quinta-feira, 16 de julho de 2015

APRENDENDO COM NICODEMOS (PARTE 1)
























Algumas pessoas são diretas, claras, sinceras, outras são retraídas, tímidas e dissimuladas, do tipo que atira a pedra e esconde a mão. Dependendo do ambiente, de quem está presente, os dissimulados vestem a máscara mais oportuna. O status social das pessoas costumam nortear seus comportamentos. Tem muita gente boa que na igreja é bem humilde, mas da porta para fora a coisa muda completamente e se a pessoa tiver um tiquinho de autoridade humana, aí é que a coisa se transforma inteiramente. É triste.
Havia entre os fariseus um homem rico, príncipe dos judeus, cujo nome era Nicodemos. O homem era importante, gozava de uma posição social relevante na nação judaica, era rico, instruído e honrado, um verdadeiro príncipe de seu povo.
Nicodemos ouviu as lições de Jesus e ficou fascinado por aquele Homem Galileu e ele desejava saber mais, entender melhor quem era aquele homem humilde, mas que falava com sabedoria incomum para alguém do povo e Nicodemos queria conhecer melhor Sua doutrina maravilhosa.
O problema é que Nicodemos fazia parte do Sinédrio, o conselho dos judeus e se ele fosse falar com Jesus à luz do dia, certamente seria duramente criticado pelos outros fariseus e Nicodemos tinha uma posição social a honrar, não era qualquer um. Então, Nicodemos resolveu procurar Jesus de noite, ele sabia onde o Mestre costumava passar a noite e foi lá.
Ele chegou elogiando Jesus, dizendo: “Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.” (João 3:2). Jesus nem considerou o elogio e disse: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.”  (João 3:3). Aquilo foi uma ducha de água fria no fariseu arraigado às suas tradições religiosas.
Pense bem, o homem era reconhecidamente religioso e Jesus disse que estava tudo errado, que ele teria de nascer de novo se quisesse entrar no Reino de Deus. Nicodemos era inteligente e sabia do que Jesus falava, mas foi dissimulado, se fez de burrinho e disse: “Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?” (João 3:4). Nicodemos preferiu se fazer de desentendido e considerar a afirmação de Jesus ao pé da letra.
Jesus é Deus e sabia com quem estava falando, que Nicodemos era um homem instruído, profundo conhecedor das profecias e desconsiderou a pergunta infantil dele. Jesus manteve a conversa em nível mais alto e respondeu: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus” (João 3:5).
Água e Espírito. O que é isso? Simples. Nascer da água é a profissão de fé, é o batismo. Quando alguém se batiza está afirmando sua fé, está confessando Jesus como seu Senhor e Salvador. O Espírito Santo é o Deus que está conosco todos os dias, suportando nossas fraquezas, moldando nosso caráter, transformando nossas orações e quem não nascer do Espírito Santo não é servo de Deus.
O batismo com água pode ser só água mesmo, vai depender de quem é batizado, se é sincero ou não, mas o zelo do Espírito Santo, este ninguém finge receber, é espiritual e faz a nossa vida mudar de verdade. É o Espírito Santo que nos faz frutificar em toda boa obra, é Ele que distribui os dons e ministérios na Igreja de Jesus, Ele é o responsável por todas as mudanças exteriores e interiores em nossas vidas depois de reconhecermos Jesus.
A conversa ficou animada e Jesus continuou ensinando aquele doutor da lei e disse: “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.” (João 3:6-8).
O que nasce da carne é complicado, porque a carne, gente, tende a tudo o que não presta. Veja o que são as obras da carne: “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.” (Gálatas 5:19-21). 

A carne luta incessantemente contra o espírito. Não é fácil vencer as obras da carne e nossa tendência natural ao que não presta, só mesmo o Espírito Santo pode nos fortalecer o espírito para vencermos nosso inimigo íntimo: a carne, a tendência humana.
Tem muita gente boa que vive caindo em tentação e sabe por quê? Porque a carne é fraca e o espírito não ajuda. Quem não alimenta o espírito acaba fortalecendo a carne e aí é uma tristeza, só faz o que não deve.
Pois bem, voltando a Nicodemos. O homem queria de fato entender o que Jesus estava ensinando, ele sabia que aquele nazareno podia ser o Messias esperado pela nação judaica e queria saber mais de Jesus e perguntou: “Como pode ser isso?”(João 3:9).
Era tudo novo para Nicodemos e ele continuava tentando defender seus princípios religiosos, não era fácil mudar de uma hora para a outra e até hoje é assim, muitas pessoas ficam presas a dogmas, princípios religiosos ou apenas a uma religião que “herdou” de seus pais.
Jesus provocou Nicodemos, porque queria que ele visse Sua doutrina de outro ângulo e não apenas as palavras soltas ao vento de um certo Galileu e disse: “Tu és mestre de Israel, e não sabes isto? Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos, e testificamos o que vimos; e não aceitais o nosso testemunho. Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?” (João 3:10-12) Jesus estava falando Dele próprio, estava se queixando da incredulidade dos judeus. Jesus veio para os Seus e os Seus não o receberam. Jesus foi rejeitado pelo povo judeu.
Nicodemos escutava atentamente o que Jesus dizia, ele bebia direto da fonte, pois antes de conversar com Jesus ele não entendia nada, então Jesus começou a estabelecer a verdade de Sua pregação, que são hoje a base da mensagem de salvação e disse: “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.” (João 3:14-18)
Nicodemos ouvia tudo calado. Argumentos, dogmas, princípios religiosos não poderiam rebater a plena verdade. Jesus falava com a autoridade de Deus, mas com o amor do Pastor que cuida de Suas ovelhas. Nicodemos se calou diante da Voz que prega uma verdade límpida, inconteste.
Por fim, Jesus completou: “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” (João 3:20-21). Estas foram as últimas palavras de Jesus para o rico fariseu. Não houve qualquer contestação da parte de Nicodemos, ele não falou nada e foi embora, em silêncio, guardando aquelas palavras cheias de autoridade que Jesus havia dito a ele.
Depois disso Jesus foi com Seus discípulos para a Judéia. Provavelmente nunca mais conversou com Nicodemos, mas certamente o encontrou outra vez no dia em que Ele foi entregue ao Sinédrio para ser julgado.
Não sabemos o que o encontro com Jesus gerou em Nicodemos. A Bíblia nada diz a respeito disso. A vida continuou para aquele fariseu interessado em entender a nova doutrina pregada por Jesus de Nazaré. A vida sempre continua. Os encontros e desencontros escrevem a nossa história pessoal. Não desperdice a oportunidade de reconhecer Jesus como seu Senhor e Salvador, não faça como Nicodemos que se calou diante do encontro com o Rabi (Mestre). Faça de seu encontro com o Mestre o grande acontecimento de sua vida, aquele encontro que muda o futuro e apaga o passado, esta é uma das especialidades de Jesus.
 Fonte: www.sombradoonipotente.blogspot.com.br

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