quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

APRENDENDO COM PAULO (PARTE 41)


A PERSPECTIVA MISSIONÁRIA DE PAULO - I
I – Introdução
A vida de Paulo é uma riqueza sem fim. Para qualquer aspecto do ministério dele, que focalizarmos nosso olhar, não faltará material de pesquisa, seja para estudá-lo como teólogo, escritor, pastor e mestre, ou missionário. Embora, para este último caso, não exista ainda um bom acervo da missiologia de Paulo, sobretudo em língua portuguesa. É lamentável, porque Paulo, o missionário é, com certeza, uma das facetas mais importantes do apóstolo.
Não encontrei, em português, um livro sequer com o título de Paulo, o missionário. Em inglês existe apenas (até onde temos conhecimento) o livro Paul the missionary, de William M. Taylor, publicado pela Harper & Brothers Publishers em 1902. É verdade que existem livros e artigos, tanto em português quanto em inglês (alguns deles são citados neste ensaio bíblico-teológico), que tratam da obra missionária de Paulo como um todo, porém, somente o livro de Taylor traz em sua capa um título específico.
Neste meu estudo veremos como a teologia de Paulo subsidiava a sua missão, qual a natureza dessa teologia, como era feita, qual a influência de sua missiologia sobre ela e como o apóstolo entendia a dinâmica de sua missão no contexto de seu ministério apostólico. Além disso, quais eram as verdadeiras motivações missionárias dele? Eram tão somente teológicas, apocalípticas e escatológicas ou envolviam mais alguma coisa? E quanto à estratégia de trabalho, o apóstolo possuía alguma? Qual? Enfim, qual era a perspectiva missionária de Paulo?
A estas e outras perguntas tentaremos responder no decorrer deste estudo.
II – Estudo Gramatical
A palavra "missionário" não aparece na Bíblia. O termo equivalente no Novo Testamento é "apóstolo". Entretanto, não existe unanimidade entre os estudiosos quanto ao uso de apóstolos como sinônimo para "missionário". Everett Harrison (In EHTIC, 1988, p. 104), por exemplo, observa que não há justificativa para fazer de "apóstolo" o equivalente de missionário. Johannes Blaw (A Natureza Missionária da Igreja, 1966, pp. 77,8), por sua vez, reconhece que originalmente os termos "apóstolo" e "missionário" não eram sinônimos, mas depois houve uma mudança. Diz ele:
Antes de mais nada deve ficar entendido que a palavra "apóstolo", na sua origem e significação, não é sinônima de "missionário", no sentido comumente atribuído a este último termo. (...). Só depois da ressurreição (de Cristo) o título "apóstolo" toma a conotação especial de "missionário", de enviado às partes extremas da terra.
Concordamos com Blaw e, principalmente, com Timóteo Carriker (Missões na Bíblia, 1992, p. 120), por afirmar: O termo missionário vem do latim, que, por sua vez, traduz a palavra grega apostolos, a qual significa o enviado (1).
2.1 O significado amplo de apóstolos
a. No grego clássico
No grego clássico, o substantivo apóstolos aparece pela primeira vez na linguagem marítima, significando um navio de carga ou a frota enviada. Mais tarde passou a designar o comandante de uma expedição naval e também um grupo de colonizadores enviados para além-mar. Nos papiros podia designar uma fatura, ou mesmo um passaporte. Somente em duas passagens em Heródoto é que apóstolos significa um enviado ou emissário como pessoa individual. Os termos comuns são aggelos (mensageiro) ou keryx (arauto). O historiador Flávio Josefo usou apóstolos ao tratar de um grupo de judeus enviados para Roma (Ant. In NDTNT, p. 234).
Todos os empregos de apóstolos no grego clássico têm duas idéias em comum. 1) Uma comissão expressa e 2) Ser enviado para além-mar. Assim, conforme lembram Eicken e Lindner, o sentido da raiz, no caso do substantivo, é estreitado na sua definição (In DITNT, 1984, p. 234).
Acredita-se (2) que foi somente mais tarde, nos círculos gnósticos, que o termo apóstolos passou a transmitir o conceito oriental de emissários como mediadores da revelação de Deus. No gnosticismo o termo em questão podia ser empregado no singular (apóstolos) para se referir a um salvador celestial, ou no plural (apostoloi), para representar certo número de pessoas "salvadoras" ou "espirituais" (EICKEN & LINDNER, In DITNT, 1984, pp. 234,5).
b. Na LXX
Na Septuaginta (LXX), a versão grega do Antigo Testamento hebraico, o termo "apóstolo" não era usado no sentido técnico de designar alguém para um ofício "missiológico", mas sim, uma nomeação para se cumprir qualquer função ou tarefa que normalmente se definia com clareza. Isto explica, de certa forma, porque o verbo apostélloo e não o substantivo apóstolos é empregado quase que exclusivamente no AT. O verbo apostélloo não se encontra no Antigo Testamento no sentido de "ser enviado" para fazer missões, conforme aparece no Novo Testamento.
O judaísmo não conhece missões no sentido de oficialmente enviar missionários (Eicken e Lindner, In DITNT, 1984, p. 235). Isto não quer dizer que a Bíblia deixe de reconhecer a idéia de missões no Antigo Testamento. O que ocorre é que existe entre o AT e o NT, no que concerne à obra missionária, uma diferença de grau e ênfase, mas não de essência ou natureza da missão (3).
c. No Novo Testamento
Ao contrário da LXX, no Novo Testamento o substantivo apóstolos recebe uma ênfase toda especial. Aparece 6 vezes em Lucas, 28 em Atos, 34 em Paulo, uma vez em Hebreus, 3 vezes em Pedro, uma vez em Judas, 3 vezes em Apocalipse. Mateus, Marcos e João empregam a palavra uma vez cada em seus respectivos evangelhos. No NT, um apóstolo (no sentido técnico como o termo era usado, isto é, um enviado de Deus para anunciar as boas novas de salvação) era alguém que não só tinha visto o Senhor ressuscitado, mas que devia ser capaz de afirmar, fundamentando a sua afirmação, que havia sido chamado e designado de modo especial, diretamente pelo próprio Senhor, para ser apóstolo.
2.2. O significado restrito (4) de apóstolos
a. "apóstolos" em Paulo
Para Paulo, a vocação e comissão para o apostolado não eram através dos homens, "mas por Jesus Cristo, e por Deus Pai" (Gl 1.1 cf. Rm 1.5; 1
Co 1.1; 2 Co 1.1). Tal comissão veio através de um encontro com o Senhor ressurreto (1 Co 15.7; Cl 1.16), que pessoalmente entregou a ele a mensagem do evangelho (1 Co 11.23; 2 Co 4.6; Gl 1.12). O apóstolo pregou o evangelho a homens e mulheres como "embaixador" de Cristo (2 Co 5.20), não por capacidade inata do seu ser (2 Co 3.5), mas pela livre graça de Deus (1 Co 15.9,10; Ef 3.8).
Não fica claro em Paulo a quem ele considerava apóstolo. É evidente que ele se incluía no número deles, conforme afirma catorze vezes em suas epístolas. Pertenciam também ao grupo de apóstolos, na opinião de Paulo, Pedro (Gl 1.18,19), Júnias, Andrônico (Rm 16.7) e Barnabé (Gl 2.1,9,13). Alguns estudiosos, como D. Muller (In DITNT, 1984, p. 237), questionam se Paulo considerava Tiago, irmão do Senhor, como sendo apóstolo, argumentando que a expressão ei me ("senão") de Gálatas 1.19 é ambígua. Entretanto, Harrison (In EHTIC, 1988, p. 104) esclarece que
A explicação mais natural de Gl 1.19 é que Paulo está esclarecendo que Tiago, o irmão do Senhor, é um apóstolo, de conformidade com o reconhecimento que recebia da igreja de Jerusalém. Em harmonia com isto, em I Co 15.5-8, onde Tiago é mencionado, todos os demais são apóstolos.
Curiosamente Paulo nunca aplica o título de apóstolo aos Doze como grupo específico. Segundo D. Muller (In DITNT, 1994, p. 237),
não podemos ter certeza de que as características que Paulo atribuía aos apóstolos são necessariamente aplicáveis ao apóstolo do NT propriamente dito, ou se Paulo considerava que os Doze fossem apóstolos, e qual era o número dos apóstolos nos dias de Paulo.
É evidente que no conceito amplo que Paulo tinha do termo apóstolo, os Doze certamente estavam incluídos. Pelo menos em duas epístolas suas Paulo lança luz sobre esta questão. Em 1 Coríntios 15.5,7 ele diz: E apareceu a Cefas, e, depois, aos doze. Depois foi visto por Tiago, mais tarde por todos os apóstolos (grifo nosso). E em Gálatas 1.18,19: Decorridos três anos, então subi a Jerusalém para avistar-me com Cefas, e permaneci com ele quinze dias; e não vi outro dos apóstolos, senão a Tiago, o irmão do Senhor (grifo nosso).
b. Paulo como apóstolo
Os aspectos distintos do apostolado de Paulo foram a nomeação direta dele por Cristo (GI 1.1) e a designação feita a ele do mundo gentio como sua esfera de trabalho (At 26.17,18; Rm 1.5; Gl 1.16; 2.8). Seu apostolado foi reconhecido pelas autoridades em Jerusalém, de conformidade com sua própria reivindicação no sentido de ser classificado em pé de igualdade com os primeiros apóstolos. Apesar disso, nunca afirmou ser membro do grupo dos Doze (1 Co 15. 11), pelo contrário, mantinha-se independente. Era capacitado para dar testemunho da ressurreição porque a sua chamada viera do Cristo ressurreto (At 26.16-18; 1 Co 9.1).
Paulo considerava seu apostolado uma demonstração da graça divina, bem como uma chamada à labuta sacrificial, ao invés de uma oportunidade para se vangloriar (1 Co 15.10). Não dava nenhuma sugestão de que a posição especial de apóstolo o exaltasse acima da Igreja e que o distinguisse dos demais que tinham dons espirituais (Rm 1.11, 12; 1 Co 12.25-28; Ef 4.11). Sua autoridade não se derivava de alguma qualidade especial nele (1 Co 3.5), mas do próprio evangelho, na sua verdade e no seu poder para convencer (Rm 1.16; 15.18; 2 Co 4.2). Além disso, o chamado e missão de Paulo estavam tão ligados à sua vida, a ponto do apóstolo designar o evangelho de "meu evangelho" (Rm 2.16; 16.25; 2 Tm 2.8). Mas mesmo assim, procurava deixar claro quando estava dando a sua própria opinião (Cf. 1 Co 7.10-12).
Se quisermos um quadro completo do que o Novo Testamento entende por missão e evangelismo, basta observarmos o relato do apóstolo Paulo sobre a natureza de seu próprio ministério de evangelização (5).
III – Análise Histórica
3.1. A pessoa de Paulo
O divisor de águas na vida de Paulo foi o seu encontro com Jesus no caminho de Damasco. A vida do apóstolo, portanto, pode ser dividia em antes e depois de sua conversão.
a. Seu passado
