quarta-feira, 12 de agosto de 2015

APRENDENDO COM DAVI (PARTE 12)


APRENDENDO COM DAVI (PARTE 12)

“Quem se importa com o lugar onde Deus vive? Certamente Ele é capaz de tomar conta de Seus próprios problemas. Temos nossas vidas para viver. Temos contas a pagar, crianças para educar e trabalho para fazer. Não temos tempo para nos preocuparmos com o lugar onde Deus irá morar”.

O Rei Davi, porém, tomou uma atitude diferente. Ele tinha um outro tipo de coração. Ele disse: “...não darei sono aos meus olhos e nem repouso às minhas pálpebras, até que eu encontre lugar para o Senhor, uma morada para o Poderoso de Jacó” (Sl 132:4-5).

Davi era um homem que tinha intimidade com o Todo Poderoso. Por causa dessa comunhão, seu coração começou a abraçar os desejos do Altíssimo. Ele começou a sentir as coisas que estavam no coração de Deus e a desejá-las também. Talvez por esse motivo, o Senhor o considerou como “um homem segundo o Seu coração” (At 13:22).

Davi foi um homem abençoado por Deus, em parte porque procurava as coisas que Deus desejava. Muitos crentes hoje não aproveitam essa bênção. Trabalham longas horas para pagar suas prestações e outras dívidas, mas parecem nunca chegar a um topo financeiro. Tentam se entreter com várias diversões, incluindo comidas e bebidas, mas não se satisfazem facilmente. Estão constantemente comprando novas roupas, mas isto também não parece ir ao encontro de suas necessidades emocionais.

“...considerai o vosso passado, diz o Senhor. Tendes semeado muito e recolhido pouco; comeis, mas não chega para fartar-vos; bebeis, mas não dá para saciar-vos; vesti-vos, mas não estais bem aquecidos e aquele que recebe salário o coloca num saco furado.”

“...considerai o vosso caminho. Procurastes por muito, mas na verdade alcançastes muito pouco e este pouco, quando o trouxestes para casa, Eu lhe assoprei para longe. Por quê? disse o Senhor dos Exércitos. Por causa da minha casa, que está deserta, e cada um de vós corre à sua própria casa.

Por isso, retém os céus o seu orvalho e a terra retém os seus frutos. E fiz vir a seca sobre a terra e sobre os montes, e sobre o trigo e sobre o mosto, e sobre o azeite e sobre tudo o que a terra produz, como também sobre os homens, e sobre os animais, e sobre todo o trabalho das mãos” (Ag 1:5-7 e 9-11).

Deus hoje está chamando homens e mulheres a se voltarem para Ele e trabalharem junto com Ele na construção de Sua morada eterna. Ele está procurando por aqueles que irão Lhe responder de todo o coração e dedicar-se ao Seu serviço. Ele está procurando aqueles cujos corações irão corresponder ao Seu coração.

Seja alguém induzido a compreender mais profundamente as coisas que estão no coração de Deus.


Então, poderá dedicar sua vida a construir a casa de Deus. Você pode ajudar a construir o Seu reino e transformar isso na prioridade de sua vida. Deste modo, certamente ira experimentar maravilhosas bênçãos em seu trabalho e também recompensas eternas quando Jesus voltar. 

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APRENDENDO COM ACAZ (PARTE 1)



APRENDENDO COM ACAZ - OS DESEJOS DO CORAÇÃO

Em 2 Reis, capítulo 16, temos a história de Acaz, que foi um dos reis de Judá. Infelizmente, esse homem não temia a Deus e nem compreendia os Seus caminhos.
Um dia, ele viajou para Damasco para encontrar o rei da Assíria, a quem acabara de pagar tributos com o ouro e a prata que havia roubado do Templo.
Então, naquela cidade, ele viu um altar pagão. Era bastante comovente. Era grande, muito enfeitado e espetacularmente bonito.
Parecia muito melhor aos seus olhos do que o razoavelmente mais simples e bem menor altar de bronze que Salomão havia feito.
Assim, ele mandou ao sacerdote Urias algumas medidas e a planta do altar que viu.
Antes mesmo de Acaz voltar para casa, Urias edificou uma réplica do altar pagão.
Em seguida Acaz e Urias arrastaram o altar de bronze do Senhor e colocaram no Templo o novo e impressionante altar.
Então, Acaz instruiu os sacerdotes a usar o extravagante altar para todos os sacrifícios e ofertas.
O velho altar de bronze seria usado apenas para Acaz “buscar orientação”, o que significa “procurar a direção de Deus”.
Imagino que o altar de bronze foi pouco usado por ele.
O novo altar era grande e impressionante, mas não foi planejado por Deus. Era uma grande obra humana.
Era atraente, do ponto de vista terreno e carnal. Mas era uma poluição para a habitação simbólica de Deus, o Templo.
Há muitas coisas que os homens apreciam com os seus sentidos naturais. Ambientes bonitos, mensagens eloqüentes, música agitada e muitas outras coisas nos são agradáveis.
Portanto, há uma grande tentação de instituir tais coisas em nosso trabalho para o Senhor.
Enquanto estamos construindo Sua morada, é tentador adicionar um pouco de nossas idéias ou decorações.
É muito difícil não incorporar algo de nossos próprios desígnios e direções.
Mas vamos nos lembrar sempre: “...pois aquilo que é elevado entre os homens é abominação diante de Deus” (Lucas 16:15).
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sábado, 1 de agosto de 2015

APRENDENDO COM DANIEL (PARTE 11)



APRENDENDO COM DANIEL (PARTE 11)

Daniel - O Profeta do Reino
Daniel era adolescente quando Nabucodonosor invadiu a sua terra natal e o levou para a Babilônia.  Esse era só o começo do cativeiro babilônico e da devastação da nação judaica.  Poucos anos depois, mais uma leva de cativos foi levada embora, estando Ezequiel entre ela. Logo após isso, o último ataque se deu, e a destruição do templo e de Jerusalém ficou quase completa.

Na Babilônia, pela providência de Deus, Daniel rapidamente ganhou fama e poder por causa de sua conduta impecável e de sua sabedoria (veja Ezequiel 14:14, 20; 28:3).  Ele recebeu das autoridades babilônicas cargos de responsabilidade durante os 70 anos de domínio da nação, tendo recebido cargos também dos persas, que se seguiram aos babilônios.

Daniel sabia de que forma funcionavam os reinados da terra, e como eram frágeis e passageiros.  O próprio Israel, sua nação, já tinha sido importante e próspera sob o domínio de Davi e de Salomão.  Agora achava-se em ruínas.  Ao longo da vida de Daniel, caiu a Assíria, levantou-se a Babilônia e depois veio também a cair.  Então, parece adequado que Deus o tenha escolhido para profetizar com respeito ao "reino que não será jamais destruído" (Daniel 2:44).

Daniel relata dois sonhos importantes pertinentes ao reino de Deus.  O primeiro foi o sonho de Nabucodonosor durante o segundo ano de seu reinado (Daniel 2).  O segundo foi o sonho de Daniel no primeiro ano do reinado de Belsazar (cerca de 60 anos após o sonho de Nabucodonosor).

No sonho de Nabucodonosor, ele tinha visto uma grande figura com cabeça de ouro, peito e braços de bronze e pernas de ferro e barro.  Depois que os sábios do reino já não conseguiam contar o sonho do rei e interpretá-lo, Daniel, pela revelação divina, assim fez.

A cabeça de ouro representava o Império Babilônico (606-536 a.C., ).  A parte de prata representava o reino seguinte à Babilônia, o Império Medo-Persa (536-330 a.C.) S um reino inferior à Babilônia.  A parte de bronze representava o reino seguinte, o qual reinaria sobre toda a terra S o Império Grego (330-146 a.C.).  O quarto reino era o Império Romano (146 a.C.-476 d.C.).  Seria nos dias desses reis, os romanos, que o Deus do céu estabeleceria um reino que jamais haveria de ser destruído (Daniel 2:44).

No sonho de Daniel, uns 60 anos mais tarde, ele viu quatro feras que se levantavam do mar.  Uma como um leão, outra como um urso, outra como um leopardo e a quarta com dez chifres, descrita como "animal, terrível, espantoso e sobremodo forte".  


