quarta-feira, 30 de maio de 2018

APRENDENDO COM ISAIAS (PARTE 7)



Desce, Senhor! Precisamos de Ti!

  Ó Senhor, por que nos fazes desviar dos teus caminhos? Por que endureces o nosso coração, para que te não temamos? Volta, por amor dos teus servos e das tribos da tua herança. Só por breve tempo foi o país possuído pelo teu santo povo; nossos adversários pisaram o teu santuário. Tornamo-nos como aqueles sobre quem tu nunca dominaste e como os que nunca se chamaram pelo teu nome. Oh! Se fendesses os céus e descesses! Se os montes tremessem na tua presença, como quando o fogo inflama os gravetos, como quando faz ferver as águas, para fazeres notório o teu nome aos teus adversários, de sorte que as nações tremessem da tua presença!” (Isaías 63.17- 64:2)
Isaías intensifica sua súplica nestes versículos. No começo da sua oração, instou com o Senhor para visitar seu povo, porque sentiam falta do seu sorriso, da sua mão sustentadora, e do seu coração compassivo (Is 63.15,16). Agora vai além disso. Seu clamor nestes versículos é: “Precisamos de ti!”
Esta parte da oração de Isaías, então, sinaliza uma mudança dramática no modo de pensar do povo de Israel, o povo que Isaías estava representando nesta oração. Até então pensavam ingenuamente que podiam prosseguir tranqüilos sem Deus; que para todo efeito sua presença era dispensável. Mas Isaías vê no futuro quando estarão sentados no meio dos escombros das suas vidas despedaçadas; e vê que voltarão enfim ao reconhecimento de que ter Deus consigo não é opcional, mas essencial.
Devemos lembrar sempre que Isaías está olhando para o povo de Deus. Este é o fato mais chocante. Pensaríamos que seria preciso enfatizar a necessidade de Deus somente para aqueles que o não conhecem, mas esta passagem é uma prova contundente de que o povo de Deus pode tornar-se perigosamente auto-suficiente. A igreja hoje é diferente em algum aspecto do povo daquela época? Estamos realmente conscientes da nossa inteira incapacidade e da nossa total falta de perspectiva enquanto separados de Deus? Ou estamos dependendo da nossa própria sabedoria e habilidade para lutar contra Satanás e suas forças?
Se não tivermos cuidado, podemos achar que apertar todos os botões certos produzirá resultados espirituais duradouros. Reduzimos a obra da igreja a manobras astutas dentro de possibilidades estatísticas e terminologia psicológica. Estamos fazendo exatamente o que Davi se recusou a fazer: lutar com a armadura de Saul. Podemos ser polidos e instruídos, porém não ter poder. Precisamos reconhecer que Deus pode fazer mais em um minuto com seu poder, do que nós em toda uma vida com nossas “estratégias”. Ah, se pudéssemos ver nossa necessidade de Deus, e ver gerado em nós uma profunda fome por ele!
A passagem acima revela duas grandes razões por que o povo de Deus precisa do seu poder.

1. Para Ter Avivamento
Em nenhuma outra área a tendência de confiar na nossa própria força e sabedoria se mostra mais forte do que neste assunto de buscar avivamento. Durante o século passado, ouvimos que avivamento é algo que podemos mais ou menos criar no momento que o quisermos. É simplesmente uma questão de empregar certas técnicas.
A oração de Isaías revela a tolice total deste conceito. Se fosse possível para o povo de Deus avivar a si próprio, esta oração teria sido totalmente desnecessária. Mas vemos pelo contrário que a condição do povo era tal que somente Deus poderia solucionar.
Primeiro ele confessa a dureza de coração do povo, e ao mesmo tempo mostra duas maneiras em que esta dureza se manifesta (v. 17). Primeiro, o coração duro fica cada vez mais insensível às ordens de Deus, e se distancia delas. Segundo, o coração duro se isola de qualquer sentimento de temor a Deus.
Em outras palavras, quando nosso coração se endurece para com Deus, ficamos desleixados e indiferentes sobre o pecado nas nossas vidas. Tornamo-nos cada vez mais negligentes e descuidados sobre os caminhos de Deus. Deus tem caminhos certos para nós, que são caminhos de alegria e justiça (Is 64.5), mas quando nossos corações se endurecem, nos envolvemos com nossos caminhos e deixamos de nos importar com os caminhos de Deus.
Certa vez, vi um adesivo no pára-choque de um carro que dizia: “Há apatia demais neste país, mas quem se importa?” É exatamente este o problema do coração duro. Sabemos que estamos nos desviando de Deus e dos seus caminhos, mas estamos ficando mais e mais apáticos; simplesmente não nos importamos.
A outra manifestação de um coração duro é não sentir qualquer temor a Deus. Antigamente, os cristãos falavam bastante de temer a Deus, mas hoje as pessoas ficam nervosas quando se fala disso. Sempre que se encontra um texto nas Escrituras que fala de temor a Deus, alguém se apressa em dizer que isto não quer dizer medo de Deus. Não tenho tanta certeza disso. Creio que há bastante motivo de se ter medo de Deus. Deus prometeu disciplinar seus filhos quando caíssem em pecado.
Esta oração de Isaías foi em favor de pessoas que viriam experimentar as amargas dores da disciplina. Elas só orariam com as palavras de Isaías depois que sua terra natal fosse devastada, seu templo e cidade sagrada reduzidos a cinzas, e elas próprias levadas cativas para Babilônia.
Quem não deveria ter medo de tal experiência terrível? Somente um tolo! Se estas pessoas tivessem sentido medo de Deus e do seu castigo, poderiam ter escapado de todo esse sofrimento e dor.
Mas veja a causa da dureza de coração. Isaías diz: “Ó Senhor, por que nos fazes desviar dos teus caminhos? Por que endureces o nosso coração, para que te não temamos?” De acordo com Isaías, Deus endurecera seus corações! Como isto pode ser! Ou Isaías está simplesmente culpando a Deus pelos pecados do povo?
Aqui vemos algo que não é pregado com freqüência, mas que é verdadeiro. Quando o povo de Deus começa a se desviar pouco a pouco para o caminho do pecado, Deus oferece-lhe por algum tempo oportunidades de arrependimento. Se estas oportunidades forem desprezadas, ele o entrega de forma mais completa aos seus caminhos tortuosos. A primeira manifestação da sua disciplina é no sentido de retirar de nós o desejo de voltar para ele.
A tristeza dos nossos tempos atuais está justamente aqui. Temos ouvido durante anos que se não nos arrependermos dos nossos pecados, Deus enviará juízo sobre nós. Podemos pensar que estamos escapando de tais conseqüências, porque nada de tão mal nos tem acontecido. O que não entendemos é que o juízo de Deus já começou. Nossa própria apatia sobre coisas espirituais é a primeira parte do juízo de Deus sobre nós.
Veja como é fútil dizer que podemos ter avivamento na hora que o quisermos. O problema é que nossos corações estão tão endurecidos que não queremos avivamento. Só Deus pode remover esta dureza. Não existe nenhuma forma de estímulo ou indução que o resolverá; tem de ser o próprio Deus! 
Mas o profeta ainda não terminou. Diz ainda que o povo precisa de Deus porque foram pisados (Is 63.18,19). Esta condição aparece de duas formas. Primeiro, por terem sido completamente dominados pelos seus inimigos (v.18), e segundo, porque chegaram ao ponto de serem iguais a pessoas sobre quem Deus nunca governou.
É impossível descer para um ponto mais baixo do que este: dominados por ímpios, e até mesmo se assemelhando aos ímpios que os venceram. Nem é preciso dizer o quanto este quadro se encaixa com nossa situação hoje. Nossos inimigos parecem estar triunfando sobre nós por toda parte. Ensinamentos cristãos são ridicularizados e se tornam alvo de deboche na televisão e no cinema. O respeito cristão pela vida é desafiado de forma monstruosa através do massacre indiscriminado de fetos pelo aborto. E ao invés de resistir a estas coisas, muitos cristãos estão se apressando a encobri-las ou a se acomodar a elas. Com toda certeza, estamos nos parecendo com os ímpios que nos venceram!
Outra vez digo: Precisamos de Deus! Somente Deus pode nos restaurar da nossa condição de povo pisado e vencido pelos inimigos. Somente Deus pode remover nosso opróbrio e nos restaurar para onde deveríamos estar.
Mas precisamos de Deus não só para avivamento; precisamos dele também...

