terça-feira, 11 de agosto de 2020

APRENDENDO COM MARCOS


                                  O Evangelho de Marcos

                                            Autoria


O Evangelho[1] de Marcos é um livro anônimo.[2] Em lugar algum do livro encontramos referência ao nome do seu autor. Contudo, podemos chegar a algumas conclusões através de evidências externas e internas acerca de sua autoria.

1. Evidência Externa

A evidência externa é aquela que não se encontra no corpo do texto original. Analisemos se é possível encontrar a partir de testemunhos externos, indicações de sua autoria. Para isso observaremos primeiro a ocorrência e uso do título do livro, e em seguida o testemunho dos Pais da Igreja.

1.1. O título do livro

Naquele período da história literária cristã não era costume entre os escritores pôr o seu nome como título do livro[3]. Adolf Pohl comenta que “uma referência autoral como título soava tão estranha naquela época como hoje em dia”.[4] Era mais comum haver uma indicação do autor no cabeçalho do livro, ou no seu desfecho.[5]
Ainda podemos afirmar que o autor deste Evangelho não colocou seu nome em sua obra, porque ele era bem conhecido pelos seus leitores. Se levarmos em conta a tradição da Igreja, então, o Evangelho de Marcos foi um livro “encomendado”, logo, não haveria a necessidade de autografá-lo. E mesmo que não fosse um livro encomendado, a hipótese de que o autor era conhecido dos seus leitores não pode ser descartada como uma opção válida.
Somente os Evangelhos apócrifos possuíam a praxe de colocar nome de personagens famosos como título em seus livros. Assim, por exemplo, o “Evangelho de Pedro”, do século II, identifica-se ao dizer: “Eu, porém, Simão Pedro...”.[6] Os escritores dos Evangelhos canônicos não tinham necessidade de estampar os próprios nomes em seus livros, pois, eles queriam destacar o seu conteúdo, e tinham consciência de que o real autor destes livros era em sentido específico, o Senhor (Hb 2:3; 1 Pe 1:12). 
O título tem como propósito apresentar o conteúdo, e não o autor (Mc 1:1). E mesmo que o título fosse usado para apresentar o autor, seria desnecessário, no caso deste Evangelho, pois, o seu autor era conhecido por seus leitores.
Embora o título grego que acompanha o livro não esteja originalmente no texto grego, ele se encontra em todas as listas canônicas, e nas cópias de manuscritos antigos. Quanto a identificação do livro que era feita entre os copistas da época, Adolf Pohl esclarece que
esta informação era fixada com um bilhete na haste de madeira do rolo, o que era prático para quem procurava determinado rolo em uma caixa de madeira ou barro. Mais tarde, quando a Bíblia passou a ser transmitida em forma de códice, este título curto também pôde ser colocado na margem superior de cada folha, para facilitar a procura de passagens.[7]

Por isso, podemos encontrar no Códice do Vaticano (B) e no Códice Sinaítico ()), ambos datados no século IV, possuindo um título mais curto “Segundo Marcos”. Contudo, nas páginas de capa das cópias, os títulos costumavam ser ampliados, resultando “Evangelho Segundo Marcos”.
Podemos concluir que, estes títulos embora não pertençam a forma original do Evangelho, foram acrescentados por causa do cuidado de copistas cristãos num período posterior. Todavia, a sua autoria já era um assunto pacífico entre os cristãos num período bem anterior. É possível verificar que esse assunto era algo pacífico na Igreja Cristã em seus primeiros séculos analisando algumas afirmações dos Pais da Igreja.

1.2. Os Pais da Igreja

A autoria de Marcos é sustentada pelos Pais da Igreja a partir do início do século II. Uma importante constatação pode ser feita na História Eclesiástica[8] escrita em 325[9], por Eusébio de Cesaréia (260-339), onde ele cita Pápias de Hierápolis (70-140 d.C.) que escreveu uma obra intitulada “Exposição das Palavras do Senhor”, essa obra perdeu-se, mas foram preservados alguns fragmentos por Eusébio em sua História Eclesiástica. Eusébio de Cesaréia afirma que
Por outro lado, cremos necessário acrescentar, ao que já dissemos sobre Pápias, a tradição que expõe a respeito de Marcos, que escreveu o Evangelho, dizendo assim: “O presbítero dizia também o seguinte: Marcos, que foi o intérprete de Pedro, escreveu fielmente, embora desordenadamente, tudo o que recordava sobre as palavras e as ações do Senhor. De fato, ele não tinha ouvido o Senhor, nem o havia seguido. Mais tarde, como já disse, ele seguiu a Pedro, que lhe dava instruções conforme as necessidades, mas não como quem compõe um relato ordenado das sentenças do Senhor. Assim, Marcos em nada errou, escrevendo algumas daquelas coisas da forma como as recordava. Com efeito, sua preocupação era uma só: não omitir nada do que tinha ouvido, nem falsificar nada do que transmitia.” Esse é o relato de Pápias a respeito de Marcos.[10]

