrou a vítima, que era seu próprio filho Isaque e iria desferir-lhe o golpe fatal quando foi interrompido por Deus, que determinou que o patriarca não matasse seu filho, pois havia provado que Deus estava acima de todas as coisas na sua vida e que nem o único filho lhe fora negado.
OBS: "...Muitos dos comentários concentram-se em Abraão. A Akedah, como ela diz no início do capítulo, era um teste para Abraão. Era a maior das dez provas, a única que selou para o bem sua obediência a Deus. Quando estava a ponto de matar Isaque, um anjo para Abraão e diz, ' a partir de agora eu sei que tu és um homem que tema a Deus porque tu não negaste o teu filho para mim.' Nós afirmamos que Abraão passou no teste. A mensagem aqui é clara: como Abraão, nós deveríamos ser voluntariosos para fazer tudo o que Deus pede de nós, não importa o que, mesmo quando pareça que Deus é abominável." 

- É interessante observar que Abraão responde a Deus da mesma forma com que atendeu ao chamado do Senhor quando recebeu a notícia de que deveria sacrificar seu filho. A resposta de Abraão, em ambas as oportunidades, foi "eis-me aqui", expressão bíblica que indica, sempre, disposição para fazer a vontade de Deus. Assim respondeu o profeta Isaías ao chamado do Senhor após a sua indispensável purificação (Is.6:8), assim era o teor da oração de Jesus quando entrou neste mundo (Hb.10:7,9). 

Estamos à disposição do Senhor ? Temos respondido ao Seu chamado com um "eis-me aqui" ? Nas duas oportunidades, Abraão estava em circunstâncias bem distintas: estava calmo, feliz, tranqüilo e realizado quando Deus lhe chama para pedir o sacrifício de seu filho Isaque. Assim, respondeu com um "eis-me aqui". 

Na segunda vez, estava extremamente aflito, psicologicamente abalado, pois estava contemplando a face de seu filho, atônito, prestes a ser morto, estava a ponto de matar o próprio filho, mas, ao ouvir a voz do Senhor, responde com o mesmo "eis-me aqui". 

Era um homem de fé e, como tal, as circunstâncias não o abalam, pois é como o monte de Sião (Sl.125:1). Será que temos confiado no Senhor, ou somos facilmente abalados pelos ventos, pelas ondas, como foi o apóstolo Pedro ? Será que o Senhor tem Se virado para nós e dito que somos homens (ou mulheres) de pouca fé ? (Mt.14:31).

- Deus recompensou a fé de Abraão, poupando-lhe o filho. Abraão vê um cordeiro que está preso no mato pelos seus chifres, oferecendo-o em lugar de seu filho Isaque. Era a oferta da gratidão e do reconhecimento da soberania de Deus e de que vale a pena sermos obedientes ao Senhor. Assim como Abraão predissera, ele e seu filho adoravam a Deus e depois tornariam para o encontro dos dois moços que aguardavam ao pé do monte. 

O patriarca dá ao monte o nome de "O Senhor proverá" e, realmente, ali, naquele monte, Deus, posteriormente, propiciava, no sacrifício anual, os pecados de Israel, como figura do sacrifício vicário de Cristo, sacrifício este que, neste episódio, foi divisado pelo patriarca, como nos dá conta o próprio Jesus (Jo.8:56). 

Percebe-se, aqui, portanto, que, por ter feito o que Deus lhe mandara sem questionar, Abraão ganhava uma grande recompensa: a de conhecer e ver o plano de Deus para a redenção da humanidade por seu intermédio. Crer em Deus, mesmo sem entender, foi o caminho para que o patriarca tudo pudesse ver e entender.

- Após o sacrifício, Deus manda outra mensagem, através do anjo, ao patriarca, renovando as promessas nas quais Abraão havia confiado e pelas quais havia caminhado até ali na sua vida espiritual. 