2. Para a Conversão de pecadores
“...para fazeres notório o teu nome aos teus adversários”, Isaías orou. Este é o objetivo da igreja. Queremos ver o nome de Deus revelado àqueles que não o conhecem. Mas fico a pensar se entendemos a complexidade desta tarefa, e como dependemos inteiramente de Deus para realizá-la.
Isaías usa três metáforas para comunicar o que está envolvido em Deus fazer notório o seu nome. Primeiro, ele fala dos montes tremerem, “derreterem” (tradução do termo usado na versão KJV em inglês), ou ainda “escoarem” (Edição Corrigida), diante da presença de Deus. Que símbolo apropriado é a montanha para a vida do pecador! O pecador é uma cordilheira de montanhas disposta em oposição a Deus. Tem em seu coração montanhas de resistência, dureza, obstinação, incredulidade, orgulho e cegueira, que se opõem ao conhecimento de Deus.
Isaías também menciona a frieza da água. Tão frígido é o coração do pecador que qualquer influência espiritual logo é esfriada e exterminada. Ele precisa urgentemente de fogo para derreter o gelo e fazer a água ferver. 
Finalmente, Isaías também menciona os gravetos. A idéia aqui é de pequeno galhos, ramos e folhas, todos entrelaçados e emaranhados. É uma figura do coração humano, cheio de ervas daninhas, galhos, e toda espécie de vegetação selvagem, fora de controle. São os espinhos da parábola de Jesus (Mt 13.7,22). Antes que o pecador possa se converter, a Palavra de Deus precisa encontrar boa terra para poder lançar raízes. Enquanto há ervas e espinhos, a Palavra não pode se estabelecer. O mato precisa ser queimado primeiro.
Estas imagens devem reforçar para nós a verdade que pecadores estão na mais temível e deplorável condição imaginável, e ao mesmo tempo a verdade correspondente de que pecadores não são facilmente ganhos para o Senhor. Podemos nos armar com toda espécie de técnica evangelística, argumento sagaz, e propaganda cativante a respeito dos programas de entretenimento que estamos promovendo na igreja; mas ainda não seremos capazes de vencer a dureza, a frieza, e o emaranhado que há no coração do pecador. Podemos organizar teatros e seminários, podemos conversar animada-mente sobre como estamos entusiasmados com nossa igreja, e de como ficamos mais vibrantes depois que nos tornamos cristãos – e mesmo assim o pecador ficará olhando sem entender nada, ou irá embora achando graça.
Só há uma coisa que pode derreter a montanha, ferver a água, e consumir o mato entrelaçado do coração do pecador – e isso é o fogo de Deus! O poder de Deus é o que precisamos! Estou convencido de que a igreja não poderá realmente evangelizar enquanto não se colocar de joelhos para buscar o poder que convence, o poder que converte, e que vem de Deus!
A igreja, então, tem duas grandes necessidades. Precisa de avivamento para si mesma, e de conversão para aqueles que não conhecem a Deus. Ela é completamente incapaz de realizar estas coisas por si mesma. Que todos nós que fazemos parte da igreja, e que ansiamos por ver avivamento e conversões, nos coloquemos de joelhos para orar junto com Isaías: “Desce, Senhor. Precisamos de ti!”

APRENDENDO COM GIDEÃO (PARTE 04)




Gideão

Homem Valente ou Homem Tímido?


            Os midianitas oprimiam os israelitas, ao longo de 7 longos anos. A cada ano que passava, os habitantes de Midiã tinham por hábito invadir a terra dos hebreus e apossar-se dos seus produtos alimentares, assim como de todos os seus animais. Para sobreviver, os israelitas habituaram-se a esconder os alimentos do inimigo, antes que o mesmo atacasse.
            Gideão estava a preparar comida para escondê-la, quando o Anjo de Senhor apareceu. Imagine este homem, a trabalhar com medo do inimigo, quando, de súbito, ouviu as palavras do Anjo: “O Senhor é contigo, homem valente” (Juízes 6.12). Pela resposta de Gideão, percebemos que ele nem sequer pensou no significado da expressão”homem valente”, pois entrou directamente em discussão com o Anjo sobre a presença de Deus. Ele não entendia como é que Deus, estando com o povo, poderia deixar Israel sofrer. Deus continuou a conversa, desafiando Gideão a resolver o problema. Já que ele duvidara da presença de Deus, deveria ir na sua própria força (Juízes 6.14). Isso não! Gideão, agora, sentia-se de tal forma incapaz, que procurava esquivar-se à missão dada por Deus. Ele explicou que era uma pessoa insignificante, de uma família sem importância, de uma tribo sem destaque. Gideão não se apresentou ao Senhor como homem valente, porem Deus iria fazer dele um líder corajoso.
            A verdadeira força do servo do Senhor não vem de si mesmo, e sim de Deus. Ninguém é forte o bastante para resolver os seus próprios problemas sozinho, especialmente quando falamos sobre o nosso problema principal: o pecado.
            Dependemos de Deus e da Sua Graça (Efésios 2.8-9). Paulo disse: “tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4.13).
            Os homens valentes, hoje em dia, são aqueles que confiam no Senhor.


O Clamor


            Como já vimos, o estado espiritual de Israel estava deteriorado. Como consequência, também o estado económico e politico decaiu, tornando a vida naquele pais um desespero. Os filhos de Israel semearam rebeldia, prostituição e idolatria e colheram os seus frutos. Diante de tamanha debilidade com a presença maciça e destruidora dos midianitas, os filhos de Israel, então, clamaram ao Senhor.
            O clamor é diferente da oração. Na oração, as palavras soam como súplicas ou até mesmo em forma de gemidos. Mas o clamor não! O clamor só é expresso perante uma situaçãode extremo desespero. É preciso chegar ao fundo do poço ou no limite da dor e aflição para se estar habilitado ao clamor.
            Quando os autores sagrados registam o clamor dos filhos de Israel, trata-se realmente da expressão mais profunda de angústia, dor e desespero. Porque enquanto se conta com o fio de esperança nos próprios recursos, não é possível manifestar o verdadeiro clamor.


O Chamamento de Gideão


            Já vimos que Deus fez surgir lideres em Israel em diferentes ocasiões, perante diferentes situações. Assim foi com Otniel, Eúde, Sangar, Débora e Baraque. Mas o chamamento de Gideão foi um caso à parte, tendo em consideração que o próprio Anjo do Senhor, provavelmente o Senhor Jesus, veio, pessoalmente, à sua presença. A aparição do Senhor no seu chamamento mostra que Gideão tinha algo que o diferenciava dos seus antecessores. Deus não apareceu, pessoalmente, a todos os Seus escolhidos, apenas alguns foram especiais. Abraão, Isaque, Jacó, Moisés e Josué foram dos poucos privilegiados até aquela época. E Gideão faz parte dessa lista especial. Mas, porquê?
            Porque o coração de Gideão “pulsava” de acordo com o de Deus! A sua profunda expressão de revolta e indignação, na realidade, era a de Deus!
            O sofrimento e a dor de um povo reflecte o sentimento de Deus pela humanidade. E quando alguém sente essa mesma dor de Deus, é sinal de que está a ser chamado. No diálogo com o Anjo, Gideão manifestou o que Deus tinha no coração: revolta e indignação pela calamidade imposta pelos inimigos ao Seu povo. Por isso, Deus veio pessoalmente até ele!
            Aos olhos de Gideão não era admissível aceitar a crença num Deustão poderoso e viver oprimido pelos inimigos. Como seria possível crer num Deus Todo-Poderoso e viver nos limites do desespero, da opressão e da dor?
            Só mesmo uma fé destituída de inteligência pode combinar a crença em Deus com a fome, miséria, dividas, doenças, lares destruídos, enfim, com a desgraça total!