Se considerarmos Pápias como uma testemunha digna de confiança, então podemos afirmar que a identificação de Marcos como autor do Evangelho remonta à primeira geração de cristãos.[11]
Irineu de Lião confirmando esta autoria declara que “quando Pedro e Paulo evangelizavam em Roma e aí fundavam a Igreja. Depois da morte deles, também Marcos, o discípulo e intérprete de Pedro, nos transmitiu por escrito o que Pedro anunciava.”[12] Noutro lugar de sua obra, este autor continua indicando a autoria do Evangelho da seguinte forma: “por isso, Marcos, companheiro e intérprete de Pedro, inicia assim a redação do Evangelho”.[13]
Tertuliano (193-216 d.C.) em seu tratado Contra Márcion IV.5, fala que “o Evangelho que Marcos publicou pode afirmar-se ser de Pedro de quem Marcos foi intérprete”.[14]
Clemente de Alexandria em sua obra intitulada Hypotyposeis (cerca de 190-200 d.C.) coloca o assunto da seguinte maneira
uma vez que Pedro pregou a palavra publicamente em Roma e anunciado o evangelho pelo Espírito, aos presentes, que eram muitos; estes suplicaram a Marcos, que durante muito tempo o havia seguido e recordava o que (Pedro) havia ensinado, para que registrasse suas palavras. Marcos fez o que lhe foi pedido, e comunicou o evangelho aqueles que lhe haviam solicitado. Quando Pedro o soube, não o impediu ativamente este empenho, nem o incentivou.[15]

Orígenes que viveu cerca de 210-250 d.C., também é citado por Eusébio (HE, VI, xiv.6,7), como segue
em segundo lugar, o [Evangelho] segundo Marcos, quem o escreveu de acordo com as instruções de Pedro, e também a quem Pedro em sua epístola geral lhe reconhece como a seu filho, dizendo “aquela que está na Babilônia, também eleita, envia-lhes saudações, e também Marcos, meu filho”(1Pe 5:13).[16]

Alguns estudiosos rejeitam estes testemunhos por considerá-los procedentes de fonte secundária. Werner G. Kümmel, por exemplo, afirma que
com efeito, Papias é a única testemunha independente, pois os demais relatos a respeito de Marcos, como as ‘Memórias de Pedro’(Just., Dial., 106,3) e das circunstâncias que teriam levado Marcos a escrever a pregação de Pedro, dependem todos de Pápias, não tendo pois o menor valor como testemunha independente.[17]

