Algumas pessoas são diretas, claras, sinceras, outras são retraídas, tímidas e dissimuladas, do tipo que atira a pedra e esconde a mão. Dependendo do ambiente, de quem está presente, os dissimulados vestem a máscara mais oportuna. O status social das pessoas costumam nortear seus comportamentos. Tem muita gente boa que na igreja é bem humilde, mas da porta para fora a coisa muda completamente e se a pessoa tiver um tiquinho de autoridade humana, aí é que a coisa se transforma inteiramente. É triste.
Havia
entre os fariseus um homem rico, príncipe dos judeus, cujo nome era
Nicodemos. O homem era importante, gozava de uma posição social
relevante na nação judaica, era rico, instruído e honrado, um verdadeiro
príncipe de seu povo.
Nicodemos
ouviu as lições de Jesus e ficou fascinado por aquele Homem Galileu e
ele desejava saber mais, entender melhor quem era aquele homem humilde,
mas que falava com sabedoria incomum para alguém do povo e Nicodemos
queria conhecer melhor Sua doutrina maravilhosa.
O
problema é que Nicodemos fazia parte do Sinédrio, o conselho dos judeus
e se ele fosse falar com Jesus à luz do dia, certamente seria duramente
criticado pelos outros fariseus e Nicodemos tinha uma posição social a
honrar, não era qualquer um. Então, Nicodemos resolveu procurar Jesus de
noite, ele sabia onde o Mestre costumava passar a noite e foi lá.
Ele chegou elogiando Jesus, dizendo: “Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.” (João 3:2). Jesus nem considerou o elogio e disse: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.” (João 3:3). Aquilo foi uma ducha de água fria no fariseu arraigado às suas tradições religiosas.
Pense
bem, o homem era reconhecidamente religioso e Jesus disse que estava
tudo errado, que ele teria de nascer de novo se quisesse entrar no Reino
de Deus. Nicodemos era inteligente e sabia do que Jesus falava, mas foi
dissimulado, se fez de burrinho e disse: “Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?” (João 3:4). Nicodemos preferiu se fazer de desentendido e considerar a afirmação de Jesus ao pé da letra.
Jesus
é Deus e sabia com quem estava falando, que Nicodemos era um homem
instruído, profundo conhecedor das profecias e desconsiderou a pergunta
infantil dele. Jesus manteve a conversa em nível mais alto e respondeu: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus” (João 3:5).
Água
e Espírito. O que é isso? Simples. Nascer da água é a profissão de fé, é
o batismo. Quando alguém se batiza está afirmando sua fé, está
confessando Jesus como seu Senhor e Salvador. O Espírito Santo é o Deus
que está conosco todos os dias, suportando nossas fraquezas, moldando
nosso caráter, transformando nossas orações e quem não nascer do
Espírito Santo não é servo de Deus.
O
batismo com água pode ser só água mesmo, vai depender de quem é
batizado, se é sincero ou não, mas o zelo do Espírito Santo, este
ninguém finge receber, é espiritual e faz a nossa vida mudar de verdade.
É o Espírito Santo que nos faz frutificar em toda boa obra, é Ele que
distribui os dons e ministérios na Igreja de Jesus, Ele é o responsável
por todas as mudanças exteriores e interiores em nossas vidas depois de
reconhecermos Jesus.
A conversa ficou animada e Jesus continuou ensinando aquele doutor da lei e disse: “O
que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é
espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de
novo. O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de
onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do
Espírito.” (João 3:6-8).
O que nasce da carne é complicado, porque a carne, gente, tende a tudo o que não presta. Veja o que são as obras da carne:
“Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério,
prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades,
porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas,
homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca
das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais
coisas não herdarão o reino de Deus.” (Gálatas 5:19-21).
A carne luta incessantemente contra o espírito. Não é fácil vencer as obras da carne e nossa tendência natural ao que não presta, só mesmo o Espírito Santo pode nos fortalecer o espírito para vencermos nosso inimigo íntimo: a carne, a tendência humana.
A carne luta incessantemente contra o espírito. Não é fácil vencer as obras da carne e nossa tendência natural ao que não presta, só mesmo o Espírito Santo pode nos fortalecer o espírito para vencermos nosso inimigo íntimo: a carne, a tendência humana.
Tem
muita gente boa que vive caindo em tentação e sabe por quê? Porque a
carne é fraca e o espírito não ajuda. Quem não alimenta o espírito acaba
fortalecendo a carne e aí é uma tristeza, só faz o que não deve.
Pois
bem, voltando a Nicodemos. O homem queria de fato entender o que Jesus
estava ensinando, ele sabia que aquele nazareno podia ser o Messias
esperado pela nação judaica e queria saber mais de Jesus e perguntou: “Como pode ser isso?”(João 3:9).
Era
tudo novo para Nicodemos e ele continuava tentando defender seus
princípios religiosos, não era fácil mudar de uma hora para a outra e
até hoje é assim, muitas pessoas ficam presas a dogmas, princípios
religiosos ou apenas a uma religião que “herdou” de seus pais.
Jesus
provocou Nicodemos, porque queria que ele visse Sua doutrina de outro
ângulo e não apenas as palavras soltas ao vento de um certo Galileu e
disse: “Tu és mestre de Israel, e
não sabes isto? Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que
sabemos, e testificamos o que vimos; e não aceitais o nosso testemunho.
Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos
falar das celestiais?” (João 3:10-12) Jesus estava falando Dele
próprio, estava se queixando da incredulidade dos judeus. Jesus veio
para os Seus e os Seus não o receberam. Jesus foi rejeitado pelo povo
judeu.
Nicodemos
escutava atentamente o que Jesus dizia, ele bebia direto da fonte, pois
antes de conversar com Jesus ele não entendia nada, então Jesus começou
a estabelecer a verdade de Sua pregação, que são hoje a base da
mensagem de salvação e disse: “E,
como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho
do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê não pereça,
mas tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu
o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça,
mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não
para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.
Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado,
porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.” (João 3:14-18)
Nicodemos
ouvia tudo calado. Argumentos, dogmas, princípios religiosos não
poderiam rebater a plena verdade. Jesus falava com a autoridade de Deus,
mas com o amor do Pastor que cuida de Suas ovelhas. Nicodemos se calou
diante da Voz que prega uma verdade límpida, inconteste.
Por fim, Jesus completou: “Porque
todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que
as suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a
luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em
Deus.” (João 3:20-21). Estas foram as últimas palavras de Jesus para
o rico fariseu. Não houve qualquer contestação da parte de Nicodemos,
ele não falou nada e foi embora, em silêncio, guardando aquelas palavras
cheias de autoridade que Jesus havia dito a ele.
Depois
disso Jesus foi com Seus discípulos para a Judéia. Provavelmente nunca
mais conversou com Nicodemos, mas certamente o encontrou outra vez no
dia em que Ele foi entregue ao Sinédrio para ser julgado.
Não
sabemos o que o encontro com Jesus gerou em Nicodemos. A Bíblia nada
diz a respeito disso. A vida continuou para aquele fariseu interessado
em entender a nova doutrina pregada por Jesus de Nazaré. A vida sempre
continua. Os encontros e desencontros escrevem a nossa história pessoal.
Não desperdice a oportunidade de reconhecer Jesus como seu Senhor e
Salvador, não faça como Nicodemos que se calou diante do encontro com o
Rabi (Mestre). Faça de seu encontro com o Mestre o grande acontecimento
de sua vida, aquele encontro que muda o futuro e apaga o passado, esta é
uma das especialidades de Jesus.
Fonte: www.sombradoonipotente.blogspot.com.br
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