A Força de Gideão


            A força de Gideão, obviamente, não estava no seu exterior, mas sim no mais profundo de si, isto é, tinha a firme convicção que não podia aceitar a situação imposta pelos inimigos em razão da existência do Deus de Abraão. O maior problema das pessoas até nem é em si a situação difícil, mas o que elas pensam a respeito da mesma. Se alguém está a enfrentar um determinado mal e não crê numa saída, como irá então lutar contra ele? Entende-se agora por que razão o Senhor Jesus perguntou ao cego: “Que queres que Eu te faça?” (Mc. 10:51).
            O Senhor conhecia perfeitamente a necessidade do cego, sobretudo porque era algo evidente aos olhos humanos! Mas o Senhor queria a confissão da crença! Ou seja, a manifestação da crença na solução do seu problema. Claro! Se o cego não acreditasse na sua cura, jamais iria recorrer ao Senhor Jesus. Para a pessoa se ver livre das suas mazelas, em primeiro lugar tem de crer que isso é possível. E essa crença é, justamente, a sua força!
            Essa foi exactamente a força de Gideão: energia interior capaz de conduzir a pessoa à luta e à conquista da vitória. E tudo o que o Anjo deu a Gideão foi uma única palavra: VAI! Aliás, a mesma que o Senhor Jesus deu ao cego: Vai!
            O combustível capaz de mover um motor é a gasolina, querosene, álcool, oxigénio, gás, electricidade. O combustível da vida é o oxigénio, mas o combustível que conduz o ser humano à vitória é a fé de Deus. E para quem quiser conquistar os benefícios da fé, há que seguir os seus impulsos e tomar uma atitude. A mulher ou o homem de Deus tem o seu “tanque” repleto de combustível. Mas, se não ligar o motor, isto é, se não colocar em acção a sua crença, de nada adianta estar cheio de combustível, ou cheio do Espírito Santo. A fé sobrenatural é a energia de Deus no nosso interior. No entanto, Ele não nos pode obrigar a agir! Nós é que temos de agir por conta própria!
            O anjo de Deus escolheu Gideão no meio de milhões de pessoas entre o seu povo, porque ele “tinha o tanque cheio”. No entanto, desconhecia o seu potencial, o poder existente no seu interior. Porquê? Porque os seus olhos espirituais estavam fechados. Enquanto dava atenção apenas às informações dos olhos físicos, só conseguia ver dificuldades: miséria, fome, medo, humilhação, poder dos inimigos, debilidade de Israel, etc. Mas uma voz gritava dentro de si: Não! Não é possível esta situação continuar! O meu Deus é o mesmo do passado, é o Deus de meus pais, Abraão, Isaque e Israel! Se Ele os livrou no passado, tem de nos livrar no presente! Quer dizer: ao mesmo tempo que os seus olhos físicos que chamavam a atenção para a situação vigente, pelo contrário, os seus olhos espirituais reclamavam dentro de si...
            Havia um conflito intimo: por um lado a voz dos sentimentos impostos pela visão física; por outro, a voz da fé imposta pelo conhecimento do Deus vivo.
            E, quando o Anjo lhe apareceu, fez apenas acender a chama da sua força, dizendo: que esperas? Vai... e salva Israel! Não te mando Eu? Vai, agora! ... Já!...
            Alguma vez pensou que a fé está intimamente ligada à acção! Pois é... Fé é acção! É atitude!...

terça-feira, 29 de maio de 2018

APRENDENDO COM JESUS




Jesus Vem, ascenda sua luz!


Ele vem... Ascenda sua luz!

Mc.6: 45-52 e Mt.14:24.

Havia tempestade para que Jesus fosse revelado como Deus para seus discípulos, pois andavam com Ele mas não o conheciam como Deus, viam o que Ele fazia mas não o reconhecia. Enquanto que a multidão o reconhecia se este enviado de Deus.

 Bartimeu - A mulher sirofenícia-grega -v
v A mulher do fluxo de sangue- Maria do alabastro perfumado-

Todas essas pessoas também tiveram o barco de suas vidas envolto a tempestades, mas não temeram o naufrágio, antes clamaram àquele que pode todas as coisas, e que não ia deixar que o mar da vida os afogassem o grande Eu Sou, o salvador.

Hoje, o povo de Deus está como os discípulos de Jesus , vivem com seu mestre sabem o que ele é e faz para aqueles que o amam e o ser vem e temem o que será do barco de suas vidas, esquecendo-se de que ali esta o grande Eu Sou, enquanto que mais uma vez a multidão novamente clama reconhecendo Cristo como Deus em nós Rm 8:18, eles enxergam em nós o poder que temos no nome de Jesus enquanto que parece que nós, o povo autorizado a usar esse nome não temos nem o conhecimento do poder que estar conosco . Col.1:27

Deus que se revelar em nós, precisamos ir ao monte da transfiguração em nosso coração, nesse monte só pode subir que desce de si mesmo para recebermos do Pai a verdadeira imagem de Cristo em nós, para que conhecendo-o como a expressão exata do Pai, prossigamos em continuar sua obra através do seu Espirito ...
Ele não está morto, Ele vive em nós, e esse mistério ficou a critério da igreja revelar ao mundo! MULTIDÕES CLAMAM NO VALE DA DECISÃO para que em nós seja revelado a sua esperança, mas, precisamos descer até a casa do oleiro para que na unção de Deus possamos fazer o povo atravessar o vale e passar pelo meio do mar da salvação.

Os montes se tremem, as nações gritam e na terra está se dissolvendo, e está prestes a acontecer uma grande desolação na terra (Sal. 46)os homens estão ficando cada vez mais inquietos por que têm descoberto tantas coisas e não sabem como para grande destruição, mas precisamos como povo de Deus se aquietar e confiar que o que está ocorrendo é porque o nosso Deus está mostrando a toda a terra que SÓ ELE É DEUS E NINGUEM MAIS, e que depois de todas estas coisas, aqueles que creram e amaram ao seu senhor em tempos difíceis e de tribulação, herdarão um novo céu e uma nova terra, porque o que vemos agora, será destruído e abalado pelo poder do Rei da glória.

Quando o Messias veio ao mundo pela primeira vez, fora anunciada a sua chegada através dos profetas e que teve como sinal uma grande estrela...
A ESTRELA DA MANHA, que brilhou em altos céus fazendo anjos descerem a terra para que a gloria de Deus, o brilho fosse visto na terra como é visto no céu, este é o sinal do maior milagre do universo, onde Deus se transformou em um homem mortal o infinito se colocou dentro do finito, tesouro em vasos de barro para ficar igual a nós, seres mortais por causa do pecado, pecado esse que ele nunca teve, mas se humilhou a isso para poder experimentar a morte, porque sendo Deus não podia morrer porque a vida está nele, mas feito homem, morrer e ressuscitar para deixar dentro de nós o poder de nos transformar de volta a sua imagem, o reflexo do Pai, assim como Jesus foi e É. 

Mas para isso ele confiou o barco de sua vida ao Pai, não se importou em ver seus pés submersos da terra e ficou pendurado, suspenso numa cruz entre a terra e o céu pois confiava ele que nesta posição o inferno estava debaixo dos seus pés, e assim, colocou o brilho da vitória, a Estrela da Manhã, ele mesmo em nosso coração manifestando a Luz da vida para o homem pecador.

Mas o que temos feito? Em cada vento da vida, basta-nos sentir um pouco de vento forte em nosso rosto, já tememos e começamos a omitir a sua luz em nosso rosto, temos apagado esta luz em nós porque começamos a navegar na vida com o farol que nos guia desligado e sabemos que precisamos dele iluminado para nos guiar ao outro lado onde onde multidões nos esperam para também encontrarem o CAMINHO DA VIDA eterna.

Desperta Igreja...Diz o Espírito Santo’de Deus!

Ë hora de despertarmos do sono, porque nossa salvação está agora mais perto, Rm 13:1, Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça.

Os sinais estão se cumprindo, o amor esfriando a natureza gritando e sofrendo abalos por causa do pecado do homem, e Jesus nos alertou em sua mensagem que este seria um dos sinais que precedia a sua volta, tudo isso é a trombeta do Anjo avisando a sua volta, e a igreja precisa está acordada para ver a chegada do noivo, mas, a igreja parece está entorpecida como nos dias de Noé que tudo parecia indiferente ao que a trombeta na boca de Noé avisava, continuavam suas vidas como se o dia do dilúvio nunca fosse chegar, e que achavam que Noé era um louco...Paulo falou que Deus salva os crentes porque prega essa loucura para os homens que se perdem, mas para nós, isso é a salvação de Deus em mistério.