Kümmel para reforçar o seu argumento chega a ponto de afirmar que Pápias inventou o relacionamento entre Marcos e o apóstolo Pedro, para defender a origem do evangelho.[18] Contudo, podemos objetar esta tese de Kümmel, pois “não parece que Pápias esteja defendendo a autoria de Marcos, ou o seu relacionamento com Pedro, mas apenas a do evangelho em face da acusação de que lhe faltava ‘ordem’”.[19]
Logo, a tese de Kümmel não possui fundamentação. A preocupação central de Pápias era de defender o conteúdo, a autoria atribuída a Marcos é somente uma inferência que ele faz, pois o que estava sendo afirmado por Pápias parece ser o fato de que Marcos teria anotado tudo com exatidão, que nada havia sido omitido, mas que lhe faltava certa ordem.[20]
Quanto à confiabilidade do valor histórico de Pápias, podemos concluir positivamente. Os Pais da Igreja cometeram muitos erros, e entre eles existem discordâncias acerca de vários temas da fé cristã. Contudo, devemos agir com sobriedade, e não negar a importância histórica do testemunho que os Pais da Igreja nos oferecem. Precisamos avaliar as suas afirmações e colocá-las ao crivo das Escrituras caso forem doutrinárias. A questão discutida aqui não é doutrinária, e sim o valor histórico do testemunho destes homens, e em especial de Pápias. Analisemos então com senso crítico o valor histórico, a partir de quatro considerações que pesam a favor da confiabilidade da declaração feita por Pápias.
Primeiro, devemos considerar a idade antiga do testemunho. Pápias nasceu próximo ao ano 70 d.C., isso quer dizer que por volta do ano 100 d.C., Marcos já era considerado como seu autor, uns 30 anos depois de escrever. Adolf Pohl sugere que “uma lenda não poderia surgir em tão pouco tempo. O surgimento de um livro como este no seio da igreja era um acontecimento vivo, mal passada metade da vida de uma pessoa.”[21]
A segunda consideração que precisamos analisar se refere à ausência do título. A tendência de atribuir evangelhos, ensinos, ditos, etc., aos apóstolos é comprovada nos séculos II e III. É de se questionar, por que alguém aparentemente inexpressivo no seio da Igreja Cristã não colocou o título do seu livro como “Evangelho de Pedro”? Podemos responder esta pergunta da seguinte forma: simplesmente porque a sua autoria já era um assunto de comum acordo, e atribui-lo a um outro autor seria uma inverdade.
Uma terceira consideração se refere ao propósito da indicação autoral feita por Pápias. Pápias declara claramente que Marcos foi o autor do Evangelho.  Ele não estava preocupado em defender a autoria, e sim o conteúdo do Evangelho. É inquietante pensar que para autenticar este Evangelho não seria um argumento superior afirmar que o próprio apóstolo Pedro era o escritor do Evangelho, em vez de Marcos? Pohl explica que “parece que os fatos históricos se impuseram aos desejos e tendências. Por isso a consciência histórica não se livra tão facilmente da observação de Pápias.”[22]
Uma última consideração é a respeito da uniformidade de testemunhos. Mesmo que Pápias fosse o único que tivesse afirmado que Marcos é o autor deste Evangelho, teríamos ainda a favor desta tese o fato de que nenhuma voz dissidente durante o período da Patrística se levantou, para apontar outro autor.[23] Então, “isso é surpreendente, pois a tendência na igreja primitiva era associar apóstolos à redação dos livros do Novo Testamento.”[24]
Hendriksen de forma muito didática organiza seu argumento a partir dos pontos geográficos, demonstrando como a tradição afirmou a uma só voz a autoria do segundo Evangelho como pertencendo a Marcos. Ele coloca assim
a evidência se estende através de vários séculos, desde Eusébio até Pápias. Vem de todas as regiões. Da Ásia, África e Europa; ou seja, desde o leste (Pápias de Hierápolis, Eusébio de Cesaréia); do sul (Clemente de Alexandria, Tertuliano de Cártago); e do oeste (Justino, o Mártir e o autor do Fragmento de Muratori de Roma). Às vezes, há duas regiões representadas por uma só testemunha: o leste e oeste (Irineu da Ásia Menor, Roma e Lião); o sul e o leste (Orígenes de Alexandria e Cesaréia). Ortodoxo e heterodoxo, textos gregos antigos e versões remotas acrescentam seu peso a mesma conclusão.[25]

Adolf Pohl resume bem ao afirmar que “este é o cerne da tradição: sem questionamento de amigos e inimigos ficaram pelos séculos estes três fatos: a autoria de João Marcos, sua ligação com Pedro e a ligação do Evangelho com Roma.”[26]


2. Evidência Interna

Por evidência interna são aquelas evidências que podem ser encontradas dentro do próprio livro, e que indicam a sua autoria. Esta classe de evidência exige que voltemos nossos olhos para o texto, sobretudo, ao texto grego. Precisamos ler e reler o livro várias vezes, e ainda se possível compará-lo com os outros evangelhos.[27] Somente a partir daí poderemos chegar a algumas conclusões, analisando a possibilidade do autor ter deixado indícios de si mesmo impressos no texto.
É fato que o livro não traz consigo um título original indicando a sua autoria, nem ao menos há uma menção objetiva do autor dentro do Evangelho. Contudo, podemos nos perguntar, se o autor não deixou impresso no texto o que poderíamos identificar como sendo as suas “impressões digitais”?
O autor deste Evangelho, de fato deixou suas marca pessoal, demonstrando que ele possuía um estilo literário próprio. Este estilo pessoal, não é contrário à doutrina da inspiração orgânica-verbal, mas é uma expressão dela; pois, como bem disse Stott se referindo a inspiração dos escritores do NT, “o Espírito Santo primeiro preparou, e em seguida usou sua individualidade de formação, experiência, temperamento e personalidade, a fim de transmitir por meio de cada um alguma verdade distintiva e apropriada”.[28] Para que o assunto possua uma estrutura mais clara estarei expondo as características desse estilo literário.

