sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

APRENDENDO COM MOISÉS (PARTE 6)


Quem foi Moisés na Bíblia?



Moisés foi o grande líder de Israel, que libertou seu povo da escravidão do Egito. Moisés recebeu os Dez Mandamentos de Deus e que preparou os hebreus para a conquista de Canaã. 
Acredita-se que foi Moisés que escreveu GênesisÊxodoLevíticoNúmeros e Deuteronômio.

Um menino especial

O faraó do Egito se sentia ameaçado pelos israelitas, por isso os escravizou e mandou matar todos os meninos. Mas uma mulher israelita escondeu seu filho num cesto no rio Nilo. A filha do faraó encontrou o menino e o adotou. Ela lhe deu o nome Moisés, que significa “tirado das águas”.
Moisés cresceu na casa do faraó e recebeu uma educação de príncipe (Atos dos Apóstolos 7:21-22). Mas Moisés nunca se esqueceu de suas origens e se identificava com os hebreus.

Moisés foge do Egito

Um dia, Moisés matou um egípcio que estava maltratando um hebreu. Mas ele foi descoberto e fugiu com medo. Moisés foi para a terra de Midiã, onde ficou na casa de um sacerdote chamado Jetro. Ele casou com Zípora, a filha de Jetro, e teve dois filhos (Êxodo 2:21-22).
Moisés, o príncipe, se tornou num simples pastor de ovelhas durante 40 anos! Um dia Moisés viu uma sarça em chamas que não era consumida pelo fogo (Êxodo 3:1-2). Ali, Deus mandou Moisés voltar para o Egito para libertar seu povo. Moisés hesitou mas acabou obedecendo a Deus.

Israel sai do Egito

Com 80 anos, Moisés confrontou o faraó mas este se recusou a libertar os israelitas. Por isso, Deus mandou dez pragas sobre o Egito. Todos menos os hebreus foram afetados. Depois da última praga, o faraó deixou o povo de Israel partir.
Os hebreus saíram triunfantes do Egito, mas o faraó se arrependeu e saiu em perseguição (Êxodo 14:5-6). Os hebreus ficaram encurralados entre o exército do faraó e o Mar Vermelho.
Deus então mandou Moisés erguer sua vara sobre o mar. Veio um grande vento que abriu o mar e os israelitas passaram em terra seca. Mas quando o exército egípcio os seguiu, o Mar Vermelho se fechou e todos morreram afogados. Assim, os israelitas ficaram livres de vez do poder do Egito (Êxodo 14:29-31).

Moisés, líder de Israel

Moisés levou o povo até o monte Sinai, onde recebeu os Dez Mandamentose todas as leis para governar o povo de Deus. Mas os israelitas se rebelaram e adoraram um bezerro de ouro. Deus puniu o povo mas Moisés intercedeu por eles e Deus não os destruiu totalmente.
Algum tempo depois, chegaram à fronteira da terra prometida. Mas o povo ficou com medo dos habitantes e se recusou a entrar. Então Deus declarou que iriam passar 40 anos no deserto, até que toda a geração rebelde tivesse morrido (Números 14:32-34).
Durante 40 anos, Moisés liderou os hebreus no deserto. O povo era ingrato e várias vezes se rebelou contra Moisés e contra Deus. Moisés era um homem muito paciente mas ele ficava frustrado com a falta de fé do povo diante de tantos milagres (Números 12:3).
No fim de sua vida, Moisés levou o povo novamente até a fronteira da terra prometida. A nova geração não era rebelde e estava pronta para a conquista. Do monte Nebo, Moisés viu a terra prometida e depois morreu. Moisés é lembrado como um grande herói, que foi fiel a Deus e, por isso, viu grandes milagres (Deuteronômio 34:10-12).

APRENDENDO COM JESUS



JESUS E O CRISTO REDENTOR

Construído no período de 1921 a 1931, para comemorar o centenário da independência do Brasil, o monumento que representa Cristo contemplando a cidade do Rio de Janeiro, do alto do Corcovado, é o mais imponente símbolo da idolatria nacional.

Quiseram as autoridades, certamente, proclamar bem alto a opção cristã do Brasil. A imagem de Jesus erigida num pedestal natural, num monte, na capital e mais importante cidade brasileira da época, atingia plenamente os objetivos. O monumento ficaria defronte para o Pão de Açúcar e Baía de Guanabara, exposto à visitação pública e fácil de ser apreciado pelos navegantes. 

Tudo muito ajustado e correto sob o ponto de vista de seus idealizadores, não fosse um detalhe importante: Deus condena a construção de imagens de qualquer Pessoa da Santíssima Trindade, dos anjos e dos santos. Não podiam desconhecer a Lei Moral porque o encerramento do cânon do Antigo Testamento se deu mais ou menos a 445 a.C., e as primeiras Bíblias começaram a chegar ao Brasil por volta de 1856.

O Segundo Mandamento

"Não farás para ti imagens de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima dos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem, e faço misericórdia emmilhares aos que me amam e guardam os meus mandamentos" (Êxodo 20.4).

Deus é infinitamente divino e grandioso para ser representado por obras feitas por homens. Jesus é Deus. O Segundo Mandamento proíbe fazer imagem do próprio Deus. 

Há quem acredite que o "Cristo Redentor" com seus braços abertos está abençoando a cidade e seus moradores. Engano. Jesus, o Cristo, ressuscitou e vive. 

Ele fala, ouve, atende, cura, salva e perdoa. Não está petrificado, mudo, surdo, paralítico e cego. Não decora as casas, os montes, as cidades ou o colo de alguma donzela.

Dispensa e rejeita qualquer adoração que lhe seja dirigida por meio de uma imagem, seja ela de 30 centímetros ou de 50 metros de altura, pese dois quilos ou cem toneladas. "Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade" (João 4.24).

As "bênçãos" do "Cristo de pedra" não evitaram que o Rio se tornasse na mais carnavalesca das cidades; não evitaram a construção de um monumento à festa da carne, o sambódromo; não evitaram que seus morros se transformassem em reduto de traficantes de drogas; nem evitaram que a feitiçaria ali prosperasse.

O Redentor de Mentira

O "Cristo Redentor", além de ser um símbolo de desobediência a Deus, é uma mentira. A figura que ali está não é a de Jesus, o Jesus da Bíblia. 

Ninguém fotografou o Mestre ou fez qualquer descrição de suas feições: "Suas imagens são mentira. Nelas não há espírito" (Jeremias 10.14).

Jesus não pactua com essas coisas e dispensa essas honrarias idólatras. Vejamos: "Vós pertenceis ao vosso pai, o diabo, e quereis executar o desejo dele. 

Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, pois não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, pois é mentiroso e pai da mentira" (João 8.44). Jesus também disse: "Eu sou a Verdade" (João 14.6).

Ao erguerem o "Cristo Redentor" seus construtores davam cumprimento às inspiradas palavras do apóstolo peregrino: "Pois tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes seus raciocínios se tornaram fúteis, e seus corações insensatos se obscureceram. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos, e mudaram a glória de Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis" (Romanos 1.21-23).

