quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

APRENDENDO COM NOÉ (PARTE 5)

APRENDENDO COM NOÉ (PARTE 5)

A Nudez de Noé e a Maldição de Canaã
(Gênesis 9:18 – 10:32)

Introdução
A ordem de Deus para destruir os Cananeus tem incomodado igualmente crentes/cristãos e não crentes: 

Porém, das cidades destas nações que o Senhor, teu Deus, te dá em herança, não deixarás com vida tudo o que tem fôlego. Antes, como te ordenou o Senhor, teu Deus, destruí-las-á totalmente: os heteus, os amorreus, os cananeus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus, para que não vos ensinem a fazer segundo todas as suas abominações, que fizeram a seus deuses, pois pecaríeis contra o Senhor, vosso Deus. (Dt. 20:16-18)

Ainda que a matança dos Cananeus seja sempre um assunto que nos causará apreensão, Gênesis capítulo 9 nos dá uma compreensão maior do problema.
Você deve entender que esta ordem foi muito mais difícil para os antigos Israelitas do que para nós hoje. Se Deus não tivesse endurecido o coração dos Cananeus para que se recusassem a fazer tratados com Israel (Josué 11:20), Israel provavelmente não teria procurado obedecer tão agressivamente a ordem do Senhor para destruí-los.

Podemos falhar ao avaliar a situação que Israel encarava quando se preparavam para possuir a terra dos Cananeus: eles tinham pouco ou nenhum contato com esses povos pagãos. 

Os Israelitas teriam achado muito difícil compreender as razões para serem totalmente sem misericórdia com seus inimigos, os Cananeus. Gênesis capítulo 9 coloca o assunto na perspectiva certa. Ele explica a origem das nações com as quais Israel, de algum modo, deveria se relacionar ao longo da história. Em particular, este relato explica a depravação moral dos Cananeus que torna necessária sua exterminação.

Gênesis 9 é crucial também por outras razões. É uma passagem que tem sido muito empregada para justificar a escravidão e, em particular, a subjugação pecaminosa dos povos negros ao longo dos séculos. Dizem que a maldição de Cam está sendo simplesmente cumprida à medida em que os negros vivem para servir a outras raças, particularmente aos brancos. Como veremos, através de uma cuidadosa consideração de nosso texto, esta interpretação não pode ser sustentada.

A Maldição de Canaã 
(9:18-29)

Os versos que estamos considerando devem ser entendidos no contexto da seção em que nos encontramos. Gênesis 9:18 começa uma nova divisão que continua até o capítulo 11, verso 10. Moisés escreveu sobre o repovoamento da terra através dos filhos de Noé. Gênesis 9:20-27 explica o desdobramento da raça humana em três divisões por suas dimensões espirituais. Enquanto os Cananeus estão sob a maldição de Deus, Sem será a linhagem através da qual virá o Messias e Jafé encontrará bênção na união com a linhagem de Sem (e o descendente final, o Messias).

Cronologicamente, o capítulo 10 deveria se seguir à confusão de Babel (11:1-9). Esses versos no capítulo 11 explicam as razões para a dispersão das nações. O capítulo 10 descreve os resultados dessa dispersão. Mas o capítulo 10 é dado primeiro para permitir que a ênfase recaia sobre a narrativa da linhagem piedosa até Abrão.

Depois do dilúvio, Noé começou a lavrar a terra ao plantar uma vinha. O resultado de seu esforço foi o fruto da videira, vinho. Apesar da primeira menção de vinho não ser sem uma conotação negativa, não devemos concluir que, devido a este abuso, a Bíblia consistentemente ou sem qualquer exceção, condene seu uso (cf. Dt. 24:24-26, I Tm. 5:23).

Muitos ficam incomodados ante a deplorável condição de Noé, o homem que antes do dilúvio foi descrito como um “homem justo e íntegro entre seus contemporâneos” (6:9). Alguns sugerem que a fermentação talvez não tenha ocorrido senão depois do dilúvio, e que Noé estava simplesmente sofrendo o resultado inconseqüente de seus esforços inventivos.

Ainda que não devamos procurar desculpar Noé, precisamos reconhecer que Moisés não enfatizou a culpa de Noé, mas, sim, o pecado de Cam. Alguns sugerem vários tipos de males que tiveram lugar na tenda de Noé. Enquanto a linguagem empregada pode deixar espaço para certos pecados sexuais (cf. Lv. 18), pessoalmente não encontro nenhuma razão para presumir qualquer má conduta por parte de Noé, além da indiscreta bebedeira e sua conseqüente nudez. Talvez a melhor descrição para a conduta e condição de Noé seja a palavra “impróprio”.

Fico impressionado com a maneira pela qual Moisés se refere a este incidente, com um mínimo de detalhes e descrição. Ter escrito qualquer coisa a mais teria sido perpetuar o pecado de Cam. Holywood teria nos levado para dentro da tenda de Noé numa ampla tela em Technicolor. Moisés nos deixa de fora junto com Sem e Jafé.

Parece que Cam e seus dois irmãos foram alertados sobre a condição de Noé a fim de que todos os três ficassem do lado de fora da tenda: “Cam, pai de Canaã, vendo a nudez do pai, fê-lo saber, fora, a seus dois irmãos.” (Gênesis 9:22).

Enquanto Sem e Jafé se recusaram a entrar, Cam não teve reservas para entrar na tenda. Qualquer que tenha sido a falta de Noé, ele estava dentro de sua própria tenda, em privacidade (9:21). Essa era a maneira que Sem e Jafé queriam. Cam entrou, violando o princípio da privacidade; no entanto, não ajudou seu pai, mas se divertiu às suas custas.

Cam nada fez para preservar a dignidade de seu pai. Ele não cuidou para que Noé fosse devidamente coberto. Em vez disso foi para fora descrever vividamente a seus irmãos o desatino cometido pelo pai. Parece-me também que Cam talvez tenha encorajado Sem e Jafé a entrar na tenda e ver por si mesmos.100

A capa que Sem e Jafé usaram para não ver seu pai parece meio radical numa sociedade sexualmente permissiva. Por outro lado, nossas televisões nos têm dessensibilizado para a nudez ou grosseria. Não há nada que não seja anunciado, mesmo produtos que já foram considerados muito pessoais.

Colocando “a” roupa, com a qual Noé deve ter sido vestido, sobre seus ombros, eles entraram de costas na tenda. Sem olhar para seu pai, eles o cobriram e deixaram a tenda.

De manhã, quando Noé acordasse de sua bebedeira, saberia o que tinha acontecido. Não sabemos o que ele aprendeu com isso. Talvez estivesse consciente o suficiente para relembrar os acontecimentos da noite anterior. Uma coisa é certa - Sem e Jafé nada disseram a Noé, ou a qualquer outro. Desconfio que a estória foi bem divulgada ao redor do acampamento na manhã seguinte, e provavelmente, devido a Cam. Se Cam não hesitou em contar a seus irmãos, por que hesitaria em contar a todos?

Sem levar em consideração a fonte de informação de Noé, sua resposta teve amplas implicações. Canaã, o filho mais novo de Cam, foi amaldiçoado. Ele deveria ser o mais inferior de todos os servos101 de seus irmãos. Enquanto alguns entendem que “irmãos” do verso 25 se refira a seus companheiros, creio que se refere especificamente aos irmãos terrenos de Canaã, os outros filhos de Cam. Nesse sentido, a maldição de Canaã é intensificada nestes três versos. No verso 25, Canaã será subserviente a seus irmãos; nos versos 26 e 27, aos irmãos de seu pai, Sem e Jafé.

Visto dessa maneira, é impossível ver qualquer implicação desta passagem para a subjugação dos povos negros da terra. Cam não foi amaldiçoado nesta passagem, mas Canaã. Canaã não foi o pai dos povos negros, mas dos cananeus que viveram na Palestina e que ameaçavam os Israelitas.