2.1. Características de Linguagem

Este Evangelho é o que possuí mais expressões aramaicas. Embora seja um “Evangelho aos gentios”, conforme veremos no tópico sobre “destinatário”, esta obra se caracteriza pelo uso de várias expressões aramaicas, e algumas delas só ocorrem neste livro. Marcos foi discípulo de Pedro (1 Pe 5:13), certamente que Pedro falava aramaico, e algumas dessas expressões são demasiadamente próprias em seu uso, para que Marcos as julgasse traduzíveis, ou adaptáveis à nomenclatura helênica daquela época, como por exemplo “Abiatar” (2:36), “Iduméia” (3:8), “Boanerges” (3:17), “Talitá cumi” (5:41), “Corban” (7:11), “siro-fenícia” (7:26), “Efatá” (7:34), “Dalmanuta” (8:10), “Bartimeu” e “Timeu” (10:46), “Abbá” (14:36).[29]
Este Evangelho é rico em latinismos. Esta evidência confirma e em muito a tradição de que Marcos escreveu seu Evangelho em Roma, e para os cristãos romanos. Encontramos um número expressivo de latinismos, palavras como centurio (15:39), quadrans (12:42), flagellare (15:15), speculator (6:27), census (12:14), sextarius (7:4), praetorium (15:15), legion (5:9).
Este Evangelho é conhecido por possuir um grego “torto”. O estudioso do NT Dr. Robertson identifica o grego de Marcos como sendo “um modo mui distintivo do vernáculo Koiné, como “torto” (monophthalmon, 9:27), como seria de se esperar tanto em Pedro como em Marcos”.[30] Isto significa que embora o autor escrevesse em grego, ele pensava como um judeu. Adolf Pohl afirma que “ele deve ter sido um grego-palestino: falava e escrevia em grego, mas tinha suas raízes na Palestina e no idioma aramaico.”[31] Isso explica o motivo do seu grego ser menos elaborado, com a construção de orações simples.[32] Mas a sua simplicidade lingüística não deve “levar o intérprete a deduzir simplicidade nos padrões de pensamentos”.[33]
Além destas características na linguagem do Evangelho de Marcos soma-se o conhecimento de nomes aramaicos, latinos e gregos de personagens secundários, que somente são citados por ele, por exemplo: Levi e Alfeu (2:14), Boanerges (3:17), Jairo (5:22), Batimeu (10:46), Simão (14:3), Salomé (15:40; 16:1), Alexandre e Rufo (15:21).[34] Isto demonstra um conhecimento mais do que particular dos acontecimentos, demonstra também um conhecimento dos personagens que participaram dos fatos.
Essas “impressões digitais” constadas, ainda não nos revelam o seu autor, pelo menos não de forma objetiva e direta. Mas essas características indicam que o autor era alguém que possuía uma excelente noção dos acontecimentos por ele narrado, e que em muitos casos ele era de fato, uma testemunha ocular.  A sua capacidade de resumo, e riqueza em detalhes, e ainda a unidade temática do livro, bem como o seu estilo redacional demonstram que ele sabia o que queria escrever.



terça-feira, 4 de agosto de 2020

APRENDENDO COM JESUS

As Parábolas dos Perdidos e Achados
Jesus foi criticado freqüentemente pelos chefes religiosos de seu tempo, de modo que a queixa deles em Lucas 15:1-2 não era novidade: “Aproximavam-se de Jesus todos os publicanos e pecadores para o ouvir. E murmuravam os fariseus e os escribas, dizendo: Este recebe pecadores e come com eles.” Jesus respondeu com uma série de três parábolas.
A parábola da ovelha perdida (15:3-7)
Os pastores são usados freqüentemente na Bíblia para descrever aqueles que cuidam do povo do Senhor. Um bom pastor está constantemente alerta para as necessidades de suas ovelhas e pronto a arriscar-se para preservá-las. Na parábola, o pastor percebe que uma de suas 100 ovelhas está perdida. Ele deixa as 99 e vai procurar a perdida. Quando a encontra, volta para casa e chama seus vizinhos para participar da comemoração. A aplicação: há uma comemoração no céu quando um pecador perdido retorna ao Senhor.