Não se pode alegar que o "Cristo Redentor" serve apenas de ornamento, não se constituindo um ídolo, um objeto de adoração e culto. Não é verdade. O culto e a adoração são prestados não só à referida imagem, mas a milhares de outras espalhadas pelo Brasil: em casas, em templos, em praças, em outeiros.

Procissões, flores, cânticos,romarias, rezas, promessas, reverências, velas, festas, coroas, beijos e toques, confirmam o exercício da idolatria.

A Solução

O que devo fazer? Perguntaria um preocupado pecador, arrependido pelas vezes que subiu com reverência ao monumento do falso redentor. Aquele que chorou amargamente por haver negado aJesus por três vezes, responde: "Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados" (Atos 2.38).

"Deus, não levando em conta os tempos da ignorância, manda agora que todos os homens em todos os lugares se arrependam" (Atos 17.30). 

O monumento deve ser demolido? 

Se alguém lançar essa idéia enfrentará uma cerrada oposição; muitos serão os argumentos contrários à derrubada do "Cristo".

O diabo teve ativa participação nessa obra e deseja a sua perpetuação. Desde o tempo de Adão e Eva o diabo continua dizendo aos homens que vale a pena desobedecer a Deus. 

Convém a Satanás e a seus anjos que muitos ídolos sejam construídos em todo o Brasil; ídolos de barro, de pedra, de madeira, de ouro, de prata, de bronze. Por quê? Porque enquanto os olhos e os pensamentos do povo estiverem fixos nessas imagens, o verdadeiro Cristo Redentor será esquecido, e não será adorado "em espírito e verdade".

Para destruir esse "bezerro de ouro" seria necessário surgir um Moisés, com a face iluminada pela glória de Deus? Haveria necessidade de Deus imprimir em tábuas de pedra um outro Mandamento, mais claro, mais contundente, mais cristalino? Por certo o mais seguro é esperarmos pela promessa do Todo-Poderoso. 

Vejam:

"E sucederá, naquele dia, diz o Senhor, que eu exterminarei no meio de ti os teus cavalos e destruirei os teus carros; e destruirei as cidades da tua terra e derribarei todas as tuas fortalezas; e tirarei as feitiçarias da tua mão, e não terás agoureiros; E ARRANCAREI DO MEIO DE TI AS TUAS IMAGENS DE ESCULTURA E AS TUAS ESTÁTUAS; e tu não te inclinarás mais diante da obra das tuas mãos; e arrancarei os teus bosques do meio de ti; e destruirei as tuas cidades" (Miquéias 5.10-14). 

***

APRENDENDO COM DAVI (PARTE 30)




O SENSO DE PERTENCER
O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará.
(
Salmos 23:1)
Davi encontrou um lugar ao qual pertencer. Davi era rejeitado na sua própria família. Ele pertencia a família de Jessé, mas, não tinha moral com o pai, nem com os irmãos, vivia no anonimato, cuidando de ovelhas, sozinho, esquecido, na solidão
Este Salmo 23, a gente observa que Davi se alegra e se orgulha de pertencer a alguém. No caso aqui em questão, ele se coloca na posição de uma ovelha que tem um dono
No papel desta ovelha feliz, Davi se alegra em dizer: “O Senhor é meu pastor, então, nada do que preciso me faltará”
Este Salmo é muito profundo, em outras palavras Davi está dizendo ou querendo dizer de uma outra maneira mais expressiva: “Eu pertenço ao Senhor, Ele é meu proprietário, meu pai, meu provedor, meu criador”
Todo mundo tem um senso de pertencer a alguma família, a um grupo. Nós, os seres humanos em geral, nos identificamos e as pessoas também nos identificam numa família, num grupo especifico
Existe este senso de pertencer. Quando vamos procurar emprego, por exemplo, as pessoas nos perguntam: “você é filho de quem?” , “de que família você é?”  
Quando alguém tem a sensação que nos conhece de algum lugar, até pergunta: “eu te conheço?” “Você não é estranho, é filho, irmão, parente de fulano de tal, que trabalha em tal lugar?”
Até com Jesus, ele era conhecido como filho de Maria e José, o carpinteiro
E geralmente nas famílias, pode não haver amor, união, comunicação, bons diálogos, boa estrutura, bons relacionamentos, paz. Também numa família pode haver frieza, brigas, inimizades, ciúmes.
Enfim, não existe família perfeita, e também não escolhemos a família ao qual pertencer. Parece que tudo já estava pronto quando chegamos ao mundo
Ninguém pediu para nascer e ninguém nasce para a solidão. Desde que estamos no mundo ansiamos por contato com outras pessoas, e elas formam o lugar ao qual pertencemos
Quando criança, adolescente e jovem, também queremos fazer parte de um grupo, um lugar fora da nossa família, que também nos dá um senso de pertencer, um grupo a qual a gente se identifica, queremos ser felizes ali e pertence a este grupo
Por isso que existem vários grupos sociais, entre eles o grupo dos rockeiros, dos pagodeiros, das patricinhas, dos fumantes de maconha, da cocaína, dos que gostam de baralho, futebol e politica, do rodeio, da roda de bar, dos motoqueiros, etc, etc
São tantos rótulos! Mas estes grupos nos dão UMA CERTA direção para nossa vida, nem todo lugar ou grupo é saudável para se pertencer
No decorrer da vida, trocamos de lugares, e de grupos conforme nossas decisões
MAS TEM UM LUGAR E UM GRUPO QUE É DE EXTREMA IMPORTÂNCIA 
Um lugar que vai nos dar sentido para a vida, é exatamente o melhor lugar do mundo, a qual pertencer, é o povo de Deus, a família cristã, espalhada pelo mundo, onde teremos refúgio, abrigo, provisão, direção e proteção do PAI ETERNO, do TODO PODEROSO, SENHOR DOS EXÉRCITOS, que cuida de cada um de nós, nos mínimos detalhes
Enfim, se acharmos este lugar em DEUS, estamos no melhor lugar do mundo a qual pertencer, e seremso amados como filhos
Deus preparou este lugar, ele preparou a IGREJA, o ajuntamento do SEU POVO, para nós termos este senso de pertencer ao POVO DE DEUS
Pertencemos a Deus! A pergunta que fica é: “Quem nos trouxe para a família de Deus?”
Se você é cristão, já sabe!