No verso 26, não é Sem quem é abençoado, mas seu Deus: “Bendito seja o Senhor, Deus de Sem, e Canaã lhe seja servo.” (Gênesis 9:26)

Por isso, a linhagem piedosa devia ser preservada através de Sem. Foi dito que o Messias viria de sua descendência. A bênção não veio de Sem, mas através de Sem. A bênção flui de seu relacionamento com Yahweh, o Deus da aliança de Israel. E a servidão de Canaã é uma das evidências dessa bênção.

O Senhor fará que sejam derrotados na tua presença os inimigos que se levantarem contra ti; por um caminho, sairão contra ti, mas, por sete caminhos, fugirão da tua presença. O Senhor determinará que a bênção esteja no teu celeiro em tudo que colocares a mão; e te abençoará na terra que te dá o Senhor, teu Deus. O Senhor te constituirá para si em povo santo, como te tem jurado, quando guardares os mandamentos do Senhor, teu Deus, e andares nos seus caminhos. (Dt. 28:7-9)

Da mesma forma que a bênção de Sem consiste em seu relacionamento com Yahweh, Jafé será abençoado em seu relacionamento com Sem.

Engrandeça Deus a Jafé, e habite ele nas tendas de Sem; e Canaã lhe seja servo. (Gênesis 9:27)

Acredita-se que o nome “Jafé” signifique “engrandecer” ou “aumentar”102. Através de jogo de palavras, Noé abençoa Jafé ao usar seu próprio nome.103 A bênção de Jafé será encontrada em seu relacionamento com Sem e não independentemente. Esta promessa é afirmada mais especificamente no capítulo 12, verso 3: “Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.”

Deus prometeu abençoar a Abrão, e as outras nações nele. Todos que abençoassem Abrão experimentariam as bênçãos de Deus, enquanto aqueles que o amaldiçoassem seriam amaldiçoados. Outra vez, Canaã será sujeitado todas as vezes em que Jafé estiver unido com Sem.

Há uma clara correspondência entre as atividades de Cam, Sem e Jafé e as bênçãos e maldições que os seguiram. Sem e Jafé honraram a Deus quando agiram juntos para preservar a honra de seu pai. Cam desonrou tanto a seu pai quanto a Deus ao saborear a humilhação de Noé. Assim Cam foi amaldiçoado e Sem e Jafé foram abençoados numa unidade cooperativa.

A questão que deve surgir da maldição de Canaã é: Por que Deus amaldiçoou a Canaã pelo pecado de Cam? Além disso, por que Deus amaldiçoou os Cananeus, uma nação, pelo pecado de um único homem?

A explicação que parece responder melhor a estas questões é que as palavras de Noé não trazem somente bênção e maldição, mas profecia. Ainda que seja verdade que os pecados dos pais visitam os filhos, isto é só “até a terceira e quarta geração” (Êxodo 20:5). Se este princípio fosse aplicado, todos os filhos de Cam deveriam ter sido amaldiçoados.

Pela revelação profética, Noé previu que as falhas morais evidenciadas por Cam seriam mais amplamente manifestadas em Canaã e em sua descendência. Percebendo isso, vemos que a maldição de Deus recai sobre os Cananeus por causa da pecaminosidade prevista por Noé.104 A ênfase então recai sobre o fato de que os Cananeus seriam amaldiçoados por causa de seu pecado, não devido ao pecado de Cam. Acho que isto explica porque Canaã é amaldiçoado e não Cam, ou o restante de seus filhos.

As palavras de Noé, então, contêm uma profecia. Canaã refletirá mais amplamente as falhas morais de seu pai, Cam. E os Cananeus manifestarão estas mesmas tendências em sua sociedade. Por causa da pecaminosidade dos Cananeus prevista por Noé, a maldição de Deus é expressada. O caráter daqueles três indivíduos e seus destinos serão refletidos associadamente nas nações que deles emergirem.


O Rol das Nações
(10:1-32)

Muito trabalho já foi realizado sobre este capítulo, mas restringiremos nossos esforços aos pontos principais. Como já mencionamos, a confusão de Babel precede cronologicamente este capítulo.

A ordem em que Moisés tratou dos três filhos de Noé reflete sua ênfase e propósito. Jafé é tratado primeiro porque é o menos importante ao tema que está sendo desenvolvido. Cam é o próximo a ser discutido por causa da parte importante que os Cananeus tiveram na história de Israel. Sem é mencionado por último porque é o personagem principal do capítulo. Ele é aquele através do qual virá o descendente da mulher. A linhagem piedosa será preservada através de Sem.

O rol das nações indica uma seletividade que também serve ao propósito do relato. Somente aquelas nações que são descritas desempenharão um papel chave no desenvolvimento nacional de Israel na terra de Canaã.

Em geral, a identidade dos descendentes dos 3 filhos de Noé é conhecida. De Jafé vêm os indo-europeus, dos quais os mais conhecidos seriam os gregos. Mesmo a história secular helênica vê Iapetos como seu antepassado.105 Leupold nos diz:

... os descendentes de Jafé são vistos espalhados por uma área bem definida desde a Espanha até a Media e em linha reta de leste a oeste.106

A maioria de nós seria da linhagem de Jafé.

Cam foi o antepassado daqueles que construíram grandes cidades e impérios, incluindo a Babilônia, Assíria, Nínive e Egito. Pute, provavelmente, foi o pai dos povos negros. De Canaã vem aquelas nações que em geral são conhecidas como os cananeus:

Canaã gerou a Sidom, seu primogênito, e a Hete, e aos jebuseus, aos amorreus, aos girgaseus, aos heveus, aos arqueus, aos sineus, aos arvadeus, aos zemareus, e os hamateus; e depois se espalharam as famílias dos cananeus. (Gn. 10:15-18, cf. Dt. 20:17)

Seu território foi aquele próximo a Israel:

E o limite dos cananeus foi desde Sidom, indo para Gerar, até Gaza, indo para Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim, até Lasa. (Gn. 10:19)

Sem é o antepassado dos semitas. Precisamos ter cuidado em não confundir esta designação com os povos que falam as línguas semíticas. As línguas semíticas incluem tanto os povos de Sem como os de Cam.


Ross estabelece os descendentes de Sem como “... famílias que se expandiram desde a Ásia Menor até as montanhas ao norte da região do Tigre, ao U Sumeriano, ao Golfo Pérsico e finalmente até o Norte da Índia.”108

O descendente de Sem mais proeminente é Éber, o pai de Pelegue (10:25), antepassado de Abrão (cf. 11:14-26).

O propósito do capítulo 10 é bem sintetizado por Cassuto. Era:

(a) mostrar que a Providência Divina é refletida na distribuição das nações sobre a face da terra, da mesma forma que nos outros atos da criação e da administração do mundo; (b) determinar o relacionamento entre o povo de Israel e os outros povos; c) ensinar a unidade da humanidade pós-diluviana, a qual, como a raça humana antediluviana, era inteiramente descendente de um único par de seres humanos.109

Conclusão

Gênesis capítulos 9 e 10 foram vitais à nação de Israel uma vez que anteciparam a ocupação da terra prometida de Canaã. A maldição de Canaã explicou a origem da depravação moral dos Cananeus de seus dias. Mais do que qualquer outro povo, sua depravação sexual é comprovada pelas descobertas arqueológicas. 

Albright escreveu:

As comparações dos objetos de culto e textos mitológicos dos cananeus com os dos egípcios e mesopotâmios levam a uma única conclusão: que a religião cananita era muito mais centrada em sexo e suas manifestações. 