O significado deste episódio ficou tão indelevelmente marcado na vida do povo de Israel que, na passagem do Ano Novo Judaico (o Rosh Hashannah), todos os anos, é esta a leitura bíblica que se faz, como que em um reconhecimento de que a perpetuidade do povo judeu dá-se porque Abraão não negou seu único filho a Deus, dá-se como retribuição de Deus à fidelidade de Abraão. 







APRENDENDO COM JESUS




Jesus e a Mulher Samaritana
O encontro de Jesus com a mulher samaritana poderia ser descrito como "a vitória do evangelho sobre os preconceitos sócio-culturais". Os judeus e samaritanos não se entendiam desde os tempos de Oséias, o último rei de Israel.
I
Tudo começou quando Oséias conspirou contra Salmanasar, rei da Assíria. Samaria, a capital de Israel, foi sitiada pelas tropas assírias por três anos e, posteriormente, seus moradores foram transportados para a Assíria (2 Rs 17.3-6). Isto aconteceu em 722 a.C. Somente os pobres puderam ficar em Israel (cf. Jr 39.10). Logo, vieram também estrangeiros e se estabeleceram na região devastada.
Diz o relato bíblico: "O rei da Assíria trouxe gente de Babilônia, de Cuta, de Hamate e de Serfavaim, e a fez habitar nas cidades de Samaria, em lugar dos filhos de Israel; tomaram posse de Samaria e habitaram nas suas cidades" (2 Rs 17.24). Da mescla com a população que havia ficado, surgiu uma nova raça denominada de samaritanos (nome derivado de Samaria, a metrópole fundada por Onri, pai de Acabe, por volta de 880 a.C.).
No princípio, quando os estrangeiros passaram a habitar em Samaria, eles não temeram ao Senhor; pelo que o Senhor mandou leões invadirem suas terras, os quais mataram a alguns do povo. Com razão atribuíram esta praga à ira de Deus. Então, rogaram ao rei da Assíria que enviasse um sacerdote israelita para lhes ensinar "como servir o Deus da terra". E assim aconteceu que um judaísmo adulterado foi enxertado ao culto pagão.
Quando uma parte dos judeus voltou à terra de seus pais (principalmente, mas não exclusivamente, parte dos que haviam sido deportados para a Babilônia em 586 a.C.), construiu-se um altar para o holocausto e pos-se os fundamentos do templo, samaritanos zelosos e seus aliados interromperam as obras (Ed 3 e 4). Assim fizeram porque negaram a eles a permissão de cooperar na obra de reconstrução.
Sua petição foi: "Deixa-nos edificar convosco, porque, como vós, buscaremos a vosso Deus, como também já lhe sacrificamos desde os dias de Esar-Hadom, rei da Assíria, que nos fez subir para aqui". A resposta que receberam foi a seguinte: "Nada tendes conosco na edificação da casa do nosso Deus". Ao receberem esta dura resposta os samaritanos passaram a odiar os judeus. Logo começaram a construir seu próprio templo no monte Gerizim. Porém, João Hircano, um dos reis macabeus, destruiu este templo em 128 a.C. Os samaritanos, não obstante, continuaram adorando em cima da montanha, onde haviam erigido o templo sagrado.
A aversão dos judeus para com os samaritanos pode ser vista ainda em Jo 8.48 e no livro apócrifo de Eclesiástico 50.25,26.(1.) E a mesma atitude por parte dos samaritanos em Lc 9.51-53.
Dois fatores principais ocasionaram o encontro de Jesus com a samaritana. O primeiro foi a desconfiança por parte dos fariseus e a conseqüente "tempestade" que começava a se armar (Jo 4.1). Os fariseus viam surgir diante de seus olhos outro profeta como João Batista. É certo que a verdadeira preocupação dos fariseus não era com o batismo de um ou do outro, mas eram as multidões que Jesus arrastava que começava a incomodá-los. A fim de evitar um confronto antes do tempo, o Mestre decidiu deixar a Judéia e partir para a Galiléia (v3).
O segundo fator que ocasionou o encontro está no verso 4: "E era-lhe necessário atravessar a província de Samaria". Por que era necessário que Jesus passasse por Samaria? Seria por causa das chuvas que transbordavam o rio Jordão, dificultando o caminho costumeiramente seguido pelos judeus que queriam ir até a Galiléia, como sugerem alguns? Acredito que não. Será que o Mestre apenas queria cortar caminho por Samaria para chegar na Galiléia? Muito menos, visto que não era normal um judeu passar por Samaria, seja qual fosse a circunstância. MacArthur observa:
Os samaritanos representavam uma ofensa tão grande que eles nem queriam por os pés na Samaria. Embora a rota mais curta atravessasse essa província, os judeus nunca usavam esse caminho. Eles tinham a própria trilha, que ia ao norte da Judéia, a leste do Jordão, entrando na Galiléia. Jesus bem poderia ter seguido por essa rota, muito usada, que unia a Judéia à Galiléia.(2.)
A questão era: Jesus necessitava ir por aquele caminho e chegar numa cidade samaritana de nome Sicar porque "precisava atender a um compromisso divino junto ao poço de Jacó".(3.)