  

APRENDENDO COM PAULO (PARTE 35)




A Perspectiva Missionária de Paulo 


Dentre algumas dicotomias que a igreja evangélica brasileira enfrenta atualmente, uma delas é a polarização entre teologia e missões. Este reducionismo evangélico foi detectado pelo Dr. Augustus Nicodemus Lopes (Paulo,Plantador de Igrejas,1997, p. 5), ao dizer que a separação entre teologia e missões tem penetrado nas igrejas e organizações missionárias no período moderno, e tem produzido efeitos perniciosos até o dia de hoje. Isto é verdade. E a causa dessa divergência teológica, com sua conseqüência danosa para a igreja, foi acertadamente observado pelo Dr. Michael Green (Evangelização na Igreja Primitiva, 1989, p. 7) quando disse: A maior parte dos evangelistas não se interessa muito por teologia; e a maioria dos teólogos não se interessa muito por evangelização.
Alguns teólogos, como o renomado Dr. Nicodemus, e missiólogos, como o igualmente ilustre Dr. Timóteo carriker, são concordes quanto a importância da teologia e missões na vida da igreja. No entanto, será que a ênfase que eles dão às motivações missionárias de Paulo está correta? É o que procuraremos mostrar a seguir.
a. As motivações missionárias de Paulo
O conceito do Dr. Augustus Nicodemus Lopes
De acordo com o Dr. Nicodemus, a atividade missionária de Paulo era resultado direto da sua teologia.
Ele pergunta:
O que motivava o apóstolo Paulo a sair plantando igrejas, organizando comunidades ao longo da bacia do Mediterrâneo, apesar da rejeição dos seus patrícios e das implacáveis perseguições que sofria? (p. 7)
E responde:
O que o movia não eram arroubos de piedade, espírito proselitista, amor ao lucro, popularidade ou qualquer outra motivação similar. Essas motivações não teriam suportado as angústias do campo missionário por muito tempo. Paulo estava movido por suas convicções teológicas. (p. 7, grifo do autor).
Segundo ele, a ação missionária de Paulo era resultado dessas convicções teológicas.
Um ponto que esclarece bem o que o Dr. Nicodemus entende por "convicções teológicas" de Paulo é a exemplificação que ele faz com a teologia de missões de William Carey, missionário batista que viveu no século XIX. 

Carey era um calvinista ardoroso, que tinha um coração inflamado por missões e não podia compreender a obra missionária como outra coisa senão a extensão das suas convicções como crente no Senhor Jesus (pp. 5,6). 