A igreja têm se embriagado com o mesmo vinho que o mundo oferece, vinho servido em taças de ira e discordia, mas Ele derramou o amor em nós...aleluias e vamos viver esse amor, O Senhor pede para que a igreja seja cheia do vinho novo que Deus derramou da taça do céu para nós, o vinho que Davi bebia até transbordar de alegria o coração (Sal. 23) e Jesus disse: quem tem sede, venha a mim e beba...Ele é o nosso vinho novo, aleluias, vinho da videira de Deus.

Que o óleo da alegria que é gerado em nós através do sabor do vinho não venha a faltar nas nossas mente(cabeça) Ecl. 9:8.

Está perto da trombeta dos acontecimentos cessarem e toda a terra reverenciar perante o brilho do grande Rei Jesus e ouviremos o Arcanjo gritar: Aí vem o noivo! E a igreja deve está preparada como um diadema de luz para coroar de brilho e glória o seu esposo e Rei (Is. 62:3)... 
Ascende noiva a sua candeia (Mat.25) que arde de amor o coração do noivo amado e mostra a ele o cheiro do perfume dele em você! Até que venha a queimar o incenso de amor e inunde o mundo. Por que ele vem com fogo nos olhos de tanta paixão pela sua noiva amada porque o coração d`Ele queima e deseja vê-la sentada como rainha ao seu lado em uma aliança eterna de amor porque foi com amor eterno que ele nos amou.



APRENDENDO COM JÓ (PARTE 7)




Com Deus, sempre haverá um final feliz



Afirmou um inditoso crítico literário, certa vez, que dois são os defeitos do Livro de Jó. O primeiro é que o antagonista da história - Satanás - sai de cena ainda no prólogo. E o segundo é que, diferentemente dos dramas gregos, romanos e ingleses, a história de Jó tem um final feliz. Não obstante, acrescenta o crítico, o Livro de Jó é o mais belo poema de todos os tempos.

O que os críticos seculares classificam de defeito, nós chamamos de perfeição. Pois, de uma forma magistral, o autor sagrado pôde conduzir o drama de Jó sem a presença do adversário. E se ele o concluiu com final feliz, é porque se manteve com absoluta fidelidade aos fatos. Se os gregos, romanos e ingleses não se afeitam aos finais felizes, os que servimos a Deus sabemos que, apesar das intempéries, sempre haverá um final surpreendentemente feliz àqueles que confiam nas promessas do Pai Celeste.

I. A PROFUNDA HUMILHAÇÃO DE JÓ

Com profunda e singular humilhação, o melhor dos homens daquela época, ouviu dois pronunciamentos que, judiciosamente, apontaram-lhe as falhas: o discurso de Eliú e o monólogo do Todo-Poderoso. Jó, em momento algum, se exaspera. Agora tem ele certeza de estar sendo provado; na economia divina sempre é possível melhorar o que já é perfeito (Dt 18.13; Pv 4.18; Mt 5.48; Ef 4.13).
1. A confissão de Jó. O que resta, agora, ao patriarca? Não obstante ser tido como um dos três homens mais perfeitos de todos os tempos, confessa Jó a sua falta, e reconhece a sua pequenez diante da imensidade de Deus: "Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza" (Jó 42.6). Ver Ezequiel 14.20.
Que diria você ao ouvir tal confissão de um homem cuja integridade era reconhecida e avalizada até pelo próprio Senhor? Sim, era Jó um homem perfeito. Mas, diante de Deus, quão imperfeitas são as nossas perfeições. Diante daquele que é infinito em suas perfeições, o perfeito sempre poderá se aperfeiçoar; o bom sempre poderá melhorar (Fp 3.12; Cl 1.28). Jó o sabia muito bem.
2. Ouvindo e vendo a Deus. Jó teve de se calar para compreender a natureza de seu sofrimento; e, perfeitamente, compreendeu-a. Infelizmente, muitos não logram o mesmo entendimento, pois ainda não aprenderam a ouvir a Deus (Hb 3.7,8). Oram, mas não lhe ouvem a resposta (Is 42.20). Com os seus murmúrios, acabam por encobrir a voz de Deus (Sl 106.25).
Primeiro, ouviu Jó a voz de Deus; depois, seus olhos passaram a vê-lo (Jó 42.6). Até este momento, a fé que o patriarca professava em Deus, conquanto sublime e singularíssima, era apenas intelectual. Mas, agora, que os seus olhos vêem o Todo-Poderoso, começa a ter um conhecimento experimental do Senhor.
Como é a sua fé? Intelectual? Ou experimental? O Senhor deseja que você o conheça integralmente (Os 6.1-3).

II. INTERCESSÃO E RESTAURAÇÃO

O Senhor dirige-se, neste momento, aos três amigos de Jó, e gravemente os repreende:
"A minha ira se acendeu contra ti, e contra os teus dois amigos; porque não dissestes de mim o que era reto, como o meu servo Jó. Tomai, pois, sete bezerros e sete carneiros, e ide ao meu servo Jó, e oferecei holocaustos por vós, e o meu servo Jó orará por vós; porque deveras a ele aceitarei, para que eu vos não trate conforme a vossa loucura; porque vós não falastes de mim o que era reto como o meu servo Jó" (42.7,8).
Desta advertência de Deus, podemos ver alguns fatos bastante interessantes quanto à atuação de Jó. Em primeiro lugar, teria ele de agir como sacerdote.
1. O sacerdócio de Jó. Mesmo em frangalhos, e mesmo não passando de ruínas, deveria Jó, naquele momento, atuar como sacerdote daqueles que muito o feriram com suas palavras. Que incrível semelhança com o Senhor Jesus Cristo! Nosso Salvador, embora tenha sido retratado pelo profeta como alguém desprovido de parecer e formosura, intercedeu por nós pecadores (Is 53.2, 3,12). Se este retrato que o profeta revela do Senhor parece forte, o que diremos da pintura que do mesmo Salvador faz Davi: "Mas eu sou verme, e não homem, opróbrio dos homens e desprezado do povo" (Sl 22.6)?
No auge da angústia, Jó fez-se mui semelhante ao Senhor Jesus. Mas quão distante achava-se ele da glória exterior do sacerdócio araônico! Caber-lhe-ia pois orar por seus amigos, e por eles oferecer os sacrifícios prescritos pelo Senhor.
Tem você orado por seus amigos? Tem jejuado por eles? Mesmos se estes o ferirem, não deixe de apresentá-los diante do Senhor, a fim de que sejam salvos.
2. A restauração na intercessão. Mu itos crentes não são restaurados, porque, embora orem muito por si mesmos, não intercedem diante de Deus pelos outros. Tinha Jó um amor tão altruísta e de tal forma sacrificial que, ao invés de orar por si, pôs-se a clamar em favor de seus amigos. "E o SENHOR virou o cativeiro de Jó, quando orava pelos seus amigos; e o SENHOR acrescentou a Jó outro tanto em dobro a tudo quanto dantes possuía" (Jó 42.10).
Mesmo em dificuldades, e ainda que no mais ardente crisol, ore por seus parentes, amigos e por quantos o cercam. Pois o seu cativeiro começará a ser virado exatamente neste momento. Não podemos subestimar a força da oração intercessória. Enquanto você ora por seus amigos, haverá milhares de irmãos intercedendo por você.