Antes da sua conversão, Paulo era um judeu comprometido e zeloso com suas tradições. O orgulho de Paulo com a sua herança judaica (Rm 3.1,2; 9.1-5; 2 Co 2.22; Gl 1.13,14 e Fp 3.4-6) o levou a perseguir a comunidade cristã (Gl 1.13; Fp 3.6; 1 Co 15.8; v.t. At 8.1-3; 9.1-30).
Desde seu nascimento, por volta de 30 A.D., até seu aparecimento em Jerusalém como perseguidor dos cristãos, há pouca informação sobre a vida de Paulo. Sabe-se pelo testemunho dele mesmo que era da tribo de Benjamim e zeloso membro do partido dos fariseus (Rm 11.1; Fp 3.5; At 23.6). Era cidadão romano (At 16.37; 21.39; 22.25-28). Nasceu em Tarso, uma importante cidade localizada na Cilícia, na costa oriental do Mediterrâneo, a norte de Chipre e um notável centro de cultura e intelectualidade grega.
Estudiosos, como E. E. Ellis (In NDB, 1986, p. 1217), supõem que Paulo se tornou familiarizado com diversas filosofias gregas e cultos religiosos durante sua juventude em Tarso. Entretanto, Atos 22.3 parece indicar que Paulo apenas nasceu em Tarso e foi educado em Jerusalém. Eu sou judeu, nasci em tarso da Cilícia, mas criei-me nesta cidade e aqui fui instruído aos pés de Gamaliel, segundo a exatidão da lei de nossos antepassados, sendo zeloso para com Deus, assim como todos vós o sois no dia de hoje (grifo nosso).
Ainda jovem, Paulo recebeu autoridade oficial para dirigir uma perseguição contra os cristãos, na qualidade de membro de uma sinagoga ou concílio do sinédrio, conforme ele mesmo descreve em Atos 26.10 (e assim procedi em Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos principais sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e contra estes dava o meu voto, quando os matavam) e Atos 26.12 (Com estes intuitos, parti para Damasco, levando autorização dos principais sacerdotes e por eles comissionado).
À luz da educação e preeminência precoce de Paulo (cf. At 7.58; Gl 1.14), supomos que sua família desfrutava de alguma posição político-social. O acesso do sobrinho de Paulo entre os líderes de Jerusalém (At 23.16,20) parece favorecer essa suposição.
b. Sua conversão
Apesar de não existir evidências bíblicas de que Paulo conheceu Jesus durante Seu ministério terreno, seus parentes crentes (cf. Rm 16.7) e sua experiência com o martírio de Estêvão (At 8.1) devem ter produzido algum impacto sobre ele. A pergunta, e principalmente a afirmação de Cristo ressurreto, conforme registrada em Atos 26.14, dá a entender isso. E, caindo todos nós por terra, discursa Paulo perante o rei Agripa, ouvi uma voz que me falava em língua hebraica: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa é recalcitrares contra os agrilhões.
O Dr. Timóteo Carriker nos faz uma breve mas não menos importante observação quanto à conversão de Paulo. Diz ele:
A conversão de Paulo não era resultado de grandes sentimentos de culpa pelo pecado, como tipificado na tradição luterana. Alguns (como K. Stendahl) até preferem falar dum "chamamento" em vez de conversão, e observam que Paulo mesmo prefere esse primeiro termo. Dizem que Paulo não "mudou de religião", de judeu para cristão, mas que permaneceu judeu, qualificando sua fé como a de um judeu cristão (Missão Integral, 1992, p. 226).
Apesar desta observação, o próprio Carriker admite que ainda prefere usar o termo "conversão" para descrever o encontro de Paulo com Jesus, pois obviamente ele revisou radicalmente sua percepção sobre Jesus. Embora ele não tenha abandonado todos os elementos do judaísmo, alguns pontos fundamentais foram completamente reformulados. E ainda:
A sua experiência de conversão provocou uma revisão radical no seu estilo de vida e na sua visão do mundo. Passou de principal perseguidor a principal protagonista do movimento cristão primitivo; de "zeloso pelas tradições dos nossos pais" a "apóstolo dos gentios" (Missão Integral, 1992, p. 226).
Estou de pleno acordo com o autor.
Vale lembrar, ainda, que os três relatos da conversão de Paulo (Atos 9, 22 e 26) são importantes não somente pelo significado da sua conversão propriamente dita, mas também pela importância de se entender a pessoa de Paulo acerca de sua união com Cristo e de seu ministério entre os gentios.
c. Seu ministério
A partir do encontro com Jesus no caminho de Damasco, Paulo passaria de perseguidor a perseguido; de causador de sofrimentos a sofredor.
O Senhor resumiria, ao relutante Ananias, o árduo ministério de Paulo nesses termos: Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel; pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome [At 9.15, 16] (grifo nosso).
À parte de um intervalo no deserto da Transjordânia, Paulo passou os três primeiros anos de seu ministério pregando em Damasco (At 9.19; Gl 1.17). Pressionado pelos judeus de Damasco, o apóstolo fugiu para Jerusalém, onde Barnabé o apresentou aos irmãos duvidosos de sua conversão (At 9.26-28). Seu ministério em Jerusalém dificilmente durou duas semanas, pois novamente os judeus procuravam matá-lo (At 9.29). Para evitá-los, Paulo retornou à cidade de seu nascimento (At 9.30), passando ali um "período de silêncio" de cerca de dez anos.
Certamente este período é silencioso apenas para nós, pois Barnabé, ouvindo falar de sua obra e relembrando seu primeiro encontro com o apóstolo, solicitou a este que fosse para Antioquia da Síria ajudá-lo numa florescente missão entre os gentios (At 11.19-26). De Antioquia, Paulo e Barnabé foram enviados para socorrer os irmãos pobres da Judéia (At 11.29,30). Os dois permaneceriam juntos até a primeira viagem missionária.
3.2. O mundo no tempo de Paulo
No tempo de Paulo três povos contribuíram significativamente para a expansão do mundo de então, e em especial para a propagação do evangelho, a saber: os romanos, os gregos e os judeus.
a. O domínio romano
Uma das grandes contribuições de Roma nos tempos bíblicos foi a Pax Romana. As guerras entre as nações tornaram-se quase impossíveis sob a égide daquele poderoso império. Esta paz entre as nações favoreceu extraordinariamente a proclamação do evangelho entre os povos. Além disso, a administração romana tornou fácil e segura as viagens e comunicação entre as diferentes partes do mundo. Os piratas foram varridos dos mares e as esplêndidas estradas romanas davam acesso a todas as partes do império. Essas estradas notáveis realizaram naquela civilização o mesmo papel das nossas estradas de rodagem e estradas de ferro da atualidade. E elas eram tão bem vigiadas que os ladrões desistiam de seus assaltos. De modo que as viagens e o intercâmbio comercial tiveram um amplo desenvolvimento. NICHOLS comenta:
É provável que durante os primeiros tempos do Cristianismo o povo se locomovia de uma cidade para outra ou de um país para outro, muito mais do que em qualquer outra época, exceto depois da Idade Média. Os que sabem como as atuais facilidades de transporte têm auxiliado o trabalho missionário, podem compreender o que significava esse estado de coisas para a implantação do Cristianismo (História da Igreja Cristã, 1985, p. 7).
Seria praticamente impossível ao apóstolo Paulo, e a outros de seu tempo, espalhar o evangelho mundo afora como o fizeram sem essa liberdade e facilidade de trânsito possibilitadas pelo império romano.
b. A influência grega
Era típico do império romano não influenciar na cultura dos povos conquistados, por isso, no início da era cristã os povos que habitavam as regiões do Mediterrâneo já haviam sido profundamente influenciados pelo espírito do povo grego. Colônias gregas, algumas das quais com centenas de anos, foram amplamente disseminadas ao longo da costa do Mediterrâneo. Com seu comércio os gregos foram em toda parte. A influência deles espalhou-se e foi mais acentuada nas cidades e países onde se estabeleciam os mais importantes centros do mundo de então. A influência dos gregos foi tão poderosa que o período do domínio romano foi corretamente denominado de greco-romano. Quer dizer, Roma governava politicamente mas a mentalidade dos povos desse império tinha sido moldada fundamentalmente pelos gregos.
Contudo, uma das maiores contribuições gregas para o advento do cristianismo foi a disseminação da língua em que o evangelho seria pregado ao mundo pela primeira vez. Uma prova da extensão e da influência do grego está no fato de que a língua mais falada nos países situados às margens do Mediterrâneo era o dialeto grego conhecido por KOINÊ, o dialeto "comum". Era esta a língua universal do mundo greco-romano, usada para todos os fins no intercâmbio popular. Quem quer que a falasse seria entendido em toda parte, especialmente nos grandes centros onde o cristianismo foi primeiramente implantado. Os primeiros missionários, como por exemplo Paulo, fizeram quase todas as suas pregações nesta língua e nela foram escritos os livros que vieram a constituir o nosso Novo Testamento.
c. O povo judeu
Os judeus prepararam o "berço" do cristianismo, por assim dizer. Primeiramente porque anteciparam a vida religiosa em que foram instruídos o Senhor Jesus, os cristãos primitivos em geral e o apóstolo Paulo em particular (At 23.6; 26.5). Além disso, a expectativa messiânica e a preservação do Antigo Testamento pelos judeus foram fundamentais para a confirmação do evangelho. Vale lembrar que muitos gentios eram prosélitos ou simpatizantes do judaísmo, o que acabou se tornando um meio para se alcançar estas pessoas. Era o costume de Paulo ir às sinagogas com o objetivo de evangelizar esses gentios.
Talvez a maior contribuição que o cristianismo recebeu veio por parte dos judeus da dispersão. Esses judeus, espalhados pelo mundo em virtude dos cativeiros que sofreram, podiam ser encontrados em quase todas as cidades daquela época. Em qualquer canto em que estivessem preservavam a religião judaica e estabeleciam suas sinagogas. Em muitos lugares realizavam trabalho missionário ativo. Assim, ganhavam entre os gentios numerosos prosélitos, tornando conhecidos os ensinamentos judaicos.
A missão judaica foi uma precursora importante das missões cristãs porque espalhou, extensivamente entre os gentios, elementos básicos essenciais tanto ao judaísmo quanto ao cristianismo, como por exemplo a remissão de pecados na pessoa do Messias. Muitos gentios, pelo contato com os judeus, foram inspirados por essa expectação, ficando assim preparados para a aceitação de Cristo como o Salvador que havia de vir.


