segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

APRENDENDO COM NAAMÃ (PARTE 2)

Naamã: ensinado pelos servos

Passados aproximadamente 200 anos, surgiu, na região da Síria, um grande homem chamado Naamã, que era de muito respeito por ser um valente de guerra. Ele, que era um herói nacional e estava acostumado a ser tratado com reverência e consideração, construiu essa imagem por ter agido bravamente e obtido muitas conquistas no campo de batalha. 
Podemos imaginar quantas vezes ele retornou para ser aclamado pela multidão em Damasco depois de conquistar grandes vitórias para sua nação. Naamã era muito especial, literalmente falando. Contudo, quando tudo parecia estar indo bem, ele notou uma marca branca em sua pele: os pri­meiros sinais de lepra!
Mal sabia ele que o Onipotente, o Senhor de Israel, já tinha determinado uma série de acontecimentos que lhe dariam algo mais maravilhoso do que quaisquer riquezas e toda fama que o mundo já lhe havia oferecido: o conhecimento de Deus. 
A história, na verdade, começou algum tempo antes, quando as tropas sírias haviam seqüestrado uma garotinha judia e levaram-na para a Síria a fim de servir a esposa de Naamã. Simpatizando com a condição de seu novo senhor, a jovem escrava mencionou que havia um profeta em Israel que poderia sará-lo. O grande general, desesperado por um milagre de cura, foi forçado a receber instruções de uma criada! Esse foi o primeiro de muitos degraus que aquele orgulhoso guerreiro estava descendo.
Em uma grande demonstração de pompa e arrogância, o poderoso homem aparece com seu grupo de soldados e chega ao humilde lar do profeta Eliseu. Naamã era acostumado com a atitude de seus subalternos - como este profeta judeu - de se curvarem ante a sua presença, em sinal da mais profunda reverência. Para sua surpresa, Eliseu sequer saiu da casa para cumprimentá-lo. Em vez disso, enviou seu servo com uma simples mensagem: Vai, e lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne te tornará, e ficarás purificado (2 Rs 5.10b). O comentário do púlpito descreve sua reação:
O general sírio tinha imaginado uma cena bem diferente. "Pensava eu que ele sairia a ter comigo, por-se-ia de pé, invocaria o Nome do Senhor, seu Deus, moveria a mão sobre o lugar da lepra e restauraria o leproso". Naamã tinha imaginado uma grande cena, onde ele seria o personagem central, o profeta descendo, provavelmente com uma varinha mágica, com os ajudantes posicionados ao redor, os tran­seuntes parando para observar - uma invocação solene da deidade, um poder mágico movendo-se em suas mãos, e a cura imediata, ocorrida nas ruas da cidade, diante dos olhos dos homens, no barulhento centro da cidade [...] Em vez disso, ele foi orientado a voltar como tinha vindo, cavalgar cerca de 32km até o rio Jordão, geralmente lamacento ou, pelo menos, sem cor, e banhar-se, sem qualquer pessoa para ver, exceto seus próprios ajudantes, sem importância, pompa ou circunstância ou glória alguma.9
Por causa de sua grandiosa imaginação de como aconteceria sua cura, Naamã ficou extremamente furioso com esse tratamento: Não são, porventura, Abana e Farpar, rios de Damasco, melhores do que todas as águas de Israel? Não me poderia eu lavar neles e ficar purificado?, ele se indignou (2 Rs 5.12a). Esse foi um momento crucial. Se tivesse permitido que a raiva afetasse sua resposta, ele poderia ter feito algo sem pensar, como tentar agredir Eliseu, que poderia facilmente clamar fogo do céu para destruir toda a sua tropa (2 Rs 1.9). Porém, alguns dos servos vieram falar-lhe e ponderaram com ele: Meu pai, se o profeta te dissera alguma grande coisa, porventura, não a farias? Quanto mais, dizendo-te ele: Lava-te e ficarás purificado (2 Rs 5.13b).
