terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

APRENDENDO COM MICA (PARTE 1)







APRENDENDO COM MICA (PARTE 1)

Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (1 João 5.21).


A idolatria é uma abominação perante Deus, e cega com­pletamente o ser humano com relação às coisas espirituais.

A história de Mica, cujo nome significa “quem é semelhante a Jeová?”, traz às nossas vidas lições preciosas. Nela descobrimos o efei­to nocivo que a idolatria produz na vida do ser humano, levando-o a tor­nar-se cego no tocante às coisas es­pirituais, dando assim origem a dou­trinas heréticas.

MICA E SUA ÉPOCA

Vejamos algumas características desse período da história israelita:

1.      Liderança. Após a morte de Josué, Israel ficou sem um líder nacional (Jz 17.6; 18.1; 19.1; 21.25), pelo espaço de trezentos anos. As tribos mostravam-se independentes e “cada um fazia o que parecia direito a seus olhos” (Jz 17.6). 

Era a época dos juízes, os quais Deus levantava, principalmente, nas emer­gências, para livrá-los dos invasores e defender a justiça civil. “Quando não há sábia direção o povo se cor­rompe” (Pv 11.14).

2.      Estado da nação. Era uma geração que não conhecia o Senhor e entrara pelo caminho da idolatria (Jz 2.10-13). Diante dessa atitude, Deus permitia que os inimigos os dominasse e, quando clamavam por libertação, o Todo-poderoso lhes le­vantava um juiz, para livrá-los.

3.      Período probatório. Foi uma época em que Deus provou a nação, para ver se guardariam a sua aliança em um ambiente idolátrico e pagão (Jz 3.1-5). Eles foram influenciados pelas nações vizinhas, praticando seus costumes e sua idolatria. Por­tanto, na época de Mica, Israel vivia o período dos juízes, transição entre a lei e a monarquia. Nós, povo de Deus, devemos influenciar o mun­do, e não ser influenciado por ele (Jr 15.19; 2 Co 2.14-16; 2 Pe 2.19-22).

MICA E A IDOLATRIA NO SEU LAR

A idolatria reinante na nação ha­via contaminado a casa de Mica; Vejamos:

1.      Roubou sua mãeEra uma quantia razoável, ou seja, 1.100 pe­ças de prata, e equivalia a 110 vezes o salário anual que Mica ajustara com o sacerdote levita (Jz 17.10).

O mais lamentável ainda, é que, ao devolver o dinheiro o qual furta­ra da mãe, Mica foi elogiado por ela como se fosse abençoado pelo Se­nhor. Além de não repreender o fi­lho pelo roubo, ainda usou o nome de Deus em vão (Êx 20.7). Os pais devem corrigir seus filhos (Pv 10.17; 15.5; 19.18; 22.15).

2.      Sua mãe mandou fazer uma imagemAlém de não repreendê-lo pelo roubo, e ter tomado o nome do Senhor em vão, sua mãe disse que guardava aquele dinheiro para fazer uma imagem, a fim de presentear seu filho querido (Jz 17.1-4). Que infe­licidade! 

O maior tesouro que os pais podem dar aos filhos é criá-los no caminho do Senhor (Pv 22.6; Ef 6.4), e dar-lhes educação e preparação para a vida (2 Co 12.14). A mãe de Mica era uma idólatra, e, ao mandar fazer uma imagem, estava violando a determinação de Deus nesse senti­do (Êx 20.4; Lv 26.1). 

Os ídolos são insensíveis, isto é, não veem, nem ouvem, e muito menos comem ou cheiram (Dt 4.28; Sl 115.4);imovíveis, não andam com os seus próprios pés (Is 40.20); impotentes, nada podem fazer pelo homem (Is 45.20; Jr 10.5; At 14.15); degradan­tes, torcem a imagem do próprio Deus (Rm 1.22,23); são, portanto, indignos de serem adorados pelos seres humanos (At 17.29). 

Tanto os que fazem as imagens como os que as adoram tomam-se iguais a elas (Sl 115.8). Devemos nos guardar dos ídolos (I Jo 5.21), para não nos con­taminarmos com eles (At 15.20). 

Ídolo é tudo o que ocupa o primeiro lugar em nossas vidas. Existem os feitos pelos homens, como vimos nesta lição, mas também há os do coração do ser humano, como o di­nheiro, o “eu”, as pessoas e as coi­sas. Devemos adorar somente a Deus (Mt 4.10).