Em nenhum outro país foram encontradas tantas figuras de deusas da fertilidade nuas, algumas distintamente obscenas. Em nenhum outro lugar o culto às serpentes aparece com tanta força. As duas deusas Astarte e Anate são chamadas de “as grandes deusas que concebem, mas não dão à luz.110

Além disso, para explicar a razão para o extermínio dos cananeus, Gênesis 10 ajuda a identificá-los:

Ora os cananeus são relacionados, pois Moisés sabia que seriam muitas as associações de Israel com esses povos (cf. 15:16), e também Israel devia saber claramente quem era cananeu e quem não era, por causa de seu dever de expulsá-los da terra de Canaã (Dt. 20:17 e paralelos).111

Infelizmente, devemos perceber que Israel falhou em aplicar completamente o ensino desta passagem. Eles não destruíram totalmente os cananeus e por vezes se casaram com eles, para seu próprio prejuízo.

Há uma grande lição para nós nesta porção das Escrituras:
Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram. Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles; porquanto está escrito: O povo assentou-se para comer e beber e levantou-se para divertir-se. E não pratiquemos imoralidade, como alguns deles o fizeram, e caíram, num só dia, vinte e três mil. 

Não ponhamos o Senhor à prova, como alguns deles já fizeram e pereceram pelas mordeduras das serpentes. Nem murmureis, como alguns deles murmuraram e foram destruídos pelo exterminador. Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado. Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia. (I Co. 10:6-12).

Tenho penado sobre esta passagem porque, de certa forma, ela parecia não ter grande impacto sobre a minha vida. De repente ocorreu-me que a questão é justamente a história da nudez de Noé para os homens de hoje.

Temos muita dificuldade em ficar grandemente impressionados pelo fato de Noé jazer nu e bêbado em sua tenda. Afinal, alguns diriam: seu pecado feriu alguém? Sua nudez não ocorreu na privacidade da sua tenda? Ficamos mais surpresos com as medidas “extremas” tomadas por Sem e Jafé do que pela nudez de Noé, não?

Por isso, os estudiosos tentam encontrar um pecado mais chocante que tenha sido cometido dentro da tenda. Alguns sugerem que Cam presenciou a intimidade sexual de seu pai com sua mãe. Outros pensam que Cam praticou um ato homossexual com seu pai semi-inconsciente. Mas nada disso é dito pelo texto.

Nosso grande problema hoje é que quase não temos mais nenhum senso de identificação com as atitudes ou atos dos dois filhos piedosos de Noé, Sem e Jafé. Não sentimos vergonha, nem ficamos chocados com a notícia de Noé em sua tenda. E a razão é o verdadeiro choque da passagem: fazemos parte de uma sociedade que não se envergonha e não se choca diante da indecência moral e sexual. Virtualmente toda espécie de intimidade sexual é retratada nos filmes e nas telas da TV.

Mesmo condutas anormais e pervertidas se tornaram rotineiras para nós. Sem nenhum senso de decência as coisas mais íntimas e particulares são anunciadas diante de nós e de nossas crianças.

Você percebe qual é o problema? Não nos preocupamos com a nudez de Noé porque descemos tanto no caminho da decadência que dificilmente hesitaríamos diante do que aconteceu nesta passagem. 

Ora, meu amigo, se a condenação de Deus recaiu sobre os atos de Cam e daqueles que andaram em seus caminhos, o que dizer de mim e de você? 

Que Deus nos perdoe por estar além do ponto do choque e da vergonha. Que Deus nos livre dos pecados dos cananeus. Que Deus nos ensine o valor da pureza moral e a sermos cruéis com o pecado. Que nós possamos nos recusar a deixá-lo viver entre nós, como Israel foi ensinado neste texto.

Há também um outro nível de aplicação. A maioria de nós tende a pensar em piedade em termos dos pecados que cometemos ou evitamos. Este relato nos informa que um dos testes do caráter cristão é a nossa reação aos pecados dos outros. Cam, aparentemente, se divertiu com o pecado de Noé, em vez de ficar abalado por ele. Não é isso o que acontece em nossas salas de estar diante dos aparelhos de TV? Não vemos nenhum horror no pecado, mas humor.

Como iremos reagir aos pecadores hoje? Iremos matá-los como Israel matou os cananeus? O Novo Testamento nos dá claras instruções sobre esse assunto:

E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as. Porque o que eles fazem em oculto, o só referir é vergonha. (Ef. 5:11-12)

Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado. (Gl. 6:1)

Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados. (IPe. 4:8)

... salvai-os, arrebatando-os do fogo; quanto a outros, sede também compassivos em temor, detestando até a roupa contaminada pela carne. (Jd.1.23)

Diferentemente de Cam, devemos aplicar o princípio da privacidade que Paulo reiterou em Efésios 5:12. Alguns pecados não devem ser escrutinados. Não devemos explorá-los, e nem compartilhar o que sabemos com os outros. 

Este princípio, creio, foi seguido por Moisés pelo modo como ele registrou, brevemente e sem detalhes ou enfeites descritivos, o pecado de Noé e suas conseqüências. Muito é dito das conseqüências, mas pouco das circunstâncias. Vamos aprender com isso.

Repare que nesta passagem de Efésios somos ensinados a revelar as obras infrutíferas das trevas (4:11). Isto não deve ser feito por explorar o pecado ou por viver nas trevas, mas por viver como luzes, brilhando num mundo de escuridão.

... até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para o outro e levados ao redor por todo o vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. (Ef. 4:13-14)

O pecado é revelado pela justiça, não por falar das obras do mal.

Em Gálatas 6:1 somos ensinados a restaurar aquele que caiu em pecado. Aqui Paulo enfatizou a atitude madura daquele que se encarregaria desta obrigação. A pessoa deve ser habilitada com um espírito de brandura, alguém que também seja cônscio de sua própria fraqueza nessa mesma área.

Pedro nos ensinou que o pecado é melhor tratado quando é conhecido pelo menor número de pessoas. Amor não cobre pecados do jeito que vimos em Watergate. Aquilo foi um encobrimento. 

Procuraram manter as ações ilegais longe do escrutínio público. A cobertura sobre a qual Pedro escreveu é aquela que se esforça por manter o pecado na menor proporção possível, para que outros não sejam tentados ou atrapalhados pelo conhecimento dele.

Finalmente, Judas nos relembra do ódio que devemos ter pelo pecado e o desejo de santidade para permanecermos puros para a glória de Deus. Não devemos odiar o pecador, mas o pecado. Não devemos nos afastar daquele que caiu, mas arrebatá-lo do fogo.

Concluindo, encontro nestes versos 3 homens - Sem, Cam e Jafé, retratos dos homens na história da relação de Deus com os homens. Em Gênesis capítulo 12 encontramos a linhagem através da qual virá o Salvador sendo narrada da descendência de Abraão. Os homens serão abençoados ou amaldiçoados pela sua resposta a ele. (Gênesis 12:1-3)

No Calvário encontramos evidenciada a síntese do pecado do homem. Sem estava presente nos líderes religiosos judaicos que queriam o Messias morto e fora do caminho. Jafé estava presente nos Romanos que se uniram aos judeus para crucificar o Senhor da glória. E Cam estava presente em Simão Cirineu que servilmente carregou a cruz de Jesus (cf. Lucas 23:26).

Temos uma escolha a fazer, pois podemos experimentar as bênçãos de Jafé ou a maldição de Canaã. A descendência justa culminou com a chegada do Messias, o descendente da mulher (Gênesis 3:15), o descendente de Sem (Gênesis 9:26) e de Abraão (12:2-3). 

Em Cristo, pela fé e submissão a Ele como provisão de Deus para perdão e justificação aos pecadores, podemos experimentar a bênção de Jafé. Pelo desprezo e rejeição de Cristo - ao persistir em nossos pecados, ficamos debaixo da maldição de Canaã por toda a eternidade.

Possa Deus capacitá-lo a encontrar salvação e bênção em Jesus Cristo.