E prossegue:
É interessante observar que no livrete Enquiry, onde estabelece os motivos da sua atividade missionária, Carey segue uma seqüência similar à obra Theory of Missions, escrita pelo teólogo e missiólogo alemão Gustav Warneck (1834-1910). Isso mostra que Carey, mesmo sem ter tido o treinamento teológico de Warneck, esboça a sua missiologia teologicamente. Carey nunca usa o argumento das "almas que estão se perdendo" nem justifica-se a partir de suas convicções batistas. Sua preocupação é com a promoção do Reino de Cristo (p. 6, nota 2).
O Dr. Nicodemus salienta, ainda, que toda reflexão teológica deveria desembocar em subsídios para o esforço expansionista da Igreja de Cristo. Esses esforços, segundo ele, nada mais podem ser do que teologia em ação. Entende que quando a nossa prática missionária não é fertilizada e controlada por uma reflexão teológica correta, ela acaba se tornando em ativismo, desempenho estilizado ou simplesmente uma aplicação frenética de métodos.
E quais eram, segundo o Dr. Nicodemus, as convicções teológicas que motivavam a obra missionária de Paulo? Eram basicamente três. A primeira dessas convicções é que os últimos dias já começaram. Paulo estava vivendo nos últimos dias, dias de cumprimento, em que os fins dos séculos haviam chegado para ele. A segunda convicção do apóstolo Paulo era que as antigas promessas de Deus encontravam concretização histórica na Igreja de Cristo. Era na Igreja que a restauração de Israel se consumava e a plenitude dos gentios estava entrando. A terceira convicção de Paulo era que Deus o havia chamado para edificar essa Igreja (1).
.O conceito do Dr. C. Timóteo Carriker
O Dr. Carriker é pastor da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos (P. C. – U.S.A.). Trabalha no Brasil desde 1977. Cursou o bacharelado na Universidade da Carolina do Norte, em Charlote, o mestrado em teologia no Seminário Teológico Gordon-Conwell, e o mestrado em missiologia e doutorado em estudos interculturais do Seminário Teológico Fuller. É professor e diretor acadêmico do Centro Evangélico de Missões, em Viçosa, MG. Dos seus escritos destacamos, para este propósito, o livro Missão Integral: Uma teologia bíblica (São Paulo: Editora Sepal, 1992) e o artigo A missiologia apocalíptica da carta aos Romanos (Fides Reformata. São Paulo: JMC, Vol. III, Nº 1, 1998).
Enquanto o Dr. Nicodemus parte da teologia para a missão, o Dr. Carriker claramente inverte a ordem. Segundo ele, as profundas convicções teológicas de Paulo brotaram de intenso envolvimento missionário e pastoral. Segue-se, de acordo com o Dr. Carriker, que a teologia consiste primariamente de reflexão acerca da missão, não sendo esta mera aplicação conseqüente daquela, mas missão está no âmago da teologia. (Missão Integral, p. 7). E ainda:
Como Martin Kahler reconheceu em 1908, missão, de fato,é a mãe da teologia (Bosch 1980:24) e não uma subdivisão menor e dispensável da teologia prática. De modo inverso, Pedro Savage observa que "a teologia é, em essência, missiológica" (1984:56). Isto é, a missiologia é fundamental à teologia porque é o lugar aonde a fé e a estratégia se encontram no caminho para o mundo num dado momento específico. Entendendo a missiologia na sua devida relação teológica, se torna patente a necessidade de seu enraizamento sólido na Bíblia. (pp. 7,8)
Em sua exposição de Romanos, o Dr. Carriker observa que esta carta se caracteriza por uma extensa elaboração teológica e é a teologia que melhor indica o contexto ou os contextos da carta, inclusive o apelo feito pelo apóstolo para que os cristãos romanos apóiem a sua missão espanhola. Mas, segundo ele, não é uma teologia abstrata e desconectada da situação missionária de Paulo. É uma teologia de missão. Citando Krister Stendahl, assevera que este é um dos poucos biblistas que percebeu isso, quando iniciou um dos seus últimos livros com a seguinte afirmação:
Romanos é a última declaração de Paulo acerca da sua teologia de missão. Não é um tratado teológico sobre a justificação pela fé... Quando falo de Romanos como a declaração, feita por Paulo, da sua teologia de missão, estou convencido de que a teologia paulina tem o seu centro norteador na percepção apostólica de Paulo sobre a sua missão aos gentios. Conseqüentemente, Romanos é central à nossa compreensão de Paulo, não por causa da sua doutrina da justificação, mas porque a doutrina da justificação está aqui no seu contexto original e autêntico: como um argumento a favor da posição dos gentios baseada no modelo de Abraão (Romanos 4). (pp. 132,3). (2)
Quais eram, portanto, segundo o Dr. Carriker, as convicções que levaram um "fariseu dos fariseus" a se tornar apóstolo dos gentios? De acordo com ele, devemos qualificar que Paulo não desenvolveu seu ministério de fundamentos exclusivamente dogmáticos. Nem podemos afirmar que Paulo era um "teólogo" no sentido que muitos o fazem hoje em dia, como se fosse um pensador sistemático. Em vez de considerá-lo como um teólogo sistemático, devemos encará-lo como um teólogo pastoral, que desenvolveu sua perspectiva não de reflexão acadêmica divorciada das situações concretas e problemas eclesiásticos em que se envolvia.
Paulo seria uma sorte de teólogo peregrino (ou missionário!) que, na estrada da experiência da vida e do ministério, procurava teologar a partir da sua realidade. Assim, Paulo seria melhor descrito como um teólogo de práxis que, partindo da sua experiência, refletia nela a base das escrituras hebraicas e do seu encontro com Jesus crucificado e ressurreto.
.Avaliando os dois conceitos
Mesmo numa análise ligeira dos conceitos de nossos teólogos (Nicodemus e Carriker), é possível observar que ambos enfatizam, de maneira positiva, a importância do valor conjunto da teologia e missões no ministério de Paulo e da igreja, e também o prejuízo que a igreja experimenta quando divorcia uma da outra. Nenhum dos dois desmerece a teologia ou a missão. À despeito de tanto um quanto o outro procurar rever os conceitos de "teologia" e "missões" à luz de suas convicções teológicas.
Mas isto também é positivo, pois como o Dr. Nicodemus bem observa, quando a nossa prática missionária não é conduzida por uma reflexão teológica correta, ela acaba se tornando em mero ativismo. Por outro lado, o Dr. Carriker salienta, com muita propriedade, que não podemos afirmar que Paulo era um "teólogo" no sentido que muitos o fazem hoje em dia, como se fosse um pensador sistemático. Em vez de considerarmos Paulo como um teólogo sistemático, devemos encará-lo como um teólogo pastoral, que não desenvolvia sua perspectiva teológica academicamente, mas no contexto da missão.
Entretanto, a questão fundamental é se a teologia de Paulo era motivada por sua missiologia e vice-versa. A tese que defendemos é pelo "sim". Paulo foi um grande missionário porque era um grande teólogo, e que, por sua vez, era um grande teólogo porque foi um grande missionário. Infelizmente esta tese não é defendida pelo Dr. Nicodemus e muito menos pelo Dr. Carriker. Um teólogo geralmente não admite que a teologia (principalmente a sua própria) é fruto de uma missiologia bem definida e um missiólogo, por sua vez, não costuma afirmar que a missão por ele defendida é o resultado de uma teologia bíblica coerente (3).
Mas em Paulo a missão é teológica e a teologia é missiológica. Ele não apenas não separava uma da outra, mas também subordinava uma a outra. Um bom exemplo disso é sua carta aos Romanos. Tomemos como exemplo o capítulo 15 dessa carta. Para Samuel Escobar, fundador da Fraternidade Teológica Latino-Americana,
A missiologia de Paulo muitas vezes é expressa como exposição teológica, entrelaçada com referências de sua prática missionária. Penso que Romanos 15.11-33 é um texto ilustrativo da metodologia de Paulo, especialmente relevante para a reflexão missiológica na América Latina. Esta passagem apresenta uma interação entre a teoria e a prática, entre os fatos da vida em obediência a Deus e a reflexão sobre esses fatos (Desafios da Igreja na América Latina, 1997, p. 89).
E resume:
Uma leitura cuidadosa de Romanos 15.11-33 evidencia uma estrutura de quatro partes da missiologia de Paulo. Em cada seção encontraremos um "fato" central ligado à Prática de Paulo, seguido da reflexão pastoral e missiológica que é estimulada por esse fato e que gira em torno dele. O primeiro é proclamação: "Proclamarei plenamente o evangelho de Cristo" (v. 17-22); o segundo é previsão: "Planejo [vê-los] quando for à Espanha" (v. 23-24); o terceiro é conclusão: "Agora, porém, estou de partida para Jerusalém" (v. 25-29); e o quarto é luta: "Recomendo-lhes, irmãos [...] que se unam a mim em minha luta" (v. 30-33). (Idem) (4).
Ademais, a motivação missionária de Paulo não era determinada somente por convicções teológicas e escatológicas, como sugere o Dr. Nicodemus (1997, pp. 5-21), ou apocalípticas, como pretende o Dr. Carriker (1998, pp. 124-148), mas que, além disso, o apóstolo possuía o coração inflamado de paixão e amor pelos perdidos (5).
Como resultado do amor de e a Cristo, Paulo amava os perdidos (Cf. 2 Co 5.14; Rm 1.5; 9.3; Ef 3.1; Fp 3.7; 1 Ts 1.5; 2 Tm 2.10). O amor tornava Paulo afetuoso e caloroso em sua evangelização (PACKER, Evangelização e Soberania de Deus, 1990, p. 38). Escrevendo aos tessalonicenses o apóstolo dizia que "... nos tornamos dóceis entre vós...". E ainda, "assim, querendo-vos muito, estávamos prontos a oferecer-vos não somente o evangelho de Deus, mas, igualmente, a nossa própria vida, por isso que vos tornastes muito amados de nós" (1 Ts 2.7,8).
O amor também fazia Paulo ter sensibilidade, sendo capaz de adaptar-se às circunstâncias em sua evangelização; embora se recusasse terminantemente a alterar sua mensagem para agradar as pessoas (cf. 2 Co 2.17; Gl 1.10; 1 Ts 2.4), ele se esforçava ao máximo, em sua apresentação da mesma, para evitar escândalo e não dificultar desnecessariamente o caminho para aceitação e resposta positivas (cf. 1 Co 9.16-27; 10.33). Segundo Packer,
Paulo procurava salvar os homens e, visto que procurava salvá-los, não se contentava apenas em informá-los sobre a verdade; mas empenhava-se em se pôr ao lado deles, começando a pensar juntamente com eles, a partir de onde se encontravam, falando-lhes em termos que podiam compreender e, acima de tudo, evitando tudo quanto pudesse fazê-los adquirir preconceitos contra o evangelho ou pôr pedras de tropeço em seu caminho. Em seu zelo por manter a verdade, nunca perdeu de vista as necessidades e reivindicações das pessoas. Seu alvo e objetivo, em todas as suas atividades no evangelho, até mesmo no calor da polêmica evocada por pontos de vista contrários, nunca deixou de ser conquistar almas, convertendo aqueles que considerava seus próximos à fé no Senhor Jesus Cristo.
Tal era a evangelização, de acordo com Paulo: sair em amor, como agente de Cristo no mundo, a fim de ensinar aos pecadores a verdade do evangelho, tendo em vista a conversão e a salvação dos mesmos (Evangelização, 1990, p. 38).
b. As estratégias missionárias de Paulo
As estratégias missionárias de Paulo eram o resultado direto e natural de suas motivações. Dentre os vários meios utilizados por Paulo para divulgar o evangelho (6), destaquemos os mais utilizados pelo apóstolo; a saber, a escolha de centros estratégicos e as sinagogas.
Paulo percorria as estradas romanas anunciando o evangelho e fazendo discípulos nas principais cidades das províncias imperiais, verdadeiros centros estratégicos. Ele concentrava suas atividades nesses locais, tornando o que outrora eram campos missionários em bases de sua missão. Tessalônica, por exemplo, tornou-se a base missionária para a província da Macedônia; Corinto a base para a província da Acaia; Éfeso a sua base para a Ásia proconsular. A igreja de Roma também seria uma possível base para a evangelização na Espanha (cf. Rm 15.24).
Quando voltamos nossos olhos para o livro de Atos (7), percebemos que os missionários daquela época, de modo geral, e Paulo, em especial, concentravam seus esforços geralmente naqueles centros estratégicos do ponto de vista cultural, econômico, religioso, político e geográfico até. Embora no caso deste último a estratégia de trabalho de Paulo não era tanto geográfica quanto humana ou cultural, no sentido de etnias (8).
O Dr. Timóteo Carriker faz uma importante observação acerca dos centros estratégicos de Paulo. Diz ele:
Paulo procurava atingir primeiro os centros provinciais que não eram evangelizados na sua missão. Isto era uma estratégia do "quadro geral" e não dos detalhes, isto é, não de todo e qualquer lugar. Ele não tentava evangelizar o mundo gentílico totalmente, mas contava com a obra evangelizadora das comunidades que ele estabeleceu para continuar a missão. Ele mesmo se apressava para a tarefa urgente de pregar o evangelho para aqueles que não o ouviam (Romanos 10.14). Sua perspectiva era de "preencher" ou "completar" os principais lugares que faltavam no mundo gentílico e prosseguir em frente [veja peplérókenai em Romanos 15.19] (Missão Integral, 1992, pp. 235,6).
As sinagogas judaicas também faziam parte das estratégias missionárias de Paulo. Roland Allen (9) reconheceu quatro características da pregação de Paulo nas sinagogas.
Em primeiro lugar, é possível ver em Paulo a simpatia e a conciliação com as sensibilidades dos ouvintes: a apresentação é clara, ele está disposto a aceitar o que há de bom na posição deles, simpatiza com suas dificuldades, mostrando que ele os aborda com sabedoria e tato.
Em segundo lugar, ele tem coragem de reconhecer abertamente as dificuldades, de proclamar verdades não muito fáceis de engolir, e de recusar-se inapelavelmente a fazer coisas difíceis parecerem fáceis.
Em terceiro lugar, vem o respeito por seus ouvintes, suas capacidades intelectuais e suas necessidades espirituais.
Em quarto lugar, há uma confiança inabalável na verdade e no poder do evangelho. Não estaremos longe da verdade ao supormos que estas eram características típicas da pregação na sinagoga, nos primeiros tempos da missão, em que as oportunidades ainda estavam abertas. Os missionários cristãos aceitavam com gratidão esta oportunidade de falar a Israel, nas três primeiras décadas decisivas antes que a porta das sinagogas lhes fossem fechadas (GREEN, Evangelização, 1989, p. 240).
Mas por que será que o apóstolo Paulo priorizava as sinagogas judaicas como parte de sua estratégia? Antes de tudo é preciso lembrar que Paulo era essencialmente um apóstolo enviado por Cristo aos gentios. Na época de sua conversão no caminho de Damasco, o Senhor Jesus disse que o livraria "dos gentios, para os quais eu te envio" (At 26.17). Entre os apóstolos ficou acertado que Tiago, Pedro e João iriam para a circuncisão (judeus) e ele, Paulo, "para os gentios" (Gl 2.9). Entre Pedro e Paulo, por exemplo, havia uma consciência marcante da missão deles aos judeus e gentios, respectivamente (Gl 2.7,8).
Em quase toda sinagoga judaica existiam, além de judeus é claro, dois grupos distintos de gentios. O primeiro grupo era formado pelos denominados "prosélitos", isto é, gentios convertidos ao judaísmo. Os homens eram circuncidados, concordavam em obedecer a lei e guardar o sábado, faziam peregrinações a Jerusalém, e daí em diante não eram mais gentios, e sim judeus.
O segundo grupo de gentios que normalmente freqüentava a sinagoga era formado pelos "tementes a Deus". Eram apreciadores da lei e do ensinamento judaicos, mas por uma série de razões pessoais achavam por bem não se desvincular de suas raízes gentílicas, como os prosélitos, para se tornarem judeus. Todavia, eles freqüentavam a sinagoga regularmente, ainda que tivessem que ficar na parte que lhes era reservada, não lhes sendo permitido a participação completa dos cerimoniais litúrgicos. Em suma, enquanto os "prosélitos" eram ex-gentios, os "tementes a Deus" ainda eram gentios. E embora Paulo tivesse o que dizer aos três grupos que freqüentavam a sinagoga, seu objetivo principal era converter os gentios que lá estavam, os tementes a Deus (10).
A estratégia de um homem como Paulo era basicamente simples: ele só tinha uma vida, e estava decidido a usá-la o máximo possível, tirando dela o melhor proveito no serviço de Jesus Cristo. Sua visão era ao mesmo tempo pessoal, urbana, provincial e global (GREEN, Evangelização, 1989, p. 318).
