Samuel é o personagem mais importante entre Moisés e Davi. Ele foi o Lutero ou o João Batista de seu tempo.
Toda a sua carreira, desde o nascimento
até a morte, nos eleva acima dos baixos níveis típicos desse período. A
estéril Ana, com o anseio de uma hebréia por um filho, pede-o a Deus e
depois o devolve a Deus. Assim, Samuel foi criado no tabernáculo em
Silo. O sumo sacerdote, Eli, também era o "juiz" daqueles dias. Ele foi
o primeiro a concentrar as duas ocupações numa só pessoa.
O idoso Eli,
embora pessoalmente fosse puro, permitiu que os gravíssimos pecados de
seus filhos passassem em branco, sem repreensão. Através do menino
Samuel, Deus revelou a sentença contra a casa de Eli. Esta ocorreu
durante a famosa batalha de Afeque, quando os filisteus mataram os
filhos de Eli e capturaram a arca. Eli caiu morto ao receber a notícia.
Os anos de trevas que se seguiram foram amenizados com a esperança
crescente em Samuel, chamado para ser um profeta de Deus. A grande obra
de Samuel pode ser assim resumida:
1) Ele suscitou uma grande reforma nacional, renovando a aliança e trazendo o povo de volta à adoração ao Senhor Deus.
2) Atacado pelos filisteus, ele teve
tamanha vitória em Ebenézer que eles jamais investiram novamente contra
Israel durante o seu mandato de juiz.
3) Organizou as escolas dos profetas.
4) "Julgou" Israel durante toda a vida.
5) Preparou o caminho para a monarquia e
a introduziu, ungindo Saul e, após ser ele rejeitado, Davi. Samuel,
portanto, pertence ao período de transição dos juízes para a monarquia.
Ele é o último e o maior de todos os juízes e o primeiro da grandiosa
linhagem de profetas hebreus posteriores a Moisés.
6) Samuel deve ser um instrutor do povo de Deus, dentro da Palavra de Deus.
Ele ensina os preceitos da aliança em Cristo, e anuncia à igreja a
maneira correta de proceder. Sua palavra não vem apenas em nível
individual, mas também em nível coletivo. Ele mostra os pecados de
pessoas, mas também das instituições. O pecado tem uma dimensão social.
Ele se incrusta nas instituições sociais que criamos, porque estas instituições refletem nossa natureza. Assim,
instituições políticas, religiosas, sociais e denominacionais sofrem
os efeitos do pecado. O profeta deve denunciar o pecado individual e
estrutural e mostrar o caminho correto, que é o arrependimento, a
mudança radical das atitudes.
O profeta não aceita o pecado nos
indivíduos nem nas estruturas, principalmente nas estruturas a serviço
de Deus. Os profetas bíblicos denunciaram os pecados de Síria, Assíria,
Egito, Edom, Babilônia, mas também os de Israel e Judá. O profeta
contemporâneo precisa fazer a Bíblia brilhar e cortar como uma espada
afiada. Ela deve ser mais que o livro do qual se lê um salmo, na hora da
reunião de culto, eclesiástica, administrativa, etc... Ela deve reger
nossa vida em todas as áreas.
Esta relação do profeta com a Palavra de
Deus deve nos levar a uma reflexão. Neopentecostais usam muito o termo
"a Palavra". Se prestarem atenção, não se referem à Bíblia, mas a um
conjunto que inclui a palavra deles. Palavra alguma de pessoa alguma
pode ombrear-se á Palavra de Deus.
Se alguém almeja ser profeta, e se a
igreja se entender como comunidade profética, precisa saber disto: a
Palavra de Deus, a Bíblia, deve ser o norte na vida dos cristãos, e não
as tradições humanas, dogmas, ou ditames eclesiásticos.
C.H. Spurgeon, disse: Nos dias de Eli, a
palavra do Senhor era preciosa, e não havia visão aberta. Foi ótimo
que quando a palavra veio, um indivíduo escolhido tinha o ouvido bom
para recebê-la, e o coração obediente para executá-la. Eli não educou
seus filhos para serem os servos dispostos e os ouvintes atentos à
palavra do Senhor. Nisso lhe faltava à desculpa de ser incapaz, porque
treinou a criança Samuel com bom êxito em ser reverentemente atento à
vontade divina.
