Em uma de suas canções mais populares, o cantor Roberto Carlos insiste no refrão da música, dizendo: “É preciso saber viver”. Confesso que nem sei se ele mesmo tem sabido viver, porque não tenho notícias que ele já tenha entregado sua vida para Jesus!
Mas, mesmo entre nós, o conceito de saber viver tem sido um pouco deturpado. Uns acham que é ter uma vida farta materialmente falando, cercado de confortos modernos; outros acham que é ter uma polpuda conta bancária, outros que basta ter dinheiro no bolso e saúde pra dar e vender, como diz o refrão de outra canção. Na realidade, irmãos, estamos diante de um casal que realmente soube viver, pois uma vez convertido ao Senhor usou tudo que tinha, tudo que veio a ter e tudo que era para o serviço do Senhor! Cumpre-se no casal o que Moisés pediu a Deus no Sl 90.12: “Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios.”
1 – QUEM ERAM ÁQUILA E PRISCILA?
Eles formavam um lindo casal, cujos nomes aparecem pelo menos seis vezes na Bíblia, com Paulo e Lucas se dividindo nas citações. Vieram de Roma como refugiados de guerra e se estabeleceram em Corinto, cidade conhecida pelo seu progresso material, pelos avanços culturais, mas sobretudo pela imoralidade que lá campeava.
Ele era judeu, natural da cidade do Ponto, no litoral do mar Negro, Ásia Menor – At 18.2.
Ela que era chamada de Prisca (2Tm 4.19), enquanto Lucas a chamava pelo diminutivo Priscila (At 18.2); era oriunda de uma tradicional família romana.
Sua profissão: era comum aos judeus, ricos ou pobres, os filhos ainda crianças aprenderem uma profissão, e Áquila aprendeu a fabricar tendas (eram residências móveis feitas de couro de cabra – At 18.3).
2 – ALGUMAS MARCAS QUE CARACTERIZAVAM O CASAL
(1) – Uma consciência forte de família - At 18.18. Alguns casais sabem tirar proveito da vida, um complementando o outro, fortalecendo-se e tirando proveito dos pontos fortes de cada um, formando assim uma dupla imbatível. Áquila e Priscila era um destes casais, pois seus esforços em se mostrarem unidos contagiavam aqueles que estavam ao seu redor. Por certo, a exemplo de todo e qualquer casal, deveriam ter problemas relacionais, mas eles não permitiam que estes afetassem sua vida nas áreas cristã e ministerial. Chama a atenção de qualquer leitor atento da Bíblia que em nenhum momento eles são citados separadamente. Só isso aí já nos leva a refletir sobre a valorização do casamento, a importância da família. Por certo o sucesso deles no ministério tem tudo a ver com o sucesso deles na vida conjugal.
Portanto, queridos casais, se quiserem ser bênçãos nas mãos de Deus mantenham-se unidos, e Deus os cobrirá com suas mais escolhidas e doces bênçãos!
(2) Uma consciência de ministério – At 18.19
A Bíblia silencia, mas é provável que eles tenham se convertido em Roma, tomada pelo paganismo e pelas superstições; é bem possível que eles tenham saído de lá, não só pela guerra civil mas também pela perseguição religiosa. Expulsos por um decreto do imperador Cláudio, que era contra os judeus. Chegando a Corinto, embora vivendo o drama de todos os refugiados, abriram sua casa para hospedar o apóstolo Paulo em sua segunda viagem missionária.
1) – Paulo juntou-se com eles também no ofício – Paulo quando jovem aprendeu aquele ofício. Assim, para não lhes ser pesado, juntou-se a eles para custear as suas despesas pessoais.
2) – O casal também lucrou com a presença do apóstolo. Enquanto Paulo se hospedava lá, o casal aproveitou a oportunidade para enriquecer-se dos conhecimentos bíblicos ministrados por ele. E isso lhes foi muito útil para que mais tarde, como iremos constatar, eles pudessem abençoar outros.
O destaque é que o casal tinha mil motivos para não hospedar Paulo em sua casa: refugiados de guerra estavam ainda se adaptando à nova cidade e residência; hospedar Paulo era um risco, pois as perseguições iriam acontecer por parte dos adversários do evangelho. Mas eles o receberam assim mesmo, pela forte consciência ministerial. Quando abençoamos, somos mais abençoados ainda – 1Pe 4.9; Hb 13.2.
