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terça-feira, 25 de setembro de 2018
APRENDENDO COM JESUS
MULTIDÃO E DISCÍPULOS
Em Mateus 16, do verso 13 ao 20, Jesus, enquanto caminhava para Cesaréia, aldeia ao norte da Galiléia, administrada por Filipe, perguntou aos seus discípulos sobre o que o povo pensava dele. Queria saber que identidade lhe atribuíam.
A gente sempre se relaciona com o outro a partir da identidade que lhe atribuímos, independente dessa identidade atribuída corresponder ou não com a identidade assumida pelo outro.
O povo atribuiu ao Senhor a identidade de profeta. É verdade que o compararam aos profetas mais contundentes que Israel já conheceu: Elias, Jeremias e João Batista. Mas profeta.
O povo errou, entretanto, Jesus não fez nenhum comentário. O povo não sabia quem era Jesus, mas não se importava muito com isso, porque buscava o que Cristo lhes pudesse fazer, não, necessariamente, o que tivesse a lhes dizer.
Tanto que Jesus teve de orientar os discípulos a ter sempre um barquinho à mão caso ele fosse comprimido pelo povo (Marcos 3.9,10).
Porque, como o povo percebera que bastava tocar em Jesus para ser curado, muitos arrojavam-se sobre ele para o tocar. Iam ao encontro de Jesus para buscar uma benção.
De fato, ao invés de irem ao encontro de Jesus, iam lhe de encontro. Jesus, então, foi obrigado a se proteger do povo que queria abraçar.
Acho que podemos chamar a esse ajuntamento de A Igreja da Multidão.
A igreja que não sabe quem é Jesus, só sabe e só se importa em saber o que Jesus lhe pode fazer, como lhe pode ser útil.
Hoje, cada vez mais, há igrejas que parecem ter o mesmo perfil da multidão: sua mensagem acaba por incentivar um relacionamento utilitário com Jesus.
Em contrapartida há a Igreja dos Discípulos. Pedro, à mesma pergunta, respondeu:
Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
Resposta perfeita, porque diz que Jesus era o Messias esperado, mas era mais do que se esperava, pois aguardava-se o maior de todos os profetas (era o que criam os mestres de Israel na época)
Entretanto, Deus mesmo veio em carne e osso para salvar a humanidade.
Essa Igreja sabe quem Jesus é. E o sabe porque o próprio Pai o revelou, como afirmou Jesus a Pedro.
A Igreja dos Discípulos é a Igreja que o Pai deu para o Filho, porque pertence a ela aqueles a quem Jesus, pelo Pai, foi apresentado (João 6.44).
A Igreja dos Discípulos sabe que a única maneira de relacionar-se corretamente com Jesus é através da adoração.
A um líder a gente segue; a um chefe a gente obedece; a um profeta a gente ouve; de um mestre a gente aprende; a Deus a gente adora.
Essa é a Igreja que o Filho edifica, porque esta fica sobre a Pedra, que é Jesus reconhecido como Deus que veio em carne e osso para nos salvar.
E como nos ensinou o apóstolo Paulo, adorar a Jesus é imitá-lo (1 Corintios 11.1).
E isso é fruto do desejo de ser igual a Jesus, e quanto mais a gente anda em direção a esse desejo, mais o Espírito Santo o torna realidade em nossas vidas (2 Corintios 3.18).
A Igreja da Multidão está à cata das bênçãos. Do tipo que até o adversário pode dar.
A Igreja dos Discípulos está à cata das palavras de vida eterna; essas que só Jesus tem (João 6.68).
A Igreja da Multidão busca crescer a todo custo, e para isso lança mão de todo e qualquer esquema.
A Igreja dos Discípulos vai buscar as ovelhas de Cristo, as que reconhecerão a sua voz, para que haja um só rebanho e um só pastor (João 10.16); e, para isso insiste na exposição da verdade que liberta.
A Igreja da Multidão promete o fim do sofrimento e bênçãos materiais.
A Igreja dos Discípulos promete a vida abundante e a ressurreição.
A Igreja da Multidão convoca indivíduos a serem individualistas: a terem tudo o que, pela fé, possam conseguir.
A Igreja dos Discípulos convoca indivíduos a serem pessoas comunitárias: a doarem tudo o que a fé, que liberta das posses, permite doar.
A Igreja da Multidão exorta as pessoas a desfrutarem o mundo.
A Igreja dos Discípulos exorta as pessoas a, irmanadas, transformarem o mundo.
A igreja dos Discípulos está querendo mais da vida de Jesus para, na vida, ser cada vez mais como Jesus.
Cada pessoa que se diz seguidora de Cristo; cada pessoa que se considera pregadora do evangelho; cada comunidade que se diz cristã precisa se submeter a esse gabarito, para descobrir de que referencial faz parte, ou de qual se aproxima mais: da Igreja da Multidão ou da Igreja dos Discípulos.
Todos seremos tentados a buscar o que busca a Igreja da Multidão, mas não nos esqueçamos: o tesouro é Cristo e, com ele, vem tudo o que precisamos para ser como ele: gente como gente deve ser.
No Reino de Deus Jesus é tudo em todos os súditos; e tudo o que os súditos do Reino querem ser é todo Jesus.
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