Essas feras representavam as mesmas quatro potências mundiais representadas pela imagem que Nabucodonosor viu (Daniel 7:15-27), sendo a quarta o Império Romano que foi por fim dividido, conforme a representação dos dez chifres.  

Depois Daniel vê "um como o Filho do Homem", que "dirigiu-se ao Ancião de dias" para receber "domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações, e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído" (Daniel 7:13-14).

Jesus nasceu no reinado do imperador romano César Augusto (Lucas 2:1).  Após ser crucificado pelas autoridades romanas e após ressurgir dos mortos, imediatamente antes de subir ao céu, ele afirmou que toda autoridade lhe tinha sido dada no céu e na terra (Mateus 28:18).  O escritor de Hebreus declara que, como cristãos, recebemos um reino que não pode ser abalado nem mudado (Hebreus 12:28).  Paulo afirma que os que receberam a redenção e o perdão em Cristo foram transportados "para o reino do Filho do seu amor" (Colossenses 1:13-14).

Não resta dúvida sobre quando se estabeleceu o reino da profecia de Daniel.  Foi quando Jesus ressurgiu dos mortos, subiu ao céu e sentou-se à direita do Pai, sendo feito assim Cristo e Senhor (Atos 2:30-36).  O que se viu e ouviu no Dia de Pentecostes deram provas de que isso realmente aconteceu (Atos 2:33).  Como disse Pedro, Cristo estava assentado à direita de Deus, tendo recebido "domínio, e glória, e o reino".  


Embora Pedro afirme que Jesus ressuscitou de entre os mortos para subir até a direita de Deus e se sentar no trono de Davi (recebendo, assim, um reino), Paulo diz que ele ressurgiu para subir até a direita de Deus para ser o cabeça da igreja e de todas as coisas:  

"O qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais, acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro.  E pôs todas as cousas debaixo dos pés e, para ser o cabeça sobre todas as cousas, o deu à Igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as cousas" (Efésios 1:20-23).

Assim, o Deus do céu de fato estabeleceu seu reino nos dias do quarto reino S exatamente como Daniel o predisse.  Esse reino (pedra cortada sem auxílio de mãos) encheu toda a terra (veja Colossenses 1:23 ) e ainda permanece S muito depois de "o vento os levou [as quatro potências mundiais] e deles não se viram mais vestígios" (Daniel 2:35).

Como Daniel sabia que tudo isso ia acontecer?  Deixe que ele fale por si mesmo:  "Mas há um Deus no céu, o qual revela mistérios" (Daniel 2:28).  Na verdade, Daniel era o profeta de Deus que tratou do reino.


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APRENDENDO COM ELIAS (PARTE 4)



A BIOGRAFIA DE ELIAS  – O PROFETA QUE APRENDE A VENCER A SI MESMO

- O capítulo 19 de I Reis é um daqueles capítulos que mais surpreendem o leitor da Bíblia Sagrada. 

Após um grande triunfo e da afirmação de que a mão de Deus estava sobre Elias, encontramos Acabe relatando todos os fatos a Jezabel que, como era previsível, mandou um mensageiro a Elias, ameaçando-lhe de morte para o dia seguinte, como retribuição pela morte dos profetas de Baal e Asera.

- Qualquer um aguardaria uma total desconsideração desta ameaça por parte do profeta, ou uma resposta duríssima sua, pois, afinal de contas, Elias estava “por cima”, vinha de uma grande demonstração do poder de Deus. 

Entretanto, qual foi a reação de Elias? Fugiu para Berseba, no reino de Judá (portanto fora da jurisdição de Acabe) e ali deixou o seu moço. 

Em seguida, sozinho, foi para o deserto, no caminho de um dia, assentou-se debaixo de um zimbro, planta que hoje é conhecida como “junipeiro” ou “giesta branca”, um arbusto atrativo, típico das regiões desérticas, que chega a ter até quatro metros de altura, cuja madeira era boa para se fazer carvão vegetal. 

Ali, sob esta árvore, o profeta simplesmente pediu a morte a Deus. Em vez do “campeão do monte Carmelo”, encontramos um homem deprimido, desanimado, porque havia sido ameaçado por uma mulher. 

Que surpresa tem o leitor!

- A mão do Senhor estava sobre Elias, mas, assim que recebeu a notícia, Elias não procurou saber qual a orientação do Senhor. Até ali, Elias tudo havia feito de acordo com a ordem do Senhor. Mas, assim que recebeu a notícia do mensageiro de Jezabel, em Jizreel,para onde se deslocara para ficar junto ao rei Acabe (I Rs.18:46), o profeta não buscou a direção de Deus. 

Deixou, então, de ser “a boca de Deus”, para ser tão somente o “homem sujeito às paixões”.

- A prova maior disto é que, em primeiro lugar, sai do reino de Israel, dirigindo-se para Judá. Revela, neste seu gesto, que não mais aguardava a direção de Deus, desprezou, mesmo, o fato de a mão do Senhor estar sobre ele, o que poderia perceber, vez que, como profeta, tinha o Espírito do Senhor dentro dele.  
Tratou, em primeiro lugar, de ir para um “local seguro”, um local onde Acabe não reinasse. Preocupara-se, então, com a organização política, com o poder real, algo que, enquanto estava sob a orientação divina, nunca havia sido obstáculo para suas jornadas (lembremos que fora para Zarefate, cidade dominada por Sidom, cujo rei era o próprio pai de Jezabel, e nunca fora encontrado por quem quer que fosse, apesar da insistente busca empreendida por Acabe e por Jezabel).

- Em segundo lugar, uma vez em Berseba, tratou de ali deixar o seu moço, aquele que o acompanhava. Não sabemos desde quando este moço o estava acompanhando, mas o fato é que este moço conhecia apenas o profeta, não o homem. 

Ao deixar ali o seu moço e seguir rumo ao deserto completamente só, Elias como que se despia de sua função profética, como que “pendurava as chuteiras” do seu ministério. 

O profeta ficava em Berseba. A partir daí, somente o homem sujeito às mesmas paixões que nós, o homem demasiadamente humano é que prosseguia a viagem. 

Mais uma vez, o profeta demonstrava estar fora da direção de Deus, porque resignava seu ofício sem ao menos perguntar a Deus o que deveria fazer.

- O resultado desta atitude de “independência” em relação a Deus não poderia ser mais desastroso. 

Era a depressão, o desânimo, a falta de vontade de viver. Debaixo do zimbro, vemos um homem derrotado, fracassado, única e exclusivamente porque deixou o lugar da bênção, deixou o espaço em que estava debaixo da mão do Senhor, para criar o seu próprio caminho, a sua própria vontade.

- “Há caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte” (Provérbios 14:12). 

“Há caminho que parece direito ao homem, mas o seu fim são os caminhos da morte” (Provérbios 16:25). 

Por duas vezes, Salomão nos dá esta advertência, cujo exemplo de Elias só faz ressaltar. Precisamos sempre estar debaixo da mão do Senhor, não podemos jamais sair da Sua direção, porque, se o fizermos, isto nos será fatal. 

De nada adianta termos sido “campeões de Deus”, se, no momento seguinte, deixarmos de nos orientar pelo Espírito Santo, estaremos irremediavelmente perdidos.

- Elias não esperou que Deus falasse, mas, ante o pavor repentino que dele tomou conta, por causa da ameaça de Jezabel, desesperou-se e iniciou uma jornada sem a presença de Deus, que o levou a um pé de zimbro, no meio do deserto, a pedir a morte. 

Que decadência espiritual, a mesma decadência a que estamos sujeitos se, também, deixarmos os “lugares celestiais em Cristo” (Ef.1:3). 

Por isso, o apóstolo Paulo nos recomenda a “sermos firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o nosso trabalho não é vão no Senhor” (I Co.15:58). 

Percebamos bem este conselho do apóstolo: o trabalho não é vão quando feito “no Senhor”. Se deixarmos o lugar debaixo da mão do Senhor, “o esconderijo do Altíssimo à sombra do Onipotente”, não haverá descanso, como diz o salmista no salmo 91. 

Devemos sempre ter o mesmo cuidado e prudência de Esdras, para somente andarmos no caminho direito, onde esteja sempre “a mão do nosso Deus”.
- Este homem sujeito às mesmas paixões que nós, este “eu” que se recusava a seguir a orientação divina é que precisava agora ter uma real experiência com Deus. O profeta já havia aprendido que “Javé é Senhor” em relação à natureza, à organização política, à estrutura sócio-econômica, mas era necessário que ele soubesse que também “Javé é Senhor” do nosso “eu”, que precisamos nos render total e absolutamente a Ele. 