3.      A residência de Mica tornou-se uma casa de deuses (Jz 17. 5).

Ela possuía:

a.       Deuses - sua casa estava cheia de divindades falsas. Mica ficou como os pagãos que tinham seus deuses, como Astarote, deusa dos fenícios (Jz 2.13); Baal, deus da Fenícia e dos cananeus (Jz 2.13; 8.33); Baal-Peor, deus dos moabitas (Jz 22.17); Dagom, deus dos filisteus (Jz 16.23); Diana, deusa dos efésios (At 19.24); Moloque, deus dos amonitas (Lv 18.21), etc.

A ordem de Deus era não buscá-los e nem prostrar-se diante deles; e sim queimá-los a fogo, pois eram e são abominação ao Senhor.

b.      Terafins - Eram ídolos domés­ticos, que iam desde aqueles de pequenas dimensões (Gn 31.34,35), até os de tamanho quase natural (I Sm 19.13,16). Esses eram possuídos pelo líder do lar, e destinavam-se à descoberta dos acontecimentos futu­ros (2 Rs 23.24). 

Deus condena toda a espécie de adivinhação (Lv 19.26). Existem diversas maneiras de se adi­vinhar: astrologia, por meio dos as­tros (Is 47.13); belomancia, por meio de flechas (Ez 21.21); hepatoscopiapor meio de inspeção do fígado do indivíduo (Ez 21.21); hidromancia, por meio da água (Gn 44.5); necromancia, por meio dos mortos (Dt 18.11; Is 8.19); rabdomancia, por meio de varinha mágica (Os 4.12);sortilégio, por meio do lançar sortes (Ez 21.21), etc

Que Deus nos guarde de entrarmos por este triste caminho. O adivinhador é guiado por um espírito maligno que o domina (At 16.16-18).

4.      Consagrou um filho ao sa­cerdócioConforme a determinação de Deus, o sacerdote deveria ser um levita e passar pelo processo de purificação e consagração do sumo sa­cerdote, para exercer o seu ministé­rio (Nm 8.5-26). Nada disto ocorreu com o filho de Mica, que também era efraimita (Jz 17.1). Foi uma atitude isolada, paternal e exclusivista. Tudo foi feito erradamente. 

Infelizmente, vemos isto acontecer hoje em alguns lugares, onde pessoas não chamadas são colocadas em posição de desta­que na igreja, somente porque são parentes ou “apadrinhadas” do líder.

MICA E A CONSAGRAÇÃO DO LEVITA

Todo erro conduz a outro maior (Sl 42.7). Isto aconteceu com Mica. Apareceu em sua casa um mancebo, de Belém de Judá, levita, cujo nome era Jônatas (Jz 18.30). (Algumas fiéis traduções afirmam que ele era filho de Gérson e neto de Moisés e não de Manassés, que não era levi­ta.) 

Mica o convidou para ser o sa­cerdote de sua casa, prometendo-lhe um bom salário (Jz 17.7-12). Foi outro erro cometido, devido ao fato de que:

1.      O levita era um aventureiro. Estava peregrinando para um lugar onde achasse comodidade (vv.7-9). Não tinha alguma responsabilidade. Seu negócio era ter conforto e tranquilidade, ou seja, “sombra, água fresca e sapatos largos nos pés”. Era um autêntico turista.

2.      Não podia ser separadoRa­zões: 1) era mancebo; 2) as funções sacerdotais só poderiam ser exercidas a partir dos vinte e cinco anos de idade (Nm 8.24); 3) não pas­sou pelo processo público, exigido para a purificação e consagração pelo sumo sacerdote (Nm 8.5-22); 4) não podia oficiar sobre um sistema separado de adoração, com exclusividade (Nm 8.19); 5) não era da fa­mília de Arão (Nm 3.1-16); 6) Deus sempre chamou pessoas que estavam ocupadas para a sua obra (Ex 3.1-3; Jz 6.11; 1 Rs19.19). 

Ele é quem co­loca os obreiros na Igreja (Ef 4.11), os quais não podem ser neófitos (l Tm 3.6), e sim aptos para o traba­lho (l Tm 3.1-5).