Nada disso fez sentido para a mente racional de Naamã, mas, mesmo assim, sua grande necessidade o fez humilhar-se e obedecer às palavras daquele profeta que tanto o havia desrespeitado. Ele fez a viagem de duas horas até o rio Jordão e se lavou sete vezes. Depois de ter mergulhado a sétima vez no rio sujo, conforme o homem de Deus havia prometido, a lepra tinha desaparecido totalmente. Assim como o único leproso purificado que voltou para agradecer a Jesus, Naamã retornou a Samaria para expressar sua gratidão a Eliseu. Dessa vez, não havia qualquer indício de ego insuflado ou do desdém soberbo que ele havia mostrado anteriormente. Ele era um homem mudado que, naquele momento, havia experimentado a bênção da humildade.
Há um grande número de coisas importantes que podemos aprender dessa experiência humilhante de Naamã. A mais óbvia é que, quando ele tinha tudo caminhando da forma esperada, não sentiu a necessidade de procurar um relacionamento com o Altíssimo, e isso não é diferente hoje, mesmo com os crentes. A ausência de problemas tende a deixar as pessoas orgulhosas e auto-suficientes. Então, em Sua misericórdia, o Senhor permite que a adversidade aconteça em nossa vida para que tenhamos sempre a consciência da necessidade de Sua ajuda (Sl 119.67,71).
É também interessante como o altivo general sírio teve de receber constantemente orientações de seus escravos. Primeiro, a pequena escrava disse-lhe onde procurar pelo poder de cura. Eliseu mandou seu escravo, Geazi, dar as instruções da restauração. Por último, quando Naamã ficou nervoso, seu próprio servo teve de lhe mostrar a sabedoria necessária para decidir o que fazer. O fato da questão é a verdade que servos têm muito mais facilidade de entender o Senhor, pois o Reino de Deus é fundamentado na servidão. Eles têm uma singela forma de pensar que os ricos e poderosos não compreendem.
Podemos observar também como a maneira de Deus agir é muito diferente da do homem. O Senhor deu a Naamã uma simples tarefa para executar: Lava-te e ficarás purificado. Em nosso orgulho, queremos fazer alguma coisa que nos torne merecedores daquilo que estamos pedindo a Deus. "Se eu jejuar por 40 dias, certamente, Deus irá libertar-me," é a maneira que geralmente pensamos. 
Mas pensar dessa forma é perder totalmente o foco da questão central: desenvolver a humildade e uma dependência do Senhor. Indivíduos imaturos, autocentrados, em geral, querem fazer algo grande que eles possam apontar como a razão para a oração atendida. Em vez de dar a glória a Deus, a pessoa a clama para si. No caso de Naamã, se lhe tivesse sido pedido que fizesse algo extraordinário a fim de receber a cura, ele teria voltado para a Síria tão arrogante como sempre e mais longe ainda do Altíssimo.
Finalmente, os sete mergulhos de Naamã no rio Jordão na frente de toda a tropa é uma linda ilustração de como o Senhor ajuda as pessoas a se rebaixarem. Cada vez que ele mergulhava, aproximava-se mais um pouquinho do conhecimento do Todo-Poderoso. 

Depois de receber toda a água dos sete mergulhos, ele estava suficientemente humilde para que enxergasse O mais humilde de todos. Isso, simples­mente, não seria possível se não experimentasse essas humilhações repetidas. Esse é o caso dos cristãos hoje em dia. Quando o Senhor permite que uma pessoa seja humilhada de alguma forma, o Seu desejo é sempre que ela tenha um conhecimento maior de Jesus.
Muitos poderiam pensar que seria impossível para um homem egoísta e orgulhoso como Naamã aproximar-se de Deus. Contudo, o Senhor sabe exatamente como atender à necessidade de cada um. No caso de Naamã, foram necessárias as ordens de três escravos e muitos mergulhos no rio Jordão para quebrantá-lo! Mas esse era um homem que estava sendo atraído para o Senhor.

Um homem orgulhoso humilhando-se é uma coisa maravilhosa no Reino de Deus.

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