COMETÁRIOS: 
 
Alguns acusam Cam de praticar ato homossexual com Noé, enquanto este estava no torpor da bebedeira. Nosso texto diz que Cam “viu a nudez de seu pai” (verso 22). Ainda que a expressão “descobrir a nudez de outrem” possa ser um eufemismo para relações sexuais (cf. Lv. 18:6 e ss), esta não é a linguagem empregada em nosso texto. 

Além do mais, há em nossa passagem, um contraste entre Cam, que viu a nudez de Noé, e Sem e Jafé, que não viram (Gn. 9:23). A descrição de como eles voltaram suas faces para não ver a condição de Noé, implica fortemente em que ver, ou não ver, era a essência da situação. A sugestão de que Cam viu Noé e sua mãe no meio de uma relação sexual tem o mesmo ponto fraco.

A expressão “servo dos servos” (verso 25) é similar às expressões “Senhor dos senhores” e “Rei dos reis”. É uma maneira enfática de expressar soberania ou servidão extremas.

“Tanto estudiosos antigos quanto modernos explicam esta palavra com sentido de “engrandecer”, baseados em seu uso aramaico... e esta parece ser a interpretação correta.” U. Cassuto, Comentário do Livro de Gênesis (Jerusalém: The Magnes Press, 1964), II, pp. 168-169.

 Sem significa “nome” e é muito provável que seja um jogo de palavras também.

Esta é a conclusão de Leupold, que escreve “Mas, e quanto à justiça do desenrolar da história? Do nosso ponto de vista a maioria dos problemas já foi esclarecida. Entendemos “maldito é Canaã”, não “seja” (A. V.); e “ele será servo dos servos”, não no sentido optativo de “talvez ele seja”. O traço perverso revelado por Cam nesta história, foi, sem dúvida, visto por Noé como uma marca mais distinta em Canaã, o filho. 

O povo de Canaã revelará essa marca muito mais do que qualquer outro povo da terra. Predizer não envolve nenhuma injustiça. O filho não é punido pela iniquidade do pai. Sua própria desafortunada depravação moral, que ele revela e retém, é predita.” H. C. Leupold, Exposição de Gênesis (Grand Rapids: Baker Book House, 1942), I, p. 350.

“O primeiro ancestral desses povos foi Helena, que foi descendente de Prometeu, cujo pai foi um titã, Iapetos (Jafé).” Allen Ross, O Rol das Nações (dissertação de doutorado não publicada: Seminário Teológico de Dallas), 1976, p. 365, citando Neiman, “Data e circunstâncias da maldição de Canaã”, p. 126.


Fonte: Bible.org 

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

APRENDENDO COM ACABE

APRENDENDO COM ACABE

Deus rejeitou Acabe com orei. Este homem casou-se com uma mulher má e idólatra

2 Corintios 6:14

Este foi o casal das indignidades. Juntos estavam no poder e o povo sentia dificuldade para sobreviver

A idolatria corria solta por Israel na época de Acabe, e este senhor estava levando a nação para o desastre total

Deus levanta o profeta Elias para confrontar o casal que insistia com a idolatria

1 Reis 16:30

Acabe e sua esposa Jezabel se envolveram com maldade, idolatria, afastamento de Deus e o povo pereceu junto com eles

1 Reis 16:31-32

Deus sempre procurou levar as pessoas para longe da idolatria para que pudessem ter paz de espírito, foi assim que procurou alertar Acabe através de Elias, mas Jezabel fora-lhe péssima influência

Acaba só fez coisas ruíns e ainda por cima era totalmente manipulado por sua esposa idólatra

1 Reis 16:31-33

Acabe provocou a ira de Deus e passou a adorar outros deuses, tudo para acabar com o culto ao verdadeiro Deus

Foram devotos a Baal e espalharam uma falsa religião

Deus pesou a mão sobre Acabe que teve um final triste, Elias profetizou a morte do casal de forma trágica.

Acabe morreu numa batalha, vítima de uma flecha perdida e Jezabel jogada de uma janela pelos eunucos, morreu na queda, sendo comida pelos cães

Sem obediência a Deus não há final feliz, a pessoa sem Deus só desce na escala moral e espiritual

Obediência a Deus é o segredo do sucesso!

***

APRENDENDO COM DANIEL (PARTE 13)


Um Antigo Decreto de Morte

 

 “O meu DEUS enviou o Seu anjo e fechou a boca dos leões, para que não fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante dEle; também contra ti, ó rei, não cometi delito algum” (Daniel 6:22).


A história de Daniel bem poderia ser classificada como fazendo parte da ‘mitologia’ judaica. Mas ela é mais profunda. Para ser aceita como verdadeira precisa-se conhecer os propósitos e o poder de DEUS. Ela mostra algumas coisas importantes para nós, nesses dias finais. Ela demonstra principalmente que DEUS está no controle

Aí está o ponto central da história de Daniel na cova dos leões: a fidelidade de Daniel a DEUS.  

Quando DEUS livra seus SERVOS de alguma ameaça, sentimos o seu poder, mas quando Ele não livra, sentimos a sua presença junto com o sofrimento da perseguição ou da morte. 

Ou seja, você já ouviu sobre algum mártir fiel a DEUS que tenha morrido em angústia, berrando e se contorcendo de dor? Pelo contrário, mesmo no fogo, não gritavam nem amaldiçoavam seus inimigos, mas cantavam hinos ao Criador. 

Portanto, livrando-nos do mal, apenas percebemos a ação de DEUS, e por vezes, Ele se faz presente como no caso da fornalha; mas sendo mortos, sentimo-Lo agindo para que suportemos. Ninguém será submetido à prova superior a que possa suportar. É assim que DEUS age, Ele nunca nos deixa, por uma ou por outra via, Ele está conosco.

Características de um servo fiel

Pelos frutos os conhecereis” (Mateus 7:16)

Quando Babilônia caiu sob o poder dos Medo-Persas, Daniel estava com 80 anos de idade. Algo inacreditável aconteceu. É inacreditável por ser Daniel servo de um Reino não desse mundo, instrumento pelo qual DEUS interferiu diretamente no centro do poder de satanás nesse mundo, fazendo o que queria com o seu império. Era de se esperar que Dario, o medo, que cuidasse em encarcerar Daniel, que fora o principal conselheiro do poderoso Nabucodonosor, pelo qual este recebera revelações futuras sobre a seqüência dos reinos do mundo, e, principalmente, sobre quem teria, por final o poder nesse planeta. Jamais se ouviu algo semelhante na história, de um homem importante no império vencido se tornar requisitado pelo império vencedor. Afinal, o que Dario viu em Daniel?

O novo imperador viu pelo menos uma coisa: fidelidade. Não se pense que Dario nada soubesse a respeito de Daniel. A Bíblia não relata isso, mas em todos os tempos, como também hoje, os grandes conselheiros das nações tornam-se muito conhecidos no estrangeiro. Isso deve ter acontecido com Daniel, e esse era o seu testemunho. 

Muitos reis e imperadores de outras nações souberam do caráter de Daniel em Babilônia. Sabiam em especial que ele era um servo de outro DEUS, e não dos deuses de Babilônia. houve até decretos a esse respeito. Muitas pessoas importantes das nações ficaram sabendo do poder de Daniel dentro do poderoso império

E, certamente, pelas informações que a seu respeito tinham, o admiravam, e lhes era digno de confiança. Essa é uma lição para os nosso jovens que querem vencer profissionalmente: sejam como Daniel, e terão emprego garantido

Sabiam da fidelidade de Daniel a seu DEUS, e de como essa fidelidade jamais fora rompida, mesmo em condições de grave desafio. Portanto, pela fidelidade do servo do Altíssimo, o respeitavam, admiravam, e o tinham como pessoa que só falava a verdade, e que merecia consideração independente de que reino estivesse contratando seus serviços.