A maior luta de um servo do Senhor é contra si mesmo, contra o seu “eu”. Para sermos valentes, precisamos vencer a nós mesmos.

- Quando está a pedir a morte, neste profundo estado depressivo, Elias recebe a visita de um anjo, que determinou que ele se alimentasse de um pão cozido sobre as brasas e uma botija de água. 

Elias atendeu à ordem angelical, mas, logo em seguida, tornou a deitar-se. Novamente, o anjo lhe determinou que se alimentasse e que retomasse o caminho, que seria mui comprido. 

Após ter se alimentado esta segunda vez, Elias recobrou ânimo físico e, com a força daquela comida, caminhou quarenta dias e quarenta noites, em direção a Horebe, o mesmo monte onde Deus havia Se manifestado a Moisés para a libertação do povo (I Rs.19:5-7).

- Nesta manifestação da misericórdia divina, Elias tem uma nova experiência com o Senhor. Descobre que Deus também tem controle sobre os céus. A vinda de um anjo para alimentá-lo mostra que Deus é tanto Senhor dos céus como Senhor da terra. 

Elias tem, assim, a revelação do Senhor dos Exércitos, dAquele que tem pleno domínio também das regiões celestiais.

- De pronto, vemos, neste instante da vida do profeta, que somente uma intervenção divina poderia retirar Elias da sua situação. 

Não há como vencer o “eu” que existe em nós a não ser por intermédio de uma operação divina. A salvação é fruto da graça de Deus (Ef.2:5,8), não se tendo condição alguma de se erguer espiritualmente sem a manifestação desta graça, que traz salvação a todos os homens (Tt.2:11). 

Apesar de todo o seu gigantismo espiritual, Elias estava prostrado e, se dependesse dele, não haveria outra perspectiva senão a morte.

- Uma vez em Horebe, Elias entra em uma caverna. A ação divina, até aquele instante, havia atingido tão somente o físico do profeta. 

Em vez de ir ao cume do monte para buscar a Deus, Elias esconde-se numa caverna, a denunciar o seu estado espiritual. Mas, mesmo na caverna escura, Deus nos encontra! 

O Senhor Se apresentou ao profeta e perguntou o que ele fazia ali. Em resposta a esta pergunta, Elias demonstra toda a força do seu “eu”. Embora tivesse sido avisado pelo mordomo real Obadias da existência de outros servos do Senhor, Elias diz que somente ele havia ficado para servir a Deus. 

A prevalência do “eu” impede-nos de ver a manifestação do poder de Deus ao nosso redor. Nunca estamos sós nem jamais somos os únicos a desfrutar da misericórdia divina. 

Devemos, sempre, considerar os outros superiores a nós mesmos (Filipenses 2:3)

Nunca devemos nos enfatuar, nos envaidecer, pois esta atitude é típica dos homens dos tempos trabalhosos, daqueles que não servem a Deus.

- Para vencer o seu “eu”, o profeta deveria ter uma nova experiência com o Senhor. Até então havia visto o Senhor que controla todas as coisas, que ordena os corvos a trazer pão e água, o azeite e a farinha da panela a se multiplicar, o filho da viúva a reviver, o fogo do céu a consumir o sacrifício e o próprio altar, o anjo a trazer alimento, o corpo de Elias a ter um miraculoso vigor que o permitiu andar pelo deserto, sem precisar se alimentar, por quarenta dias e quarenta noites. Agora, o profeta haveria de conhecer uma outra face divina: a face do amor.

- Elias é mandado sair da caverna e, no monte, ficou diante do Senhor, Senhor que fez passar um grande e forte vento que fendia os montes e que quebrava as penhas, mas, em toda esta violência, Deus não estava. 

Em seguida, como se fosse pouco o vento, houve um terremoto, mas ali também Deus não estava. A seguir, veio um fogo, e também o Senhor ali não estava. Deus mostrou que era o supremo controlador da natureza, mas este lado o profeta já conhecia. 

O que Elias ainda não conhecia era o lado amoroso do Senhor, o Deus que não só controla a natureza, nela intervindo, mas que também ama o homem. Era na voz mansa e delicada que o Senhor Se apresentou (I Rs.19:11,12).

- Novamente o profeta apresenta o seu “eu” diante do Senhor, mas este “eu” é quebrantado pela voz mansa e delicada. O Senhor mostrou ao profeta que não era ele o único servo de Deus, era ele um homem sujeito às mesmas paixões que nós, era um homem que ainda precisava fazer algo pela obra do Senhor.

 Deus lhe revelou, então, que caberia ainda ao seu ministério ainda três providências: a separação de pessoas escolhidas por Deus para governar sobre Israel, sobre a Síria e a continuidade do próprio ministério profético.

- A Bíblia é bem sucinta, dizendo apenas que, após estas palavras do Senhor, o profeta Elias partiu do monte Horebe (I Rs.19:19). 

Esta partida, contudo, tem um grande significado, pois o texto sagrado nos diz que a primeira coisa que Elias fez foi ir à busca de Eliseu, que Deus havia indicado como seu sucessor. 

Este gesto do profeta mostra que o seu “eu” havia sido quebrantado, que estava ele na total dependência de Deus, que voltara à direção do Espírito Santo. 

Ao ir atrás de Eliseu, o profeta retomava o seu ministério e se punha à disposição de Deus. Não era mais o arrogante “zeloso”, mas alguém que compreendera que era apenas um vaso de barro nas mãos do oleiro, tanto que, incontinenti, já foi em busca daquele que Deus apontara como o seu sucessor.

- O desprendimento de Elias foi tanto que observamos que das três tarefas determinadas por Deus a ele, Elias apenas cumpriu o referente à sua própria sucessão. 

Jeú foi ungido por ordem de Eliseu (II Rs.9:1-3), assim como Hazael, rei da Síria, foi ungido também por Eliseu (II Rs.8:13). Elias não quis para si esta honra, mas, sabedor de sua condição de simples servo de Deus, tomou a providência que lhe cabia: preparar o seu sucessor, a fim de que ele cumprisse tudo quanto havia de se fazer na obra de Deus. 

- Elias compreendeu que, muitas vezes, nosso ministério não depende de nossas atitudes diretas, mas de nosso desprendimento para preparar outros para a continuidade do trabalho do Senhor. 

Era este o mesmo espírito que norteava a ação dos apóstolos na igreja, notadamente no caso de Paulo que, abrindo igrejas, tão logo havia condição, escolhia alguns para governá-las e prosseguia sua missão evangelizadora. 

Foi, também, o que fizeram os missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren ao implantar as Assembléias de Deus no Brasil. Como seria bom se, em vez do amor ao poder e à formação de impérios eclesiásticos, as lideranças da atualidade experimentassem este mesmo quebrantamento de “eu” que o Senhor operou em Elias!

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quinta-feira, 16 de julho de 2015

APRENDENDO COM ELIAS (PARTE 3)



A BIOGRAFIA DE ELIAS  – O PROFETA QUE ENFRENTA A APOSTASIA NACIONAL

- Após a ressurreição do filho da viúva de Zarefate, Elias havia concluído o período de aprendizado sobre a superioridade de Deus sobre Baal. 

Devidamente experimentado na sua vida com Deus, durante três anos e seis meses (cf. Tg.5:17), estava pronto para um novo embate com o rei Acabe. 

A seca era terrível, cumpria-se à risca o que havia sido profetizado por Elias e, então, o Senhor mandou que o profeta, uma vez mais, se apresentasse diante de Acabe, porque chegara o momento de chover sobre a terra (I Rs.18:1).

OBS: É interessante notar que Flávio Josefo faz questão de comprovar a historicidade desta seca. 

Assim relata o historiador judeu: “…aquela prolongada seca, de que o historiador Menandro fala quando narra os feitos de Etbaal, rei dos tírios [pai de Jezabel, observação nossa], assim: Houve naquele tempo uma grande seca que durou desde o mês de Hiperbereteu até o mesmo mês, no ano seguinte. Esse soberano mandou fazer grandes preces e foram elas seguidas de um grande trovão. Foi ele que mandou construir as cidades de Botris, na Fenícia e a de Auzate, na África

Estas palavras se referem, sem dúvida, a esta seca, que aconteceu no reinado do rei Acabe, pois Etbaal reinava em Tiro, nesse mesmo tempo.…” (JOSEFO, Antigüidades Judaicas 8,359. In: História dos Hebreus. Trad. Vicente Pedroso, v.1, p.192).