Não há unanimidade entre os estudiosos quanto ao horário da chegada de nosso Senhor ao poço (v6). João estaria usando o horário judaico (meio dia) ou o horário romano (seis da tarde)? Este detalhe não é tão importante. Basta saber que Jesus chegou na hora certa. Nem antes; nem depois. "Ele estava no local e no tempo indicados por Deus, determinado a fazer a vontade do Pai. Ele estava lá para buscar e salvar uma única, triste e desventurada mulher".(4.)
II
"Nisto veio uma mulher samaritana tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber" (Jo 4.7).
"Então lhe disse a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim que sou mulher samaritana..." (Jo 4.9).
Com uma simples petição (dá-me de beber), o nosso Senhor declara que a separação entre os povos em geral, e judeus e samaritanos em particular, estava, de certa forma, com os dias contados. A parede divisória desaparece onde o evangelho se faz presente (cf. Gl 3.28; Ef 2.14).
No simples fato de viajar por Samaria e pedir água à uma samaritana, Jesus estava derrubando barreiras centenárias de preconceito racial. "A misericórdia de nosso Senhor transpôs as barreiras do ódio nacionalista, como se vê não somente aqui, João 4, mas também em Lc 9.54,55; 17.11-19; e na parábola do Bom Samaritano (Lc 10.25-37)".(5.) É interessante observarmos que o encontro de Jesus com a mulher samaritana foi precedido pela ida dos discípulos à cidade de Sicar para comprar alimentos (v8). Mandar os discípulos comprar alimentos foi um santo pretexto do Mestre. Nem tanto para ficar simplesmente sozinho e conversar sossegado com a mulher. Muito menos porque precisasse de comida naquela hora (veja vv31-34). É que as barreiras deveriam ser destruídas em seus discípulos também (cf. Lc 9.51-56).
Embora estivesse verdadeiramente cansado e necessitasse de água (vv6,7), Aquele que pedia tinha muito mais a oferecer. Pedir água àquela mulher fazia parte de uma estratégia evangelística, se é que podemos dizer assim. "À medida que o Grande Evangelista procura ganhá-la, Ele orienta sabiamente a conversa, levando-a de um simples comentário sobre beber água à revelação de que Ele era o Messias".(6.) Aquele que pedia água fria estava oferecendo água viva, a saber, a Si mesmo.
Conhecendo a tradição discriminatória, a mulher ficou perplexa com o pedido de Jesus. Nos tempos do Novo Testamento havia uma desigualdade muito grande entre homem e mulher. Nos tempos bíblicos (e em muitos países orientais de hoje) os homens não conversavam com mulheres em público, mesmo sendo suas esposas. Se entre um judeu e um samaritano existiam preconceitos profundos, imagine-se entre um judeu e uma samaritana, e uma samaritana de vida imoral! Independente do modo em que vivia uma samaritana, os judeus sempre consideravam-nas em estado de perpétua contaminação. Um judeu preferia morrer de sede a tomar água da mão de um samaritano, muito menos de uma mulher samaritana, sobretudo pecadora. Haja vista a surpresa dos discípulos ao virem Jesus falando com a mulher (v27).
A mulher estava surpresa com o fato de Jesus se dirigir a ela, pedindo água de seu cântaro "impuro". Mas a impureza não estava no cântaro, e sim, na vida dela. E era aquela vida que o Senhor Jesus queria purificar.
É provável que na mente da samaritana, moldada por uma sociedade culturalmente preconceituosa, passasse também o seguinte pensamento: "Tu és judeu, estás necessitado de água e não podes valer-te. Eu sou mulher samaritana, sou auto-suficiente e, portanto, posso ajudar-te". Jesus, pois, mostrou que a realidade era completamente outra. A mulher é quem precisava de água de verdade e Ele era a única fonte que podia sacia-la (v10).
Ainda que a mulher samaritana não entendesse à princípio que a verdadeira água viva estava fora e não no fundo do poço, os progressos começavam a aparecer. Ela já não vê Jesus como um simples forasteiro judeu afoito. Agora ela O chama de "senhor" (v11) e não mais "tu" (v9). Os preconceitos sócio-culturais que impregnavam tanto judeus como samaritanos começam a arrefecer da parte dela.
Convém ressaltar, ainda, que a mulher samaritana não era desprezada apenas pelos judeus, mas também pelo seu próprio povo, em razão da vida libertina que levava. A vida dela era um emaranhado de adultérios e divórcios. "Na sociedade de então, isso fazia dela uma pessoa rejeitada e proscrita, com um status social igual ao de uma prostituta comum".(7.)
Perto de Sicar haviam muitos poços nos quais ela poderia buscar água. "As mulheres costumavam cumprir esta tarefa num horário mais fresco e em grupo, pois era mais seguro e mais cômodo".(8.) Entretanto, a condição de vida que levava a obrigava fazer longas caminhadas, sozinha, até o poço de Jacó. Além disso, buscava sua água no horário em que provavelmente não encontraria as suas conhecidas.