Além disso, o DEUS do Céu também o tinha como homem fiel, o que aprendemos das seguintes palavras: “és mui amado” (Dan. 9:23) “Tu, porém, segue o teu caminho até o fim; pois descansarás, e, ao Tim dos dias, te levantarás para receber a tua herança.” (Dan. 12:13). DEUS tinha um homem, e com apenas esse homem manteve sob controle dois impérios. O caráter desse homem influenciou no modo de administração do rei Dario, assim como alterou todo o curso do Império Babilônico. O que Daniel possuía de especial? Um caráter moldado por DEUS!

O complô contra Daniel (Dan. 6:5-9)

Se Daniel tinha ou não pecados, não se sabe. Pelo que obtemos da Bíblia, esse homem, desde sua infância, deve ter sido peculiar servo de DEUS, absolutamente fiel. Como diz a Bíblia, nenhum ser humano há que não seja pecador. Mas há os que são extremamente fiéis, como foi Enoque, e também Daniel. Esses homens e mulheres ligam-se de tal modo ao Criador que por Ele são transformados a ponto de chegarem muito próximos da perfeição. O apóstolo João também foi um caso assim.

Daniel era um caso estranho aos olhos dos grandes do império Medo-Persa. Sendo judeu, povo sob condição de exílio, tendo servido ao Império Babilônico, servindo a um DEUS diferente, merecendo a admiração do rei Dario, recebendo dele muito poder, não é de admirar que isso causasse ciúmes

Não era um dos deles, não adorava como eles, não era nem medo nem persa, mas um elemento estranho, e tão favorecido, mais do que todos os outros. Seria hoje, mal comparando, na vitória política da eleição para presidente de algum país, ser convocado pelo novo presidente para o cargo principal uma pessoa muito importante, mas do partido de natureza oposicionista e ainda de outro país. O que diriam os que apoiaram o novo presidente? Ficariam perplexos, e enciumados.

As demais autoridades do governo então procuraram encontrar alguma falha em Daniel para, por denúncia, o destituir (assim como hoje, em tempo de eleição, surgem muitas denúncias contra muitos candidatos, e eles geralmente possuem muitos pontos fracos). Nada encontraram, o homem era praticamente perfeito. 

Então tiveram uma idéia genial, infalível segundo imaginavam: criar um impasse para Daniel, colocando-o num brete, se saída visível. Não havia como encontrar algo nas atividades profissionais em Daniel, ele era eficiente, teriam que criar um impasse onde Daniel jamais mudaria. Seria um decreto que criasse uma dificuldade tal que jogaria Daniel contra o rei, criando uma situação sem saída: ou reverencia o rei, ou, desobedecendo, seria jogado aos leões. Parecia um plano perfeito, mas não contavam com o poder de DEUS.

A questão da oração (Dan. 6:10-18)

O que se debate nesse dia é: uma vez saído o decreto sobre adoração, deveria Daniel desse dia em diante fechar ou manter seu costume de orar com a janela aberta?

Daniel bem poderia ter fechado a janela, não mudaria sua relação com DEUS, nem diminuiria sua fé, nem isso seria alguma violação de princípios. Por que então ele não o fez? Aliás, Daniel poderia ter fechado a janela sempre que fosse orar, mesmo antes do tal decreto. Por que ele não agiu assim?

E, por que Daniel não fechou a janela após o decreto. É simples responder, isso de nada adiantaria. Naqueles lugares, quente como é, as janelas raramente são fechadas. Eles indagariam, por que, agora que saiu o decreto, Daniel, bem no horário da oração, passou a fechar a janela? É porque, com medo, covarde, diriam, está infringindo a lei do rei Dario, e continua secretamente adorando o seu DEUS. Chegaria à mesma conclusão que chegaram com a janela aberta. É que o decreto fora feito especificamente contra Daniel, e eles estavam o tempo todo de olho nele.  

Fizesse Daniel o que fosse, eles o pegariam, exceto se deixasse de adorar a DEUS por aqueles dias, e isso, sabiam eles, Daniel não faria. Era o que satanás queria, para derrubar o poderoso servo de DEUS. satanás queria mais, como propôs a JESUS, que o adorasse, queria também que Daniel, ao menos por 30 dias adorasse um ser humano. Mas no caso de Daniel, satanás queria ainda mais: deixando Daniel sem saída, ele teria, humanamente falando, apenas duas alternativas para viver – ou reverenciaria o rei, ou ao menos deixaria de adorar a seu DEUS. por uma ou por outra, Daniel cairia em tentação, e se separaria de DEUS. Ele, no entanto, foi fiel naquela crise, e DEUS também foi. Caso ele fechasse a janela, evidentemente, logo após fecha-la, entrariam em seu quarto para pegá-lo em “flagrante delito”. 

Portanto, Daniel, extremamente inteligente, raciocinando assim, concluiu que deveria manter as coisas como sempre foram. Ele sabia que DEUS, como das vezes anteriores, estaria a seu lado. E esteve com Daniel, como está com todos os que O servem, e estará, em especial, nesses dias finais.

Daniel na cova dos leões (Dan. 6:19-23)

Delatado ao rei, este percebeu que se tratava de uma cilada contra Daniel. Logo o seu fiel servo, o mais inteligente, que mais contribuía. Daniel merecia o respeito do rei pela sua avançada idade, humildade e dignidade, pois ele, Daniel, jamais se fez superior a ninguém, e jamais se via inferior a ninguém: a humildade e a dignidade na mesma pessoa. Era sábio acima dos demais, e nele se podia confiar.

Para não prejudicar a autoridade do rei, este agora viu-se na contingência de cumprir o decreto, devendo jogar Daniel na cova. Não o fez de imediato, tentou por todos os meios encontrar uma saída, mas deveria faze-lo naquele mesmo dia. Bem que lhe deve ter ocorrido de jogar aqueles homens maldosos na cova. Afinal, ele, o rei, fora por eles enganado. Mas com que argumentos? 

A cilada fora muito bem preparada. O rei procurou, talvez, reverter a situação de Daniel por alguém outro. Deve ter trabalhado para achar algum motivo naqueles homens e assim ao menos anular o decreto contra Daniel, jogando-os em seu lugar na cova. Mas, já quase ao final do dia, aqueles homens, confiantes em si e na vitória, retornaram ao rei, e exigiram o cumprimento do decreto do rei, fomentado por eles. Quanto mais nesse momento subiu a ira do rei contra aqueles homens, e nada encontrou para fazer contra eles. Assim, pesaroso e contrariado, teve que chamar Daniel e mandar joga-lo na cova.

O rei falou pessoalmente com Daniel, e naquele momento começou a desmascarar a intenção por detrás do decreto, que os maus homens tinham. Ele disse a Daniel, e muitos dali ouviram isso: “O teu DEUS, a quem tu continuamente serves, que ele te livre.” (Dan. 6:16). 

O rei estava irritado com a manobra política dos seus grandes, e declarou isso para Daniel, instantes antes dele ser colocado na cova dos leões. A declaração era como que um repúdio ao decreto por ele mesmo assinado, cujos motivos agora percebia claramente, uma declaração da superioridade do DEUS de Daniel. A questão dos maus assessores do rei não era homenagear o rei, mas eliminar Daniel.

Posto na cova, curiosamente nada ouviram de estranho, mas foram-se dali. Os inimigos de Daniel foram certamente fazer festa, o rei foi fazer jejum. A cova devia ser um buraco onde os leões chegavam, com uma abertura em cima, pois não ficou certo e não podiam saber se os leões o devoraram ou não. Só no dia seguinte, o rei foi até o lugar, mandou tirar a pedra, e chamou por Daniel. Então ele quase repetiu as mesmas palavras: “Daniel, servo do DEUS vivo, dar-se-ia o caso que o teu DEUS, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos leões?” (Dan. 6:20). 