- Quando ia em direção a Acabe, Elias se encontrou com o mordomo do rei, Obadias, que era uma pessoa temente a Deus, o qual, inclusive, havia escondido profetas do Senhor em cavernas e providenciado o seu sustento em meio a grande seca e à implacável perseguição desenvolvida por Acabe contra os servos de Deus. 

 Este relato bíblico mostra-nos que Deus não só havia cuidado de Elias, como também de todos os Seus profetas, mostrando que havia absoluto controle divino sobre toda a situação. 

Deus não muda e continua a guardar os Seus servos, o Seu povo em meio aos dias trabalhosos e difíceis que estamos a viver. Basta apenas que temamos a Deus e que estejamos dispostos a servi-lO e a fazer o que Ele nos manda, sem nos importarmos com as circunstâncias ou os possíveis riscos. 

Obadias, apesar do cargo que ocupava, era um homem temente a Deus e, pela obra do Senhor, não tinha por valiosa a sua posição social (I Rs.18:3,4).

- Ao se encontrar com Obadias, Elias fica a saber que o rei Acabe o havia procurado em todos os lugares, a demonstrar, mais uma vez, que o Senhor o havia escondido, o havia não só sustentado, mas também protegido (I Rs.18:10). Também foi cientificado de que não era o único a ter obtido a proteção e sustento da parte de Deus, que os profetas, aqueles com quem Elias tinha tanto cuidado, também haviam sido guardados, pela mão de Obadias.

- O encontro entre Elias e Acabe bem mostra como não há comunhão entre a luz e as trevas (II Co.6:14). Elias havia profetizado e a profecia se cumpria integralmente, o que mostrava ser ele um profeta que vinha da parte de Deus (Dt.18:21,22). 

Deveria, pois, o rei Acabe respeitá-lo, considerá-lo. Mas, pelo contrário, ao se encontrar com Elias, o rei o chama de “o perturbador de Israel” (I Rs.18:17). Assim é o mundo, assim são os ímpios: eles aborrecem os servos do Senhor, consideram-nos um estorvo, um obstáculo, um impecilho. Jamais nos tratarão bem, jamais reconhecerão a nossa santidade e a nossa condição de filhos de Deus. 

- Não nos iludamos, os homens sem Deus e sem salvação nunca nos darão valor, nunca falarão bem de nós. São palavras do Senhor Jesus: “Se o mundo vos aborrece, sabei que, primeiro do que a vós, me aborreceu a mim.  Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos aborrece” (Jo.15:18,19). 

Há muitos que querem agradar aos homens, que se preocupam em ser “populares”, “simpáticos”, “enturmados”, mas não cedamos a esta tentação. O servo de Deus jamais será visto com simpatia pelo mundo pecador. Se, por um acaso, temos querido popularidade e simpatia e a tenhamos alcançado, ouçamos o que diz o Senhor: “Ai de vós quando todos os homens falarem bem de vós, porque assim faziam seus pais aos falsos profetas!” (Lc.6:26).

- O profeta Elias, porém, não se abateu por causa desta ofensa, desta palavra mentirosa do rei, como também não ficou preocupado pelo fato de o rei lhe ser hostil (ninguém pense que este encontro se deu a sós. O rei, certamente, fazia-se acompanhar de sua guarda pessoal, enquanto que Elias estava só). Antes, com autoridade, disse que quem era o perturbador de Isael era o próprio rei, uma vez que ele havia deixado os mandamentos do Senhor e seguido a Baal e, devidamente orientado por Deus, lançou o desafio da reunião de todos no monte Carmelo, a fim de que se demonstrasse quem é o verdadeiro Deus (I Rs.18:19,20). 

Devidamente experimentado e tendo vivido que Deus é o único Deus, Elias poderia lançar este desafio, a fim de proclamar a todo o povo o que havia aprendido.

- Esta necessária experiência pessoal com Deus e o decorrente crescimento espiritual é ainda um requisito para podermos proclamar, com efetividade, a palavra de Deus. Não se pode pregar eficazmente o Evangelho sem que, antes, tenhamos tido um contacto intelectual com ele, bem como que tenhamos uma experiência pessoal com o Senhor. 

Não foi por outro motivo que Jesus preparou, durante mais de três anos (praticamente o mesmo tempo da seca do tempo de Elias) os Seus discípulos e, depois, mandou que esperassem o revestimento de poder para iniciar a evangelização. Um dos grandes problemas dos nossos dias é este descuido da preparação doutrinária e espiritual dos que querem anunciar a Palavra do Senhor, fazendo com que neófitos se desincumbam desta tarefa, causando prejuízo a si mesmos e à Igreja 
(I Tm.3:6).

- O povo se reuniu e Elias, sem medo, apresentou-se ao povo, exigindo dele uma definição. “Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-O e, se é Baal, segui-o.” (I Rs.18:21). O grande mal espiritual do povo era a vacilação, a dúvida, a incerteza. Tudo o que não provém de fé é pecado (Rm.14:23 ARA). Nas Escrituras, sempre o Senhor nos recomenda a abandonarmos a vacilação, considerada sempre uma situação espiritual de letargia, de imobilismo, uma condição de fracasso e morte espirituais (Is.51:17,22). 

“Vacilar” é tremer, abalar-se, hesitar, duvidar. Nunca podemos agir em relação a Deus, “…porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento, e lançada de uma para outra parte. Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa. O homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos” (Tg.1:6b-8).

- Quantos que, atualmente, nas igrejas, têm vacilado, duvidado da Palavra de Deus, do poder do Senhor. Envolvidos com as coisas deste mundo, sem meditar nem estudar as Escrituras, não mantendo uma vida de oração, enfim, sem ter experiência com Deus, encontram-se na mesma situação do povo de Israel nos dias de Elias. 

Apesar da grande demonstração do poder de Deus, numa seca que já durava três anos e seis meses, numa clara prova de que Baal não era deus algum, não detinha controle algum sobre a natureza, o povo ainda estava coxeando entre dois pensamentos, preferindo as benesses do poder oferecidas por Jezabel no culto a Baal, bem como as seduções deste culto, que era um culto sensual, depravado e repleto de tudo aquilo que agradava a natureza pecaminosa do homem. 

Dinheiro, prazer, posição social eram ofertados pelos baalim e, assim, muitos, apesar de todas as evidências do poder do Senhor, continuavam titubeantes e, neste duvidar, acabavam sendo arrastados pela idolatria.

- Os dias em que vivemos não são diferentes. Embora não haja uma alusão explícita das Escrituras aos “dias de Elias”, como os há em relação aos “dias de Noé” e aos “dias de Ló”, o fato é que os dias que antecedem imediatamente aos da vinda de Cristo também são dias de dúvida, perplexidade e de vacilação em grande parte do povo de Deus. O próprio Jesus disse, ao se referir a estes dias, afirma, num tom que nos exige uma rigorosa auto-análise: “…Quando, porém, vier o Filho do Homem, porventura, achará fé na terra?” (Lc.18:8b).

- Israel vivia, nos dias de Elias, uma verdadeira “apostasia nacional”, pois todo o país estava se enveredando pelo culto a Baal. O próprio Deus diria a Elias, pouco depois, que apenas sete mil pessoas não haviam dobrado seus joelhos a Baal nem o haviam beijado, um número bem diminuto frente a uma população que deveria ser bem maior (I Rs.19:18). Estes sete mil, como bem explica o apóstolo Paulo, representam os remanescentes do povo de Deus (Rm.11:4), remanescente que também existe na Igreja (Ap.2:13,24; 3:4). São muitos, portanto, aqueles que se deixam levar, atualmente, pela vacilação e que, por isso, perderão a salvação. Que Deus nos guarde!

- O desafio de Elias foi apresentado: o Deus verdadeiro deveria responder com fogo a aceitação do sacrifício que Lhe fosse dado. Elias tinha experimentado o pleno domínio de Deus sobre a natureza e tinha, assim, portanto, convicção de que somente Deus responderia com fogo a um sacrifício. Os profetas de Baal e de Asera, num total de oitocentos e cinqüenta (I Rs.18:19), tentaram, durante toda a manhã, resposta de seus deuses para o sacrifício, sem resultado.