O Rev. Miguel Rizzo Jr., ilustre pastor presbiteriano falecido, escreveu um excelente opúsculo entitulado O Cântaro Abandonado, no qual relata o preconceito social sofrido pela mulher samaritana com o seguinte quadro:
"Vivia segregada da sociedade. Possivelmente, no convívio que outrora tivera com suas amigas, percebeu que elas a repeliam. Quantas vezes teria ouvido comentários cortantes de sua conduta!
-Já é o segundo marido, diriam algumas.
Tempos depois seria mais acre o comentário:
-Já é o terceiro marido.
Mas a situação ia piorar ainda:
-Já é o quarto marido.
Quantas ironias acompanhariam, na maledicência social, esses comentários mordazes! E iam-se tornando mais ferinos:
-Já é o quinto marido.
Na época em que se deram os fatos que comentamos, a crítica provavelmente seria já mais enxovalhante:
-Agora é o sexto marido".
(9.)
A imoralidade é uma prática inaceitável. Mas não se pode confundir o pecador com o pecado. A vida leviana daquela mulher era reprovável, porém, havia nela uma alma necessitada de compaixão. Estava socialmente marginalizada e moralmente esfarrapada. E foi assim que Jesus a encontrou e a salvou.
III
"Senhor, disse-lhe a mulher: Vejo que tu és profeta. Nossos pais adoravam neste monte; vós, entretanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar" (vv 19,20).
Constrangida com a revelação de sua vida de pecado, e aproveitando a capacidade profética de seu interlocutor, a mulher tentou mudar de assunto. Digo "tentou" porque na verdade era Jesus quem conduzia o diálogo. A mulher estava estrategicamente cercada do princípio ao fim da conversa. E a evangelização acabaria na hora exata, com os assuntos devidamente tratados. Não é curioso que os discípulos chegassem exatamente no fim da conversa?
O último obstáculo a ser vencido seria o preconceito religioso. Deste preconceito entre judeus e samaritanos originavam-se todos os preconceitos sócio-culturais. Como observou corretamente A. Gelston: "O ponto principal da discórdia era o templo do monte Gerizim".(10.) Os judeus insistiam que Jerusalém era o único lugar de adoração. A tradição samaritana, por sua vez, dizia que uma longa cadeia de figuras bíblicas, desde Adão até José, conheciam o monte Gerizim como lugar sagrado. Implicitamente, a samaritana estava perguntando: "Quem está certo?".
A conversa de Jesus com a mulher samaritana passa a girar em torno da verdadeira adoração. "É bastante significante a importância dada ao lugar de culto por uma alma cujos pecados são expostos".(11.)
No decorrer do diálogo muitos sub-temas são abordados, tais como: o lugar da adoração, o tempo da adoração, a busca dos adoradores, o verdadeiro adorador, a quem se deve adorar, o modo correto de se adorar, etc. Não temos espaço para tratar separadamente cada um desses sub-temas. Basta dizer, por enquanto, que Deus só pode ser verdadeiramente adorado, desde que seja verdadeiramente conhecido. Como diz muito bem o Dr. Héber Carlos de Campos em seu comentário de João 4.20-24: "O pressuposto inequívoco para verdadeira adoração é o conhecimento do verdadeiro Deus".(12.)
Nosso Senhor ensinou à samaritana que quem conhece Deus de fato, só pode adorá-lO em espírito e em verdade. Estudiosos da Bíblia têm dado diversas interpretações para a expressão "em espírito e em verdade" de João 4.23,24.(13.) Parece razoável entendermos que ao estabelecer o modo correto de adorar a Deus, isto é, em espírito e em verdade, Jesus estava criticando o culto judaico e o culto samaritano.
Os samaritanos acreditavam que adoravam o mesmo Deus dos judeus, mas não aceitavam as mesmas Escrituras dos judeus, a não ser os cinco primeiros livros, o Pentateuco de Moisés. Como não aceitavam os demais livros da revelação divina (por acharem que eram invenções dos judeus), o culto dos samaritanos era defeituoso. Por isso Jesus disse à mulher: "Vós adorais o que não conheceis, nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus" (v22).
Os samaritanos adoravam "em espírito", isto é, adoravam aquele que eles não conheciam "com alegria e verdadeiro entusiasmo". Mas e daí? Não adoravam "em verdade" porque rejeitavam 34 livros do Velho Testamento, a Bíblia de então. A revelação de Deus nas Escrituras é progressiva; portanto, é impossível conhecê-lO verdadeiramente ficando apenas com os cinco primeiros livros da Bíblia.
Por outro lado, os judeus aceitavam toda Escritura. Por isso conheciam Deus e tinham tudo para adorá-lO corretamente. "Tinham tudo", mas não o faziam. Os judeus se limitavam à formalidade de um culto onde o espírito não estava presente. Faltavam emoção, vida e alegria no culto judaico.
Contudo, uma nova era estava surgindo para a adoração. Logo, logo tanto judeus como samaritanos compreenderiam que para adorar a Deus o que menos importava era o espaço físico. 