APRENDENDO COM SAMUEL (PARTE 6)


DIFERENÇA ENTRE SAMUEL
E
HOFNI E FINÉIAS

Hofni e Finéias eram Sacerdotes do Senhor e filhos de Eli.
Eram porém os filhos de Eli, filhos de Belial, pois não conheciam o Senhor.
Belial significa "Sem Valor, Imprestável”( Hebraico), mais que dá o sentido de "Iniqüidade".
 
Os filhos de Eli, eram homens maus, obreiros degenerados na casa de Deus, pois se aproveitavam da sua posição para obter ganho ilícito e praticar imoralidade sexual.

Seu pai, Eli, o Sumo Sacerdote, não os discipulou, nem os destituiu do Sacerdócio.

O pecado destes jovens era muito grande perante o Senhor, pois eles desprezavam a Oferta ao Senhor.

Samuel foi dedicado ao Senhor pela sua mãe Ana, que teve esta disposição e fé  mesmo antes do seu filho nascer, pois ela era estéril, não podia ter filhos, desde ai então, podemos ver um milagre e propósito de Deus na vida de Samuel desde o nascimento (I Samuel: 1:5).  Ana deve ser conhecida como exemplo da mãe segundo a vontade, pois desde o primeiro momento em que desejou ter um filho, ela decididamente e em oração, o apresentava a Deus.

Uma das diferenças é que Samuel foi ministrado e discipulado durante a sua infância e os filhos de Eli não, e outra diferença é que Samuel ministrava perante o Senhor sendo ainda jovem. (Vestia-se com éfode de linho - I Samuel: 2:18).
PV 22:6 -  Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele.

Deus tinha prazer na vida de Samuel pois em I Samuel: 2:21 a Bíblia diz que Samuel crescia diante do Senhor , enquanto que os atos dos filhos de Eli eram abomináveis para o Senhor, pois os seus testemunhos eram maus e o povo todo comentava das suas transgressões (I Samuel: 2:24).  JR 44:23 -  Porque queimastes incenso, e porque pecastes contra o SENHOR, e não obedecestes à voz do SENHOR, e na sua lei, e nos seus testemunhos não andastes, por isso vos sucedeu este mal, como se vê neste dia.