Ah, que aqueles que são diligentes com as almas de
outros olhassem bem as suas próprias famílias. Mas ai do pobre Eli, como muitos em nossos dias, fez-te guarda dos vinhedos, mas tua própria vinha tu não guardaste.
Sempre que olhava a criança graciosa, Samuel, deve ter sentido a dor
de coração. Quando se lembrava de seus próprios filhos negligenciados e
não punidos, e como se tornaram vis aos olhos de toda Israel, Samuel
era o testemunho vivo do que a graça pode operar quando as crianças são
educadas no temor do Senhor; e Hofni e Finéias eram tristes exemplos
do que a tolerância demasiada dos pais pode causar nos filhos dos
melhores dos homens.
Oh, meu Deus! Eli, se você tivesse sido tão
cuidadoso com seus próprios filhos como com o filho de Ana, não teriam
sido homens de Belial comoforam, nem Israel teria detestado as ofertas
do Senhor por causa da fornicação que aqueles réprobos sacerdotes
cometiam bem na porta do tabernáculo.
I. O Livro de Samuel
O livro de Samuel, dividido pelos
gregos e pelos latinos - não pelos hebreus - em dois, recebe o nome do
santo profeta, cujas gestas constituem os seus primeiros capítulos, e
cuja ação o dominam inteiramente. A matéria tratada divide-se
marcadamente em três partes, segundo as três personagens que governam
sucessivamente o povo de Israel: Samuel, Saul e Davi.
1a parte. Samuel, o último Juiz:
1) Nascimento de Samuel (1:1-2,10); sua
juventude a serviço do templo; reprovação do sacerdote Heli e de seus
filhos (2:11-3,21).
2) Primeira guerra filistéia; derrota, captura da arca, morte de Heli e de seus filhos (4). Retorno da arca santa (5-7).
3) Judicatura de Samuel: reforma religiosa, segunda guerra filistéia, vitória; governo de Samuel (7:3-17).
4) Mau governo dos filhos de Samuel. O
povo pede um rei (8) Saul é ungido e proclamado rei (9-10). Vitória
sobre os amonitas (11). Samuel abdica e despede-se do povo (12).
2a parte. Saul, primeiro rei:
1) Terceira guerra filistéia;
desobediência de Saul; audácias de seu filho Jônatas; vitórias. Sumário
do reinado de Saul (13-14).
2) Vitória sobre os amalecitas; e outra desobediência de Saul, que é por isso reprovado (15).
3) Samuel unge secretamente rei a Davi, que é chamado à corte de Saul, assaltado por mania furiosa (16).
4) Quarta guerra filistéia. Davi vai ao
acampamento e mata o gigante Golias (17:1-54). Amizade de Jônatas com
Davi e inveja de Saul para com o mesmo (17:55-18:9).
5) Saul procura matar Davi, o qual foge
da corte (18,10-19,17); vai ter com Samuel, renova com Jônatas o pacto
de amizade (19:18-21:1).
6) Davi anda errante por vários lugares
(21:2-22:5) Saul mata os sacerdotes fautores de Davi (22:6-23). Davi em
Ceila (23:1-13); em Zif salva-se de grave perigo (23:14-28) em Engadi
poupa a vida a Saul (24) ofendido por Nabal, é aplacado por Abigail,
que de pois desposa (25) novamente, poupa a vida a Saul (26) vive entre
os filisteus (27).
7) Quinta guerra filistéia. Saul
consulta a nigromante de Endor (28). Davi, afastado pelos filisteus
(29), vence os amalecitas (30). Saul morre no campo de batalha (31) e
Davi pranteia a sua perda (2Sam 1).
3a parte. Davi, fundador da dinastia (2Sam 2-24):
1) Rei de Judá em Hebron (2:1-7); guerra
civil entre os dois partidos, progressos de Davi (2:8-3:5) assassínio
de Abner (3:6-39) e de Isboset (4).
2) Rei de todos os Israelitas em
Jerusalém (5:1-16) vitória sobre os filisteus (5:17-25) transladação da
arca para Sião (6) promessa messiânica (7) conquistas no exterior (8)
favores ao filho de Jônatas (9).
3) Desordens domésticas. Guerra amonita
(10); duplo pecado de Davi (11); arrependimento de Davi (12); incesto
de Amnon (13:1-22); vingança de Absalão (13:23-36); seu exílio e
repatriação (13:37-14:33).