O que conta "não é onde se deve adorar, mas a atitude do coração e da mente, e a obediência à verdade de Deus quanto ao objeto e o método de adoração. Não é o onde, mas o como e o quê o que realmente importa".(14.) Deus quer homens e mulheres que O adorem com o espírito dos samaritanos e a verdade dos judeus.(15.)
O resultado do encontro de Jesus com a mulher samaritana não poderia ser menos que excelente. A pecadora tornou-se missionária! Extremamente feliz, deixou seu cântaro e correu para anunciar na cidade sua grande descoberta: o Messias chegou! A mulher despertou o interesse dos seus concidadãos de tal modo que conseguiu levá-los a Jesus (vv29,30). Houve uma grande colheita: Muitos samaritanos creram em Cristo Jesus (vv39-42).
IV
São grandes as lições que aprendemos do encontro de Jesus com a mulher samaritana. A começar pelo resultado da conversa, vemos uma mulher outrora desprezada por todos, sendo usada poderosamente por Cristo para influenciar os moradores de sua cidade. Quão glorioso é Cristo: "Ele ergue do pó o desvalido, e do monturo, o necessitado" (Sl 113.7).
Como esta mulher, existem tantas outras em nossas cidades. Assim como elas, tantos outros se encontram à margem da sociedade, roubados de seus direitos e dignidade. E nós, evangélicos, lamentavelmente somos culpados por boa parte da marginalização do indivíduo pela sociedade, pois fazemos pouco ou nada em mostrar para a sociedade que o homem e a mulher, a criança e o idoso, o deficiente, os proscritos em geral , etc., são valorizados por Cristo e como humanos que são devemos valorizá-los também. Falhamos em não ver (ou fingimos que não vemos) a pessoa por trás de seus pecados.
Outra lição importante que aprendemos de João 4 são os princípios básicos para uma boa evangelização. Notamos que Jesus conduzia a conversa, utilizando-Se, primeiramente, de Sua sede física para chegar à sede espiritual daquela mulher. Com habilidade o Senhor invalida as tentativas da samaritana de controlar o diálogo, mudar de assunto e perguntar coisas sem importância. Não precisamos conhecer a vida de uma pessoa como Cristo conhece para sermos eficicientes na evangelização. Nossa suficiência está em Cristo e o Espírito Santo nos guiará com triunfo em nossa evangelização.
Mas as lições de evangelismo continuam. Na tentativa de fugir da confrontação, vemos na mulher samaritana o símbolo do pecador em seu estado natural. No "cerco" de Cristo temos o exemplo que devemos seguir na evangelização dos perdidos. Aprendamos com o Mestre a sermos mais sensíveis com os marginalizados e como abordá-los com eficiência.
Não é preciso pressa quando se evangeliza. Este é outro ponto que extraímos de João 4. O importante, como o nosso Senhor ensinou,é que haja progresso. O próprio Jesus revelou pouco a pouco quem Ele era. 