(3) Uma consciência missionária – At 19; 1Co 16.19; Rm 16.5
Paulo, percebendo o ardor missionário do consagrado casal, viajou com eles de Corinto para Éfeso e em lá chegando ficou por alguns dias, pois precisava ir para Jerusalém, e com tranquilidade deixou o casal devidamente treinado para se incumbir da evangelização de Éfeso.
Mais uma vez a casa do casal é colocada a serviço do Senhor: embora a Bíblia não afirme, provavelmente a igreja de Éfeso tenha sido organizada na casa do casal, pois foi Paulo quem disse: “no Senhor muito vos saúdam Áquila e Priscila e bem assim, a igreja que está na casa deles” (Rm 16.5).
Imaginemos, irmãos, um casal sem filhos, a casa toda arrumadinha e de repente em face da necessidade da obra missionária os pastores falavam: “Vamos ter que nos reunir ao ar livre, sujeitos a espancamentos dos guardas da cidade”. E aí um silêncio! E o casal fica de pé e diz: “Pastores, passem a se reunir em nossa tenda a partir de hoje”. E naquele tempo a igreja tinha culto todos os dias (At 2.46). E o casal tinha todos os dias multidões invadindo a sua casa e a forte consciência missionária levava o casal a aceitar com alegria aquela santa invasão!
(4) O casal também tinha uma forte consciência de discipulado – At 18.25
Enquanto estavam em Éfeso, com a partida de Paulo para Jerusalém, ficou sobre o casal a responsabilidade de cuidar da igreja. E o casal, consciente da dura responsabilidade de substituir o incomparável Paulo, dirigiu a igreja com muita competência.
1) A presença de Apolo – Foi quando chegou a Éfeso um jovem e brilhante pregador chamado Apolo com um discurso forte, corajoso, que encantava a todos, e multidões eram arrebatadas com o discurso do jovem e revolucionário pregador.
Apolo também era versado nos debates, pois os oponentes do cristianismo eram devidamente rechaçados com a dialética do animado pregador, porém se percebia nele algumas dificuldades comuns em crentes novos.
2) A intervenção de Áquila e Priscila para discipular Apolo – Se o querido casal hospedeiro fosse inseguro ou carnal, veria o jovem Apolo como um usurpador de poder, alguém que vendo a igreja já organizada se valia da capacidade de oratória para alimentar a vaidade de ser aplaudido pelo povo. Porém o experiente casal adotou a filosofia de João Batista, referindo-se a Jesus: “é necessário que ele cresça e que nós diminuamos”. E ao invés de tolher o ministério do jovem, submeteu-o a um árduo discipulado, equipando-o com cultura teológica e eclesiástica para que ele prosseguisse a pregar, só que agora com mais respaldo bíblico.
PARA PENSAR E AGIR
Com Áquila e Priscila aprendemos que:
1) Só seremos felizes quando colocarmos bens e vidas a serviço do Senhor – Pelos esforços empreendidos, o casal, fugindo de perseguição romana, se estabeleceu em Corinto. Em lá chegando, foi logo se identificando com a obra missionária. Como já vimos anteriormente, Priscila veio de família mais abastada economicamente e Áquila era fazedor de tendas. O que nos encanta é que os dois combinaram colocar os bens adquiridos, a bela residência e, sobretudo, as vidas totalmente a serviço do Senhor. Tudo isso porque para eles o que importava mesmo era o progresso do reino de Deus. Que bela visão!
2) Cada casa pode se transformar em santuário – Nas saudações paulinas são mencionadas várias casas que foram transformadas em igrejas. Em face da ruptura entre judeus e gentios, as antigas sinagogas ficavam restritas a reuniões só de judeus e os novos convertidos gentios tinham que se virar para se reunirem em adoração a Deus. Daí surgiu a necessidade de os crentes abrirem suas casas para se tornarem em igrejas.
Irmão(ã), a sua casa tem sido uma pequena igreja em todos os sentidos? Há espaço para Deus reinar em seu lar? Hoje em dia até para se marcar um simples culto em uma residência de crentes tem sido uma dificuldade! Aprendamos com o casal Áquila e Priscila, por meio da bela visão de Reino que tinha, a abrir as nossas casas para serem transformadas em santuários! Portanto, local de adoração, pregação e santificação!
Fonte: www.ibatebenezer.blogspot.com.br
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