APRENDENDO COM MATEUS
Abrindo o Novo Testamento,
encontramos o preciosíssimo Evangelho de Mateus, embora na ordem cronológica
não tenha sido o primeiro a ser escrito. Dirigido aos judeus, apresenta
informações e ensinos por meio de tópicos, que se organizam em cinco seções, cada
uma encerrando-se por uma afirmação sumária, como se pode ver em 7: 28; 11: 1;
13: 53; 19: 1 e 26: 1. É um precioso livro de ensinos sobre a vida de Jesus, o
rei e Senhor, que veio implantar o reino de Deus entre os homens. Vale a pena
conhecer mais detalhadamente este extraordinário livro.
I - UM EVANGELHO ESCRITO PARA OS
JUDEUS
O Evangelho de Mateus parece ter
sido preparado particularmente para os judeus cristãos que viviam na Palestina
ou proximidades. Os membros da Igreja Primitiva na maioria eram judeus. Havia,
portanto, necessidade de tratar de questões e assuntos que resolvessem suas
dúvidas, tais como se Jesus era verdadeiramente descendente de Davi, qual foi
sua atitude para com a Lei, se Jesus era de fato o Messias, por que o Reino não
havia chegado, etc.
a) Características - Por causa
desse objetivo, Mateus é diferente de Lucas, por exemplo, que escreveu para
evangelizar os gregos e pessoas dessa cultura. Tal preocupação já pode ser
vista na apresentação de sua origem: Lucas traça a genealogia de Jesus até
Adão, enquanto Mateus traça até Davi e até Abraão, 1: 1. Mateus
inicia seu Evangelho pela genealogia de Jesus, filho de Davi, filho de Abraão,
passando pelos personagens mais proeminentes no judaísmo, entre eles Davi, o
mais importante rei de Israel.
b) Não era fácil ser cristão nos
primeiros tempos. Os novos convertidos precisavam saber:
Por que Cristo fora rejeitado por
Israel e como enfrentar a perseguição que eles estavam sofrendo por parte de
seus próprios patrícios;
O que Cristo tinha realizado e por
que o Reino não tinha sido estabelecido ainda.
Como pensar e viver nesse período
de espera. Eles precisavam ter segurança concernente ao futuro e ao retorno de
Cristo. Jesus tinha dado todas as informações aos seus apóstolos e um deles
necessitava colocar isto no papel. Mateus foi guiado pelo Espírito de Deus para
fazer isto.
c) Ênfase ao cumprimento das
profecias - Mateus revela grande interesse em relacionar Jesus com as
profecias do Antigo Testamento. Existem 129 referências ao AT. Essa ênfase
indica que Ele estava escrevendo a leitores para os quais o cumprimento de
profecias era importante e significativo. Queria mostrar que Jesus é o Messias
e nele se cumpriram as profecias do AT.
II - A CRISE DA CRUZ
a) Nem tudo na vida e ministério
de Jesus foi fácil. Os capítulos 13 a 19 falam sobre a rejeição pelos
seus concidadãos, 13: 54-58, a ameaça de Herodes através da morte de João
Batista, 14: 1-12, e até sobre a dificuldade que os discípulos estavam tendo
para aceitar os ensinos de Jesus, 15: 12 e 16: 5-9. Esses fatos
indicam tensões que levaram Jesus a declarar a iminência da cruz, e
a revelar-se a si próprio, na transfiguração, 17: 1-13. A cruz
aparece crescentemente diante de Jesus e torna-se o objetivo imediato de sua
carreira terrena, 17: 22, 23.
b) A revelação do Messias gera
conflitos - Quando ocorre a declaração do propósito messiânico, os
conflitos aumentam, surgindo freqüentes debates com os fariseus, 19: 3-12, com
os herodianos e saduceus, 22:15-33. Por outro lado, Jesus passou a fazer duras
denúncias contra os religiosos da época, cap. 23, bem como a anunciar a
destruição do templo e a desolação de Jerusalém, presentes no sermão profético,
no cap. 24.
c) Mateus acentua o caráter
messiânico da morte de Jesus. Jesus cita o Antigo Testamento por quatro vezes,
aplicando a si as profecias sobre a paixão, 26: 31, 54, 56 e 27:9.
Há um destaque à relação entre o que os profetas disseram e o calvário, 27: 35.
Ao responder à pergunta de Caifás, aplicou a si mesmo o título de
Filho do Homem, 26: 64, que em Daniel era aplicado a um ser celestial, conforme
Dn. 7: 13, 14.
III - OS APELOS DE JESUS
O cap. 28 é um sumário de todo o
Evangelho. Mateus firma seu ensino pela ilustração das atitudes para com Jesus:
rejeição e incredulidade dos fariseus ou adoração e aceitação pelos discípulos.
Encerrando cada secção deste
Evangelho, há um apelo ou convite de Jesus aos discípulos e o autor destina
este convite também a cada um de nós:
No fim da seção didática, Jesus
convidou os seus discípulos a darem o primeiro passo no caminho que conduz à
vida, 7: 13-14;
Após provar-lhes o seu poder,
comissionou-os e convidou-os a tomar a sua cruz e segui-lo, 10: 34-41.
Na seção em que explica seu
programa, faz um duplo apelo:
(a) convite ao descanso, dirigido
à multidão, 11: 28;
(b) convite à compreensão das suas
palavras, 13: 51;
Após anunciar sua morte iminente,
no grande momento decisivo de sua vida, ecoou uma chamada, para uma entrega
confiante: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua
cruz e siga-me”, 16: 24.
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