E em perfeita harmonia com esta revelação gradual, a confissão da mulher também avançou. Primeiro viu Jesus como um simples forasteiro judeu; depois um profeta, que revelou coisas de sua vida particular e, por último, o Messias.
A conversa sobre a verdadeira adoração é uma preciosidade do Novo Testamento. Contudo, ao mesmo tempo que é edificante torna-se preocupante também. Receio que muito do chamado culto cristão de hoje não passe de culto samaritano ou judaico. 

De um lado temos os entusiastas, mas vazios de conteúdo, de doutrina. Do outro lado temos os experts na Bíblia e na doutrina, mas totalmente frios e sem entuisiasmo e alegria no Senhor. Que Deus nos ajude a oferecermos a Ele a adoração que Lhe é devida.

sexta-feira, 4 de maio de 2018

APRENDENDO COM PAULO (PARTE 28)



DEMAS E ALEXANDRE, O LATOEIRO 

Segundo a Bíblia Sagrada, Demas e Alexandre o Latoeiro foram Obreiros do Apostolo Paulo, por volta do ano 60 do Século I. 

Nessa época, Demas teria sido um Obreiro de valor, pois se dedicava à obra de Deus, tendo sido até elogiado pelo Apóstolo Paulo (Colossenses cap. 4, vers. 14 – Filemon cap. 1, vers. 24).

Mas, conforme todos nós sabemos, as perseguições para quem é da fé são muitas e não foi diferente com os Obreiros Demas e Alexandre.