Hofni e Finéias endureceram o coração e pecavam abertamente e sem constrangimentos, dai a advertência de seu pai, Eli não teve efeito moral sobre eles.   Para eles, já passara o dia da salvação, estando pois destinados por Deus à condenação e à morte (Romanos: 1:21-32 e Hebreus: 3:10 e 26:31).  Iam morrer como resultado da sua própria e insolente desobediência e da sua recusa de arrepender-se.



RM 6:23 -  Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.

Samuel, além de crescer diante de Deus, crescia também diante dos homens, era um homem de testemunho valoroso.

Os desejos de Samuel eram desejos espirituais, e os desejos de Hofni e Finéias eram desejos pessoais e carnais ( I Samuel: 2:29 ) por isso, foram desmerecidos.

Eli foi um fracasso total na liderança espiritual da sua família e por conseguinte de Israel. Como pai, não instruiu seus filhos no caminho da justiça, quando estes seduziam as mulheres que serviam à porta do Tabernáculo (Vers: 22).  Eli não exercitou a vontade de Deus, nem a sua vontade própria e muito menos autoridade espiritual para afastá-los do ministério. (Deut.: 21:18-21), por causa disto, também Israel sofreu.

O fracasso de Eli, como pai e ministro do Senhor, resultou no seguinte :

-         O  relaxamento quanto ao ministério, relaxamento espiritual do povo de Deus e afastamento da Glória de Deus sobre Israel.
-         A Bíblia inteira destaca a necessidade de Santidade e do Temor a Deus, com seu padrão para quem lida com o seu povo. (I Timóteo: 3:1-10).
-         Como peso de Juízo, Eli e os seus descendentes foram afastados para sempre das funções Sacerdotais.  A infidelidade e imoralidade de seus descendentes os reprovaram permanentemente para a liderança espiritual e como exemplos de espiritualidade para Israel.

De contra partida, Samuel serviu com Sacerdote, Juiz e Profeta desde a mais tenra idade, Samuel foi instruído pelo Sumo Sacerdote Eli para o exercício dos seus Sagrados deveres.  Samuel mais tarde, sucedeu a Eli como Sumo Sacerdote.  Foi em tudo fiel a Deus em toda a sua vida.  Deste modo, Samuel prefigura o SACERDOTE PERFEITO " Jesus, O Messias” ( O Ungido – Salmos: 110 e Hebreus: 5:6 ).

Acima de tudo, o Sacerdote era chamado para ser fiel, isto é, para manter fidelidade irrestrita a Deus e à sua palavra.  Isso, nós entendemos que; Temos que ter total lealdade, devoção e fidelidade a Deus e a sua  palavra, recusando tudo o que possa distanciarmos de Deus e de seus caminhos.

Este é um exemplo para as nossas vidas, que, somente os que manifestam inconteste fidelidade a Deus devem ser líderes espirituais do seu povo (Mateus: 24:45 -             I Timóteo 3:1-13  e II Timóteo: 2:2).

Samuel foi confirmado pelo Senhor, tinha as Vestes Sacerdotais e não unção e vestes humanas, isto é, Ungido e escolhido por Deus e não por homens, isto faz muita diferença.

Deus vocacionou Samuel para proclamar sua palavra ao povo, para prover um exemplo de fidelidade à sua vontade, para chamar o seu povo ao arrependimento e à renovação e para agir como mediador entre Deus e o seu povo.

Em torno da pessoa de Samuel congregavam-se outros profetas, chamados a "Congregação de profetas”  (II Reis: 2:3-5 e 4:38) .   A escola de profetas em Ramá estava sob a direção de Samuel (I Samuel: 19:20-22), e através dele (Samuel) esses profetas se desenvolviam espiritualmente e eram ensinados a respeito da vontade de Deus para  Israel.    Embora Eli pudesse ser perdoado como pessoa, pela suas falhas, Deus não o restauraria, nem os seus descendentes, para o Encargo Sacerdotal. Nenhuma chamada para servir ao Senhor como obreiro pode ser tida como irrevogável (Romanos: 11:29).

Conclusão: Malaquias: 3:13 -18


ML 3:13 -  As vossas palavras foram agressivas para mim, diz o SENHOR; mas vós dizeis: Que temos falado contra ti?
ML 3:14 -  Vós tendes dito: Inútil é servir a Deus; que nos aproveita termos cuidados em guardar os seus preceitos, e em andar de luto diante do SENHOR dos Exércitos?
ML 3:15 -  Ora, pois, nós reputamos por bem-aventurados os soberbos; também os que cometem impiedade são edificados; sim, eles tentam a Deus, e escapam.
ML 3:16 -  Então aqueles que temeram ao SENHOR falaram freqüentemente um ao outro; e o SENHOR atentou e ouviu; e um memorial foi escrito diante dele, para os que temeram o SENHOR, e para os que se lembraram do seu nome.
ML 3:17 -  E eles serão meus, diz o SENHOR dos Exércitos; naquele dia serão para mim jóias; poupá-los-ei, como um homem poupa a seu filho, que o serve.

" Esta é a diferença entre Samuel, Hofni e Finéias”  ML 3:18 -  Então voltareis e vereis a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não o serve.

Que Deus nos abençoe.   Paz...


 Nilton Bernini

APRENDENDO COM JESUS


Jesus tinha cabelo comprido ?

APOLOGÉTICA

Não é uma questão importante ou significativa. De modo algum. Mas existe muita confusão sobre o assunto. Praticamente todas as representações de Jesus Cristo apresentam-No com cabelo com­prido. Mas ... vejamos a Bíblia e os relatos históricos.

Teria mesmo Jesus cabelo comprido ?

Somos muitas vezes confrontados (em livros, obras de arte, escritos, imagens várias) com expres­sões gráficas tentando representar a face física do Senhor Jesus Cristo. Sendo certo que este é um tema que muitas pessoas receiam em falar, devemos pôr um ponto de ordem, já que estão a denegrir o Nosso Senhor e Salvador. E isto porque todas as tentativas que existam de forma a querer representar a face do Senhor Jesus não passam disso mesmo: meras tentativas, já que ninguém sabe como Ele era fisicamente nem existem quaisquer vestígios pertencentes a Ele.


A visão do Senhor Jesus com cabelo comprido surgiu no século IV com o chamado "Santo Sudá­rio", um tecido onde está encrostada uma face que a Religião Católica fez convencer pertencer ao Senhor Jesus, de forma a qual amuleto servir de santuário para milhões de peregrinos e prosélitos vilmente enganados na sua ignorância.


Mas será que Jesus tinha mesmo cabelo comprido ? Vejamos a história e abramos a Bíblia. Sa­bemos que o Senhor Jesus viveu na terra de Israel, na altura sob o domínio do império Romano. Ora, o cabelo curto nos homens não é fruto da cultura moderna. Os livros de história e as estátuas dos legionários romanos mostram todos os homens com cabelo curto (bem curto, mesmo). Quem ditava a «moda» era o imperador e todos os imperadores e capitães romanos, antes e depois de Jesus, desde Júlio César a Trajano tinham cabelo comprido.

Antes do período romano, a cultura predominante na zona oriental do Mediterrâneo, incluindo a Judeia, foi a grega. Nos tempos do Senhor Jesus, grande parte da população judia era de cultura helénica e falava grego (João 12:20; Actos 6:1) - aliás, os livros do Novo Testamento estão escritos precisamente em grego. O estilo no cabelo era o mesmo, ou seja, curto. Basta ver as estátuas dos filósofos Aristóteles, Platão, Sócrates... alguns usavam barba, mas muitos outros não; todavia,o cabelo era sempre curto.