1.2. As missões de Paulo
A obra missionária de Paulo é vastíssima, quer seja compreendida no tanto de trabalho que ele realizou, quer seja no aspecto do próprio conceito de missões que o apóstolo tinha. Para Paulo missões não era proclamação fria, automática e desencarnada. Era, antes de tudo, proclamação compromissada, significando a manutenção daqueles aos quais ele alcançou mediante a pregação e ensino do evangelho. Missões em Paulo não era mero espiritualismo, mas pura encarnação. Ele se preocupava com o ser humano em sua totalidade. Um bom exemplo disso está em ele não se esquecer dos pobres (cf. 2 Co 8; Gl 2.10). Sua missão era fazer "missão integral", no sentido em que essa expressão é usada na missiologia contemporânea.
Neste tópico nos limitaremos às missões pelas quais Paulo é mais conhecido e através das quais ele deu forma ao seu ministério e de onde produziu suas epístolas inspiradoras, isto é, suas viagens missionárias, conforme registradas em Atos (11) e em seu testemunho de Romanos 15.
a. A primeira viagem missionária de Paulo
Obedecendo à direção divina e sob os auspícios da igreja de Antioquia, o apóstolo iniciou sua primeira viagem missionaria entre 45 e 50 A.D. Com Paulo estavam Barnabé e João Marcos. Partiram de Antioquia para Selêucia, situada na foz do Orontes e dali para Chipre, terra de Barnabé. Desembarcando em Salamina, na costa de Chipre, começaram a trabalhar, como de costume, nas sinagogas. Percorreram toda a ilha até chegarem a Pafos, na costa sudoeste. Neste lugar despertaram a atenção de Sérgio Paulo, procônsul romano. Saiu-lhes ao encontro um feiticeiro chamado Barjesus, também conhecido por Elimas o mago, que opondo-se a Paulo procurava Desviar a atenção do procônsul (At 13.6, 7).
Paulo resistiu-lhe indignado e repreendeu-o severamente, ferindo-o temporariamente com cegueira. Resultou disto a conversão de Sérgio Paulo (At 13.12). Partindo de Chipre navegaram para a Ásia Menor e chegaram a Perge na Panfília. Ali Marcos, por motivos ignorados, deixou seus companheiros e regressou a Jerusalém. Os dois, Paulo e Barnabé, saíram de Perge, rumo ao norte, passando por Frígia e indo até Antioquia da Pisídia. Ali o povo da cidade, incitados pelos judeus, levantou-se contra Paulo e Barnabé e os expulsaram (At 13.50). De Antioquia passaram a Icônio, outra cidade da Frígia, onde uma copiosa multidão de judeus e gregos foram convertidos (At l3.51).
Por causa da perseguição dos judeus, partiram de Icônio para Listra e Derbe, cidades da Licaônica (At 14.1-7). Em Listra Paulo curou um coxo, foi adorado juntamente com Barnabé, pregou o evangelho, foi apedrejado e lançado fora da cidade como morto (At 14.8-19). Restabelecido vão a Derbe, de Derbe a Listra, de Listra a Icônio, de Icônio a Antioquia da Pisídia, fortalecendo os discípulos e elegendo presbíteros. Atravessando a Pisídia, passam pela Panfília e Perge. Tendo anunciado a Palavra em Perge, desceram a Átalia e dali navegaram para Antioquia da Síria (At 14.20-26).
b. A segunda viagem missionária de Paulo
Tempos depois, por volta do ano 50, Paulo propôs a Barnabé uma segunda viagem missionária (At 15.16). Mas o apóstolo não queria que João Marcos fosse com eles, o que provocou a separação dos dois grandes missionários da Igreja Primitiva. Silas foi o companheiro de Paulo nessa segunda viagem. Primeiro visitaram as igrejas da Síria e da Cilícia; depois passaram para os lados do norte, atravessaram as montanhas do Tauro e passaram às igrejas que Paulo havia fundado na sua primeira viagem. Foram a Derbe e a Listra. Nesta última cidade Timóteo se juntou a eles. De Listra foram para Icônio e Antioquia da Pisídia. Após alguns "impedimentos" do Espírito Santo (At 16.6,7), desceram a Trôade, onde Paulo teve a visão do varão macedônio.
Obedecendo a este chamado, os missionários vão, juntamente com Lucas, para a Europa. Desembarcando em Neápolis, seguem logo para a importante cidade de Filipos. Vale lembrar que Atos 16 e a carta de Paulo aos filipenses formam um dos mais belos retratos de sua missiologia. De Filipos, onde Lucas ficou, Paulo, Silas e Timóteo foram para Tessalônica, lugar em que alcançaram grandes resultados entre os gentios, fundando ali uma igreja (At 17.1-9). Por causa da perseguição dos judeus, os irmãos enviaram Paulo para a Beréia; deste lugar, após valiosos resultados até mesmo dentro da sinagoga, seguiu para Atenas (At 17.10-15), cidade onde Paulo proferiu seu famoso discurso, mas com poucos resultados (At 17.16-31).
Depois partiu para Corinto, onde ficou dezoito meses e, ao contrário de Atenas, os resultados foram admiráveis (At 18.1-11). A missão de Paulo em Corinto foi uma das mais frutíferas da história da Igreja Primitiva. De Corinto foi para Éfeso, ficando pouco tempo, seguiu para Cesaréia, indo apressadamente para Jerusalém. Havendo saudado a igreja desta cidade, voltou a Antioquia, de onde havia partido (At 18.22).
c. A terceira viagem missionária de Paulo
Depois de algum tempo em Antioquia, o apóstolo Paulo, talvez no ano 54 A.D., deu início à sua terceira viagem missionária. Primeiro atravessou a região da Galácia e da Frígia, afim de fortalecer os discípulos (At 18.23); depois vai a Éfeso, capital da Ásia e uma das cidades de maior influência no oriente. Paulo permaneceu três anos em Éfeso (At 20.31).
Durante três meses ensinou na sinagoga e, depois, durante dois anos na escola de Tirano (At l9.8-10). Seu trabalho nesta cidade notabilizou-se pela riqueza de instrução (At 20.18-31), pela realização de milagres (At 19.11,12), pelos resultados obtidos, porque todos os que habitavam na Ásia ouviram o evangelho (At 19.10) e pelas constantes perseguições (At 19.23-40). De Éfeso partiu para a Macedônia, e depois de fortalecer os discípulos com muitas exortações, viajou para a Grécia, onde permaneceu três meses (At 20.12).
Agora iniciaria sua última viagem a Jerusalém, acompanhado de amigos, representantes das várias igrejas dos gentios (At 20.4). Seu plano inicial era navegar diretamente para a Síria, mas uma conspiração dos judeus o obrigou a voltar pela Macedônia (At 20.3). Demorou-se em Filipos enquanto seus companheiros foram para Trôade. Depois da festa da páscoa Paulo foi com Lucas para Trôade (At 20.5), onde os companheiros os esperavam e ali ficaram uma semana (At 20.6). De Trôade Paulo viajou para Assôs (At 20.13). Depois de uma rápida passagem por Mitilene e Samos, Paulo e mais alguns amigos chegaram a Mileto (At 20.14, 15).
De Mileto mandou chamar os presbíteros de Éfeso, e naquele local é registrado um dos episódios mais emocionantes da Bíblia (At 20.17-38). Partindo de Mileto o navio seguiu diretamente para a ilha de Cós e no dia seguinte chegaram a Rodes. De Rodes passaram a Pátara, nas costas da Lícia (At 21.1). Achando um navio que ia para a Fenícia embarcaram, e seguindo viagem passaram por Chipre, desembarcando em Tiro (At 21.2, 3) ficando durante sete dias nesta cidade. De Tiro partiram para Ptolemaida (At 21.5,6) e no dia seguinte, após afetuosa despedida, chegaram em Cesaréia. A despeito de alarmantes predições e das lágrimas dos irmãos para que não fosse a Jerusalém (At 21.4, 10-12), Paulo seguiu em frente e assim, acompanhado dos irmãos, terminou a terceira viagem missionária (At 21.12-15).
d. As "viagens" à Roma e à Espanha
Escrevendo aos crentes de Roma, Paulo observa que durante anos se esforçou em pregar o evangelho "desde Jerusalém e circunvizinhanças, até o Ilírico" (Rm15.19).
Mas agora, não tendo já campo de atividade nestas regiões, e desejando há muito visitar-vos, penso em fazê-lo quando em viagem para a Espanha, pois espero que de passagem estarei convosco e que para lá seja por vós encaminhado, depois de haver primeiro desfrutado um pouco a vossa companhia (Rm 15.23,24).
Carlos Del Pino (In Missões e a igreja brasileira, 1993, p. 58) comenta que em Romanos 15.22-24 todo esforço, a visão e o investimento de vida do apóstolo durante anos naquelas regiões o levaram a duas atitudes específicas em relação aos romanos. Segue-se abaixo um esboço de Del Pino dessas atitudes de Paulo:
1. Não visitar os romanos (15.22). E o próprio Paulo nos dá suas razões para isso:

a) O evangelho já havia se estabelecido em Roma, já havia igreja lá. E, de acordo com o que ele mesmo disse no v. 20, não seria conveniente que ele, Paulo, exercesse seu ministério ali;
b) Muitos outros povos ainda careciam de receber o evangelho e Paulo via-se impulsionado por força do ministério recebido de Deus, para trabalhar em regiões ainda não atingidas.
2. Visitar os romanos (15.23,24). Agora Paulo tinha razões para visitar os romanos.

São elas:

a) Término das atividades naquelas regiões; novos lugares precisam ser alcançados (15.23);
b) Desejo antigo de conhecer a igreja romana (15.23);
c) Devido a sua visão de alcançar novos povos, esta visita não seria para lazer, mas para estabelecer na igreja em Roma uma base missionária para o Ocidente até a Espanha – "para lá ser por vós encaminhado" (15.24,28).
Mas por que Paulo não tinha mais campo de atividades naquelas regiões? O que ele fazia lá para que tenha terminado o seu trabalho? Del Pino lembra que
Paulo proclamava o evangelho naquelas regiões. O que ele está dizendo no v. 23 é que houve o cumprimento de um ministério específico por uma pessoa específica (Paulo). Não significa que ninguém mais teria nada para fazer ali; ao contrário, muito trabalho ainda havia para ser feito, tanto de evangelismo quanto de ensino, exortação etc. Outros poderiam e deveriam continuar ali exercendo seus ministérios, mas aquilo para o que Paulo havia sido chamado por Deus já havia se completado naquelas regiões. Isso também não significa que o ministério de Paulo em si houvesse terminado por completo, tanto que ele buscava uma nova região onde pudesse desenvolvê-lo. O que o apóstolo fez "desde Jerusalém e circunvizinhanças até ao Ilírico", que foi "pregar o evangelho" (15.20), era exatamente o que ele pretendia continuar fazendo, em seguida, na Espanha. Para isso, ele precisava de uma nova base de missões: a igreja em Roma! (1993, p. 59).
E mais:
Para tratarmos sobre esta nova base de missões, precisamos entrar no v. 24. Aqui Paulo revela claramente seus propósitos e seus meios. Veja bem, o propósito final de Paulo, seu objetivo real, não era apenas conhecer a igreja de Roma. Isso ele poderia ter feito em outras circunstâncias. Seu objetivo final era chegar à Espanha. Este objetivo reflete o esforço de Paulo (15.20) e sua vocação (15.21), conforme já temos enfatizado. Ele pretendia chegar à Espanha para ali continuar desenvolvendo o seu ministério; "de passagem" por Roma (15.24), ele esperava ir à Espanha, enviado pela igreja de Roma. Quando Paulo diz no v. 24 "para lá seja por vós encaminhado", ele não apenas tinha em mente, mas estava claramente dizendo as coisas necessárias para a sua viagem e subsistência lá (1993, p. 59).
Paulo chegou em Roma por volta do ano 60 A.D. como prisioneiro (cf. At 27 e 28). Lucas relata que "por dois anos permaneceu Paulo na sua própria casa que alugara" (At 28.30) com toda liberdade de receber a todos que o procuravam e de pregar o evangelho (At 28.30,31). Para quem pretendia apenas passar por Roma, e livre, dois anos, e preso, era tempo de mais. Após esta sua primeira prisão (domiciliar), o apóstolo, entre outras viagens, provavelmente tenha chegado à Espanha (DEL PINO, 1993, p. 59). II - RELEVÂNCIA PARA O NOSSO POVO E IMPLICAÇÕES PARA A MISSÃO DA IGREJA
A sociedade brasileira carece de uma mensagem evangélica confrontadora. Não que ela queira ser tocada em suas feridas, mas à luz da Bíblia não podemos oferecer às pessoas um evangelho paliativo e barateado. O cristianismo puro e simples (para usar o título em português do livro de C. S. Lewis) precisa ser a mensagem e o estilo de vida de todo homem e de toda mulher salvos em Cristo.
Em se tratando de evangelho para o povo brasileiro, a igreja evangélica, não raramente, tem ido ou para o extremo da mensagem desencarnada, distante da realidade cotidiana do povo, mediante a apresentação de um evangelho transcendente que alcança as estrelas mas esquece da terra; ou tem, por outro lado, oferecido Jesus Cristo às pessoas como se Ele fosse um produto de consumo a disposição nas prateleiras do mercado eclesiástico. Apresenta-se Cristo no melhor dos estilos "fada madrinha".
Em nome de Cristo promete-se ao povo casa, carro, dinheiro; enfim, toda sorte de prosperidade, sem contar a confusão que se faz entre as fraquezas e tristezas sentidas por alguém em relação aos objetivos não alcançados por ele e a verdadeira convicção de pecados. As pessoas não devem ser confrontadas em termos de "você não conseguiu? Venha para Jesus que você consegue", mas sim encaradas como pecadoras que precisam urgentemente da graça redentora.
Cremos sinceramente que Cristo pode dar tudo e até mais do que é prometido às pessoas em termos de prosperidade; porém, não podemos perder de vista as implicações e exigências do evangelho autêntico.
Além disso, a sociedade brasileira carece do evangelho que seja encarnado na vida dos crentes. Um cristianismo integral que seja a expressão de uma vida santificada e consagrada ao Senhor. Em outras palavras, a manifestação viva daquilo que dizemos acreditar.
Hoje em dia parece que virou moda e status ser crente. No meio artístico, por exemplo, ouve-se falar daquele e daquela como os mais novos irmãos na fé; entretanto, aqui e ali ficamos sabendo dos escândalos que esses "irmãos" cometem. Não negamos que haja conversões de verdade entre os artistas, porém, é preciso que o quanto antes a pureza do evangelho, com todas as suas implicações para a igreja e a sociedade, seja resgatada em nosso meio. É necessário que "o sal da terra" e "a luz do mundo", a Igreja de Jesus Cristo, seja a verdadeira opção de vida, ou mais que isso, seja, de certo modo, o sentido da vida para todo aquele que perece em seus próprios pecados; a verdadeira diferença na vida de tantos que permanecem indiferentes.
Que Deus nos ajude a começar em nós, nos impulsionando a pregar o evangelho como o fez com Paulo. O apóstolo Paulo fazia do evangelho a razão de seu viver e de outras pessoas. Paulo é um exemplo fabuloso de compromisso com a verdade do evangelho. Ele nunca a comprometia. Podia como poucos ser imitado como imitador de Cristo (1 Co 11.1). Acredito que não seria exagero de minha parte dizer que Paulo alcançou mais pessoas para Cristo por sua vida de dedicação e seriedade ao reino de Deus do que em suas pregações propriamente ditas. Semelhantemente o povo brasileiro precisa ver na igreja de hoje pessoas que vivam o que dizem crer. A prática é a expressão do que acreditamos. Se não praticamos o que falamos, então a nossa pregação não passará de retórica evangélica desqualificada.
III - CONCLUSÃO
A perspectiva missionária de Paulo era "preencher" ou "completar" os principais lugares que faltavam no mundo gentílico e continuar seguindo em frente, motivado por uma teologia pastoral de vida, pela esperança escatológica do retorno imediato de Cristo e por seu amor aos perdidos como resultado do seu amor por Jesus, com estratégias missionárias bem definidas. Valeria a pena seguirmos o apóstolo com essa mesma perspectiva missionária? Certamente que sim. Pois é nesse contexto de missão que o intrépido sede meus imitadores como eu sou de Cristo encontraria, aqui, a sua melhor e mais completa aplicação. Se a igreja hoje imitasse Paulo como ele imitava Cristo, missões seriam o nosso maior projeto de vida.
Entendemos que para uma melhor compreensão da perspectiva missionária de Paulo era indispensável uma análise do conceito "apóstolo", visto que é o título que melhor designa a missão de Paulo, e por ele preferido. 
Achamos necessário também, ainda que tratado rapidamente, um apanhado de sua vida e do contexto de sua época para situarmos e entendermos melhor a missão dele. Mesmo em termos das viagens missionárias de Paulo em Atos dos Apóstolos, muita coisa os eruditos disseram e têm a dizer. Nosso propósito foi dar apenas um resumo dessas viagens conforme registradas em Atos.