4) Revolta de Absalão (15:1-12) fuga de
Davi (15:13-16:14) e entrada de Absalão em Jerusalém (16:15-17:23);
guerra civil (17:24-18:8); morte de Absalão e luto de Davi (18:9-19:8).
Davi retorna à capital (19:9-43) a rebelião de Seba é dominado
(20:1-22) governo (20:23-26).
5) Diversos episódios. Cessa a fome,
dando satisfação aos gabaonitas (21:1-14). Heroísmo de alguns homens
contra os filisteus (21:15-22). Cântico triunfal de Davi (22). -
Últimas palavras de Davi (23:1-7). Os heróis campeões (23, 8-39).
Recenseamento do reino; a peste; ereção de um altar sobre o Sião (24).
Todos esses acontecimentos encheram o
período de cerca de um século e meio, aproximadamente os anos 1120-970
a.C., um lapso de história israelita isento de toda interferência quer
do Egito, quer da Assíria e da Babilônia.
Ao escrever o livro, o autor sagrado tem
por finalidade mostrar-nos as vias providenciais pelas quais foi
estabelecida no povo de Deus a monarquia e a dinastia davídica, de cuja
cepa devia nascer o Messias, cujas glórias ter-lhe-ia perpetuado. Em
Samuel apresenta-nos o modelo do ministro fiel de Deus, em Davi o tipo
de magnanimidade aliada a uma sincera piedade.
II. Canonicidade:
Os nomes desses dois livros poderiam
estar ligados à tradição judaica segundo a qual foram redigidos por
Samuel, Natã e Gad, como já 1 Cr 29.29 manifestamente o supõe. No
Cânon, os dois livros constituíam, originalmente, uma unidade que só se
desfez nos manuscritos e nas impressões hebraicas executadas a partir
de 1448.
A versão da LXX (Septuaginta) reuniu os livros de Samuel e
Reis num só livro chamado Reinos e o subdividiu em quatro livros
numerados seguidamente, dos quais os dois primeiros correspondem a 1 e 2
Sm e os últimos, a 1 e 2 Reis. 1 e 2 Sm são fruto da unificação de
várias tradições.
Os livros, como os temos, já são um
processo elaborado, ou seja, alguém juntou as tradições e deu forma
redacional para que, lido, pudesse apresentar uma certa coerência de
conteúdo. Seu conteúdo engloba as tradições de Samuel, Saul e Davi.
Todo o contexto dos livros está voltado para as batalhas, primeiro de
Samuel, depois de Saul e Davi, contra os filisteus e as dificuldades
inerentes a isso. Nesses livros vamos encontrar a gênese da função do
profeta em Israel, exemplificada nas figuras de Samuel, Natã, Gad e
outros não identificados, mas que exerceram seu ministério.
III. A MONARQUIA EM ISRAEL
A Monarquia israelita abrangeu quatro séculos.
Os três primeiros reis exerceram seu governo sob uma nação unida. Essa
monarquia unida durou pouca coisa mais do que um século, iniciando-se
por volta de 1020 a.C. Sua origem está centrada no fato de que os
filisteus estavam se tornando uma ameaça militar muito forte, fazendo
com que os israelitas desejassem ter as mesmas condições para
enfrentá-los. Para atingir esse fim, Israel precisa deixar de ser
tribal. Antes da Monarquia, não havia Estado.
As decisões eram
isoladas, ocorrendo nas tribos, clãs, cidades-estado e outras
subdivisões que mostram bem a diversidade de relações do Israel
pré-monárquico. As tribos se uniam, na eventualidade de acordos ou
ataques inimigos.
Os estudiosos falam de uma Confederação de Tribos
(Anfictionia), que se reunia para deliberar atividades conjuntas,
possuindo uma liderança flutuante.
Outros trabalham a hipótese de
não haver tal confederação, mas uma união de duas ou mais tribos ou
cidades-estado, para fazer frente a algum perigo comum. O certo é que
não havia estado constituído. As funções de natureza religiosa e ritual
eram executadas, via regra, pelos pais de família ou chefes de clãs,
em santuários locais.
1. O Período de Saul 1 Sm 10-31
É provável que Saul tenha governado por
volta de doze ou vinte dois anos. Sua escolha se reveste de
controvérsia, pois existem textos que dizem ter sido ele ungido por
Samuel e, de outro lado, que foi resultado do desejo de Israel de ter
um rei, insurgindo-se contra a realeza de Javé. Também sua rejeição é
narrada duas vezes. Acredita-se que Saul não tenha sido um rei, na
verdadeira acepção do termo, por, entre outras coisas, não possuir uma
sede para seu governo; não conseguir montar um exército regular; não
ter exercido funções administrativas nem construído nada.