III. A RESTAURAÇÃO DE JÓ

Eis que o Senhor põe-se a virar o cativeiro de Jó; restaura-o integralmente. Se tudo ele perdera por completo, e de uma só vez, de forma duplicada o Senhor lhe retribui.
1. Restauração espiritual. Jó se humilha, reconhece a sua pequenez, e mostra haver experimentado um grande conhecimento espiritual: "Então, respondeu Jó ao SENHOR e disse: Bem sei eu que tudo podes, e nenhum dos teus pensamentos pode ser impedido. Quem é aquele, dizes tu, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso, falei do que não entendia; coisas que para mim eram maravilhosíssimas, e que eu não compreendia. Escuta-me, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu ensina-me. Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos. Por isso, me abomino de me arrependo no pó e na cinza" (Jó 42.1-6).
2. Restauração material. O Senhor acrescentou duplicadamente a Jó em relação a tudo quanto dantes possuía (Jó 42.10).
3. Restauração social de Jó. Os que desprezaram a Jó, estando este na angústia, agora presenteiam-no como se fora ele um príncipe: "Então, vieram a ele todos os seus irmãos e todas as suas irmãs e todos quantos dantes o conheceram, e comeram com ele pão em sua casa, e se condoeram dele, e o consolaram de todo o mal que o SENHOR lhe havia enviado; e cada um deles lhe deu uma peça de dinheiro, e cada um, um pendente de ouro" (Jó 42.11).
4. Restauração doméstica de Jó. Embora a Bíblia não o revele, a esposa de Jó veio, evidentemente, a se converter ao Senhor, fazendo-se partícipe de toda a ventura do esposo. Eis os filhos que ela lhe deu à luz: "Também teve sete filhos e três filhas. E chamou o nome da primeira, Jemima, e o nome da outra, Quezia, e o nome da terceira, Quéren-Hapuque" (Jó 42.13,14). Informa o autor sagrado terem sido estas filhas de Jó as mulheres mais formosas de toda a terra.
5. Restauração histórica de Jó. O homem que fora tão caluniado por Satanás, tão incompreendido pela esposa e tão acusado pelos amigos, entra agora para uma exclusivíssima galeria; é posto entre os três mais piedosos homens de todos os tempos: "Ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor JEOVÁ, que nem filho nem filha eles livrariam, mas só livrariam a sua própria alma pela sua justiça" (Ez 14.20). Pode haver maior honra do que esta?

CONCLUSÃO

Conforte-se na história de Jó! Se as suas angústias são grandes, maiores ser-lhe-ão as consolações. De toda essa provação, sairá alguém bem melhor. Sua história também terá um final feliz.
Não nos esqueça em suas orações: "Orando também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo" (Cl 4.3).
A Deus toda a glória! Aleluia!

 Holocausto
Sacrifício levítico que consistia na queima completa da vítima sobre
o altar.

Sacerdócio araônico
Divina investidura conferida a Arão e a seus filhos com o objetivo de: interceder por Israel diante de Deus; presidir o ministério levítico; e, entrar no Santo dos Santos, uma vez por ano, para fazer a expiação pelos pecados
do povo. (Êx 28; Hb 5.4).


APRENDENDO COM JACÓ (PARTE 7)



O VALOR DO TRABALHO DIÁRIO

Quando Jacó viu Raquel, filha de Labão, irmão de sua mãe, e as o velhas de Labão, aproximou-se, removeu a pedra da boca do poço e deu de beber às ovelhas de seu tio Labão. (Gênesis 29.10) 

Como líder do povo de Deus e luz para o mundo, Jacó foi uma pessoa extremamente importante.

Ele tinha a bênção e a promessa de Deus e até mesmo tinha ouvido o Senhor falar com ele. É notável que ele viveu como se não tivesse coisa alguma.

Ele viveu como uma pessoa comum e fez seu trabalho diário, ações para as quais Deus não dá instrução específica alguma em sua Palavra.

Deus não disse a Jacó como ele o ajudaria ou o dirigiria, como as coisas terminariam nem se haveria boa colheita em determinado ano.

De modo semelhante, nós nunca devemos dizer: “Eu não sei o que acontecerá, então nada farei”. Deus nos diz para fazer o melhor que pudermos e deixar o restante para ele.

Ele não prometeu que tudo que fizéssemos teria sucesso. Não precisamos saber o que acontecerá nem como as coisas terminarão.

Devemos simplesmente realizar o trabalho atribuído a nós da melhor maneira possível.

Na Bíblia, ouvimos sobre os atos impressionantes e heroicos dos nossos ancestrais na fé.

Juntamente com eles, também ouvimos sobre o trabalho humilde, desagradável e repugnante que tiveram de fazer.

Isso deve nos confortar todas as vezes que nosso trabalho diário tentar nos desanimar. Então, não nos sentiremos deprimidos nem cairemos em desespero, pensando que Deus nos desprezará.

Pelo contrário, devemos entender que todo trabalho é santificado por meio da Palavra de Deus e da nossa fé.

Mas o mundo não vê o trabalho dessa maneira. As pessoas pensam que ler histórias envolvendo personagens bíblicos fazendo tarefas comuns e cotidianas é uma perda de tempo.

Somente os cristãos são capazes de ver e compreender que Deus está trabalhando nessas atividades comuns.

Esse trabalho é precioso, não apenas aos nossos olhos, mas também aos olhos de Deus. 

APRENDENDO COM ABRAÃO (PARTE 11)




A MAIOR PROVA DE ABRAÃO


- No capítulo 22 do livro do Gênesis, encontramos um dos mais dramáticos relatos das Escrituras Sagradas, uma incompreensão aos olhos humanos que, entretanto, revela a sublimidade e o ponto culminante da vida de fé do patriarca Abraão. É graças a este fato, aliás, que Abraão assume, em definitivo, a condição de "pai da fé", que lhe é reconhecida pelas três grandes religiões monoteístas do planeta.

- O episódio do capítulo 22 do livro do Gênesis é conhecida pelos estudiosos da Bíblia como sendo o "sacrifício de Isaque" , sendo que os judeus o denominam de "Akedah", que quer dizer, atadura ou atar, visto que Isaque não foi sacrificado, mas atado junto ao altar e salvo na última oportunidade.

I. O DESAFIO DA FÉ

- O capítulo 22 do livro do Gênesis começa com uma expressão forte: " E aconteceu depois destas coisas, que tentou Deus a Abraão". A expressão "tentou Deus a Abraão" é melhor traduzida como "Deus pôs Abraão à prova" (como consta da NVI e da Almeida Revista e Atualizada) ou "Deus provou a Abraão", pois, como diz o apóstolo Tiago, Deus não tenta a pessoa alguma (Tg.1:13). 

Esta, entretanto, não foi a única prova por que Abraão passou. Como ensinou o grande mestre e filósofo judeu Maimônides (1135-1204), Abraão teve de suportar dez provas: 1 - teve de peregrinar como um estrangeiro desde a sua chamada; 2 - a fome que encontrou em Canaã, depois da promessa de que Deus lhe faria uma grande nação; 3 - a violação de direitos humanos elementares quando os egípcios levaram Sara a Faraó; 4 - a luta contra quatro reis conquistadores; 5 - a tomada de Agar como esposa, depois que perdeu toda a esperança de ter um filho com Sara; 6 - a circuncisão em idade avançada por ordem divina; 7 - a atrocidade perpetrada por Abimeleque , que prendeu Sara; 8 - a despedida de Agar; 9 - a separação de Ismael e 10 - o sacrifício de Isaque (apud Meir Matzliah MELAMED. Torá: a lei de Moisés, nota a Gn.12:15, p.30-1). 

- Muito se tem discutido a respeito da natureza desta prova imposta ao patriarca Abraão, tendo em vista que, pelo conceito da lógica humana, seria, realmente, impensável que Deus pudesse vir a pedir Isaque em sacrifício. Assim, há aqueles que não admitem sequer a possibilidade de que Deus estivesse, mesmo, querendo Isaque em sacrifício, ainda que Deus o tivesse pedido explicitamente, porque uma tal ordem, dizem, contrariaria todo o caráter divino. Contudo, assim não pensamos, pois são as Escrituras que afirmam que de Deus saiu esta ordem e Deus é soberano, podendo, pois, exigir tal coisa de Seu servo, ainda que, explicite-nos o texto, o Seu propósito fosse o de pôr à prova Abraão e não o de ter Isaque como oferta. Aliás, é assim que se expressa Flávio Josefo: "... Deus lhe concedeu o que desejava, mas quis antes experimentar a sua fidelidade..." (Flávio JOSEFO. Trad. de Vicente Pedroso. História dos hebreus, v.1, p.35).