- Elias, então, depois que havia deixado tempo suficiente para que Baal respondesse ao sacrifício, oferece o seu sacrifício diante de Deus. Como Deus não é Deus de confusão (I Co.14:33), reparou o altar, que estava quebrado, bem como pôs água abundante para que não houvesse qualquer dúvida de que era Deus quem iria operar. Este cuidado do profeta é um exemplo a seguirmos na atualidade: a operação de Deus é algo de que devemos ter certeza e convicção. 

Por isso, nada deve ser feito sem a devida preparação espiritual, a devida santificação (o reparo do altar), como também tudo deve ser feito às claras diante do povo, com transparência, decência e ordem (I Co.14:40). Quantos altares desmantelados na atualidade têm buscado o “fogo divino” e, como Deus não opera em lugares assim, recorrem a subterfúgios, a astuciosos estratagemas para impressionar o povo. Entretanto, não nos iludamos, Deus não é Deus de confusão.

- Mas, além de ter reparado o altar e não deixado margem a qualquer dúvida, Elias fez uma oração. Elias não “determinou” coisa alguma a Deus, pois sua “determinação”, como vimos, é a disposição firme de servir a Deus, não qualquer exigência que devesse ser feita, como muitos iludidos atrevem-se a fazer em os nossos dias. 

Elias fez uma oração, um pedido a Deus, reconhecendo a Sua soberania, o Seu senhorio. Ele poderia chamar Deus de Senhor, porque havia experimentado o controle de Deus sobre todas as coisas: o corvo, a panela da viúva, a vida do filho da viúva. Relembrou ao povo, que o escutava, que Deus era o Deus do pacto feito com os patriarcas, o Deus que havia formado a nação de Israel e que ele, Elias, era tão somente um servo dEle. Mal acabou a oração, o Senhor consumiu tudo com o fogo e o povo não teve mais dúvida alguma: só o Senhor é Deus! (I Rs.18:36-39).

- Em meio a este triunfo espiritual, o zelo do profeta se mostrou. Elias mandou que os profetas de Baal e de Asera fossem mortos e, incontinenti, o povo lhe obedeceu, levando-os ao ribeiro de Quisom, situado ao pé do monte Carmelo, onde matou a todos os profetas. Em seguida, avisou o rei Acabe para que se apressasse e fosse comer e beber, porque ruído havia de uma abundante chuva (I Rs.18:40,41).

- Enquanto Acabe foi comer e beber, Elias foi orar. Aqui, mais uma vez, vemos como eram diferentes estes dois homens e como são diferentes, até os dias de hoje, aquele que serve a Deus e aquele que não O serve. Acabe, ante tamanha demonstração do poder de Deus, deveria se arrepender dos seus maus caminhos e tornar a servir ao Senhor. 

Mas, antes disso, resolveu comer e beber, continuar com a sua vida regalada, indiferente a Deus e a tudo quanto lembrasse o Senhor, entre os quais, o próprio sofrimento do povo, que padecia fome e sede por causa da seca. Acabe, porém, não se importava com o povo, mas única e exclusivamente com o seu bem-estar. É este, lamentavelmente, o comportamento de muitos que estão à frente do povo de Deus, que se importam apenas em “subir, comer e beber”, enquanto o povo passa necessidade.

- Ainda bem que, enquanto os Acabes comem e bebem, ainda existem os Elias que vão buscar a Deus. Elias estava cheio de fé, havia sido usado por Deus maravilhosamente, fogo havia descido do céu, consumido o altar além do próprio sacrifício, mas, quando foi orar, e orando com fé pois já sentia o ruído duma abundante chuva, nada aconteceu. 

Com rosto em terra, clamando ao Senhor, foram necessárias sete vezes até que no céu surgisse uma pequenina nuvem como u’a mão. Deus ensinava a Elias uma vez mais: o servo nunca deve deixar de perseverar e ser persistente. Deus não está preso ao homem. Se o fogo veio antes mesmo que a oração acabasse, agora foram necessárias sete orações para que o pedido fosse atendido, pedido, aliás, que Deus já havia dito, antes que tudo começasse, que haveria de acontecer (cf. I Rs.18:1).

- Deus é o Senhor, que, aliás, é o significado do nome de Elias. Assim como Deus atendeu a Elias incontinenti para mandar fogo, exigiu dele mais insistência para mandar a tão esperada chuva, chuva que começou numa pequenina nuvem na forma de u’a mão, para mostrar que era a mão do Senhor que estava sobre Elias (I Rs.18:46), que continuava a ser um simples homem, como qualquer um de nós (Tg.5:17).

- Por isso, não temos como admitir em nosso meio as famigeradas “campanhas”, que têm proliferado nas igrejas, impondo ao Senhor “sete sextas-feiras”, “quarenta segundas-feiras”, “vinte e uma semanas” e tantas invencionices para que a obra seja realizada. Isto é um absurdo e, com Elias, nós temos de aprender que “Javé é Deus”, que é o Senhor quem opera, quando, como e onde quer. Devemos pedir insistentemente, de modo ininterrupto, como ensinou Jesus (Mt.7:7,8), mas sempre se lembrando que o tempo é de Deus, bem como a vontade dEle. Abandonemos estas superstições, este paganismo que se introduziu em o nosso meio e voltemos ao que ensina as Escrituras, através do exemplo do profeta Elias.

***

APRENDENDO COM ELIAS (PARTE 2)


ELIAS, O DESTEMIDO PROFETA DE DEUS

A vida de Elias ensina-nos que a determinação, isto é, a disposição firme de servir a Deus e cumprir o seu ministério é qualidade indispensável para alcançarmos a vitória espiritual.
 
INTRODUÇÃO

- O grande profeta levantado por Deus no reino de Israel (o reino do norte, o reino das dez tribos), entrava num momento de grave crise espiritual.

BIOGRAFIA DE ELIAS (I) – ELIAS, O PROFETA QUE APRENDE A TER EXPERIÊNCIA PESSOAL COM DEUS

- Elias é daquelas personagens da Bíblia de que nada ou quase nada sabemos antes do início do seu ministério, circunstância que demonstra claramente que a Palavra de Deus tem o intuito de revelar aquilo que é pertinente à salvação do homem, sendo, obviamente, uma obra literária, histórica e científica, mas que não tem estes vieses como prioritários, sendo, pois, um grande equívoco querer reduzir o texto sagrado a estes aspectos.

- Elias surge nas páginas sagradas em I Rs.17:1 e de forma repentina, sem qualquer explicação, nem mesmo da sua genealogia, como é costumeiro fazer-se quando se trata, pelo menos, de personagens da história de Israel. 

É apresentado apenas como “Elias, o tisbita, dos moradores de Gileade”. Seu nome, que, em hebraico é ‘Eliáhu” (“Elias” é a forma grega do nome), significa “Javé é Deus” e sintetiza, de forma sublime, todo o seu ministério profético: demonstrar ao povo do reino de Israel que o seu Deus é Javé, o mesmo “Eu sou o que sou” que havia Se revelado a Moisés no monte Horebe.

- Da forma abrupta como Elias é apresentado no texto sagrado, ficamos a saber tão somente que o profeta é natural de Tisbe, sendo dos moradores de Gileade. 

Esta informação, além de escassa, traz uma série de problemas aos estudiosos da Bíblia, visto que a única menção que se faz desta cidade é no livro apócrifo de Tobias, onde é dito que se tratava de uma cidade que se situava na tribo de Naftali, na região da Galiléia, enquanto que o texto sagrado diz que Elias era “dos moradores de Gileade”, ou seja, alguém que morava na região daquém do Jordão, pertencente à meia-tribo de Manassés e à tribo de Gade (Js.13:24,25,30,31). 

Assim, ficamos sem saber se Elias morava em Gileade, tendo sido natural de Tisbe de Naftali ou se era de uma cidade chamada Tisbe que ficasse do outro lado do Jordão, na região de Gade ou da meia-tribo de Manassés. 

Flávio Josefo, o grande historiador judeu, parece concordar com a idéia de que se tratava de uma cidade de Gileade que se chamava Tisbe, enquanto que a Septuaginta chama a cidade de “Tisbe da Galiléia”, acolhendo a outra versão.