A parábola da moeda perdida (15:8-10)
Uma mulher tinha dez moedas, o equivalente aproximado ao salário de meio mês. Ela perdeu uma das moedas e não podia descansar enquanto não a encontrasse. Ficou acordada até tarde procurando por toda a casa até que recuperou o dinheiro perdido. Que alívio! Ela chamou suas amigas e as convidou para partilhar com ela o seu regozijo. A aplicação: os anjos de Deus se regozijam quando um pecador perdido retorna ao Senhor.


A parábola dos filhos perdidos (15:11-32)
Na terceira parábola, Jesus não está preocupado com animais e objetos perdidos. Ele agora evoca toda a emoção da vida real, falando de um pai amoroso e de seus dois filhos. Um dia, o mais novo desafia seu pai com um desrespeito quase inimaginável. Especialmente na cultura dos dias de Jesus, um filho recebia sua herança quando o pai morria. O pedido que este filho fez era um insulto indizível ao pai. Não era um mero pedido de dinheiro. Ele estava rejeitando seu pai e toda a bondade que ele lhe tinha mostrado através dos anos. Ele abandonou sua família, pegou suas malas e viajou para outro país.

Com seus bolsos cheios de dinheiro para gastar, o jovem fez uma desordem em sua vida. Gastou rapidamente o dinheiro levando uma vida despreocupada e pecaminosa. A irresponsabilidade levou-o a necessidade e sofrimento, e esse filho logo ficou sem recursos e faminto. O filho privilegiado de um homem rico e generoso estava agora reduzido a procurar um trabalho humilde. Encontrou trabalho para tomar conta de porcos. Podemos considerar este serviço como sujo e mal cheiroso, mas era muito mais ofensivo para a sensibilidade dos ouvintes judeus de Jesus. De acordo com a lei de Moisés, que governava os judeus até a morte de Jesus, porcos eram animais imundos. Certamente alguns dos ouvintes de Jesus começaram a imaginar seus filhos rebaixados a alimentar estes asquerosos suínos.

Mas o sofrimento do rapaz não terminou aqui. Ele estava faminto. Olhava ansioso para os restos que estava dando aos suínos. Ali ele começou a perceber quanto tinha perdido. Estava humilhado, esfomeado, longe de casa. Ninguém percebia isso. Ninguém se preocupava. Ninguém o ajudava.
No meio daqueles porcos asquerosos, o jovem caiu em si . Ele se lembrava como as coisas tinham sido melhores antes dele ter desprezado a bondade de seu pai. Até os mais humildes servos de seu pai tinham vida melhor do que esta. Ele sabia que tinha perdido todo o direito de filho, mas talvez pudesse trabalhar para seu pai. O filho arrependido decidiu voltar e pedir misericórdia e perdão. Enquanto ia, ensaiava o pedido que faria ao seu pai. Será que seu pai seria tão bom que o empregasse para alguma tarefa humilde?

Apesar de todo o sofrimento que tinha suportado por causa da rebeldia de seu filho, o pai não tinha perdido a esperança. Ele olhou para a estrada e viu, ainda ao longe, a figura de seu filho perdido voltando ao lar. Ele correu para abraçá-lo e beijá-lo. O filho, humilhado pelas conseqüências de seus graves erros, começou sua confissão: “Pequei contra ti e contra Deus. Não mereço mais ser chamado teu filho.” Suas palavras foram interrompidas pela voz de seu pai dando ordens aos seus servos: “Tragam-lhe as melhores roupas que temos e preparem a melhor comida para festejarmos!” A explicação do pai mostra a profundidade de seu entendimento da situação difícil de seu filho, e o amor ilimitado que ele sentia pelo rebelde: (15:24).

O filho mais velho voltou do seu trabalho no campo, onde servia fielmente seu pai, ouviu a festança e ficou sabendo do motivo. O irmão ficou furioso e ressentido e se recusou a participar das festividades. Quando seu pai tentou acalmá-lo, o irmão mais velho mostrou seu egoísmo: “Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos; vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado” (15:29-30). Note o desdém na voz do irmão mais velho. Ele nem mesmo se referiu ao retornado como seu irmão. “Ele é teu filho”, ele disse a seu pai.

