APRENDENDO COM JUDAS
Qual é a versão correta da morte de Judas
Iscariote, que em Mateus 27,5 diz que “se enforcou” , enquanto que Lucas em
Atos relata que ele “se jogou de um barranco e se partiu ao meio” (Atos 1,18).
Podem-se conciliar as narrativas, ou os críticos
tem razão ao supor que a Bíblia tem contradições
Para analisar o texto deveríamos estudar a história da exegese do texto,
pois desde a antiguidade os estudiosos tentam dar a explicações, teríamos que
passar pelo testemunho de Papias na antiguidade ou mesmo as harmonizações de
Agostinho para os dois textos, ou os dicionários que descrevem o verbete
“Judas”.
Judas se enforcou (Mateus 27,5) ou se jogou de um barranco e
se partiu ao meio (Atos 1,18)?
Olhando os dois escritos vemos que existe uma diferença de tempo
entre o que Mateus escreveu e o que Lucas nos Atos dos Apóstolos escreveu.
Ambos escrevem para comunidades diferentes, Mateus escreve para Judeus
de Jerusalém (Mateus aramaico 50 d. C e Mateus 60 d.C.) e numa distância
pequena entre o acontecido e o escrito.
Muitos dos que ouviam o evangelho de Mateus viveram aqueles fatos,
presenciaram e participaram. Enquanto que Lucas, não foi discípulo de Jesus,
acompanhou em particular a Paulo nas suas viagens e seus ouvintes. (evangelho
de Lucas 70 (d.C.) não conheciam nem a Palestina, ou Jerusalém muito menos onde
se localizava este campo Aceldama, chamado de “campo de sangue”.
Nota: Lucas não foi discípulo de Jesus. Ele nem chegou a conhecer Jesus, pois
quando Lucas nasceu, Jesus já tinha morrido. Lucas era um médico grego e viveu
na época do apóstolo Paulo.
Na compreensão dos fatos podemos dizer que o que Mateus descreve são os
fatos reais do momento.
Judas vendo que Jesus fora condenado se arrependeu e pegou as 30 moedas
de prata e quis devolver aos sacerdotes, mas eles não receberam, então Judas
atirou as moedas no templo e retirou-se para enforcar-se.
Os chefes e sacerdotes compraram com este dinheiro “impróprio para o
templo, dinheiro de sangue” um campo para sepultar os estrangeiros chamado
“campo de sangue”, devido ao acontecido. (Conhecemos a rigidez da lei judaica
para com os estrangeiros).
Atos dos Apóstolos escrito por Lucas aparece mais tarde simplesmente,
não repete o fato, mas só narra as consequências em Atos 1,18 diz que:
“caindo de cabeça
para baixo, arrebentou pelo meio e derramando-se todas as suas entranhas” (Atos
1,18) Bíblia de Jerusalém.
Portanto pode assim se entender: que Mateus trata do modo da tentativa
de suicídio, e Atos dos Apóstolos por sua vez descreve o resultado. Lucas
simplesmente narra o acontecimento depois do fato acontecido, o suicídio.
Pelo visto, Judas atou uma corda ao galho duma árvore, e tentou enforcar-se
por pular dum penhasco. (E uma explicação razoável e compreensível, a Aceldema
localiza num penhasco rochoso, perto de Jerusalém ao lado da “Geena”, onde se
levava toda a imundice da cidade e da limpeza dos animais para os sacrifícios).
Parece que a corda ou o galho da árvore se rompeu, de modo que ele
despencou de cabeça para baixo e se rebentou nas rochas embaixo. (Jerusalém por
estar junto ao deserto da Judeia, e dos vários cercos que sofreu, praticamente
não possuía árvores de porte, e a árvore escolhida por Judas, não aguentou e
quebrou).
A topografia em volta de Jerusalém torna esta conclusão razoável.
Outros autores entendem da mesma forma a passagem de Atos 1,18 como o
resultado do acontecimento.
É possível que, “se precipitando de cabeça para baixo” fosse um termo
médico para “inchação”. (ou também possível que o cadáver tenha inchado,
arqueado a cabeça e pelo calor caído por terra arrebentando-se)
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