- Além do local de onde vem Elias, e que já dá margem a controvérsias, sobre Elias ficamos apenas a saber que se tratava de pessoa que tinha um traje característico, diferente daqueles usados pelas pessoas de seu tempo, tanto que bastava a descrição desta vestimenta para identificá-lo, a saber: “…um homem vestido de pêlos e com os lombos cingidos de um cinto de couro…” (cf. II Rs.1:8). 

Isto nos dá a entender que Elias deveria ter uma vida mais ou menos retirada da comunidade, uma espécie de “eremita” no deserto, o que, aliás, inspirou algumas ordens religiosas cristãs, notadamente a ordem dos “carmelitas”, que se inspiraram em Elias para construir a sua vida monástica.

- No entanto, embora Elias demonstre, pelos seus trajes e pela forma repentina com que se apresenta na história sagrada, que deveria viver um tanto quanto retirado da comunidade, não é correto dizer que haja respaldo bíblico para dizer que vivia isolado dos demais homens do seu tempo. 


Pelo que podemos observar do texto sagrado, percebemos que Elias tinha uma relação bem próxima aos chamados “filhos dos profetas”, ou seja, aos jovens que se dedicavam ao estudo da Palavra de Deus e a uma vida de serviço ao Senhor nas “escolas de profetas”, cuja origem remonta aos tempos de Samuel (I Sm.10:5; 19:20). 

Com efeito, as páginas sagradas permitem-nos vislumbrar que Elias tinha um estreito relacionamento com estes grupos (II Rs.2:2, 4), sendo até possível que Elias tenha sido uma figura proeminente de tais grupos quando se apresentou ao rei Acabe, o que, aliás, explicaria a facilidade com que tenha conseguido se apresentar ao rei.

- Apesar de tão parcos conhecimentos a respeito de Elias antes do início do embate com Acabe, Jezabel e os responsáveis pelo culto de Baal, tais informações já nos são preciosas no sentido de se mostrar que alguém, para ser usado eficazmente pelo Senhor, precisa ter dois pontos que havia na vida de Elias: um distanciamento do mundo e um comprometimento com a Palavra de Deus.

- Elias não era uma pessoa que havia se misturado com as estruturas religiosas desvirtuadas e contaminadas do reino de Israel. Nos dias de Elias, vivia Israel uma situação espiritual extremamente difícil. O rei era Acabe, filho de Onri, o fundador da terceira dinastia (família real) do reino de Israel, o reino do norte, o reino das dez tribos que haviam se separado de Roboão, neto de Davi (cf. I Rs.12:16-25). 

Esta terceira família reinante não se apartou do pecado de Jeroboão, o primeiro rei de Israel (reino do norte), que havia criado um culto próprio, fazendo sacerdotes dos mais baixos entre o povo, e levando o povo a adorar dois bezerros de ouro, um situado em Dã e outro em Betel (cf. I Rs.12:26-33), tendo, além disso, Acabe se casado com Jezabel, filha do rei de Sidom, que, ao se mudar para Israel, trouxe com ela o culto a Baal, o deus da fertilidade dos fenícios, criando, assim, um culto rival ao culto a Deus.

- Servir a Deus nestas circunstâncias não era nada fácil, pois, ou se adotava o culto oficial do reino, criado no tempo de Jeroboão, idolátrico e totalmente desvirtuado das prescrições da lei de Moisés ou, então, se aderia ao culto a Baal, trazido por Jezabel e que alcançou grande popularidade. Isto explica o distanciamento físico não só de Elias mas também dos filhos dos profetas, que não tinham espaço para, com liberdade, servir a Deus em meio a estruturas sociais altamente desfavoráveis a quem buscasse a presença do Senhor.

- Mas, ainda que possamos contemplar este distanciamento físico de Elias e dos demais que serviam a Deus naquele tempo, devemos ter como lição para os nossos dias deste comportamento do profeta não o distanciamento físico, mas, sim, o distanciamento espiritual. 

Embora muitos tenham se inspirado em Elias para tomar uma decisão de se apartar da sociedade a fim de servir a Deus, a lição que o profeta nos deixa é bem outra: é a da separação do mundo espiritual, da separação do pecado. Na nova aliança estabelecida por Jesus Cristo, não há espaço para “eremitas”, para pessoas que saem da sociedade para servir a Deus mas, sim, pessoas que, a exemplo de Jesus, estão completamente separadas do pecado, mas vive no meio dos pecadores, para “…salvar alguns, arrebatando-os do fogo” (Jd.23 “in initio”, isto é, a parte inicial do versículo). 

Jesus disse que não somos do mundo, não podemos nos comprometer com ele (Jo.17:16), mas não pediu que do mundo fôssemos tirados(Jo.17:15), porque é necessário que sejamos sal da terra e luz do mundo (Mt.5:13,14).

- A outra lição que aprendemos com Elias, já neste instante em que ele surge nas Escrituras, é de que devemos estar sempre comprometidos com o estudo da Palavra de Deus, com a busca da presença de Deus. Elias tinha um carinho especial com os “filhos dos profetas”, com aqueles que, em meio a um mundo tão distante de Deus, dedicavam suas vidas para servir ao Senhor e informar-se a respeito da Sua Palavra. 

Devemos ter este mesmo compromisso, devemos nos aliar àqueles que têm este mesmo propósito. Ao nos reunirmos em classe, a cada Escola Bíblica Dominical, pomos em prática este exemplo deixado por Elias e, certamente, agradamos a Deus tanto quanto o profeta Lhe agradou no seu tempo.

- Elias surge no texto sagrado já desempenhando uma tarefa toda especial da parte de Deus. As Escrituras sempre mostram Elias na execução de uma tarefa, no desempenho de um encargo que lhe fora confiado pelo Senhor. Neste ponto, há até um paralelo entre a forma como se narra a história de Elias e como Marcos, o evangelista, narrou o ministério de Jesus, que, naquele livro, é apresentado como o incansável servo do Senhor, como um homem de ações e de atitudes.

- Impulsionado pelo Espírito de Deus, Elias se apresenta diante do rei Acabe e declara que não haveria nem chuva nem orvalho enquanto o próprio profeta não o pedisse a Deus(I Rs.17:1). Numa frase tão curta e sucinta, como é este versículo das Escrituras, encontramos um exercício imenso de fé, a conclusão de um processo que não deve ter sido simples.

Elias, um profeta que vivia retirado da sociedade, é levado pelo Espírito a se apresentar nada mais nada menos que diante do próprio rei e a dizer que haveria uma grande seca até o instante em que ele pedisse a Deus que chovesse. Que coragem da parte do profeta! Que determinação, ou seja, que disposição firme de cumprir a Palavra de Deus!

- Aliás, aqui é oportuno mostrar que, quando se diz que Elias foi determinado, que nele era grande a determinação, estamos a utilizar a palavra “determinação” no seu significado correto e prescrito nos dicionários de língua portuguesa, ou seja, “forte inclinação a ser persistente no que se quer alcançar”. Assim, esta “determinação” nada tem que ver com o que têm ensinado os defensores da chamada “doutrina da confissão positiva”, entendida como uma “fé real”, uma “tomada de posse de bênção”, uma “exigência ao inimigo para nos obedecer”. 

Elias jamais foi alguém que tenha “determinado” neste sentido distorcido que nos é apresentado pelos arautos da “confissão positiva”, mas uma pessoa “determinada”, ou seja, disposta a persistir no cumprimento das ordens que lhe deu o Senhor.

- Elias simplesmente disse ao rei Acabe que não choveria nem haveria orvalho enquanto ele não orasse a Deus neste sentido. Nesta primeira palavra de Elias já se nota a missão que incumbiria ao profeta: mostrar que o Senhor era o verdadeiro Deus e não Baal. Baal era uma divindade que se entendia ser a controladora da natureza. 

A Baal se atribuía a fertilidade, ou seja, não só a reprodução dos animais, mas também a produção agrícola. Por isso, Baal era tido como o responsável pelas chuvas que permitiam as fartas colheitas e era costume entre os povos cananeus, inclusive os fenícios, procurar agradar a Baal e ter pequenas estatuetas deste deus e de Asera, a deusa da fertilidade, como forma de obter o favor deste deus e, assim, prosperidade na colheita. Ao dizer que não choveria até que houvesse um pedido do profeta a Deus, o Senhor está mostrando que é maior que Baal,  que Ele, e não esta falsa divindade, tinha o controle sobre a natureza.