A resposta de seu pai pôs as coisas no seu devido lugar. Ele lembrou o ciumento irmão mais velho de que ele tinha sempre gozado a grande bênção que o filho pródigo estava buscando recuperar: o privilégio de estar novamente na presença de seu pai. Ele defendeu sua decisão de comemorar, porque o morto estava vivo e o perdido foi achado. 


Aplicações aos ouvintes originais
Jesus estava dizendo o que seus ouvintes originais desesperadamente necessitavam ouvir. Lembre-se do cenário destas parábolas (15:1-2). Em todas estas parábolas, os festeiros nos lembram que Deus e seus servos fiéis ficam emocionados quando um pecador vem ao Senhor. A terceira parábola mostra a conseqüência de darmos as costas a um pai amoroso (os apuros do pecador). Contudo, sua afirmação principal não é dirigida aos pecadores, mas aos presunçosos fariseus e escribas. O desprezo arrogante do irmão mais velho retrata perfeitamente a atitude destes chefes religiosos para com seus irmãos em erro. Sua queixa contra o pai reflete a murmuração deles contra o filho de Deus, que veio buscar e salvar os perdidos (veja Marcos 2:17).


Aplicações aos nossos dias
É fácil imitar os presunçosos fariseus, e muito difícil imitar o amoroso Pai celestial. Como vemos aqueles enredados no pecado? O assunto não é a feiúra do ato (todos os pecados parecem terríveis a Deus), mas a beleza da criatura de Deus que está presa na armadilha do diabo. Será que vemos tal pessoa como um amado de Deus necessitando ouvir a mensagem de salvação do Senhor e Salvador? Ou olhamos com desprezo para aquele que merece as conseqüências de sua rebeldia? A diferença entre essas duas atitudes é o que separava Jesus dos fariseus.

Como olhamos para aqueles que buscam o Senhor? Estamos relembrando constantemente quão desgraçados eles eram? Duvidamos de que Deus perdoaria realmente tão corrupto pecador, ou nos maravilhamos com a profundidade de seu amor e grandeza de sua graça? Precisamos nos lembrar de que o mesmo sangue de Jesus que nos salva também salva o mais vil dos pecadores. Se pensamos que Deus não pode perdoar alguns pecadores, estamos subestimando enormemente seu poder. O diabo e suas obras não são empecilho para o Senhor e seu amor redentor, e meus pecados não são menos danosos do que os pecados dos outros. Pensar de outro modo é seguir os presunçosos fariseus à condenação (veja Lucas 18:9-14).


Poderia ter havido um fim diferente?
Jesus escolheu a parábola dos filhos perdidos para mostrar a diferença entre o pecador que se arrependeu e o presunçoso que desprezou seu irmão. O propósito da parábola é corretivo. Mas, e se os judeus religiosos tivessem mostrado uma atitude correta? Poderia ter havido um fim diferente? Tentemos aprender a lição de Lucas 15 de modo que Jesus pudesse descrever nossa atitude com uma versão diferente da parábola. Esta versão descreve a atitude do verdadeiro discípulo de Cristo:
Um homem tinha dois filhos. Um exigiu sua herança e partiu para esbanjá-la numa vida pecaminosa. O homem ficou triste e esperou ansiosamente que seu filho retornasse. Então, um dia, seu outro filho partiu de viagem. Dias, depois semanas, passaram. A única notícia que o pai recebeu era uma carta ocasional de seu filho mais velho: “Ainda procuro, mas não o encontrei ainda.” Mais dias passaram, e o pai ficou cada vez mais preocupado. Será que ele jamais veria novamente um dos seus filhos vivo?

Um dia, o pai preocupado viu alguém na estrada, ainda bem longe, aproximando-se de sua casa. Poderiam ser seus filhos? Ele apurou a vista e começou a correr na direção deles, e seu coração se confrangeu um pouco quando viu somente duas pernas S uma pessoa S subindo a estrada. Quando se apressava na direção da figura que se aproximava, ele percebeu que seu filho mais velho estava lutando sob o peso de uma carga. Ele se apressou na direção do filho e viu que, nos seus ombros, estava a forma flácida de seu filho mais novo. Quando o pai chegou ao salvador cansado, ouviu estas palavras: “Ele está doente, quase morto. Mas levemo-lo para casa e tentemos tratá-lo para que recupere a saúde. Encontrei meu irmão. Eu trouxe teu filho de volta.”