Sua passagem
por Israel é puramente militar e seu reinado é marcado por um estado
constante de guerra! Podemos dizer que seu "reinado" não passaria de
uma "pré-monarquia". Nos textos mais antigos, Saul não é chamado de
rei, malkah, mas de noged príncipe ou comandante. Exerceu sua liderança
por todo o tempo da beligerância com os filisteus, o que equivale a
toda a sua vida.
Morreu guerreando, sem condições para outorgar sua
liderança ao descendente. Existem algumas particularidades quanto ao
reinado de Saul. Não se pode deixar de mencionar sua capacidade
militar, bem como sua dificuldade de manter-se fiel aos princípios
estabelecidos por Samuel. Percebe-se uma constante tensão entre as
instituições da monarquia, do sacerdócio e do profetismo.
O capítulo 28
nos testemunha a sua incapacidade de aceitar que seu tempo havia
terminado. Seu relacionamento com Davi também é tumultuado, havendo
momentos de grande tensão entre eles. Os relatos nos falam de situações
difíceis, de origem espiritual e da presença de Davi, como que para
aliviá-lo de seu sofrimento. Um final melancólico para um herói de
guerra! Seu mérito? Preparar as tribos para a liderança de Davi e a
instalação do Estado de Israel.
2. Davi: A Instituição do Estado. (2 Sm).
A Monarquia começa, efetivamente, com
Davi. O estabelecimento do Estado, com todas as suas características
terão seu auge no período de Salomão, mas Davi é o rei por excelência.
Ele é chamado de "malkah"! Sua subida ao trono não se deu
pacificamente. Os textos nos informam que houve luta entre os adeptos
de Saul e de Davi, para se saber quem seria o seu sucessor. Davi,
depois de ter sido aclamado rei sobre todo o Israel, assume para si a
guerra com os filisteus e os derrota. A partir daí, começa uma nova
fase para Israel.
O reinado de Davi institui, de uma vez por todas, o
Estado. Conquistando Jerusalém, uma cidade que não pertencia a nenhuma
tribo, inaugura um governo independente e de estrutura. A capital
necessita de funcionários que desempenhem os papéis vários de um
Estado. Há um esforço que se coroa de êxito na centralização da fé em
Javé, na cidade de Jerusalém, quando do transporte da Arca da Aliança.
As guerras não se resumem aos filisteus somente. Também os amonitas,
moabitas e edomitas são alvo da espada de Davi, estabelecendo a
hegemonia de Israel até o rio Eufrates. É importante ressaltar que tais
êxitos políticos militares se dão, por falta da presença das grandes
potências, que neste período estão enfraquecidas e, portanto,
possibilitam o surgimento e fortalecimento de reinos menores. Como as
necessidades do Estado davídico eram relativamente baixas, os tributos
também o foram, pois suas construções se afiguram modestas.
No entanto,
a provisão de fundos e material para as edificações posteriores, foram
abundantes. O narrador (Obra Historiográfica do Deuteronomista), no
entanto, não deixa de mencionar as desventuras de Davi, tais como o
adultério com Bete-Seba e o conseqüente assassínio de Urias, seu
marido; as dificuldades com Absalão e a guerra sucessória; e as
insubordinações de Joabe, seu general e cúmplice. Por fim, legaram ao
seu filho Salomão um Estado com francas possibilidades de expansão, o
que será plenamente realizado.
Conclusão:
1. Primeiro Livro de Samuel: A função da autoridade: O
primeiro livro de Samuel narra acontecimentos que se situam entre 1040
e 1010 a.C. Temos aí uma análise crítica do aparecimento da realeza em
Israel, análise que pode nos ajudar a avaliar nossos sistemas e homens
políticos, bem como qualquer outra autoridade.Há duas versões do
surgimento da autoridade política central em Israel: a primeira é
contrária e hostil à monarquia (1Sm 8;10, 17-27), representando a visão
mais democrática das tribos do Norte, que viviam em terras produtivas.