Após se passarem aproximadamente 06 ou 07 anos de Ministério, Demas caiu fora da Obra e abandonou o seu Ministério.

A história relata que, durante o Governo do Imperador Nero, as perseguições foram enormes contra os cristãos e por isso, Demas e Alexandre, o Latoeiro, desanimaram e saíram da Obra do Senhor.

Observe que, na segunda Carta que Paulo escreveu à Timóteo, já por volta dos anos 66 ou 67 D.C, ele relatou que Demas o abandonou e saiu da Obra
(2ª Timóteo cap. 4, vers. 10).

Já Alexandre, o latoeiro, foi pior que Demas!

Apesar de também ter saído da Obra, ele passou a perseguir o Apóstolo Paulo, chegando a ponto de interferir na sua sentença em Roma, causando-lhe muitos males (2ª Timóteo, cap. 4, vers. 14).

Mesmo assim, Paulo orou por ele e entregou o caso nas Mãos de Deus, pedindo justiça. Paulo perdoou a todos, mesmo com tanto sofrimento causado pelos seus amigos de ministério

Nesse período, o Apóstolo Paulo se encontrava preso e sendo julgado em Roma e foi severamente prejudicado por esse ex-obreiro chamado Alexandre.

Alexandre, tinha esse apelido de Latoeiro, porque como é do conhecimento de todos, latoeiro é uma espécie de artesão, que trabalha com metais, cobres, etc.

Ele se tornou um inimigo da Obra de Cristo, um verdadeiro empecilho.

Qual líder (Pastor) que já não tenha sofrido com algum "Alexandre da vida", que causa tantos males?

Quantos Obreiros ou evangelistas que conhecemos, que hoje estão parados, sem forças, sem ânimo e na maioria das vezes, fracassados espiritualmente?

Então vigiemos e oremos para que Deus nos dê forças para continuarmos firmes neste Ministério e jamais nos deixe cair na fé.

APRENDENDO COM JESUS



JESUS - A ÁGUA VIVA

Um dia Jesus caminhava por Samaria. Estava cansado, pelo que parou junto ao poço de Jacó. Por volta do meio dia, uma mulher chegou para tirar água. Jesus disse-lhe: “Dá-me de beber”. 

A mulher respondeu-lhe: “Como sendo tu judeu, me pedes de beber a mim que sou mulher samaritana?”

Jesus respondeu-lhe: “Se conheceras o dom de Deus, e quem é o que te pede: dá-me de beber, tu lhe pedirias, e Ele te daria água viva”....

“Quem beber desta água tornará a ter sede; aquele, porém que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna”.

Jesus é a água viva. É disto que necessitam todos em todo o mundo, tanto em África, como na Índia, na China, Estados Unidos, América Latina e Europa.

Todos necessitamos da água espiritual que Jesus dá.

A Bíblia diz que somos prisioneiros num poço sem água.

Pense nisso, presos num poço sem água. Quanto tempo acha que pode viver uma pessoa sem beber água? Não muito.

Pode-se viver muitos dias sem alimentos, mas sem água não.

Já esteve alguma vez verdadeiramente sedento, tanto, que pensava que ia morrer?

Disseram-me que não há sensação parecida.

Pedro falava de poços sem água. Imagine que viaja no deserto e chega a um poço onde crê que achará água; tem sede, a língua inchada, e os lábios gretados, mas quando chega ao poço este está seco.

A Bíblia diz: “Os perversos são como o mar agitado, que não se pode aquietar, cujas águas lançam de si lama e lodo. Para os perversos, diz o meu Deus, não há paz.”

Já contemplei o mar em movimento, debatendo-se, e as grandes ondas chicoteando a costa. O mar está sempre em movimento.

A Bíblia diz que os que se encontram longe de Deus são como o mar picado, estão inquietos, buscando, questionando e procurando encontrar um lugar em que haja calma e paz, sem o poderem encontrar.

A vida é difícil, dura e espinhosa, sobretudo sem a paz e a alegria de Deus, e sem a água viva que Cristo Jesus pode dar.