O rei acentuava a questão da adoração de Daniel, e não o recriminava por isso. Isso demonstra que o rei Dario estava no mínimo contrariado com a atitude dos inimigos de Daniel. Da cova Daniel respondeu que o anjo de DEUS o livrara dos leões porque ele nada tinha feito contra DEUS nem contra o rei.

Então, mais que depressa o rei manda tirar Daniel do meio dos leões, e agora, não só irado como também coberto de motivos e razões, manda que atirem na cova aqueles homens que atentaram contra Daniel. Eles nem sequer chegavam ao chão, já os leões os destroçaram e devoraram.

Por que nesse caso DEUS livrou Daniel dos leões? Ainda esse homem deveria fazer muitas coisas. A sua carreira não havia terminado. DEUS ainda tinha novas profecias e outros detalhes proféticos para revelar por meio de Daniel. E, também, o novo império dos Medo-Persas deveria ser livre dos maus homens que se entregaram aos poderes de satanás.

Dario honra a DEUS (Dan. 6:24-28)

Bem cedo o rei Dario foi até a cova dos leões para ver o que se havia passado. O rei tinha esperanças de que Daniel estivesse vivo, protegido por seu DEUS, e queria isso. O rei fora enganado por homens maus, e estava sedento por fazer justiça. Sua expectativa era de que Daniel estivesse vivo. E, se Daniel fosse atacado pelos leões, o rei teria que manter a seu lado homens perigosos, capazes de trair a verdade. Como governar com gente assim por perto?

Chamando por Daniel, este, de dentro da cova, responde. Então a ordem é imediata, que o tirassem de lá. Mandou que às pressas trouxessem aqueles homens maus, incluindo suas famílias, e os jogassem na cova. Estes nem sequer tocavam o chão, já os leões pulavam contra eles, e os estraçalhavam. Era costume naqueles tempos eliminar toda a família de alguém que o rei queria castigar severamente. Isso aumentava a autoridade do rei, evidentemente, pelo medo do que ele pudesse vir a fazer. Nisso o rei estava errado, assim como estava errado o costume ou tradição dos reis daqueles tempos.

Então o rei baixou um decreto a favor de DEUS. Ora, DEUS não necessita de decretos, e nem Ele deve ser adorado pelo poder de decretos. Foi por decreto que os maus homens obrigaram as pessoas adorarem o rei, mas não devia ser assim para adorar a DEUS. É satanás que precisa ser adorado por força de lei, pois do contrário, na liberdade, as pessoas tendem a buscar o Amor, atendendo aos bons testemunhos dos que já O adoram. Dario impôs a todos que “tremessem e temessem” diante do DEUS de Daniel. 

Isso criou um clima ruim para DEUS, pois nesse decreto Dario O igualou aos demais deuses pagãos, que precisam desses decretos, ou cujos seguidores são obrigados a adora-los por decretos. Dario quis honrar a DEUS, e o fez a seu modo, a partir do que conhecia sobre reverência aos deuses pagãos. Nabucodonosor, anteriormente, também já fizera coisa semelhante. É tão errado impor a verdadeira adoração por força de lei quanto a falsa, embora a intenção de Dario fosse boa.

Mas há mais um detalhe nesse episódio que merece destaque: foi a vitória de Daniel. Este nada teve a ver com o decreto de Dario, nem com o exagero da pena sumária aplicada aos inimigos de Daniel, que se tornaram também inimigos do rei. Daniel garantiu a sua vitória desde o dia em que, recém chegado a Babilônia, decidiu firmemente não contaminar-se com as finas iguarias da mesa do rei

Antes disso, Daniel havia aprendido a ser fiel a DEUS, e em cada oportunidade crítica, sabia tomar a decisão correta. Ele foi o que hoje podemos dizer como sendo um pequeno remanescente dentro dos impérios inimigos, e que ali deu poderosos testemunhos sobre a verdadeira adoração. Na sua fidelidade DEUS impediu que satanás tomasse conta do planeta todo, assim como pela fidelidade dos remanescentes dentro do povo remanescente garante a existência de um povo que serve de marco do reino de DEUS na Terra, como sendo embaixadores de um reino, não escravos de um império dividido entre nações sempre em guerra entre si, destruindo-se na luta pela hegemonia.

Daniel desenvolveu, pela experiência com DEUS, uma experiência muito próxima a de Enoque, um caráter conforme DEUS deseja. Chegou ao ponto de receber uma mensagem de DEUS, uma revelação do anjo que assiste perante DEUS, que o Criador o amava muito. 

Num tempo de grave crise de adoração, tempo em que o povo de DEUS fora levado ao exílio, DEUS pôde contar com um campeão de fé. Parece que nos tempos difíceis sempre é assim, nesses tempos são poucos os que restam, mas entre esses poucos, encontram-se verdadeiros gigantes da fé. Assim foi Noé e Abraão, como Daniel. Tempos em que havia poucos fiéis, mas esses poucos podiam ser comparados a gigantes que jamais se dobravam perante outro deus, mesmo que sob iminente risco de tortura ou da vida.

Nos tempos finais, o remanescente será bem pequeno. Poucos serão os que se manterão fiéis ao lado do Criador. Mas, dessa vez, algo será diferente: esses poucos poderão ser milhares de homens e mulheres, e estarão espalhados pelo mundo todo, em todos os lugares. Eles concluirão o trabalho de proclamação do reino de DEUS. Eles terão poder especial par isto. O remanescente dos últimos dias não será apenas um punhado de pessoas como no tempo de Noé, de Abraão ou de Elias, ou de Daniel. Serão, proporcionalmente um pequeno número de pessoas, mas o suficiente para por elas DEUS, em poucos dias, anunciar este evangelho a todas as pessoas, então virá o fim.


A fidelidade de Daniel é hoje um requisito para cada servo de DEUS que realmente deseja permanecer em pé nos últimos dias. Daniel venceu em razão de uma decisão acertada quando ainda jovem: assentou não contaminar-se com os alimentos do palácio real de Babilônia

Daniel tinha a força intelectual para DEUS nele agir, e tornou-se muito inteligente e sábio, cada vez mais poderoso em se manter fiel a DEUS mesmo só num império hostil. Ele nunca deixou de ter DEUS a seu lado. E as vitórias de Daniel, bem como as de seus companheiros, foram de fazer tremer o império de satanás.

***

APRENDENDO COM BELSAZAR

APRENDENDO COM BELSAZAR (PARTE 2)

Surpresa na Festa

 

Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-O em todos os teus caminhos, e Ele endireitará as tuas veredas” (Provérbios 3:5 e 6)

Havia muitas festas entre os reis do mundo antigo. Os reis eram conhecidos por seus banquetes. As autoridades de todos os tempos, não só as antigas, gostam de “aparecer” perante os homens. Gostam de mostrar o seu poderio, sua capacidade e riquezas. 

Uma forma de fazer isto é por meio de festas, grandes festas. Aliás, não só os grandes agem assim, quase todos tem esse ponto fraco. 

Se nem ao menos os pequenos escapam da tentação de ostentar, o que esperar dos grandes. Se atentarmos para os dias de hoje, as festas não são longas como as dos tempos antigos, mas são caríssimas e fartas de pomposidade, onde se mostra o gasto de muito dinheiro. A simplicidade é privilégio de poucos, é coisa rara em nossos dias.

Pois o neto do rei Nabucodonosor, a quem chama carinhosamente de pai, deu uma festa nem assim tão grande, pois eram mil os convidados, e a festa era de poucos dias. Mas o que diferenciou essa festa foi a arrogância mística do rei. 

Ele decidiu fazer uma gozação contra o DEUS do Universo, que ele conhecia porque, como futuro rei, devia ter estudado, e muito bem, a história do império que herdava de seus antepassados. Sabia que Nabucodonosor lutara contra DEUS, perdera diversas vezes até que se entregou por completo a DEUS. 

