quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

APRENDENDO COM JUDÁ

Qual o sentido real de “Siló” em Gn 49.10?


Gênesis 49.10 é o verso de uma das estrofes das profecias de Jacó, a respeito de seus doze filhos. De Judá se fala nos v. 8-12. Essa tribo é apresentada em termos que dão ideia de elementos bélicos, quando lemos, por exemplo: “a tua mão estará sobre a cerviz de teus inimigos” (v. 8), e Judá é leãozinho […] como leão […] quem o despertará?’ (v. 9). O v. 10 enfatiza o papel futuro de Judá como líder real sobre todas as demais tribos de Israel e, possivelmente, sobre nações estrangeiras também.
Lemos o seguinte: “O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre os seus pés, até que venha Siló; e a ele obedecerão os povos” [‘ammîm]. Há grande ênfase na bravura militar e no status real dessa tribo estabelecida como a principal, havendo afirmação clara de que esse aspecto de realeza prossiga até o aparecimento da figura-chave a que se dá a denominação de Siló. O cetro e o bastão de legislador estarão nas mãos dessa tribo até que venha o pacificador.
Surge, porém, a pergunta: Quem é, ou que é Siló? O Targum aramaico traduz o v. 10 assim: “Até que venha o Messias, a quem pertence o reino”. Parece que isso identifica um título do Messias, mas aponta também para uma interpretação desse nome que envolve a frase “quem a ele” ou “a quem”.  A Septuaginta, que data do século III a.C.,  traduz assim essa cláusula: “Até que venha as coisas que foram preparadas (apokeimena) para ele”. Isto contém a sugestão de que Siló era interpretado como se houvesse uma pontuação vocálica diferente, isto é,  sellô(“alguém a quem”). As traduções do gego, de Aquila e Simaco, do segundo século d.C.  redundaram num texto mais sucinto: “aquele para quem se estocou”, ou “se reservou”, usando-se o mesmo verbo grego, mas na forma apokeitai.
Não podemos encerrar esta temática sem mencionar antes uma passagem paralela bastante intrigante de Ezequiel 21.27 que aparentemente se refere a Gênesis 49.10:  “Ao revés, ao revés, ao revés porei aquela coroa, e ela não mais será, até que venha aquele a quem pertence de direito; a ele a darei”.  [ Jerusalém prestes a ser atacada por Nabucodonozor em 586 a.C ]. Também isto não existirá mais [ ou “não acontecerá (ló hayah)], até que venha aquele a quem pertence o direito; e a ele a darei”. 
Na declaração de Ezequiel encontramos hammishpat (“o direito de julgamento”), substituindo o conceito de “cetro” em Gn 49.10. Portanto, se Ezequiel 21.27 tenciona edificar sobre o alicerce de Gn 49.10 e revelar sua aplicação última ao Messias – como é que parece aplicar-se em Ezequiel – que descenderá da casa real de Judá, estaremos pisando em solo firme ao interpretar Gn 49.10 como sendo referência ao Filho divino, Jesus Cristo, o descendente messiânico de Davi. 
Pr Marcelo Oliveira

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