MICA E A DISSEMINAÇÃO DE SUA IDOLATRIA

Naqueles dias, os danitas busca­vam para si uma herança maior, e, nesse intuito, enviaram uma comiti­va para observarem onde encontrariam tal território. Passaram pela casa de Mica, onde conheceram o seu sacerdote, e consultaram-no nes­se sentido, para saberem se estavam certos em sua empreitada. 

Diante de uma resposta favorável do levita, prosseguiram em seu caminho. 

Des­cobriram a região de Laís, voltaram ao seu povo, deram a notícia alvissareira, e dali saíram com um exército de seiscentos homens para conquistar aquela terra (Jz 18.3-11).

Passaram novamente pela casa de Mica e levaram todas as imagens e deuses ali existentes, e também o sacerdote, para o local a que se destinavam (Jz 18.14-31). Conquista­ram o território pretendido, Laís, cujo nome foi mudado para , e Jônatas e seus filhos foram sacerdotes, implantando naquela terra toda a idolatria que havia na casa de Mica. 

Este relatório bíblico nos fornece al­gumas lições:

1.      Idolatria disseminadaComo um fermento que leveda toda a massa (1 Co 5.6), assim ocorreu. Come­çou com Mica e espalhou para todo o povo. A tendência do mal é espa­lhar-se rapidamente (Hb 12.15).

2.      A resposta do sacerdote aos danitasTudo aconteceu conforme a palavra do sacerdote, porque era propósito de Deus que a terra fos­se conquistada pelo seu povo (Js 1.3-5; Jz 18.10), e não para confir­mar a mensagem de Jônatas

O fato de ele ser o neto de Moisés deve ter-lhe conferido determinado pres­tígio. Sua vida nos leva a pensar sobre o poder de alguns homens para atrair a atenção de outros, le­vando-os a crer em suas formas deturpadas de adoração.

Por este caso, entendemos tam­bém como começa uma seita heré­tica que, através dos tempos, tem grassado no meio do povo de Deus (Jz 18.6,9,10,27-29). É nesse pon­to que muita gente se engana. 

Nem sempre ocorre um sinal, ou cumpri­mento de uma palavra, para confirmar que o instrumento utilizado es­tava na vontade de Deus. Isto ve­mos no caso de Moisés, que não es­tava na direção divina, e por seu in­termédio aconteceu um milagre (Nm 20.7-13).

A respeito disso, Jesus nos adver­tiu (Mt 7.21-23). Sinais são mencionados na Bíblia, por essas pessoas que não tinham comunhão com Deus, como os magos do Egito (Êx 8.7) e Simão, o mágico (At 8.9-11). Nestes últimos tempos têm surgido falsos profetas que fazem muitos prodígios de mentira (Mt 24.24; 2 Ts 2.9). 

Devemos, no entanto, provar todas as manifestações ditas espiri­tuais, através de quatro maneiras, dentre outras: 1) base bíblica (Pv 30.5,6; Ap 22.18,19); 2) a vida da pessoa usada (Is 52.11); 3) a cons­ciência espiritual da igreja (1 Co 2.16; 4) o cumprimento do que foi dito (Dt 18.22; Nm 23.19).

CONCLUINDO

Vivamos de tal modo que não tenhamos algum ídolo feito pelos ho­mens, e nem pelo nosso coração, ten­do apenas Jesus como centro de toda nossa atenção, Ele que é o nosso Deus Bendito eternamente, e a quem pertence toda a glória.

Ser idólatra não significa ape­nas adorar uma imagem de escultu­ra, como fazem os adeptos de algu­mas religiões, mas também reveren­ciar o próprio eu, um objeto, uma pessoa, ou seja, qualquer coisa que tente anular o dever de o homem cultuar a Deus.

Devemos ser sábios, no mo­mento em que evangelizarmos um idólatra, a fim de não ofendermos os seus sentimentos religiosos. Fa­lemos, no entanto, a verdade com muito amor, e deixemos que o Espí­rito Santo o convença do erro que está cometendo.

Nós, evangélicos, não devemos ser fãs de um cantor ou pregador bem sucedido, pois esta é uma forma velada de idolatria também condenada pelo nosso Deus. Oremos por eles, para que continuem uma bênção, mas jamais os consideremos nossos ídolos.

Bibliografia Valdir Bícego
Fonte: www.ebdareiabranca.com

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