Jesus não contou esta parábola porque os fariseus não tinham aprendido o amor do Senhor pelos perdidos. Eles não entenderam o amor e a graça demonstrados por Jesus e mais tarde explicado tão eloqüentemente por Paulo (veja Romanos 1:16; 2:9-11; 3:10,23; 5:6-8; Efésios 2:8-9; 3:18-19). Façamos tudo o que pudermos para compreender a magnitude deste amor por nós, por todas as outras pessoas. Sigamos o exemplo de Jesus e não o dos escribas e fariseus. Todos necessitamos da graça de Deus.

-por Dennis Allan

APRENDENDO COM LUCAS


O Evangelho de Lucas
Lucas 10: 21-24
Normalmente estudamos o que o Evangelho nos diz, edificando-nos com suas mensagens. Neste artigo, vamos além: iremos ver como é a estrutura do livro e vamos conhecer também seu autor. Ao afirmar que “Lucas escreveu”, não estamos nos esquecendo de que sua obra só foi possível por causa da inspiração do Espírito Santo do Senhor.
Lucas é o autor do terceiro Evangelho e do livro de Atos, At. 1:1-5. Os dois livros mostram uma similaridade de estilo. O escritor foi um companheiro de viagem de Paulo, At. 16: 10-17.  E os dois documentos são dirigidos à mesma pessoa: Teófilo. O evangelho de Lucas foi escrito por volta do ano 60 d.C.

I - QUEM FOI LUCAS

Homem crente, cheio do Espírito do Senhor, com ampla visão da necessidade da obra, Lucas empregou seus dons ligados à palavra escrita para proclamar o que sabia a respeito de Jesus Cristo. Ele fora evangelista, pastor e chamado de “médico amado”:
1) O médico amado - Esse é o tratamento afetivo que lhe dispensa Paulo em Cl. 4:14. Seus pais eram de origem grega. Lucas não fora discípulo de Jesus, em seu ministério. Provavelmente converteu-se com a pregação de Paulo. Por ter amplo vocabulário e dom da comunicação, ao escrever o terceiro Evangelho e Atos, Lucas oferece-nos maior quantidade de informações históricas do que qualquer outro autor do Novo Testamento.
2) Evangelista e pastor - Lucas foi companheiro nas viagens missionárias do apóstolo Paulo, permanecendo com ele até sua morte, Cl. 4:14; II Tm. 4:11 e Fm. 24. Lucas ficou em Filipos, na segunda viagem missionária de Paulo, a fim de ajudar a estabilizar a nova igreja ali, At. 16: 40; 17: 1.

II - ASPECTOS BÁSICOS DO LIVRO

a) A chave do livro de Lucas - O autor diz, na introdução, 1: 1-4, que muitos contemporâneos haviam empreendido a mesma tarefa, o que nos leva a concluir que:
q   havia, ao tempo do escritor, várias obras que continham relatos de partes da vida e obra de Jesus;
q   os autores dessas narrações tinham tentado um arranjo sistemático das fontes disponíveis, 1: 1;
q   estes fatos eram bem conhecidos no mundo cristão;
q   o autor sentia-se tão bem informado e capaz como os outros para escrever sua própria narrativa;
q   dirigia sua obra a uma pessoa de alta categoria, a quem trata de “excelentíssimo”. Teófilo provavelmente havia sido informado oralmente a respeito de Cristo, mas precisava de mais conhecimentos que o firmassem e o convencessem da verdade.
b) Parábolas. Das 35 parábolas registradas no NT, 19 são encontradas no Evangelho de Lucas, entre elas: a da figueira estéril, 13; a da grande ceia, da dracma perdida, 15; do administrador infiel, 16; do fariseu e do publicano, 18.
c) A linguagem - O Evangelho de Lucas é o mais literário de todos. Contém no início quatro belos hinos:  o cântico de Maria, 1:46-55, quando foi visitar Isabel;  o cântico de Zacarias, uma palavra profética do pai de João Batista, 1:67-79;  o cântico dos anjos, 2:14, quando Jesus nasceu e o cântico de Simeão, em 2:28-32, ao tomar o menino Jesus nos braços.
d) A paixão do Salvador, 18: 31-23: 56 - É interessante observar como Lucas, ao relatar os dias finais de Jesus, dá um toque característico de linguagem à última ceia, ao aviso de Jesus a Pedro, ao episódio de suor com sangue, à disposição dos acontecimentos em casa de Caifás, ao comparecimento de Jesus perante Herodes, ao discurso de Jesus às mulheres de Jerusalém, 23:27-31, ao ladrão arrependido, sem alterar a sua marcha nem o seu significado. As simpatias e os sofrimentos humanos foram postos em relevo por Lucas, ao mostrar como o Filho do Homem sofria na cruz em obediência ao Pai.
e) Ao relatar a ressurreição do Salvador, 24:1-53, Lucas o faz de uma forma nova e diferente. A realidade é a mesma dos demais evangelhos, porém a forma como relata a aparição do Cristo ressurreto aos discípulos no caminho de Emaús elimina qualquer dúvida que, porventura, o leitor possa ter quanto ao fato. A inesperada e convencedora manifestação da presença viva de Jesus, sua interpretação das Escrituras e a convicção espiritual que se apossou deles, quando Ele lhes falava, constituía evidência incontestável de que alguma coisa de novo havia acontecido na terra.