- Todavia, observe-se, apenas Deus sabia deste propósito, que não era de conhecimento do patriarca, assim como apenas Deus e Satanás tinham conhecimento do que estava acontecendo na vida de Jó. A fé está, precisamente, em crermos em Deus e na imutabilidade de Seu caráter, mesmo quando a própria ordem divina pareça contrariar tanto uma coisa quanto outra. O propósito de Deus nas provas que nos advêm nem sempre nos é divulgado de imediato, mas devemos, sempre, ter a consciência e a convicção de que tudo que ocorre conosco é o melhor para nós (cf. Rm.8:28). Não devemos nos angustiar nem perder a esperança, mas, simplesmente, confiar no Senhor, que, muitas vezes, dirige-se para nós como se dirigiu ao apóstolo Pedro: " o que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois" (Jo.13:7b). Isto nos mostra, claramente, que Deus está acima dos nossos pensamentos ou das nossas concepções, de modo que não podemos, jamais, perscrutar Seus propósitos ou intentos (Is.55:8,9; Rm.11:33-36). Desconfiemos, pois, daquelas doutrinas e filosofias que explicam totalmente todos os pensamentos e caminhos de Deus, tudo racionalizando e tornando compreensível, pois, de modo algum, os homens poderão alcançar o pensamento de Deus, pois sempre serão meros homens (Sl.9:19,20)
- Deus chega ao patriarca e lhe dá a ordem tão incompreensível quanto inusitada: "Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que Eu te direi."(Gn.22:2). A ordem divina tem alguns pontos que devemos frisar, a saber:

a) TOMA o teu filho - Deus não deixa qualquer dúvida. Trata-se de uma ordem, que não admite qualquer discussão. Ao contrário do que ocorrera com as cidades da planície, em que o Senhor revela Seu intento a Abraão, aqui estamos diante de uma ordem. Isto explica, aliás, o silêncio de Abraão que intercedera pelos habitantes das cidades da planície com insistência e que se cala com relação ao filho da promessa, algo que intriga muitos até hoje, inclusive os rabinos judeus. Tratava-se de uma ordem e o patriarca, que agora era íntegro e estava na presença do Senhor(cf. Gn.17:1), com um caráter totalmente transformado(cf.Gn.17:5), não hesita em obedecer ao Senhor. Esta mesma prontidão é exigida aos servos do Senhor (Mt.5:37; Rm.6:16,17).

b) Toma AGORA - A ordem divina é extremamente precisa e não permite qualquer dúvida, porque o nosso Deus não é um Deus de confusão (I Co.14:33). A ação deveria ser feita de imediato, sem qualquer lapso temporal, no que o Senhor foi atendido prontamente, pois o patriarca, diz o texto sagrado, logo na madrugada, albardou o seu jumento e iniciou a caminhada para o local indicado por Deus (Gn.22:3). O patriarca nem discutiu com o Senhor que, para Isaque nascer, decorreram longos vinte e cinco anos, mas para ser oferecido, isto deveria ocorrer de imediato. Não, Abraão sabia bem o seu lugar, o lugar de servo, não admitindo seu caráter transformado qualquer questionamento da ordem divina. Será que temos este mesmo caráter, ou estamos questionando a Deus e a Seus métodos ? Cuidado, um dia alguém muito próximo ao Mestre questionou-o sobre Seus propósitos e, neste questionamento, Jesus disse exatamente quem estava operando através da boca do "zeloso" discípulo ! (Mt.16:22,23).

c) O TEU FILHO, O TEU ÚNICO FILHO, ISAQUE, A QUEM AMAS - Deus é onisciente e revelou ao patriarca exatamente o que Isaque significava para si. Isaque era o único filho que convivia com o patriarca, era o herdeiro de todos os bens materiais e espirituais do patriarca, era alguém, efetivamente, amado pelo patriarca. Deus, assim se expressando, demonstrava ter plena consciência do trauma espiritual-sentimental-emocional-psicológico que representava esta atitude de sacrifício para o patriarca, mas O reconhecendo, demonstrava que nada disso poderia impedir o cumprimento da ordem divina. Deus conhece a nossa estrutura, sabe que somos pó (Sl.103:13,14), não é um Deus distante, mas um Deus que, inclusive, participou das nossas próprias aflições, quando a pessoa de Seu Filho encarnou, para que pudesse ser pleno em nosso auxílio (cf. Hb.2:9-18). 

Daí porque não podermos jamais deixar de considerar, em nossas lutas e aflições, que Deus, de antemão, já sabe o que sentiríamos, o que estamos padecendo, tendo total condição de nos consolar e confortar(II Co.1:3-7), pois Ele é compassivo, ou seja, sente exatamente o que estamos sentindo. Eis a razão pela qual a Palavra diz-nos que jamais seremos tentados acima do que podemos suportar ( I Co.10:13). Deus reconhecia que Abraão depositara todas as suas esperanças e todo o seu amor em Isaque e que isto tornaria absolutamente incompreensível a obediência à ordem divina, por isso mesmo Deus afirma ter pleno conhecimento disto e, assim fazendo, não deixa qualquer margem para que o patriarca pudesse sequer questionar ou pedir um tempo para cumprir a ordem emanada do Senhor.

d) Vai-te à terra de Moriá e OFERECE-O ali EM HOLOCAUSTO sobre uma das montanhas, que Eu te direi - A ordem de Deus é clarevidente. Abraão deveria, a exemplo dos idólatras que com ele conviviam, fazer um sacrifício humano, o sacrifício de seu único filho, matando-o e o queimando a Deus, na terra de Moriá, numa montanha que seria indicada por Deus. Aqui a ordem de Deus apresenta algumas similitudes com a experiência do patriarca com Deus, como também algumas novidades. Senão vejamos: 

1º ) Deus quer um sacrifício e Abraão já sabia, desde o início de sua jornada de fé, que os sacrifícios agradavam a Deus, daí porque o altar ser uma constante em sua vida com o Senhor. Entretanto, se o sacrifício era uma constante, o mesmo não se poderia dizer a respeito do sacrifício humano. Esta atitude, tão comum aos idólatras, era algo que jamais lhe fora requerido antes. Deus não estava Se contradizendo, porque jamais lhe proibira tal prática, mas, até então, nunca havia exigido uma coisa destas. 

Às vezes, o nosso costume acaba gerando normas entre nós, servos de Deus, normas às quais, até involuntariamente, acabamos impondo ao Senhor. Tenhamos cuidado pois Ele é o Senhor e não tem compromisso com nossos costumes. Deus exige o sacrifício humano, algo que jamais pedira a Abraão antes, mas não podemos dizer que Deus teria Se contradito aqui com esta exigência. Somente, mais tarde, com a lei, seria proibido, terminantemente, o sacrifício humano (Lv.18:21; 20:1-5), algo que sempre desagradou sobremaneira ao Senhor (II Rs.23:10; Jr.32:35; At.7:43).

2º ) Deus mandou que o patriarca partisse para a terra de Moriá, pois lhe mostraria lá qual o monte em que deveria fazer o sacrifício. Assim como Deus havia, anteriormente, dito para Abraão deixar a casa de seu pai para uma terra que ele lhe mostraria, também aqui iria indicar o local. Entretanto, se Abraão já estava acostumado a que Deus lhe indicasse o lugar, isto jamais havia se dado antes com relação a construção de um altar. Até aquele momento, Abraão sempre edificara altar onde tinha querido, segundo a sua vontade, mas, agora, o altar deveria ser construído no local que Deus lhe haveria de mostrar. Quanto mais tempo passamos na presença de Deus, a tendência será a de, cada vez mais, passarmos a ser dependentes do Senhor e não o contrário. A tendência humana do servo de Deus é achar que já conhece o Senhor e querer alargar o espaço da sua vontade e do seu querer no serviço a Deus, no cotidiano de nossas vidas. 