Relativamente aos judeus não helénicos, o Talmude judaico (anterior ao período grego) refere que «os sacerdotes devem cortar-se cada 30 dias». Estes judeus conheciam o mandamento de Eze­quiel 44:20: «As suas cabeças não raparão, nem deixarão crescer o seu cabelo». As estátuas e demais reproduções dos varões judeus nos tempos de Jesus mostram claramente que ninguém usava cabelo comprido.

Há contudo quem faça confusão por causa de Jesus ser nazareu. Jesus era nazareu porque era da cidade de Nazaré; não era nazireu, que é algo completamente diferente. Este termo (nazireu) prende-se com um voto perante o Senhor Deus quanto ao serviço e dedicação que alguns fizeram. Foi o caso, por exemplo, de Sansão (cfr. Juízes 13:5; 16:17). Aliás, os nazireus estavam sujeitos a regras muito estritas. E quanto a estas, cumpre notar que o Senhor Jesus bebeu vinho (Mat. 11;:19) e numa ocasião tocou num cadáver (Mat.9:25) e ambos estes actos eram proibidos aos que faziam voto de nazireu (Nm.6:3,6).

O cabelo comprido que alguns varões usam hoje é fruto da cultura moderna, de aversão a Deus e à sua natureza. Abramos a Bíblia em 1Cor. 11:14. Ali lemos: «não vos ensina a mesma natureza que é desonra para o va-rão ter cabelo crescido ?» Se Paulo assim escreveu era impossível Jesus ter cabelo comprido.
Os que faziam voto de nazireu deixavam crescer o cabelo em sinal de humildade e submissão. Era precisamente uma vergonha. Por isso, suportavam-na por amor a Deus. Devemos notar que quando terminava o período do voto, o nazireu devia cortar de imediato o seu cabelo (Números 6:18). Não é isto que vemos naqueles que nos dias de hoje deixar crescer o cabelo - geralmente para glória própria (vanglória) e exibicionismo.

NÃO. Jesus não tinha cabelo comprido. O seu aspecto era similar ao de qualquer judeu da sua época. Na noite anterior da Sua crucificação, veio uma multidão para o prender. Mas esta multidão não reconheceu quem era Jesus dentre os homens (Jesus e os seus discípulos) que ali estavam. Foi necessário Judas usar um sinal especialmente combinado para O revelar aos seus inimigos: um beijo na face (Mat. 26:48-49). Ele não teria necessidade de o fazer se Jesus tivesse um aspecto que o distinguisse dos demais.

Como cristãos, devemos rejeitar todas as formas que possam denegrir o Nome do Nosso Senhor e advertir aqueles que usam cabelo comprido da verdade de 1Cor.11:14. Façamo-lo !

UMA EXORTAÇÃO FINAL.

Muito me entristeço quando avisto um jovem do sexo masculino com cabelo comprido. É evidente que todas as pessoas têm liberdade para trajar e andar como quiserem. Mas a Bíblia diz: «não vos ensina a natureza que é desonra para o varão ter cabelo crescido». (1Cor. 11:14). Se és jovem, te dizes cristão e usas cabelo comprido, pensa no testemunho que estás a dar. É porventura uma aparência de bem ? Lê 1 Tessalonicenses 5:22, 23 - «Abstende-vos de toda a aparência do mal. E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda do Nosso Senhor Jesus Cristo».

APRENDENDO COM AMÓS (PARTE 13)


O Profeta Amós e a Religiosidade Estereotipada:

Recordemos um pouco o caso do Amós. O profeta Amós localiza bem o período de sua mensagem, indicando o reinado de Uzias em Judá e Jeroboão II em Israel. Uzias começou a reinar no ano 27 de Jeroboão (2Rs 15.1). Jeroboão reinou 41 anos (2Rs 14.23). Amós viveu num período de grande riqueza e, ao mesmo tempo imoralidade. Jeroboão conseguira restaurar as fronteiras do Reino do Norte; havia riqueza e abundância no seu reino, resultantes dos despojos de guerra e de negócios vantajosos feitos com Damasco e com principados ao norte e ao nordeste. Contudo, juntamente com a prosperidade – da qual a classe baixa não participou em nada –, havia um materialismo dominante, caracterizando-se pela exploração dos pobres e imoralidade, tentando aplacar a ira de Deus com cerimoniais vazios. [12]
A mensagem de Deus através do profeta é destinada mais especificamente ao Reino Norte, com capital em Samaria, comumente chamado de Israel (Am 7.11/1.1). Ela foi proferida pelo menos dois anos antes da sua redação; agora, após o terremoto predito, ele relembra o que aconteceu e mostra o que ainda está por vir. (Am 1.1; 2.13; 7.10; 8.8/Zc 14.5). O seu Livro foi escrito por volta do ano 760-755 a.C. A sua mensagem é um lamento pela situação do povo (Am 5.1-2). A métrica utilizada em seu registro, própria dos cantos fúnebres, testemunha a tristeza do poeta diante da mensagem que leva ao povo. [13] Amós era um homem simples, do campo, cuidava de bois e colhia sicômoros [14] (Am 1.1/7.14). Vivia em Tecoa, que ficava a 10 km ao sul de Belém, sendo uma região de pastoreio, privilegiada por montanhas com uma altitude de 850 metros.
Deus está profundamente aborrecido com o seu povo eleito; por isso o disciplinaria (Am 3.1-2). Amós descreve de forma vívida a situação de Judá e, principalmente de Israel. O ponto capital da questão estava no fato de que eles rejeitaram a Lei de Deus e não guardaram os Seus Estatutos; portanto não agiam retamente; transformaram a mensagem de Deus em algo amargo, atirando-a ao chão (Am 5.7/6.12): “...rejeitaram a lei do Senhor, e não guardaram os seus estatutos, antes as suas próprias mentiras os enganaram, e após elas andaram seus pais” (Am 2.4). “...Israel não sabe fazer o que é reto, diz o Senhor, e entesoura nos seus castelos a violência e a devastação” (Am 3.10).
Como resultado da desobediência à Lei de Deus, todas as relações estão transtornadas, marcadas pelo domínio do pecado:
a) Vida Familiar: Imoralidade: Pai e filho coabitando com a mesma mulher (Am 2.7).

b) Vida Social, Política e Econômica:

b.1) Juizes corruptos: Am 2.6-7; 5.12.
b.2) Injustiça de todo tipo: Am 5.7; 6.12.
b.3) Opressão: Am 3.9; 4.1/8.4-6; 5.11-12.
b.4) Exploração dos pobres: Am 5.11-12; 8.4-6.
b.5) Insensibilidade para com o sofrimento alheio: Am 4.1; 6.6.

c) Vida Religiosa:

a) As ofertas eram apenas mecânicas; não alteravam em nada o seu comportamento; eles apenas gostavam do ritual: Am 4.4-5.
b) Aborreciam a instrução: Am 5.10.
Aqui, vem o ponto capital: Não queriam ouvir a Palavra de Deus; para tanto procuravam corromper os mensageiros de Deus (Am 2.11-12; 5.10/ 7.14-16.). A Mensagem profética era entendida como conspiração (Am 7.10). O trágico de tudo isso, é que a mensagem que eles não queriam ouvir era justamente a que poderia salvá-los, porque Deus lhes falava através do profeta; no entanto, eles não queriam que este profetizasse: “Certamente o Senhor Deus não fará cousa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas” (Am 3.7). “Aborreceis na porta ao que vos repreende, e abominais o que lhe fala sinceramente” (Am 5.10).
Amós, fiel ao seu chamado, testemunha contra a tentativa do povo em silenciá-lo: “Mas o Senhor me tirou de após o gado, e me disse: Vai e profetiza ao meu povo Israel. Ora, pois, ouve a palavra do Senhor: Tu dizes: Não profetizarás contra Israel, nem falarás contra a casa de Isaque” (Am 7.15-16)(Ver Am 2.12).
Enquanto o povo não ouvia o profeta, alimentava-se de mentiras: (Am 2.4). Deus aponta para a insensibilidade espiritual do povo em se converter a Ele: (Do mesmo modo Ageu 1.9-11):
a) Fome não adiantou: Am 4.6.
b) Seca não adiantou: Am 4.7-8.
c) Praga não adiantou: Am 4.9.
d) Peste não adiantou: Am 4.10.
e) Catástrofe não adiantou: Am 4.11.
Deus diz que puniria o seu povo (Am 3.2,14); o abandonaria (Am 6.8). Ele não era subornável mediante cultos mecânicos que não alteravam em nada o seu comportamento; o povo apenas gostava do ritual (Am 4.4-5 5.21-23; Mq 6.6-8; Os 6.6/1Sm 15.22; Os 8.13).
O ritualismo vazio pode ser ilustrado na vida de Israel. Os povos costumam ter seus lugares sagrados, marcos de grandes acontecimentos ou da existência de grandes personagens. Para lá se dirigem objetivando prestar seu culto ou mesmo buscar inspiração. O povo de Israel também tinha esta prática; o livro de Amós nos fala de três lugares (Am 5.1-6):
a) Betel: Jacó teve uma visão de Deus e conclui dizendo que Deus estava naquele lugar (Gn 28.16). Aqui, Jacó saiu com uma nova perspectiva de vida amparada na promessa de Deus (Gn 28.13-15). Mais tarde, Jacó foi a Betel lembrando-se de que Deus se revelara a ele anteriormente (Gn 35.7) e agora, teve uma nova experiência; Deus lhe falara (Gn 35.15), mudou seu nome; ele já não mais se chamaria Jacó mas Israel (Gn 35.10). – Betel significava a presença de Deus e o Seu poder renovador.
b) Gilgal: Josué erigiu um monumento com doze pedras após atravessar a pé enxuto o rio Jordão. Também ali, os homens que nasceram no deserto foram circuncidados e o povo participou da páscoa (Js 4 e 5) – “Gilgal era o santuário que proclamava a herança e a posse da terra prometida de acordo com a vontade de Deus.” [15]
c) Berseba: Abraão fez aliança com Abimeleque e invocou o nome do Senhor. Abimeleque disse a Abraão: “Deus é contigo em tudo o que fazes” (Gn 21.22) – A Bênção de Deus.
Deus não deseja que o povo procure mecanicamente os lugares de culto, por eles mesmos corrompidos (Am 5.5/4.4), mas que O busque, para que tenham vida (Am 5.6). Buscar a Deus é o oposto a meras peregrinações a lugares sagrados, a santuários como em Betel, Gilgal ou Berseba (Am 3.14; 4.4-5; 8.14); estes santuários juntamente com o povo estavam sob julgamento.
Por causa de seus pecados, Israel seria destruído (Am 3.11-12; 5.3; 6.16), sendo levado cativo (Am 4.2-3; 6.7; 7.11,17). Israel deve se preparar para se encontrar com o Senhor, e prestar contas a Ele (Am 4.12-13). No entanto, a mensagem de Deus permanecia até o último instante conclamando o povo a uma atitude de arrependimento e de busca de Deus. A única solução para Israel estava na proclamação de Amós: “Buscai ao Senhor e vivei” (Am 5.6).
É necessário que não permitamos que uma religiosidade estereotipada caracterize a nossa vida; Deus deseja não que cumpramos simplesmente rituais; Ele quer que O busquemos. Os ritos só têm valor quando realizados conforme a Palavra e com sinceridade. A nossa única chance real de salvação é buscar a Deus.
Como vimos, o povo não queria saber da mensagem profética. No século XIX, Spurgeon, comentando sobre a relevância do sermão na adoração, escreve: “Ouvir corretamente o evangelho é uma das partes mais nobres da adoração ao Altíssimo. É um exercício mental em que, quando corretamente praticado, todas as faculdades do homem espiritual são chamadas à realização de atos de devoção. Ouvir reverentemente a Palavra exercita a nossa humildade, instrui a nossa fé, engolfa-nos em raios de fulgente alegria, inflama-nos de amor, inspira-nos zelo, e nos eleva até o céu.” [16]

3. Fidelidade X Popularidade:

No Livro de Amós vemos exemplificado o desprezo à profecia e, ao mesmo tempo, a fidelidade do profeta. Parece-me, no entanto, correto o comentário de Vincent quando declara que “A demanda gera o suprimento. Os ouvintes convidam e moldam os seus próprios pregadores. Se as pessoas desejam um bezerro para adorar, o ministro que fabrica bezerros logo é encontrado.” [17] É preciso atenção redobrada para não cairmos nesta armadilha já que não é difícil confundir os efeitos de uma mensagem com o conteúdo do que anunciamos: a pregação deve ser avaliada pelo seu conteúdo; não pelos seus supostos resultados. Esse assunto está ligado à vertente relacionada ao crescimento de igreja. Iain Murray está correto ao afirmar: “O crescimento espiritual na graça de Cristo vem em primeiro lugar. Onde esse crescimento é menosprezado em troca da busca de resultados, pode haver sucesso, mas será de pouca duração e, no final, diminuirá a eficácia genuína da Igreja. A dependência de número de membros ou a preocupação com números freqüentemente tem se confirmado como uma armadilha para a igreja.” [18]
A confusão entre conteúdo e resultado é fácil de ser feita porque, como acentua MacArthur: “O pregador que traz a mensagem que mais necessitam ouvir é aquele que eles menos gostam de ouvir.” [19] Portanto, a popularidade pode em muitos casos, ser um atestado da infidelidade do pregador na transmissão da voz profética. Lembremo-nos: “Toda a tarefa do ministro fiel gira em torno da Palavra de Deus – guardá-la, estudá-la e proclamá-la.” [20] e: “Ninguém pode pregar com poder sobrenatural, se não pregar a Palavra de Deus.”[21] Quanto mais confiarmos no poder de Deus operante através da Palavra, menos estaremos dispostos a confiar em nossa suposta capacidade. A nossa oratória pode e certamente não é totalmente adequada; no entanto, a Palavra que pregamos, jamais será ineficaz no seu propósito. Neste sentido, escreveu Chapell: “Quando os pregadores percebem o poder que a Palavra possui, a confiança em seu chamado cresce, da mesma forma que o orgulho em seu desempenho murcha. Não precisamos temer nossa ineficácia quando falamos das verdades que Deus revestiu de poder para a realização dos seus propósitos. Ao mesmo tempo, trabalhar como se nossos talentos fossem os responsáveis pela transformação espiritual, torna-nos semelhantes a um mensageiro que reivindicava mérito por ter posto fim à guerra, por haver ele entregue a declaração escrita de paz. O mensageiro tem uma nobre tarefa a realizar, mas porá em risco sua missão e depreciará o verdadeiro vitorioso se atribuir a si, façanhas pessoais. Mérito, honra e glória com relação aos efeitos da pregação pertencem apenas a Cristo, pois somente a Palavra produz renovação espiritual.” [22]
Lembremo-nos de que o pregador não “compartilha” opiniões nem dá suas “opiniões” sobre o texto bíblico, nem faz uma paráfrase irreverente do texto, antes, ele prega a Palavra. O seu objetivo é expressar o que Deus disse através de seus servos. Pregar é explicar e aplicar a Palavra aos nossos ouvintes. O aval de Deus não é sobre nossas teorias e escolhas, muito menos sobre a “graça” de nossas piadas, mas sobre a Sua Palavra. Portanto, o pregador prega o texto, de onde provém a verdade de Deus para o Seu povo.
No final, quando Cristo retornar, certamente Ele não se interessará pela nossa escola homilética ou, se fomos “progressistas” ou “conservadores” mas sim, se fomos fiéis à Palavra em nossa vida e pregação.
Insistimos: devemos estar sinceramente atentos ao que o Espírito diz à Igreja através da Palavra, a fim de praticar os Seus ensinamentos. E isto é válido tanto para quem ouve como para quem prega...
Por outro lado, aquele que prega deve ter consciência de que o púlpito não é o lugar para se exercitar as opiniões pessoais e subjetivas mas sim, para pregar a Palavra, anunciando todo o desígnio de Deus, sob a iluminação do Espírito. Alexander R. Vinet (1797-1847) definiu bem a pregação, ao dizer ser ela “a explicação da Palavra de Deus, a exposição das verdades cristãs, e a aplicação dessas verdades ao nosso rebanho.” [23] Sem a Palavra, o púlpito torna-se um lugar que no máximo serve como terapia para aliviar as tensões de um auditório cansado e ansioso em busca de alívio para as suas necessidades mais imediatamente percebidas. Ele pode conseguir o alívio do sintoma, mas não a cura para as suas reais necessidades.
Uma outra verdade que precisa ser ressaltada, é que apesar de muitos de nós não sermos “grandes” pregadores [24] ou existirem pregadores infiéis, Deus fala: A Palavra de Deus é mais poderosa do que a nossa incompetência ou a infidelidade de outros. Por isso, há a responsabilidade de ambos os lados: Quem prega, pregue a Palavra; quem ouve, ouça com discernimento a Palavra do Espírito de Deus. Recentemente li Chapell dizendo: “Os esforços pessoais dos maiores pregadores são ainda demasiado fracos e manchados pelo pecado para serem responsáveis pelo destino eterno das pessoas. Por essa razão Deus infunde sua Palavra com poder espiritual. A eficácia da mensagem, mais que qualquer virtude do mensageiro, transforma corações.” [25] À frente: “A glória da pregação é que Deus realiza sua vontade por intermédio dela, mas somos sempre humilhados e ocasionalmente confortados com o conhecimento de que Ele age além das nossas limitações humanas.” [26] Ainda: “Pode ser que você jamais ouça elogios do mundo, ou seja pastor de uma igreja com milhares de membros, mas uma vida de piedade associada a uma clara explanação da graça salvadora e santificadora da Escritura garantem o poder do Espírito para a glória de Deus.” [27]
Devemos ter sempre em mente que a pregação foi o meio deliberadamente escolhido por Deus para transformar pessoas e edificar o Seu povo, preservando a sã doutrina através da Igreja que é o baluarte da verdade. [28]

