APRENDENDO COM PAULO
A ATITUDE DE PAULO PARA COM O SOFRIMENTO
ALGO SOBRE O QUE PENSAR
Por que os cristãos sofrem? Por que você tem sofrido?
Estas são questões profundas e legítimas. Muita gente tem feito estas perguntas no decorrer dos séculos
A Bíblia tem muito que dizer sobre o sofrimento e por que ele acontece. De fato, Paulo, em muitas ocasiões falou sobre este assunto. Em sua carta aos Filipenses, ele escreveu sobre seu próprio sofrimento e sobre o que aconteceu por causa dele.
UM EXAME DA CARTA DE PAULO ...
O Propósito
Que Paulo Vê Em Seu Sofrimento
1:12 Quero ainda, irmãos, cientificar-vos de que as coisas que me aconteceram têm antes contribuído
para o progresso do
evangelho;
Modos Pelos Quais o Evangelho
Progredia
1:13 de maneira que as minhas cadeias, em Cristo, se tornaram conhecidas de toda a guarda pretoriana e de todos os demais;
1:14 e a maioria
dos irmãos, estimulados no Senhor por minhas algemas,
ousam falar com mais desassombro a palavra de Deus.
1:15 Alguns efetivamente proclamam a Cristo por inveja, e porfia; outros, porém, o fazem de boa vontade;
1:16 estes, por amor, sabendo que estou incumbido da defesa do evangelho;
1:17 aqueles, contudo,
pregam a Cristo,
por discórdia, insinceramente, julgando suscitar tribulação às minhas cadeias.
1:18 Todavia, que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por pretexto, quer por verdade,
também com isto me
regozijo.
Outros Motivos
Pelos Quais os Cristãos Sofrem
A.
O Propósito Que Paulo Vê Em Seu Sofrimento
B. Modos Pelos Quais o Evangelho Progredia
1. Na comunidade paga
2. Na comunidade cristã
3. Na comunidade judaica
C.
A Atitude de Paulo em Meio ao Sofrimento
D. Outros Motivos Pelos Quais os Cristãos Sofrem
O QUE PAULO QUIS DIZER?
A. O Propósito Que Paulo Vê Em Seu Sofrimento—o Progresso do Evangelho
(FILIPENSES 1:12)
Os cristãos Filipenses
haviam-se preocupado extremamente com a situação de Paulo em Roma. Não há dúvida de que uma das perguntas candentes
que eles queriam fazer, quando
Epafrodito saiu a procurá-lo, relacionava-se com seu estado físico. E enquanto escrevia uma carta, que logo
seria levada por Epafrodito, Paulo referiu-se à pergunta dos Filipenses quanto ao seu
bem-estar: "Quero, ainda, irmãos, cientificar-vos" disse ele, "de que as coisas
que me aconteceram têm antes
contribuído para o progresso
do evangelho" (1:12).
Paulo, quando escreveu esta
carta, era um prisioneiro. Não resta dúvida de que ele escreveu a epístola aos Filipenses durante o período de dois
anos que permaneceu em sua própria casa alugada,
acorrentado a um guarda romano (Atos 28:16, 30).1
Note, porém, o propósito que Paulo via em sua prisão e conseqüente sofrimento. "Estou bem e ativo", escreveu
ele. "É verdade
que estou em cadeias e tenho tido muitas dificuldades, mas a coisa importante é que as pessoas
estão aprendendo de Cristo."
Que atitude fantástica! Paulo
tinha uma capacidade maravilhosa para ver um
propósito positivo em tudo o
que lhe sucedia. Ele poderia ter cruzado os braços e, por dois longos e agonizantes anos, ter-se enterrado na autocomiseração.
Mas Paulo não era assim. Ele viu uma oportunidade de ouro. Três dias depois
de acomodar-se em sua casa,
"convocou os principais dos judeus" (Atos 28:17). Quando chegaram,
ele repassou as circunstâncias que o levaram
à sua presente condição (w. 17- 20).
Eles se dispuseram, pelo menos, a ouvir o ponto de vista de Paulo, e nos
dias seguintes os líderes judaicos
voltaram para ouvi-lo explicar o Antigo Testamento e a vinda de Jesus Cristo, a esperança de Israel.