A
Segunda versão é favorável à monarquia (1Sm 9, 1-10, 16; 11) e
representa a visão da tribo de Judá, que vivia em terras menos
produtivas. Unindo as duas versões, vemos que a autoridade é, ao mesmo
tempo, um mal necessário (ela pode se absolutizar, explorar e oprimir o
povo) e um Dom de Deus (uma instituição mediadora, que deve
representar, isto é, tornar presente o próprio Deus, único rei que
salva e governa o seu povo).
1 Sm oferece, portanto, uma teologia crítica da autoridade política.
Mostra
que Deus é o único rei sobre o seu povo. Para ser legítimo, o
rei humano (e seus esquivalentes) devem ser representantes de Deus, isto
é, servir a Deus através do serviço ao povo. E isso compreende duas
coisas: primeiro, reunir e liderar o povo, ajudando-o a proteger-se e a
libertar-se dos seus inimigos (1Sm 9,16); segundo, organizar o povo e
promover a vida social conforme a justiça e o direito (Sl 72; Dt 17,
14-20; Pr 16,12).
Conforme 1Sm, portanto, qualquer autoridade que não
obedece a Deus e não serve ao povo é ilegítima e má, pois ocupa o lugar
de Deus para explorar e oprimir o povo.
2. Segundo livro de Samuel: A autoridade ideal: O
segundo livro de Samuel continua a narração de 1Sm, abarcando o
período que vai de 1010 a 971 a.C. O livro está centrado na figura de
Davi, cuja história começa já em 1Sm 16, e nas lutas dos pretendentes
para suceder-lhe no trono de Jerusalém. Podemos dizer que 2Sm continua a
avaliação do sentido e da função da autoridade política. Davi é
apresentado como rei ideal, que obedece a Deus e serve o povo. Graças à
sua habilidade política, ele consegue aos poucos captar a simpatia das
tribos, sendo primeiro aclamado rei de Judá, sua tribo, e depois rei
também das tribos do Norte. Após ter conseguido reunir todo o povo, Davi
conquista Jerusalém e a torna ao mesmo tempo o centro do poder
político e da religião de Israel.
O ponto mais alto da sua história é a
profecia de Natã (2Sm 7), onde o profeta anuncia que o trono de
Jerusalém sempre será ocupado por um Messias (= rei ungido) da família
de Davi. É a criação da ideologia messiânica: o povo será sempre
governado por um Messias, descendente de Davi. Logo depois começa a
competição pelo poder e pela sucessão e, finalmente, o trono é ocupado
por Salomão, filho mais novo de Davi (2Sm 9 - 1Rs 2).
Davi passou para a história como o
modelo de autoridade política justa. Por isso, mesmo com o fim da
realeza, os judeus permaneceram confiantes no ideal messiânico e
ficaram à espera do Messias que iria reunir o povo, defendê-lo dos
inimigos e organizá-lo numa sociedade justa e fraterna. Dizendo que
Jesus é o Messias esperado (daí o nome grego Cristo = Messias). Ele
veio para reunir todos os homens e levá-los à vida plena, na justiça e
fraternidade do reino de Deus.
Síntese: 1 e 2 Samuel: O
conteúdo dos dois livros pode ser dividido em três partes, tendo como
base as pessoas que sucessivamente governaram Israel: o profeta Samuel,
e os reis Saul e Davi. Falam dos últimos anos da época dos juízes (1Sm
1–7), das origens da monarquia com Saul e sua rejeição (1Sm 8-15), a
escolha de Davi para o trono (1Sm 16- 2Sm 7) e da história da sucessão
de Davi (2Sm 9-20). Podemos notar a influência deuteronomista em 1Sm
12,6-16, onde a garantia do êxito estará na obediência a Deus e na
observância de seus mandamentos.
O livro de Deuteronômio desempenha um papel especifico no Livro de Samuel:
Israel um dia terá Rei (Dt 17:14-20); Um dia a nação de Israel teria
descanso dos inimigos (12:12); Um dia Israel teria de colher as benções
ou maldições do Pacto de Deus (Dt 28); Deus exige obediência de todos e
adoração exclusiva a Ele (1 Sm 7:3-4).