Conclusão:

A pregação é uma tarefa de ínterim; ela ocorre num locus temporal: entre a realidade histórica do Cristo encarnado e a volta do Cristo glorificado e, é nesta condição que ela se realiza e se desenvolve. [29] A Igreja prega a Palavra cumprindo assim o seu ministério ordenado pelo próprio Deus; para tanto ela se prepara da melhor forma possível, usando de todos os recursos disponíveis que se harmonizem com os princípios bíblicos, recorrendo de modo indispensável ao auxílio do Espírito na concretização de sua missão.








APRENDENDO COM JONAS (PARTE 09)


Jonas, o profeta missionário

Jonas 4: 1-11

Ao estudar o livro de Jonas, percebemos que fora escrito com o propósito de lembrar o alto valor da pregação missionária. Deus não quer que ninguém se perca, mas deseja que todos venham ao arrependimento, II Pd 3: 9.
O nome Jonas significa “pomba”. Nasceu em Gate-Hefer, perto de Nazaré. Portanto, Jonas era galileu, bem como Naum, Malaquias e Jesus. Profetizou no Reino do Norte durante a época de Jeroboão II, rei de Israel, no séc. VIII a.C. Predisse a expansão territorial conseguida por esse soberano, II Rs 14: 25-27.
A historicidade do livro de Jonas se comprova com II Rs 14: 25 e pela referência a Jonas feita pelo próprio Jesus em Mt 12: 39-41. Pelas características, o livro é de autoria do próprio Jonas que, à semelhança de Moisés, relata os acontecimentos com minúcias, procurando a glória de Deus e não a sua. Seu livro difere consideravelmente dos outros livros proféticos do A.T., visto que é inteiramente composto de narrativa.

Jonas foi chamado para pregar a Palavra de Deus em Nínive. Mas, a princípio fugiu. A fuga de Jonas não é diferente da atitude de muitos hoje. Israel tinha se afastado muito de seu chamado missionário original, pois deveria estar sendo uma luz de redenção para os povos, Gn 12: 1-3; Is 49: 6. Este livro é um sério apelo para a ação evangelística e missionária da Igreja, que foi chamada para proclamar a palavra.

I - O MUNDO CLAMA POR PROFETAS,  1: 1-2: 10

Nossa cidade, nosso país e o mundo clamam por pessoas que estejam dispostas a anunciar a Palavra e Deus quer levantar pregadores. Foi isso que ocorreu com Jonas.
a) O chamado - 1: 1-2 - O livro começa com um veemente chamado a Jonas e uma clara ordem para levar a Palavra à cidade de Nínive: “Levanta-te”. Nínive era uma grande cidade, capital da Assíria, às margens do rio Tigre, com uma população de mais de 120 mil pessoas, Jn 4: 11, conhecida pela sua corrupção, 1: 2.
O que desagradou o Deus de toda terra foi a “malícia que subiu” até Ele, 1: 2. Essa maldade  incluía a idolatria e a extrema brutalidade contra prisioneiros de guerra além de forte imoralidade.
b) Um missionário desobediente, 1: 3 - Desobedecendo ao chamado, em vez de ir a Nínive,  Jonas fugiu em direção a Társis. Como pode um homem imaginar poder escapulir dos planos do Senhor que tudo vê? Hb 4: 13.
c) Conseqüências da desobediência, 1: 4-17 - Obviamente a atitude de Jonas não ficaria sem retribuição:  Causou pavor e desespero aos marinheiros, 1: 4-11; provocou uma situação suicida, 1: 12-16; e ainda produziu o estranho acontecimento do grande peixe, 1: 17.
d) O clamor durante a calamidade, 2: 1-9 - A eficácia da oração tem sido comprovada nas mais diversas situações e Deus tem respondido a homens e mulheres que têm clamado dos mais variados lugares na face da terra, mesmo dentro do “ventre de um peixe”’, 2:  1. Deus miraculosamente manteve Jonas vivo por três dias no estômago do peixe. Por ser um fato verídico Jesus, usou o incidente do peixe que engoliu Jonas para ilustrar sua própria  morte, sepultamento e ressurreição, Mt 12: 39-41.
e) O arrependimento de Jonas, 2: 10 - Jonas viu que estava fazendo tudo errado, v. 9. Arrependeu-se, percebeu que agia como um idólatra (ou ateu) e retomou o caminho da obediência, I Sm 15:  23.