Alguns creram nele. Outros,
porém, rejeitaram sua mensagem.
Este foi o princípio
de um esforço evangelístico maravilhoso que se irradiou da casa-prisão de Paulo.
B. Modos Pelos Quais o Evangelho
Progredia
(FILIPENSES 1:13-17) Quanto tempo havia
Paulo passado na prisão quando escreveu esta
carta não o sabemos, mas fora suficiente para ter um forte impacto sobre
a cidade de Roma, e provavelmente
além dela. Seu claro testemunho de Jesus Cristo atingiu muita gente
em várias camadas sociais.2
1.
Na comunidade paga
Ao dar um exemplo de como o
evangelho havia progredido como resultado de
sua prisão. Paulo referiu--se primeiro
à comunidade paga; na realidade, o último grupo
com quem ele trabalhou. "De maneira que",
escreveu ele, "as minhas cadeias,
em Cristo, se
tomaram conhecidas de toda a guarda
pretoriana e de todos os demais" (Filipenses 1:13).
Quando os líderes judaicos vieram ouvir Paulo explicar por que se encontrava na prisão em Roma, numerosos guardas pagãos que
ficavam ao lado de Paulo vinte e quatro
horas por dia ouviram sua história várias vezes. Lucas relata: "Por dois
anos permaneceu Paulo na
sua própria casa. que alugara, onde
recebia a todos que o procuravam,
pregando o reino de Deus, e, com toda a intrepidez, sem impedimento algum,
ensinava as coisas referentes ao Senhor Jesus Cristo" (Atos 28:30, 31).
A história registra que havia
cerca de 9000 homens na guarda imperial em Roma. E difícil imaginar
que a maioria destes homens
tivesse ouvido falar da prisão
de
Paulo, mas não
impossível. Paulo era um caso especial. Até onde sabemos, ninguém antes fora preso
por causa de Cristo. Por roubos, assassínios. e outros crimes,
sim. mas não por
seguir um religioso que dizia ser Deus.
Isto era algo inusitado. Não há dúvida
de que se espalhou muita conversa acerca
deste pequeno judeu
que. com seu ensino, alvoroçava a comunidade judaica.
Não resta dúvida de que um guarda após o outro
deixava seu turno ao lado de Paulo, cocando a
cabeça e indagando a si mesmo o que tudo isso queria dizer Com o tempo,
um a um, muitos dos próprios guardas
provavelmente tornaram-se cristãos.
Mas a prisão singular de Paulo era comentada por mais gente do que os próprios
guardas: "as minhas cadeias . . .se tornaram conhecidas. . .de todos os demais" (1:13). Logo, grande multidão
de pessoas espalhadas por toda a cidade ouviu falar de Paulo. O nome de Cristo tornou-se um tópico comum
de conversa. "Quem é este Cristo?" seria e pergunta natural. "Ele deve ser uma pessoa muito fora de série para receber lealdade
tão grande", seria a conclusão
lógica. "Descubramos mais!" seria a reação
natural.
E concebível que os próprios
guardas cobiçassem a oportunidade de guardar
Paulo, apenas para acrescentar variedade e interesse ao que, de
ordinário, seria uma tarefa maçante.
Paulo estava emocionado com
estas oportunidades de falar de Cristo ao mundo pagão. Afinal de contas, era este o principal objetivo
de sua vida. Visto que muitos dos judeus
não responderam ao verdadeiro evangelho, Lucas relata. Paulo voltou-se uma vez mais para os gentios e pregou-lhes o
evangelho (Atos 28:25-30). Começando com os
guardas romanos, ele teve a oportunidade de falar de Cristo com muitos cidadãos romanos que vinham vê-lo—possivelmente por
curiosidade—e ouvir Paulo pregar o evangelho (v. 30).
2.
Na comunidade cristã
A prisão de Paulo também
estimulou outros cristãos de Roma a falarem acerca de Jesus Cristo. Quando ouviram falar da ousadia de Paulo,
começaram a "falar com mais desassombro a palavra de Deus" (1:14).
Algo dentro do homem reage à bravura dos outros. Lembro-me
de visitar o Forte Alamo, na cidade de Santo Antônio, no Estado do
Texas. Aí um pequeno grupo de homens
ficou sabendo que seu destino estava selado se permanecessem e lutassem contra o grande destacamento de soldados mexicanos que estava prestes
a avançar sobre
a pequena missão da igreja,
seu único refúgio.