O doutor Owen D. Olbricht, comentando sobre a Aliança de Deus com Davi, diz:Deus
fez uma aliança com Davi que continhauma promessa a ser cumprida por
Jesus. Pertodo final de sua vida, Davi afirmou que Deus fezessa aliança
com ele (2 Samuel 23:5). Isso tambémé mencionado em 2 Crônicas 21:7,
num relato doperíodo de declínio da história da nação de Judá.Davi
registrou as declarações de Deus concernentesà aliança em Salmo 89:Fiz
aliança com o meu escolhido e jurei a Davi, meu servo.Para sempre
estabelecerei a tua posteridadee firmarei o teu trono de geração em
geração (vv. 3, 4).Conservar-lhe-ei para sempre a minha graçae, firme
com ele, a minha aliança.Farei durar para sempre a sua descendência;e, o
seu trono, como os dias do céu (vv. 28, 29).
Não violarei a minha
aliança, nem modificarei o que os meus lábios proferiram.Uma vez jurei
por minha santidade(e serei eu falso a Davi?):A sua posteridade durará
para sempre,e o seu trono, como o sol perante mim (vv. 34.36).Natã
declarou a Davi a natureza duradourado seu reino (2 Samuel 17:13, 16).
Miquéiasprofetizou que o que haveria de reinar viria deBelém (Miquéias
5:2). Daniel teve uma visão doFilho do Homem subindo até o Ancião de
Dias erecebendo DELE um domínio eterno (Daniel 7:13,14). Isaías, também,
falou daquele que se sentariano trono de Davi (Isaías 9:6, 7).Essas
profecias foram cumpridas em Jesus,um descendente de Davi que era da
tribo deJudá. Ao abençoar seus filhos, Jacó profetizouque o cetro não se
arredaria de Judá (Gênesis49:10).
Outras profecias relativas a Davi
indicavamque da sua descendência viria um rei quereinaria sobre o povo
de Deus , assim como Davireinara sobre eles.O anjo Gabriel associou
essas profecias aJesus na anunciação a Maria: Este será grande eserá
chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor,lhe dará o trono de Davi, seu
pai; ele reinará parasempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado
nãoterá fim. (Lucas 1:32, 33).Tudo isso se cumpriu quando Jesus
ascendeuà destra do Pai e todas as coisas foram colocadasdebaixo dos
Seus pés. A partir de então, Jesuspassou a ter toda autoridade nos céus e
na terra(Mateus 28:18).
Aqueles cujos pecados foramesquecidos foram
libertos do domínio das trevase de Satanás para entrar no reino de Jesus
(Atos2:38; 26:18; Colossenses 1:13).Jesus é o Messias, o Cristo (João
1:41; Ato 2:36). Porque Ele reina agora, temos de obedecera Ele, ou
seremos exterminados do meio do Seupovo (Atos 3:23).As alianças que Deus
fez com Davi cumpriram-se em Jesus. Em conformidade com essa
aliança,Deus trouxe O que haveria de reinar, Jesus, parasentar-Se no
trono de Davi e governar sobre opovo de Deus. Ao enviar Jesus, Deus
cumpriu Sua aliança com Davi.
Nota Homilética Shedd:
Nasceu em 1103 a. C, quando Eli tinha
em torno de 58 anos. Entre 4 a 6 anos de idade foi levado ao templo por
seus pais para ser consagrado ao serviço sacerdotal. Em 2.8 tem em
torno de 7 a 9 anos; em 3.1 , segundo Flavio Josefo, tem 12 anos. Aos
21 anos já é reconhecido em todo Israel com profeta de Deus (3.20).
Exerce o co-juizado com Eli por 10 anos, até a morte do sacerdote em
1063 a.C. por 20 anos é a única autoridade em Israel, sendo, sacerdote,
juiz e profeta.
Em 1046 com 57 anos de idade, tentou constituir seus
filhos como juizes, mas foi frustrado devido ao mau testemunho dos
mesmos (8.1). Ungiu Saul com 30 anos de idade (1044 a. C): Endossou o
mesmo para ser rei sobre todo Israel em 1043 a.C, quando Saul estava
com 31 anos. Samuel exerce o poder ao lado de Saul por 18 anos. Em 1025
a.C, Saul é rejeitado e em 1023 a.C, Davi com aproximadamente 16 a 18
anos é ungido rei de Israel. Samuel morreu aos 89 anos de idade (1014+). Samuel criou duas instituições a Monarquia e a Escola de Profetas.
O Profeta Samuel: Vida e Obra publicado 1/08/2009 por george ferreira em http://www.webartigos.com
Fonte: http://www.webartigos.com/articles/