II - UM MUNDO CLAMANDO POR MISSÕES

A segunda parte do livro mostra um novo Jonas, arrependido e disposto a cumprir o mandado missionário.
a) O novo chamado, 3: 1-2 - Pela segunda vez o Senhor diz a Jonas “levanta-te”. Ele estava na praia, por certo ainda meio confuso com tudo que ocorrera, mas percebendo que não adianta fugir da obrigação de entregar mensagens duras. Os pregadores do Evangelho são semelhantemente convocados a proclamar todo o conselho de Deus, At 20: 27; II Tm 4: 2.  Devem pregar tanto a misericórdia quanto a ira de Deus; ou seja, o perdão e a condenação. Devem pregar de tal forma que as pessoas se voltem de seus pecados.
b) O missionário obediente, 3: 3-4 - Nínive era importante por abrigar mais de 120 mil almas; essa era a preocupação e o seu valor para Deus, 4: 11. A submissão de Jonas pode ser vista por expressões significativas, tais como:  “Levantou-se, ... e foi” , 3: 3; “começou Jonas a percorrer a cidade... e pregava”, 3: 4.
c) Conseqüências da obediência, 3: 5-10 - A pregação de Jonas produziu resultados e os moradores de Nínive arrependeram-se de seus pecados. Houve, por um certo período, um retorno ao monoteísmo.
Nessa fase aconteceram duas grandes pragas, nos anos 765 e 759 a.C., e um eclipse solar, em 763 a.C. Esses acontecimentos podem ter sido interpretados como sinais de julgamento divino e, portanto, preparado a cidade para receber a mensagem profética de Jonas. Como expressão visível de seu verdadeiro arrependimento, “eles jejuaram, vestiram-se de pano de saco”, 3: 5.
d) Lição e censura a Jonas, 4: 4-11 - Quando Deus agiu, salvando ninivitas, Jonas ficou contrariado, v. 8, porque pensou na segurança política de Israel. É como se o pregador colocasse seus interesses pessoais à frente dos interesses do reino de Deus. Foi preciso que Deus o levasse a sentir o valor de uma alma. Se Jonas creu ser razoável irar-se por uma planta com a qual não contribuiu em nada para sua existência, como não dar lado para compreender o tão grande e poderoso amor de um Deus-Criador, que fízera com carinho e doçura cada criatura que estava naquela metrópole?
e) Deus expressa seu amor por Nínive:
1) O amor do Criador por seus filhos, embora tenham eles vivido em pecado e rebelião contra suas Leis, vai além de qualquer amor ou sentimento humano, Rm 5: 8.
2) O amor de Deus pela humanidade estende-se para além de qualquer fronteira, até às pessoas perdidas em qualquer lugar. Esta verdade foi plenamente vista:  a) quando Deus enviou seu Filho Jesus para morrer por todas as pessoas, Jo 3: 16; e b) quando Jesus enviou os discípulos a todo o mundo para pregar o Evangelho e fazer discípulos de todas as nações, Mt 28: 18-20.
A vocação da igreja é missionária.


terça-feira, 7 de janeiro de 2020

APRENDENDO COM JESUS


A NOITE EM QUE JESUS ME RESTAUROU

JOÃO 21:15-19

INTRODUÇÃO
1. Os discípulos estavam pescando no mar de Tiberíades. Era uma pesca infrutífera (v.3).
2. Jesus se apresenta aos seus discípulos e sob o seu comando eles lançam novamente as redes e agora com grande sucesso.
3. Todavia, a pessoa que Jesus esta mais interessado em encontrar é Pedro:
Pedro o havia negado por 3 vezes na noite em que Jesus foi interrogado
Pedro era parte importante no plano de Jesus para a divulgação do evangelho após a sua partida
Pedro teria que passar pelo processo da restauração
4. Aprendamos junto com Pedro o processo de restauração.
I. JESUS RESTAURA O NOSSO AMOR
1. Pedro estava com os seus sentimentos confusos e provavelmente muito envergonhado por ter traído o seu amigo, principalmente depois de ter afirmado que por Jesus ele daria a própria vida (Jo 13:27).
2. Este assunto teria que ser resolvido antes da partida de Jesus e esta foi a ocasião encontrada por Jesus.
3. Por 3 vezes Jesus pergunta a Pedro sobre o seu amor por ele: Simão, tu me amas?
As atitudes anteriores de Pedro deixaram marcas profundas em seu coração
Jesus não tem duvidas de que Pedro o ama, mas será que Pedro estava consciente desta verdade?
4. Com medo de encarar a situação Pedro é rapido na sua resposta: Sim, Senhor tu sabes que eu te amo. Isto se repete segunda vez.
5. Na terceira tentativa Jesus consegue a atenção de Pedro e agora a resposta sincera do coração é dada: "Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo". Cristologia = quando Jesus disse que Pedro o trairia, provavelmente ele não deve ter acreditado.
6. Aprendemos aqui que Jesus não permite que um dos nossos fracassos venha a manchar o amor que ele tem por nós e amor que nós temos por ele.
Muitas vezes um atitude impensada que praticamos
Muitas vezes uma frase sem sentido
7. O verdadeiro amor vence todas as barreiras.
II. JESUS RESTAURA A NOSSA VOCAÇÃO
1. Pedro era ousado nas suas afirmações para com Jesus. Era um dos primeiros a se manifestar seja em dar a sua opinião, seja em proteger o Mestre.
2. Depois da traição, é certo que Pedro já não tem mais a mesma iniciativa, já não tem mais a mesma certeza de que a sua vida será usada por Deus para o ministério da colheita de vidas para o Reino.
3. O pecado tem a finalidade de nos afastar das mãos de Deus e produzir estragos em nosso ministério, em trazer duvidas quanto à nossa vocação.
4. Pedro pastoreia, apascenta as minha ovelhas. Estas palavras trazem de volta a esperança de que ele ainda poderia ser útil nas mãos de Jesus.
O amor de Jesus não permite que ele descarte um de seus amigos, mesmo que este o tenha traído.
O reino de Deus é diferente dos reinos deste mundo que vê as pessoas como produtos descartáveis e que ao menor erro são dispensadas.
O reino de Deus é uma fábrica de esperanças
5. Quantos que andam perambulando pelas igrejas ou mesmo quantos estão afastados da igreja porque um dia erraram e agora julgam que não são mais importantes para Deus.
6. Renova a minha vocação, deve o nosso querer diante de Jesus. A qualificação básica para o serviço é o amor.
III. JESUS RESTAURA O MEUS VALORES
1. Jesus havia ensinado muito dos valores do reino para os seus discípulos:
O maior é o que vos serve
Quem quiser ganhar a sua vida terá que perdê-la
Quem não se tornar como uma criança não pode entrar no reino de Deus
2. É possível que muitas destas lições passaram desapercebidas pelos discípulos.
3. Jesus tem agora a oportunidade derradeira de ensinar a Pedro sobre os custos do verdadeiro discipulado. Jesus coloca em perspectiva os valores do reino de Deus.
4. Jesus contrasta duas condições da humanidade: a juventude e a velhice. Jesus mostra a vida finita que esta destinada a todos os seres humanos: em última análise, Jesus esta dizendo a Pedro que ele morrerá também.
Tertuliano afirma que Pedro foi crucificado em Roma sob as ordens de Nero.
Eusébio reporta que Pedro solicitou ser crucificado de cabeça para baixo.
5. O que tem importância para Jesus é que tipo de vida a pessoa está levando, e esta vida tem que culminar numa morte que glorifique a Deus, como foi a própria vida de Jesus na terra.
6. A grande tragédia de muitos crentes é que nem mesmo quando morrem, Deus é glorificado.
7. A vida tem que ser vivida para glorificar a Deus e isto somente acontece quando eu sei quem eu sou e eu sei quem Deus é e o que ele requer de mim.
IV. JESUS RESTAURA A NOSSA AMIZADE
1. Finalmente, depois de ter o seu amor, a sua vocação e os seus valores restaurados, Jesus renova com Pedro a sua amizade e a sua disposição de ter Pedro ao seu lado.
2. "Segue-me" significa uma profunda amizade que não leva em conta os pecados de outrora. Todos foram perdoados por causa da graça infinda do Senhor.
3. Existe um significado no uso do verbo no tempo presente. "Continue a me seguir"
4. Pedro havia seguido o Mestre no passado, mas em muitas oportunidades ele não foi persistente. Agora, Jesus espera que este novo seguir adquira maturidade.
5. Jesus restaura hoje a quem desejar seguí-lo mais de perto.
CONCLUSÃO
1. Pedro escrevendo na sua primeira carta afirma que nós devemos desejar o genuíno leite espiritual para crescimento da nossa salvação, "se é que já tendes a experiência de que o Senhor é bondoso" (I Pd 2:3).
2. Jesus é bondoso. Pedro experimentou isto em sua vida. Experimentemos também nós!

APRENDENDO COM JABES

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