APRENDENDO COM JESUS




Os amigos do Noivo 

Jesus certamente viveu mais cônscio do mundo no qual ele andava do que qualquer outro homem antes dele. E de tudo que o rodeava ele tirou ricas metáforas, que fizeram dele um tão irresistível ilustrador e mestre.
 
                    O Senhor começou cedo, nos seus discursos públicos, a falar com conhecimento de pescadores, agricultores, pastores e comerciantes.

Ele tirou expressivas comparações do mundo dos reis e dos príncipes, dos servos e dos pobres, sacerdotes e publicanos, juízes e ladrões.

Ele encontrou lições na relva e nas flores, no vento e na rocha. Ele falou muito de vinhas e trigais, de joio, de espinhos e de cardos.

Ele conhecia bem o lugar da raposa e o caminho dos lobos e das ovelhas. E falou especialmente do lar, de sal e de lâmpadas, de cozinha e de limpeza, de festas e de casamentos, de pais e de filhos.

E suas palavras eram maravilhosas, pelo modo como tornavam a vontade do céu tão real e clara.
 
                    Muito do que Jesus disse tão expressivamente não estava nas parábolas clássicas, mas em dizeres e ilustrações que eram semelhantes a elas.

Muitas são simples metáforas passageiras que acrescentam clareza a um pensamento, um ensinamento. A primeira aparece no chamado do Senhor a quatro galileus para se tornarem "pescadores de homens" (Mateus 4:19).

O Sermão do Monte está literalmente cheio destas ricas analogias, comparações que fazem o pensamento virtualmente saltar da página.

É esta "parábola" de Jesus que queremos dar nossa atenção.

                    Os amigos do noivo (Mateus 9:15)

Subitamente, no meio da crescente popularidade do segundo ano de pregação do Senhor, de sucesso do grande ministério galileu, os sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas) interrompem sua história para nos dizerem que nem tudo vai bem. Em Mateus 9, Marcos 2 e Lucas 5, cada um começa pela primeira vez a falar da crescente oposição a Jesus nos meios judaicos influentes. Ele não se ajustava confortavelmente ao mundo tradicional deles. Seu ambiente e comportamento completamente não ortodoxos deixavam os líderes judeus muito desconfortáveis, mas sua proposta para .perdoar os pecados de um paralítico em Cafarnaum deixou a equipe de observadores enviados de Jerusalém quase apoplécticos! Aquilo era blasfêmia! (Mateus 9:1-8; Marcos 2:1-12: Lucas 5:17-26). Eles não podiam dizer mais nada, mas Jesus tinha curado completamente o homem diante dos próprios olhos deles!
 
                    As coisas não melhoram mais tarde, quando ele selecionou Mateus, o publicano, como um dos seus associados e então passou a tarde festejando alegremente com outros tipos também de má reputação (Mateus 9:27-32).
 
                    Foi ali, talvez perto da porta da casa de Mateus, que os fariseus, numa e estranha ligação com discípulos de João, perguntaram-lhe porque eles e os discípulos de João jejuavam enquanto seus próprios seguidores estavam festejando e regozijando (Mateus 9:14; Marcos 2:18; Lucas 5:33). Jesus respondeu que não era certo que os amigos do noivo lamentassem na festa do casamento enquanto o noivo estava com eles. Haveria tempo bastante para jejuar e ficar triste, ele disse, quando seu amigo fosse tirado deles.
 
                    Os fariseus e os discípulos de João tinham tentado julgar Jesus pelos seus próprios padrões. Quem deu a ele o direito de quebrar as conveniências? Que tipo de homem santo era este, que passava seus dias festejando? Precisa-se entender os discípulos do Batista. Com João definhando na prisão de Herodes, eles sem dúvida achavam jejuar mais apropriado do que festejar e talvez tivessem sido levados a admirarem-se da aparente despreocupação de Jesus. Os fariseus, por outro lado, eram apenas ritualistas despreocupados que tinham um hábito de procurar crédito com Deus duas vezes por semana (Lucas 18:9-12; a tradição dizia que Moisés subiu ao Sinai na segunda-feira e desceu na quinta-feira). Isso nada tinha a ver com seus corações ou as realidades espirituais de suas vidas. Seus jejuns, como aqueles dos antigos israelitas (Isaías 58:1-9), não tinham nenhuma ansiedade para com Deus.

                   Jejuar fazia algum sentido para os discípulos de João. A mensagem do seu mestre tinha sido um chamado ao arrependimento. Havia conforto nela, mas um conforto moderado. O reino do céu estava próximo, mas quem estava preparado para encontrá-lo? Era uma mensagem necessária, mas não era tudo o que o céu tinha a dizer.
 
                    E era inteiramente adequado que os fariseus jejuassem, pois o caminho do Senhor era para eles uma pesada carga a suportar. Eles certamente nada sabiam do que Jesus descrevia como "uma fonte a jorrar para a vida eterna" (João 4:14).
 
                    Mas estarem tristes não era direito para os amigos do Noivo. Jesus havia vindo para trazer plenitude de alegria (João 15:11). E era a alegria do maior casamento de todos, o casamento da terra e do céu! Chegaria o dia quando haveria necessidade de dizer aos seus discípulos que jejuassem; a tempestade que tiraria o Noivo deles já estava se formando. Mas até mesmo isso não seria capaz de afastar a profunda paz, a alegria exultante que ele lhes tinha dado (João 14:27-28; 15:11; 16:21-22). A festa de casamento recomeçaria finalmente numa explosão de triunfo, começando com um túmulo vazio e terminando com um esplendor de glória eterna (Apocalipse 19:6-9; 21:1-4). Cristãos, regozijem!
   


APRENDENDO COM JABES

  APRENDENDO COM JABES O m enino  p rodígio da  g enealogia!   Alguém já disse certa vez que existe muito pouca diferença entre as pessoas –...