Sabia que o reino não era eterno, e que passaria a outros. Mas, decidiu arrogantemente desafiar ao DEUS que seu avô já ousara desafiar, arriscando perder o reino, pois, conscientemente, cometia os mesmos desacatos de seu avô. 

O herdeiro do grande império babilônico para dominar o mundo todo caiu na armadilha da segurança e da confiança em seu próprio poder, e achava que estava garantido como rei de Babilônia. Assim mandou, em atitude de deboche contra o DEUS dos judeus, trazer alguns dos vasos sagrados para deles beber vinho, e com seus grandes, rirem desse DEUS. 

No momento em que estavam fazendo isso, a mão de DEUS escreveu na parede o decreto divino de que o seu reino já estava passando às mãos de outro poder, por ordem do DEUS de quem Belsazar estava ridicularizando. 

Sem que soubesse, em sua alegria de poderoso zombador, o inimigo já estava trabalhando para entrar na cidade e tomar-lhe o poder e a vida.  Quanta ignorância!

A escrita na parede (Dan. 5:1-9)

A festa transcorria ruidosamente. Dentro do palácio, só alegria sem compromisso com a realidade, mas com o álcool. Um jovem rei, sem experiência de vida, esbaldava a sua loucura, intemperança, irresponsabilidade e principalmente leviandade. Seu pai, o verdadeiro rei de babilônia, Nabonido, há pouco perdera uma batalha decisiva para deter o imperador Ciro de avançar sobre Babilônia. 

As forças inimigas aproximavam-se rapidamente da capital do império babilônico. E o rei herdeiro fazendo festa – típica coisa de pessoa nova sem capacidade de percepção dos perigos da vida. E não faltaram aqueles aproveitadores, que só apreciam barulho para a ele se unirem na intemperança e idolatria.

Em meio a bebedeira, o rei ousou desafiar o DEUS que convertera seu avô Nabucodonosor. Mandou que trouxessem os vasos sagrados que tempos atrás pertenceram ao templo de Jerusalém, e que Nabucodonosor sempre respeitara, mesmo nos tempos em que se achava maior que DEUS. Belsasar em sua desvairada loucura, transformou a festa de glutonaria e bebedeira em uma espécie de ritual em homenagem aos deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra que havia no palácio.  
Ele confiava nesses deuses, e resolveu desafiar o verdadeiro DEUS, de quem sabia muitas coisas, bebendo com seus grandes e as mulheres daqueles vasos, brindando aos deuses pagãos. Fez isso justamente no momento em que mais deveria ter recorrido ao DEUS que tem poder, quando a crise se aproximava

Nesse momento rejeitou ostensivamente ao DEUS de seu avô, e se lançou aos deuses do paganismo. Fez portanto duas coisas, formalmente demonstrou sua entrega e confiança em deuses feitos por mãos humanas e afrontou o DEUS de verdade, que é Criador, e que pode dar autoridade e pode tira-la.

A festa transcorria em meio aos ruídos da música, altos risos, piadas imundas, demonstrações e atos de sensualidade, um processo de franca degeneração moral. Ainda era uma espécie de culto imoral às divindades da mitologia babilônica. O barulho da festa estava alto demais para permitir a ação de qualquer bom senso, essa não era a hora para alguma reflexão e avaliação do que ali se passava. Todos queriam mais barulho, bebida, dança e a alegria do álcool no vinho.

Repentinamente, silenciosamente, aparece uma grande mão que se movimenta independentemente do que ali se passa. Logo todos vêem a mão que se aproxima da parede e, estendendo o dedo indicador, escreve. É o mesmo dedo que escreveu os Dez Mandamentos, agora estava escrevendo um decreto. É o dedo do DEUS de Quem estava zombando. Do grande barulho na sede do império de satanás, em instantes, o ambiente passa a um silêncio sepulcral. Nem ao menos uma palavra alguém ousa pronunciar. 

Todos dirigem seus olhares para os movimentos da mão e para as palavras que ela escrevia na parede. Era algo impressionante, e se espalhou um temor entre todos, principalmente no rei. Nele os ombros se soltaram, perdeu as forças, tremia de alto a baixo, batiam-lhes os joelhos um no outro, e a fala lhe desapareceu da garganta. Lentamente a mão escreveu quatro palavras incompreensíveis. 

Era tudo muito apavorante, e as consciências pelo que fizeram com os vasos retumbaram em repreensões íntimas. Parecia ser tarde, algo estranho e terrível parecia que estava por acontecer, e, aliás, já estava acontecendo do lado de fora dos muros, e até mesmo dentro dos muros. O rei Ciro com seus soldados já entrava na cidade, tendo desviado o curso do braço menor do riu Eufrates, e já se preparava para o assalto final.

O pavor estava em todos os rostos, e o rei sem poder pronunciar uma palavra. A escrita estava ali. A mão que escrevera desaparecera. Tentavam entender o que significava, mas era impossível. Longos minutos se passaram, e o rei só olhava para as palavras. Eram apenas quatro palavras, mas parecia terem um poder que não se poderia avaliar. Aos poucos, suado e tremendo, o rei se recupera. E, conseguindo falar, com dificuldade, dá em sussurros, uma ordem de perdedor: queria que os sábios interpretassem a mensagem que permanecia na parede. Mas o mistério se estendeu até que ali foi introduzido Daniel, o servo do DEUS do qual zombaram.


O conselho da rainha-mãe (Dan. 5:10-12)

A rainha-mãe era provavelmente a viúva de Nabucodonosor, pois ela conhecia detalhes a respeito de Daniel como quem deles tivesse participado intensamente, e demonstrou confiança nele como quem partilhasse da mesma fé. É de se esperar que a esposa de Nabucodonosor tomasse a mesma decisão de seu esposo. 

Quem sabe veremos, em breve, o casal de um dos mais famosos reis do passado, escalado por satanás para erradicar da terra os adoradores ao Criador, mas que se tornou um deles, juntamente com sua esposa. Terei um abraço também para eles, e a presença deles será motivo de emocionantes diálogos após a redenção.

A rainha-mãe não estava na festa, mas as concubinas do rei Belsazar sim. Também é de se crer que a idosa mulher se reservasse a não participar da orgia pagã após sua conversão. Mas ela entrou como uma poderosa autoridade de DEUS no momento da crise, e como verdadeira serva do Altíssimo, ousadamente desprezou os magos e encantadores e, não economizando elogios e virtuosidades a Daniel, anunciando-o como servo dos deuses santos (deuses santos, expressão comum em babilônia para se referir a DEUS acima dos deuses comuns), afirmando haver nele luz, inteligência e sabedoria dos deuses. 

Disse, recordando ousadamente, que Nabucodonosor o constituiu chefe sobre todos os sábios do império. Ela, com firmeza ordenou que Daniel fosse chamado pois garantia que ele daria a solução ao enigma.
Daniel foi chamado para se apresentar perante o rei. Ele já era um idoso homem, de porte nobre com a dignidade de quem serve ao DEUS Criador. 

Quando ele entrou, com seus brancos cabelos, todos os zombadores fitaram nele os olhos, na esperança de que dele viesse uma palavra de esperança de que aquelas inscrições não representavam o grave problema que parecia ser. O trecho que o homem de DEUS caminhou da porta da entrada do salão até perante o rei foi apreciado como o caminhar de um nobre, de um homem de outro planeta, de um homem poderoso, que merece respeito, sábio, naquele momento acima de todos os que ali estavam, acima inclusive do rei. Ali, embora apenas um homem, estava uma autoridade do Governo do Universo, um embaixador de DEUS. 