OBS: Como era e é comum nos cultos idolátricos, a divindade é sempre associada a alguma imagem ou a alguns locais. Assim, Baal e Asera eram cultuados sob vários nomes, conforme o local onde se dava o culto, com uma ou outra variação nas crendices e nas lendas a respeito da divindade. Nos dias de Elias, o culto a Baal certamente estava vinculado a Baal-Mecarte, o deus de Tiro e de Sidom (Tiro foi uma cidade fundada pelos sidônios – Is.23:12).

- Assim que proferiu esta palavra ao rei, Elias foi orientado pelo Senhor para que saísse dos termos de Israel e fosse para o ribeiro de Querite, que estava diante do Jordão (I Rs.17:3). Como afirma R.N. Champlin, esta ordem divina tinha a ver com a proclamação dada por Elias e que “…sem dúvida alguma, isso provocou uma tremenda agitação e a vida de Elias começou a correr perigo…” (CHAMPLIN, Elias. In: Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.2, p.328).

- Elias, que até então, havia demonstrado dedicação a Deus, vivendo distanciado fisicamente de uma sociedade ímpia e buscando a presença do Senhor, juntamente com os “filhos dos profetas”, passa a ter a experiência da dependência completa de Deus. Denunciar o pecado e anunciar o juízo divino não é uma tarefa fácil e o serviço a Deus traz inevitável aborrecimento do mundo e dos pecadores. 

Não pensemos nós que servir ao Senhor é alcançar popularidade, respeito e medo dos ímpios, mas, bem ao contrário, é acirrar os ânimos das hostes espirituais da maldade contra nós. Deus mandou que Elias fugisse e fosse até um ribeiro, provavelmente situado na região de Gileade, para que ali ficasse protegido e não sofresse os danos da seca que havia anunciado.

- Temos uma outra importante lição, qual seja, a de que Deus é o garantidor do cumprimento da Sua Palavra. Certamente não foi fácil para Elias acatar a ordem divina de desafiar o próprio rei, mas, ao fazê-lo, Deus, que bem sabia os riscos que o profeta passava a correr, encarregou-Se de providenciar ao profeta proteção e sustento, já que o juízo divino afetaria a própria subsistência do povo. 

- Deus passou a sustentar o profeta que, junto a um ribeiro, onde havia água necessária à sua sobrevivência, passou a ser alimentado por corvos, que lhe traziam pão e carne pela manhã e pela noite (I Rs.17:6). 

Como diz o apóstolo Paulo, “…Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias, e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes, e Deus escolheu as coisas vis deste mundo e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são: para que nenhuma carne se glorie perante Ele” (I Co.1:27-29). 

Como poderia Elias ser alimentado por corvos, animais que são conhecidos por serem decompositores, ou seja, que se alimentam daquilo que está apodrecendo, daquilo que está se desfazendo, e num momento em que passou a haver escassez de alimentos? Como ser alimentado por um animal tão asqueroso, tão repugnante? Entretanto, como disse o Senhor, havia sido dada uma ordem aos corvos para alimentar o profeta e, ante a ordem divina, não há como haver recusa.

- Elias, toda manhã e toda noite, era servido pelos corvos, que, pontualmente, cumpriam a ordem do Senhor. Deus, assim, mostrava, duas vezes ao dia, ao profeta que estava no controle de todas as coisas, que toda a natureza estava sob as Suas ordens. Era uma experiência singular para Elias, que tinha de enfrentar o culto a Baal, apresentado como “deus da natureza”. Elias não só deveria saber intelectualmente que Deus era o único Senhor, mas também precisaria vivenciar, experimentar esta realidade. 

Muitas coisas por que passamos, ao longo da vida, tem este objetivo da parte de Deus: fazer-nos vivenciar, experimentar quem é Deus e qual é o Seu poder. Nunca nos esqueçamos de que, quando a Bíblia fala em “conhecer a Deus”, não está se referindo ao significado grego, adotado por nós na atualidade, de “domínio intelectual”, mas, sim, o de “ter intimidade”, “ter experiência”. E, como diz Paulo, a experiência com Deus é o resultado da paciência, que, por sua vez, é conseqüência da tribulação (Rm.5:3,4).

- Dia após dia, Elias era alimentado pelos corvos, mas a seca que anunciara já era uma realidade. Por isso, dia após dia, as águas do ribeiro de Querite iam minguando, até o momento em que o ribeiro secou. Deus continuava a agir na vida de Elias, demonstrando que tinha o controle da situação, mas que estava a guardar o profeta e só a ele. 

Os corvos vinham lhe trazer comida, mas o ribeiro se secava, em cumprimento à palavra do profeta, que tudo dissera em nome do Senhor. Deus tem compromisso com a Sua Palavra (Jr.1:12) e não a invalidará, ainda que isto representasse a proteção e o sustento dos Seus servos fiéis. Deus não precisa invalidar a Sua Palavra para guardar os Seus!

- Quando o ribeiro secou, Deus, então, mandou que o profeta fosse para Zarefate, cidade pertencente a Sidom, pois o Senhor havia ordenado a uma viúva que sustentasse o profeta (I Rs.17:9). Vemos, aqui, que Deus, depois de mostrar que tinha controle sobre a natureza, estava agora a mostrar ao profeta que também era o controlador da humanidade e das estruturas sociais.

- Em primeiro lugar, Deus manda que Elias deixe a região de sua morada, a região de Gileade, região que lhe era conhecida, para que fosse a uma terra estrangeira, um lugar desconhecido, de outros costumes, onde o profeta não poderia se valer de seus conhecimentos de vida. Tratava-se de mais um passo de fé que se exigia do profeta, prova de que Elias havia galgado mais um patamar da vida espiritual. Como diz o apóstolo Tiago, quanto mais nos chegamos a Deus, mais Ele Se chega até nós (Tg.4:8). 

Entretanto, esta aproximação com Deus, que é sempre boa (Sl.73:28), exige de cada um de nós um desprendimento cada vez maior. Quando nos propomos a prosseguir no conhecimento de Deus (e conhecimento, lembremos, na Bíblia é ter intimidade, ter experiência), mais nos envolveremos com o Senhor e isto fará com que necessitemos confiar mais nEle. 

O profeta Oséias ressalta esta realidade ao dizer que, quando iniciamos nosso conhecimento com Deus, Ele nos aparece “como a alva”, ou seja, como a luz da aurora, que traz seu brilho mas é, de certa forma, distante, mas, na continuidade deste conhecimento, o Senhor “…virá a nós como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra” (Os.6:3 “in fine”), ou seja, já não estará mais distante, estará em nós, envolver-nos-á, como a chuva da época da colheita, a chuva abundante, que tudo molhava, que embebia e encharcava a terra.

- Deus, ao mandar que Elias deixasse sua região e fosse para uma terra estrangeira, estava a mostrar que domina todas as sociedades, todos os povos, que não é apenas um “deus nacional”, como se apresentava Baal-Mecarte, mas o Senhor de toda a Terra (Ex.19:5; Sl.24:1).

- Em segundo lugar, ao mandar que Elias fosse para Zarefate, uma cidade sob o domínio de Sidom, o Senhor dava mais uma demonstração de sua superioridade em relação a Baal. 

Ora, Sidom era, precisamente, o reino que cultuava a Baal-Mecarte. Jezabel era filha do rei de Sidom e, portanto, Deus iria providenciar, nas próprias terras dedicadas a Baal, a sobrevivência do Seu profeta. Deus mostrava que tinha domínio sobre todas as estruturas políticas do mundo, passando a sustentar o Seu profeta na “terra do inimigo”. Por isso, não devemos temer “as investidas do vil Tentador”, porque, mesmo neste mundo que repousa no colo do diabo, quem tem o controle da situação é o nosso Deus. Aleluia!

- Em terceiro lugar, ao mandar que Elias fosse até o encontro de uma viúva, o Senhor também estava a mostrar que tinha pleno controle sobre a situação sócio-econômica das sociedades. Zarefate era uma cidade dominada por Sidom e, já por isso, uma cidade modesta, certamente de parcos recursos, visto que as cidades dominadas por outras eram tributárias, ou seja, deviam pagar pesadas somas periodicamente a seus dominadores. 