O coronel W. B. Travis riscou uma linha no pó com sua espada,
desafiando os homens
a cruzá-la se quisessem ficar e lutar até à morte.
Todos, com exceção de um, aceitaram o desafio—até mesmo o coronel James Bowie, que se encontrava ferido numa cama de campanha.
"Carreguem-me para o outro lado da linha'1, gritou ele para seus companheiros.
Todos foram mortos, inclusive Bowie, que lutou contra o inimigo como melhor pôde de seu leito de morte.
Todos os verdadeiros norte-americanos
"lembram-se do Alamo". Mas. muitas
vezes, como cristãos, não nos lembramos dos que sofreram e morreram por
sua fé em Jesus Cristo.
3.
Na comunidade judaica
Há muitas opiniões quanto ao
que Paulo se referia, em 1:15-17. ao escrever a respeito dos que pregavam a Cristo "por inveja e porfia. .
. por discórdia, insincera- mente,
julgando suscitar tribulação às minhas cadeias". Quem eram estas pessoas
com motivos falsos?
Alguns crêem que estes eram os judaizantes. os "cristãos" que misturam a lei
com a graça.
Mas em outras ocasiões Paulo deu ênfase ao seu desprazer quando se pregava "um
falso evangelho" (Gálatas 1:6-9). Assim, não é do feitio de Paulo aprovar
o procedimento
dos judaizantes de Roma.
Outros crêem que ele se referia
aos crentes que tinham
"falsos motivos" quando
saíam para pregar a fim de causar perseguição a Paulo. Contudo, é
difícil imaginar crentes que
aumentariam o sofrimento daquele que lhes comunicou a mensagem de liberdade
em Cristo.
Outro ponto de vista é possível
e que, de fato, parece
fazer mais sentido.
Repito, um estudo
cuidadoso do relato de Lucas em Atos 16, quando comparado com Filipenses 1:12-18. parece apoiar a idéia de que estas pessoas eram judeus não convertidos.
Note que Paulo primeiro chamou
os líderes judaicos para virem à sua casa- prisão para ouvi-lo
interpretar o Antigo Testamento. Desde a manhã até a noite "lhes fez uma exposição em testemunho do reino de Deus, procurando persuadi-los a respeito
de Jesus, tanto pela Lei de Moisés,
como pelos profetas" (Atos 28:23). Alguns se persuadiram de que Jesus Cristo era o
verdadeiro Messias: mas outros "continuaram incrédulos". De fato, "havendo discórdia entre eles, despediram-se".
Este evento na vida da
comunidade judaica evidentemente desencadeou uma discussão calorosa entre seus líderes.
Com o número crescente de gentios que começou a voltar-se para o evangelho, é provável que logo eles se lançassem em uma campanha
maciça para sujar o
nome de Paulo.
Mas tinham de defrontar-se com
Paulo em seus próprios termos—Jesus Cristo!
Era ou não era ele o verdadeiro Messias? Era este o debate. E assim, em
"sentido contrário", os
judeus que não criam ser Jesus o Cristo, na realidade, tornavam-se instrumentos que ajudavam a demonstrar que ele era o Cristo; em sua inveja e rivalidade, em sua ambição egoísta e seus
motivos falsos, na verdade, eles pregavam a
Cristo enquanto tentavam desacreditar a Paulo.
Este não era um novo fenômeno
no Israel incrédulo. Aconteceu quando Cristo
esteve na terra. João registrou a história do cego de nascença que. de
fato, chegou à fé em Cristo por causa
dos argumentos judaicos contra Cristo (João 9). Parece, pois. que quanto mais os líderes judaicos de Roma
tentavam convencer o povo de que Jesus não
era o Cristo, tanto mais gente ficava convencida de que ele era!
B. A Atitude de Paulo Em Meio ao Sofrimento (1:18)
Paulo termina este parágrafo
dinâmico de sua carta aos Filipenses, com estas palavras: 'Todavia, que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer
modo, está sendo pregado, quer por pretexto,
quer por verdade,
também com isto me regozijo."