Possivelmente você está num poço agora mesmo, na sua família, no seu trabalho.

Há jovens que não sabem que profissão seguir, que fazer no que diz respeito ao casamento, ou como resolver os problemas em que se vêem envolvidos: encontram-se num poço sem água.

Porque não vem ao poço que Jesus lhe oferece, para beber a água viva que Ele dá?

A sua sede só poderá ser verdadeiramente acalmada com esta água viva.

Quem sabe se não anda loucamente de um lado para o outro, à procura de algo que possa satisfazer a terrível necessidade espiritual que somente Deus pode satisfazer.

Jesus disse que Ele é a água da vida, é a água viva que entrará no seu coração para acalmar a sede que tem.

Quem sabe se já tentou tudo para obter satisfação e trazer paz e alegria à sua vida, para ter uma sensação de perdão e pertença, sem o conseguir alcançar.

Jesus disse: “Quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede.” Os que bebem a água das drogas voltarão a ter sede. Os que bebem as águas da fama voltarão a sentir-se sedentos. Os que bebem as águas da popularidade voltarão a ter sede.

Podem beber todas as demais águas que se oferecem na atualidade e voltarão a ter sede.

No entanto, se beber as águas vivas que Jesus dá, não voltará a ter sede. Jesus disse: “a água que eu lhe der será nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna”.

Todas as pessoas podem ter a vida eterna ao beber a água da fonte de Jesus. Já experimentou?

Não me refiro a ser membro de uma igreja, ao batismo ou ao conhecimento de todas as respostas corretas.

Estou a falar de ter uma relação com Jesus Cristo todos os dias, uma verdadeira experiência viva com Ele.

A mulher disse-lhe: “Senhor, dá-me dessa água”. Deve dizer o mesmo: “Dá-me dessa água da vida, Senhor Jesus, desejo perdão para meus pecados, quero ter a certeza que vou para o céu.

Quero uma nova vida porque estou cansado da que tenho levado até agora. Estou cansado do labirinto em que me encontro, quero outra coisa na vida”.

Nunca encontrará o que deseja até que venha a Jesus Cristo.

Jesus disse que se deseja que essas águas vivas entrem no seu coração e na sua vida e os mude, tem que nascer de novo. Jesus disse:

“Eu Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas... aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida”. Aquele que quer da água da vida és tu. Vem como estás, vem a Jesus Cristo. Depois de receberes a Cristo, entrega-lhe a tua vida.

Quando recebe a Cristo, Ele se transforma não só no seu Salvador, como também no Senhor da sua vida.

A Bíblia diz: “Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço.”

Possivelmente você tem sede de uma relação pessoal com Cristo. Venha à água, venha à água viva, alegre-se com Cristo.

A Bíblia diz: “Eis que Deus é a minha salvação... Vós, com alegria, tirareis água das fontes da salvação”.

As fontes da salvação são para ti. Deus está a fazer-te a oferta. Vem tirar água com alegria.

Quando chegares à água viva, sentirás uma satisfação que não se pode descrever com palavras. Jesus disse:

“Se alguém tem sede, venha a mim e beba”. “Quem crer em mim, como dizem as Escrituras, do seu interior fluirão rios de água viva”.

A mulher foi àquele poço porque tinha um encontro divino. Jesus passava por ali e parou para descansar; a mulher chegou nesse momento.

Essa mulher tinha uma vida vazia, as suas esperanças na vida tinham desvanecido, já não tinha expectativas, já não esperava nada diferente, estava a viver uma vida rotineira.

Já tinha estado casada cinco vezes e, nesse momento, vivia com um homem que não era seu marido.

Depois de ter experimentado quase tudo, sentia-se miserável, infeliz e sedenta. “Vem às águas. Bebe da fonte de água viva”, disse-lhe Jesus.

Hoje Cristo oferece-te desta mesma água viva.

escrito por Billy Graham 

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