Além do mais, tratava-se de uma viúva e as viúvas, via de regra, eram pessoas necessitadas, que se encontram entre os mais desprovidos de recursos econômico-financeiros, que viviam da caridade pública. Entretanto, este Deus que escolhe as coisas loucas para confundir as sábias, fez com que o profeta passasse a ser sustentado, na terra de Sidom, por uma viúva miserável. A cada instante, Elias aprendia o significado do seu próprio nome: “Javé é Deus”.

- Como já havia experimentado a Providência divina, o profeta pôde, com autoridade, mandar à viúva, que encontrou apanhando lenha, que lhe trouxesse um vaso com pouco d’água para que bebesse e, depois, lhe pediu um bocado de pão. Ante a afirmativa da mulher de que não tinha senão o suficiente para uma última refeição, o profeta mandou-lhe que fizesse, primeiro, um bolo pequeno para ele e, depois, então, preparasse alimento a ela e a seu filho, pois, enquanto não chovesse, haveria alimento para eles (I Rs.17:14,15). Elias já sabia que Deus garantiria a sua sobrevivência e se havia ordenado que aquela viúva lhe sustentasse, esta garantia se estendia também a casa dela.

- Mas, as experiências com Deus ainda não haviam cessado. Baal, também, era tido como o deus da saúde. Aliás, em Sidom, Baal era conhecido como Eshmun, o deus da saúde. Deus deveria, pois, demonstrar não só a Elias, mas à própria viúva de Zarefate, que Deus era o Senhor da saúde. Assim, o filho da viúva adoeceu, doença que se agravou e que levou o filho da viúva à morte(I Rs.17:17). Apesar de sustentada pelo poder do Deus dos hebreus, a viúva, ela própria uma gentia, não hesitou em culpar o profeta pela morte de seu filho, como se fosse uma vingança de Baal contra o fato de a viúva estar a acolher um israelita em sua casa.

- Desafiado pela viúva, o profeta demonstrou, uma vez mais, a sua fé. Pediu o corpo do filho e o levou para o seu quarto, onde, em particular, clamou ao Senhor, pedindo que se restituísse a vida ao morto. É interessante notar que, até este instante, não havia qualquer relato de ressurreição de mortos em Israel. Elias será o primeiro a fazer um milagre desta natureza, a revelar como estava alto o seu nível espiritual, como estava a saber quem era Deus e do que Ele era capaz de fazer. 

E a Bíblia nos diz que “o Senhor ouviu a voz de Elias e a alma do menino tornou a entrar nele e reviveu” (I Rs.17:22). O resultado deste milagre foi o reconhecimento, pela viúva, de que “Javé é Deus” e de que Elias era o Seu legítimo profeta (I Rs.17:24).

- O milagre da ressurreição do filho da viúva de Zarefate é o primeiro caso de “ressurreição de mortos” registro nas Escrituras Sagradas e teve como objetivo a glorificação do nome do Senhor e a demonstração de que Ele é o verdadeiro Deus e não Baal, que, como deus da saúde, não tinha podido impedir o filho da viúva de adoecer, nem tampouco pôde restituir a vida ao moço, algo que também era atribuído a Baal, que dizia ser o responsável pelo “renascimento” da natureza após o inverno, após uma luta em que sempre conseguia vencer o “deus da morte”. 

Vemos, assim, que a experiência inédita de Elias tinha como propósito a exaltação do nome do Senhor e a consolidação da necessária experiência pessoal que Elias tinha de ter com Deus, para ter plena certeza de que “Javé é Deus”.

APRENDENDO COM JESUS

Ele estava no lugar errado e na hora errada. Enquanto Jesus fazia o seu árduo percurso do Pretório até o Gólgota, os soldados romanos obrigaram Simão a trabalhar. Tudo o que se sabe desse homem acha-se na combinação dos relatos de Mateus, Marcos e Lucas: "E, como o conduzissem, constrangendo um cireneu, chamado, Simão, pai de Alexandrre e Rufo, que vinha do campo, para que carregassem-lhe a cruz". É tudo o que temos.

Cirene ficava na costa da África do Norte e tinha sido fundada como uma colônia grega por volta de 600 anos antes. Nessa comunidade grega, mais tarde entregue à posse dos romanos, foi acolhida uma grande comunidade de judeus. A população judaica dessa província romana era tão significativa, que Jerusalém tinha o orgulho de ter uma "Sinagoga dos Libertos" para os visitantes de Cirene e para outros estados livres (Atos 6:9).

Ao que tudo indica, Simão encontrava-se em Jerusalém em razão da Páscoa. É Marcos quem registra que Simão foi escolhido por acaso: "Que passava, vindo do campo". Nada em nenhum dos evangelhos leva a crer que ele tenha tido alguma participação na trama para destruir Jesus. Parece que se tratava de um espectador inocente. Que deve ter pensado quando foi tomado no horror de uma crucificação? Embora ele não tivesse tocado um homem morto, seria considerado impuro e incapaz de participar da festa? E por que ele tinha sido escolhido em meio à multidão; será que um cidadão romano deveria ser forçado a executar uma tarefa tão repulsiva assim? E, afinal de contas, quem era esse Jesus de Nazaré? Que crime hediondo tinha levado a uma morte tão abominável?

Especulações não faltaram acerca da identidade de Simão e acerca de seu futuro. Houve quem tentasse ligar o seu nome a outras personagens do Novo Testamento. Na verdade, é bem possível que ele seja mencionado como o pai de Alexandre e de Rufo porque eles eram bem conhecidos dos cristãos primitivos, mas mesmo assim isso não nos informa quem eles eram. Simão, de Cirene, passa brevemente pelo palco das Escrituras, depois desaparece de novo na obscuridade. Mas uma coisa é certa: Simão se viu face a face com o Salvador crucificado, assim como todos nós devemos.

Embora possamos considerar Simão um espectador inocente preso pelas circuntâncias, será que o homem pode de fato ser considerado inocente? Simão foi testemunha ocular do que devemos testemunhar pela fé: "O Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (João 1:29). Só podemos ficar nos perguntando se ele jamais veio a perceber a importância daquele momento.

É difícil crer que Simão nunca tenha ouvido sobre Jesus. Embora ele vivesse num país estrangeiro, toda Jerusalém havia estado agitada com as notícias do carpinteiro de Nazaré. O trabalho do Messias não tinha ocorrido dentro de um armário. Ele tinha entrado na cidade em meio ao grande alvoroço por parte do povo; ele havia expulsado do templo os comerciantes; ele continuou a curar os enfermos; regularmente rebateu os fariseus e escribas; e tinha ressuscitado Lázaro do túmulo. A nação de Israel podia estar dividida quanto à identidade dele, mas tinham de reconhecer a sua presença.

O que Simão pensou quando percebeu a cruz de quem estava carregando? Que opinião ele tinha formado acerca desse profeta e pregador itinerante? Será que Simão estava de acordo com os fariseus, ou teria pranteado junto com o povo comum? Jamais saberemos. O que importa, entretanto, é como Simão reagiu após o Calvário.

Antes da crucificação, Simão era apenas como todos nós. "Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Romanos 3:23). Era um pecador, perdido e condenado, incapaz de expiar os próprios pecados. É exatamente a condição em que estamos hoje. Mas, após a cruz, as coisas mudaram para sempre! Agora, por meio da graça de Deus, manifesta no sangue de Cristo, podemos ser limpos do pecado e reconciliados com Deus (2 Coríntios 5:17-21). Simão não mais teria de rolar no mau cheiro e na lama do pecado; ele podia ser enterrado com Cristo e andar "em novidade de vida" (Romanos 6:4).

Cada um de nós, à semelhança de Simão, toma o nosso lugar como uma figura obscura na vastidão da história. Como reagiremos diante da cruz? Será que acreditaremos que Jesus morreu por outra pessoa, ou nos lançaremos na misericórdia de Deus, reconhecendo o Filho como a nossa única esperança? E, como Simão, estaremos dispostos a carregar a cruz de Jesus? Faremos hoje o que ele foi obrigado a fazer S carregar a vergonha e o opróbrio dos homens pela causa de Cristo?


-por Steve Dewhirst
Fonte: www.estudosdabiblia.net/a10_8.htm

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