A situação é totalmente outra. Devemos, sempre, ir num sacrifício de nossa vontade, numa anulação cada vez mais intensa de nosso querer. Os grandes homens da Bíblia apresentam-se como pessoas sem vontade própria, totalmente submissas ao Senhor, a começar do exemplo de todos, Jesus, que anulou até mesmo Seu instinto de sobrevivência no Getsêmane. Devemos nos lembrar das elucidativas palavras que Jesus disse a Pedro (Jo.21:18,19), muito bem aprendidas pelo apóstolo (II Pe.1:10-21), ou, então, da forte expressão de Paulo, segundo o qual, ele nem sequer mais vivia, mas era Cristo quem vivia nele (Gl.2:20). Isto tem sido uma realidade em nossas vidas ? Por fim, naquele local, no monte Moriá, onde, mais tarde, seria construído o templo de Jerusalém, Abraão só fez um único sacrifício, como que a indicar que o sacrifício prefigurado seria único e suficiente para a redenção da humanidade.

II. A CRISE DA FÉ

- O patriarca, prontamente, obedeceu a Deus, embora mantivesse em segredo o propósito de sua viagem até a terra de Moriá. Tomou dois de seus moços, Isaque e partiu em direção a terra de Moriá, tendo, antes, fendido lenha para o holocausto. Notamos aqui o caráter resoluto de Abraão em atender à ordem do Senhor, mas, também, sua prudência em não alardear o que estava a fazer. Esta prudência tem faltado a muitos servos do Senhor na atualidade. A recomendação do Senhor é que sejamos simples como as pombas, mas prudentes como a serpente. 

A ordem dada por Deus era incompreensível ao próprio patriarca, cuja estatura espiritual permitia tal prova por parte do Senhor, pois já era, como vimos no ensinamento de Maimônides, a décima prova sofrida pelo patriarca. Entretanto, naturalmente, se o próprio Abraão não a compreendia, como poderia alardeá-la, senão para inviabilizar o seu cumprimento ? Por isso, nada disse a pessoa alguma. Jesus, em momentos cruciais de Seu ministério, também foi reservado e, não raro, solitário (cf. Mt.14:13;17:1;20:17; Mc.9:2; Lc.9:10). Devemos valorizar nossa intimidade com o Senhor, pois se, na intimidade, não há segredos entre nós e Deus, há entre o que temos acertado com o Senhor e os demais. Jesus, mesmo, recomendou este comportamento quando O buscarmos em oração (Mt.6:6).

OBS: Este pensamento de reserva para impedir a frustração do cumprimento da ordem divina é a interpretação dada por Josefo para o silêncio de Abraão, em trecho que vale a pena transcrever: "...Estando Abraão persuadido de que nenhuma consideração poderia dispensá-lo de obedecer a Deus, a quem todas as criaturas são devedoras da própria existência, nada disse à sua esposa nem a outro qualquer de seus familiares sobre a ordem que havia recebido de Deus e a resolução que tinha tomado de executá-la, de medo que eles se esforçassem para dissuadi-lo disso. Disse somente a Isaque que o seguisse acompanhado por dois de seus criados e mandou colocar sobre um jumento todas as coisas de que necessitava para o sacrifício..." (Flávio JOSEFO. Trad. de Vicente Pedroso. História dos hebreus, v.1, p.35)

- Foram três dias de jornada, em que Abraão mantinha-se silente para com os dois moços e seu filho a respeito do propósito daquela viagem. Só ao terceiro dia, Abraão viu o local, ainda de longe, ou seja, Deus lhe mostrou qual era o local em que se deveria fazer o sacrifício. Assim que mostrado o lugar, Abraão estreita ainda mais a situação, mandando que os dois moços aguardassem ali, juntamente com o jumento que fora albardado, enquanto ele e Isaque iriam até o lugar indicado por Deus (Gn.22:4,5). Aqui encontramos a expressão que denotava a confiança excelente do patriarca: " eu e o moço iremos até ali e, havendo adorado, tornaremos para vós." 

Tratava-se de uma profunda confiança a do patriarca. Como tornar com Isaque se ele seria sacrificado a Deus em holocausto, ou seja, após matá-lo, Abraão teria de queimá-lo em oferta ao Senhor ? Assim Abraão falou não porque tivesse uma mera esperança, mas, diz-nos o escritor aos Hebreus, porque " pela fé ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado; sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigênito. Sendo-lhe dito: em Isaque será chamada a tua descendência, considerou que Deus era poderoso para até dos mortos o ressuscitar..." (Hb.11:17,18). 

As circunstâncias eram totalmente adversas: Deus, que prometera e dera o filho ao patriarca, era o mesmo que o queria em holocausto, mas Deus é imutável, não é homem para que minta, nem filho do homem para que Se arrependa e, portanto, de algum modo, não sabido, não revelado, Isaque tornaria a viver, teria de dar continuidade à descendência, conforme Deus havia prometido. Querido(a) irmão(ã), seu Isaque foi levado para o altar ? Seu Isaque foi até já sacrificado, sem que o anjo interviesse antes que o cutelo fosse lançado ao pescoço do seu prometido ? 

Onde está a sua fé para confiar e crer que Deus é poderoso para até dos mortos ressuscitar o seu Isaque ? As promessas de Deus não falham. Como diz o cantor sacro: "De Deus mui firmes são as promessas, falhando tudo, não falharão. Se das estrelas, o brilho cessa, mas as promessas brilharão" ! (refrão do hino 459 da Harpa Cristã).
- Durante estes três dias, certamente, Abraão deve ter procurado entender a ordem divina, que contrariava toda a lógica humana e tudo o que Abraão havia aprendido de Deus até ali. Este confronto entre a lógica humana e a lógica divina, aliás, foi o principal ponto que o estudioso judeu Richard S. Ellis enfatizou em seu artigo " Human Logic, God's Logic, and the Akedah"(A lógica humana, a lógica de Deus e a Akedah") 

(math.umass.edu/~rsellis/akedah.html) , onde afirma que o episódio é um "pesadelo que lança sua sombra através de toda a história judaica"(tradução nossa), cujo entendimento é possível se o focalizarmos como "o choque entre a lógica humana e a lógica de Deus"(tradução nossa), como "o confronto destes dois modos de lógica"(tradução nossa). Diz o estudioso que "Abraão, a ponto de subir ao Monte Moriá, foi suspenso entre a lógica humana e a lógica de Deus, onde todas as contradições são resolvidas(...).(tradução nossa)". O texto silencia-nos a respeito do que se passou entre Abraão e Deus, mas, como afirma Ellis, "...o silêncio do texto convida-nos, enfurece-nos, força-nos a confrontar a realidade de nossa falta de poder e de nossa própria morte, força-nos a vir às mãos com a questão-chave: quando a tragédia surpreende, como um dia deve ocorrer, irei eu buscar refúgio na lógica humana ou abrir-me-ei para a infinita luz desconcertante de Deus ?" (tradução nossa).

OBS: Prossegue Richard S. Ellis seu pensamento: "...Assim como a jornada de Berseba para o Monte Moriá em Jerusalém é um ascensão física, do mesmo modo Abraão através de sua fé parece ter sido elevado acima do nível da lógica humana para o nível da lógica de Deus, onde todas as contradições são resolvidas. Mas Abraão precisa de uma jornada de tr6es dias para chegar a este nível, para cultivar o cenário mental que poderia aceitar a resolução da contradição por Deus. A jornada dá a Abraão o espa;co no qual a ruptura para o nível mais elevado pode acontecer..." (Richard S. ELLIS. op.cit.) (tradução nossa).


- Outra lição importante que tiramos é de que Abraão e Isaque assumiram pessoalmente a responsabilidade pelo ato de adoração. Não eram, como muitos crentes de nossos dias, "crentes de carona", que vivem às custas da espiritualidade e santificação dos outros. Abraão e Isaque tomaram todo o material necessário para o sacrifício e partiram rumo a Moriá. Abraão levava o fogo e o cutelo na sua mão e Isaque, mais jovem e vigoroso, a lenha do holocausto. 

Diz o texto que ambos foram juntos, a demonstrar, portanto, unidade, ainda que houvesse diversidade de funções, de tarefas, diante das peculiaridades de cada um. O texto mostra-nos, também, que Isaque tinha uma idade suficiente que permitia que ele levasse sobre seus ombros a lenha do holocausto, não era, portanto, uma criança inocente, sem consciência, de tenra idade. Alguns eruditos judeus chegam a dizer que Isaque tinha cerca de 37 anos de idade. Na igreja, devemos agir do mesmo modo. Para que haja uma perfeita adoração, é mister que cada um cumpra o seu papel, que cada um faça o seu esforço, segundo a sua aptidão e capacidade. Lamentavelmente, se fôssemos depender de muitos crentes, hoje em dia, a lenha, o fogo ou o cutelo ficariam ao pé do monte...