O evangelho progredia, e Paulo
viu este propósito positivo em seu sofrimento.
Talvez ele tenha visto mais resultados evangelísticos neste período de dois anos do que em
qualquer outro período de sua vida. Como poderia ele ficar triste e deprimido quando o mesmo propósito para o qual ele
nasceu estava sendo cumprido de uma maneira admirável?
D. Outros Motivos Pelos Quais os Cristãos Sofrem
Vários propósitos podem ser realizados quando os crentes sofrem.
1.
Comunicação do evangelho
de Cristo
Neste exemplo, o sofrimento ajudou Paulo a comunicar a mensagem de vida em Cristo, o que lhe deu esperança e alegria durante
sua prisão.
2.
Compreensão dos sofrimentos dos outros
Em outras ocasiões, Paulo compreendeu que seu próprio
sofrimento ajudá-lo-ia a ter simpatia
por outros que sofriam. Por sua vez, ele podia ajudar mais eficazmente os que estavam
perturbados, partilhando com eles o mesmo consolo
que havia recebido
de Deus (2 Coríntios 1:3-5).
3.
Produção da maturidade cristã
Tiago lembrou aos cristãos que o sofrimento, quando visto
adequadamente, pode produzir a maturidade. "Meus irmãos, tende por
motivo de toda a alegria o passardes por várias
provações, sabendo que a provação
da vossa fé, uma vez confirmada, produz
perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que
sejais perfeitos e íntegros, em nada
deficientes" (Tiago 1:2-4).
4.
Por causa de pecado pessoal
O escritor de Hebreus
lembra-nos que os cristãos às vezes sofrem por causa de pecado em suas vidas. Se somos filhos de Deus e somos
"maus". Deus, como pai amoroso,
nos disciplina—não com o fim de punir-nos, mas para levar-nos, com amor. de volta à comunhão com ele (12:5-10). "Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser
motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico
aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça" (12:11).
5.
Porque vivemos em um mundo contaminado pelo pecado
Hã também o sofrimento que
resulta do fato de vivermos num mundo poluído
pelo pecado. Às vezes acontece por causa de outras pessoas e está além
de nosso controle. Por exemplo, pais
insensíveis e egoístas ás vezes criam problemas para seus filhos,
causando muita perturbação emocional e até mesmo dano físico.
6.
Sofrimento que não podemos compreender
Há também um tipo de sofrimento
que não podemos compreender de modo nenhum.
É difícil perceber-lhe o motivo, muito menos o propósito. Jó passou por este tipo de experiência. Contudo, ele confiou em Deus mesmo quando os outros se haviam afastado
dele. até quando
sua mulher o aconselhou a amaldiçoar a Deus e morrer. Visto que Jó conhecia a Deus de uma maneira
pessoal, ele também sabia que além desta vida ele viria a compreender o significado de
sua experiência. Ele viu "significado" em seu sofrimento, embora este sofrimento tivesse de basear-se no
fato de que Deus, no final, esclarecerá todas as coisas
(Romanos 8:28).
7.
Levar o indivíduo à experiência da salvação
O sofrimento também
tem sido a oportunidade que algumas pessoas têm de convidar Jesus Cristo para ser seu Salvador. Sem chegarem ao
ponto da desesperança, pode ser que
elas jamais se tivessem voltado para Deus e pedido sua ajuda. É melhor sofrer
nesta vida do que passar toda a eternidade separados
de Deus!
UMA APLICAÇÃO
PARA O SÉCULO VINTE
Qual é minha atitude para com o sofrimento? Tento desenvolver uma atitude positiva para com ele, não importa qual seja sua causa? Ou gasto a maior parte do tempo sentindo pena de mim mesmo ou amargurando--me contra Deus e os outros? Procuro oportunidades de transformar meu fardo em bênção? Tento ver, pela fé, algum significado na experiência, ainda quando não consigo compreender claramente por que o problema existe, ou qual seja seu propósito específico?
Escolha uma circunstância em sua própria
vida que seja um fardo. Que significação possível, que o capacitará a
ser um crente mais maduro, você pode ver nesta experiência? Como pode você transformar esta situação negativa
em uma experiência positiva, na sua vida ou na vida de outra pessoa? Seja específico. Que passo você dará primeiro?