Naqueles momentos, Daniel era visto como um embaixador de um reino cujo Rei era o todo-poderoso Rei do Universo, o seu representante, alguém revestido de uma autoridade que merece cuidadosa deferência e obséquios de admiração: era um filho de DEUS!

Sem desculpa (Dan. 5:13-24)

Belsazar conhecia a história de seu avô Nabucodonosor. Conhecia o que lhe aconteceu ao ficar por sete anos como um animal. Ainda assim, ele, conscientemente, decidiu adorar a deuses pagãos, de ouro, de prata de bronze, de ferro, de madeira e de pedra. Ele sabia o erro que assim cometia, Daniel mesmo referiu-se a essa situação, dizendo: “ainda que sabias de tudo isto” (Dan. 5:22). Talvez Belsazar não conhecesse a Daniel de perto, mas sabia de seu poder, dos feitos e tinha conhecimento do poder do DEUS de Daniel. Daniel mesmo disse ao rei, antes de lhe revelar a escritura, que ele, sabendo de tudo isso, que ele se levantara contra o Senhor do Céu (Dan. 5:23). 

Isso significa que o rei, tal como fizera Nabucodonosor várias vezes, também decidiu desafiar e ofender o Rei Criador que possuía todo o poder sobre todas as coisas. E o desafio dessa vez foi o de zombar de DEUS por meio do uso dos utensílios sagrados do templo de Jerusalém, utilizados para o culto verdadeiro, que DEUS tinha intenção de fazer retornar para a Sua cidade. 

Belsazar resolveu debochar de DEUS utilizando esses utensílios em sua festa pagã misturada com cerimonial aos deuses feitos por mãos de homens, e que nada valem. Portanto, Belsazar, bêbado, sem noção do que fazia, sem ter ouvido seu avô, desconsiderando os fatos reais a respeito da adoração falsa e verdadeira, enfrentou o Criador, e arcou com as conseqüências. DEUS o avaliou, e o achou sem valor, para nada prestava, foi substituído por outro mais disposto a obedecer a DEUS.

Pesado e achado em falta (Dan. 5:25-29)
A escrita na parede, em aramaico, só as consoantes, não pôde ser lida pelos sábios de Belsazar. Mas Daniel, sem dificuldade as leu e deu a interpretação. De um tremendo susto o rei agora passa para uma realidade patética sem possibilidade de retrocesso, avançara o sinal e agora já estava condenado por si mesmo, pelos seus atos, e a sentença já estava em andamento. O que estava ali escrito?

MN = MENE = CONTADO (uma contabilidade dos feitos na vida)
MN = MENE = CONTADO (repetição solene, é muito importante)
TQ = TEQUEL = PESADO (avaliado, julgado)
PERES (ou UFARSIN) = DIVIDIDO (condenação, perdendo o reino para outro, ou, para dois outros)

Da história percebemos um fato curioso, os reinos que se sucediam, dividiam-se cada vez mais, até se fragmentarem por completo. É o destino do governo de satanás, que degenera cada vez mais, se fragmenta gradativamente, até se tornar insustentável. 

Por exemplo, o Império Babilônico foi uno, com um imperador, mas passou para um império composto de dois povos, os Medos e os Persas, um mais forte, outro mais fraco. Esse império passou para o poder da Grécia, cuja unidade durou pouco para dividir-se em quatro após a morte de Alexandre. Da Grécia passou para o Império Romano cuja unidade durou alguns séculos, mas no tempo de Constantino começou a dividir-se em dois, uma capital em Roma e outra em Constantinopla. Mais tarde, fendeu-se em dois impérios. 

O ocidental capitulou em 476, fragmentando-se depois em pedaços bem pequenos no tempo de feudalismo. Nesse tempo havia impérios na Europa, mas eram os senhores feudais que detinham grande parte do poder sendo os impérios fracos por esse motivo, e também fracos porque o cristianismo proclamou sua independência política e passou a dominar o estado, aliado a ele apenas para o subjugar. 

O Império Romano Oriental terminou com a invasão dos turcos, em 1453, e também se fragmentou em nações menores. Até os dias de hoje tem prevalecida a fragmentação do que há muitos séculos fora o grande Império Babilônico. 

Voltando ao assunto, o Império Babilônico, na pessoa do rei Belsazar, teve suas realizações contabilizadas, elas foram avaliadas e a conclusão foi de que nada valiam, tamanha a sua maldade. Belsazar tornou-se inútil à humanidade e inútil para DEUS, um estorvo para o governo do amor. Assim sendo, o reino foi tirado de Belsazar e foi entregue a outro rei, Dario, que encabeçava a união de dois povos, os Medos e os Persas. 

DEUS fez isso, ou seja, influenciou nos negócios dos seres humanos para que essa mudança ocorresse exatamente dessa forma. Ele o fez para o bem da humanidade, pois Babilônia já estava se tornando inconveniente do ponto de vista moral e religioso, precisava ser substituída por alguém mais atento às coisas do verdadeiro DEUS. E o que satanás pôde fazer para impedir? Nada!

A queda de Babilônia (Dan. 5:30 e 31)

Enquanto Belsazar bebia dos vasos sagrados, DEUS, que já sabia que ele faria isso, autorizou o exército dos Medos e dos Persas unidos a atacarem Babilônia. A condução da parte de DEUS foi tão eficiente que exatamente no mesmo tempo em que ocorria a festa de afronta a DEUS também o poder dos Medo-Persas faziam diques num dos braços do rio Eufrates, baixando a sua profundidade para que pudessem passar por ele homens andando. Assim eles passaram facilmente por baixo do largo muro que normalmente a água dificultaria em muito a passagem de homens, pois eles teriam que mergulhar por mais de dez metros com armas e tudo e aparecer do outro lado do muro, já dentro da cidade, para serem facilmente mortos assim que suas cabeças saíssem das águas. 

Mas aconteceu que os guardas da cidade também beberam, e estavam desatentos, e ninguém percebeu que um inimigo trabalhava do lado de fora dos gigantescos muros e os inutilizava por um ponto frágil, por onde passava parte do rio Eufrates. Centenas de trabalhadores foram colocando material para que a água do braço menor se desviasse para o braço maior do leito do rio, faziam isso possivelmente alguns quilômetros mais acima, no local da bifurcação (parte da cidade de Babilônia ficava numa ilha do rio), de modo que ninguém percebeu o que se passava, e também ninguém percebeu que a água estava baixando, pois, em festa, comiam e bebiam vinho. 

Em ostensiva afronta contra o Rei do Universo, as defesas de Babilônia se desfizeram diluídas em álcool exatamente por meio dessa afronta, e assim se fragilizaram, e abriram caminho para o inimigo os destruir em poucas horas, sem nenhuma resistência. 

Os poderosos muros para nada serviram, o inimigo entrou por uma brecha que jamais fora motivo de preocupação. Quem iria desconfiar que um exército entrasse pelo leito do rio?

A ação de DEUS no Império Babilônico fora dão incisiva e direta que Nabonido e Besazar deveriam ter cuidado em aprender dessa ação, para não cometerem a burrice de repetir os mesmos erros de Nabucodonosor.

No entanto não foi assim, mal o poder passa para Nabonido, e também para Besazar, que reinava na ausência de Nabonido que saía às guerras, os mesmos erros, e de modo mais acentuado, retornaram.

O reino, que insistia persistir no mal, deveria passar a outro mais atento às cosias de DEUS, e ficar nas mãos deste enquanto se mantivesse ao menos atencioso ao Rei do Universo, que dá ou que tira o poder. Belsazar foi julgado e foi achado em falta, ele não atentou a tudo o que sabia ser o Rei a quem devia seu título e poder. Foi despedido de seu cargo e seu reino foi entregue a outro.

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APRENDENDO COM JABES

  APRENDENDO COM JABES O m enino  p rodígio da  g enealogia!   Alguém já disse certa vez que existe muito pouca diferença entre as pessoas –...