- Outro ponto importante para nossa meditação é que Abraão trouxe todo o material para o sacrifício de sua casa, não tomou coisa alguma estranha ao seu lar, ao seu domicílio. Não havia fogo estranho, não havia cutelo improvisado ou adquirido de terceiros, não havia lenha de outros lugares, nem mesmo da vegetação do local indicado por Deus. Tudo foi trazido de casa, tudo havia tido sua elaboração, sua confecção e sua preparação segundo os costumes e as regras estabelecidas pelo patriarca na sua comunhão e vida íntima com Deus. Será que nosso culto tem sido o aprendido junto aos nossos pais na fé, será que tem sido o resultado de uma vida íntima e de comunhão com Deus, segundo os marcos estabelecidos pela Palavra de Deus, ou temos cedido às inovações, às novidades, ao fogo de procedência desconhecida e ignorada ? Deus não aceita coisas estranhas na adoração ao Seu nome. Lembremo-nos dos filhos de Arão ! (Lv.10:1-11). 

- Ao silêncio de Abraão correspondia igual silêncio da parte de seu filho, Isaque. Chamado por seu pai, sem hesitação, obedeceu e iniciou a viagem. Não sabia para onde ia, mas seu pai lho indicou. Sem hesitar, também, toma a lenha do holocausto sobre seus ombros e começa a caminhar em direção a Moriá. Entretanto, como era alguém dotado de plena consciência e ensinado por seu pai na adoração a Deus, logo percebeu que faltava um elemento para o sacrifício, ou seja, a vítima. Por isso, perguntou a seu pai onde estava ela e Abraão, uma vez mais, demonstra o seu interior, ao dizer que Deus iria prover a vítima. É desta expressão do patriarca que advém o conceito da "Divina Providência", ou seja, "o cuidado de Deus sobre todas as Suas obras"(Sl.145:9) (cf. R.N. CHAMPLIN. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.5, p.487)
.
- Após a declaração do patriarca, Isaque prosseguiu o seu caminho, demonstrando satisfação com a resposta recebida de seu pai, bem assim, também ter a mesma confiança e a mesma fé de Abraão. O texto expressa esta comunhão de propósitos e de valores ao afirma que "caminharam ambos juntos" (Gn.22:8, parte final). Assim, não apenas em Abraão vemos uma demonstração de fé e submissão, mas também em Isaque, que foi obediente, visto que poderia, ante a sua idade e condição física, facilmente fugir do papel de vítima do sacrifício, ainda mais quando seu pai, aparentemente, havia mentido, já que omitira que a vítima do sacrifício era o próprio Isaque. Todavia, Isaque deixou-se amarrar e ser colocado no altar, sem resistir, numa perfeita tipificação do que Jesus faria pela humanidade milênios depois (Jo.10:17,18).
OBS: "...Há outras interpretações que nos lembram que Isaque é tipo de envolvido em todo este negócio. Para alguns, Isaque era um menino (com idade suficiente para carregar madeira) ao tempo da Akedah. Para outros, ele era um homem formado, de 37 anos de idade. Em qualquer caso, Abraão tinha 110 anos. A história é explícita que Abraão amarrou Isaque. Se era um menino ou um homem, estes intérpretes concluem, Isaque tinha de consentir com a amarração. A mensagem aqui é: Esteja preparado como Isaque para sacrificar-se a Deus." (Philip BORENSTEIN. Rosh Hashannah: the Akedah.www.rjca.org/5759rh2akedah.html ).(tradução nossa).

III. A PROVA E A COMPENSAÇÃO DA FÉ

- Abraão estava determinado a obedecer a Deus. Edificou o altar, pôs em ordem a lenha e amarrou a vítima, que era seu próprio filho Isaque e iria desferir-lhe o golpe fatal quando foi interrompido por Deus, que determinou que o patriarca não matasse seu filho, pois havia provado que Deus estava acima de todas as coisas na sua vida e que nem o único filho lhe fora negado.
OBS: "...Muitos dos comentários concentram-se em Abraão. A Akedah, como ela diz no início do capítulo, era um teste para Abraão. Era a maior das dez provas, a única que selou para o bem sua obediência a Deus. Quando estava a ponto de matar Isaque, um anjo para Abraão e diz, ' a partir de agora eu sei que tu és um homem que tema a Deus porque tu não negaste o teu filho para mim.' Nós afirmamos que Abraão passou no teste. A mensagem aqui é clara: como Abraão, nós deveríamos ser voluntariosos para fazer tudo o que Deus pede de nós, não importa o que, mesmo quando pareça que Deus é abominável." 

- É interessante observar que Abraão responde a Deus da mesma forma com que atendeu ao chamado do Senhor quando recebeu a notícia de que deveria sacrificar seu filho. A resposta de Abraão, em ambas as oportunidades, foi "eis-me aqui", expressão bíblica que indica, sempre, disposição para fazer a vontade de Deus. Assim respondeu o profeta Isaías ao chamado do Senhor após a sua indispensável purificação (Is.6:8), assim era o teor da oração de Jesus quando entrou neste mundo (Hb.10:7,9). 

Estamos à disposição do Senhor ? Temos respondido ao Seu chamado com um "eis-me aqui" ? Nas duas oportunidades, Abraão estava em circunstâncias bem distintas: estava calmo, feliz, tranqüilo e realizado quando Deus lhe chama para pedir o sacrifício de seu filho Isaque. Assim, respondeu com um "eis-me aqui". 

Na segunda vez, estava extremamente aflito, psicologicamente abalado, pois estava contemplando a face de seu filho, atônito, prestes a ser morto, estava a ponto de matar o próprio filho, mas, ao ouvir a voz do Senhor, responde com o mesmo "eis-me aqui". 

Era um homem de fé e, como tal, as circunstâncias não o abalam, pois é como o monte de Sião (Sl.125:1). Será que temos confiado no Senhor, ou somos facilmente abalados pelos ventos, pelas ondas, como foi o apóstolo Pedro ? Será que o Senhor tem Se virado para nós e dito que somos homens (ou mulheres) de pouca fé ? (Mt.14:31).

- Deus recompensou a fé de Abraão, poupando-lhe o filho. Abraão vê um cordeiro que está preso no mato pelos seus chifres, oferecendo-o em lugar de seu filho Isaque. Era a oferta da gratidão e do reconhecimento da soberania de Deus e de que vale a pena sermos obedientes ao Senhor. Assim como Abraão predissera, ele e seu filho adoravam a Deus e depois tornariam para o encontro dos dois moços que aguardavam ao pé do monte. 

O patriarca dá ao monte o nome de "O Senhor proverá" e, realmente, ali, naquele monte, Deus, posteriormente, propiciava, no sacrifício anual, os pecados de Israel, como figura do sacrifício vicário de Cristo, sacrifício este que, neste episódio, foi divisado pelo patriarca, como nos dá conta o próprio Jesus (Jo.8:56). 

Percebe-se, aqui, portanto, que, por ter feito o que Deus lhe mandara sem questionar, Abraão ganhava uma grande recompensa: a de conhecer e ver o plano de Deus para a redenção da humanidade por seu intermédio. Crer em Deus, mesmo sem entender, foi o caminho para que o patriarca tudo pudesse ver e entender.

- Após o sacrifício, Deus manda outra mensagem, através do anjo, ao patriarca, renovando as promessas nas quais Abraão havia confiado e pelas quais havia caminhado até ali na sua vida espiritual. 

O significado deste episódio ficou tão indelevelmente marcado na vida do povo de Israel que, na passagem do Ano Novo Judaico (o Rosh Hashannah), todos os anos, é esta a leitura bíblica que se faz, como que em um reconhecimento de que a perpetuidade do povo judeu dá-se porque Abraão não negou seu único filho a Deus, dá-se como retribuição de Deus à fidelidade de Abraão. 







APRENDENDO COM JABES

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