III - ENSINOS QUE SE DESTACAM NESTE EVANGELHO

O propósito de Lucas ao escrever para os gregos era o de alcançar a maioria dos convertidos através da pregação de Paulo, At. 11:20-21. As pessoas educadas nessa cultura costumavam glorificar a sabedoria, a beleza e o homem ideal. Quando o evangelho começou a circular, puderam conhecer mais claramente a mensagem universal de Jesus, que assim pode ser resumida:
a) Oferta universal de salvação - Jesus é o perfeito Deus-Homem que oferece a salvação a todas as nações, Lc. 2: 29-32. É uma oferta universal, pois para Ele não há judeu, nem gentio, nem grego, nem bárbaro, nem escravo, nem livre. Sua obra é uma interpretação viva e completa daquele que tem poder para redimir o homem em qualquer lugar e em qualquer tempo.
b) Redentor e salvador - Lucas descreve Cristo como redentor de todos os que crêem, oferecendo perdão e salvação independentemente do privilégio de uma raça particular ou nação, a saber: aos samaritanos, 9: 51-56; 10: 30-37; aos pagãos, 2: 32; 3: 6; 4: 25-27; aos judeus, 1: 33; 2: 10; aos publicanos, pecadores e desterrados, 3: 12; 5: 27-32; 7: 37-50; ao povo de modo geral, 7: 36; 11: 37; 14: 1; aos pobres, 1: 53; 2: 7; 6: 20; 7: 22; aos ricos, 19: 2; 23: 50; a mulheres e a homens.
c) A doutrina do Espírito Santo - Lucas dá especial atenção à doutrina do Espírito Santo, mais que Mateus e Marcos juntos. Ele nos informa que todos os principais personagens do Evangelho tinham o poder do Espírito Santo para a obra: João Batista, 1: 15; Maria, 1: 35; Isabel 1: 41; Zacarias, 1: 67; Simeão, 2: 25, 26, e o próprio Jesus 4: 1.

APRENDENDO COM JOÃO


O Evangelista do amor
apresenta Jesus

João 3: 16-30


Já no final de sua vida, o apóstolo João viu que a Igreja havia se expandido e alcançava todo o império Romano. Tendo sido ele uma testemunha ocular acerca da pessoa e da vida de Cristo, deve ter desejado deixar uma narrativa mais ampla do que as que já constavam em outros escritos.
João sabia que a Igreja, a esse tempo amadurecida, tinha necessidade de estar bem segura de que Jesus de fato era o Messias e de que todos podem ter vida eterna através dEle. Considerou também o perigo das heresias, entre elas o gnosticismo que vinha crescendo por todo o Império Romano, e sentiu a necessidade de levar ao homem a pura fé em Jesus Cristo. Esse é o tema do quarto Evangelho, que temos o privilégio de estudar com detalhes.
Por que cremos que o apóstolo João escreveu o quarto evangelho? O círculo íntimo de discípulos de Jesus consistia de Pedro, Tiago e João, Mt. 17:1. Pedro tem seu nome citado no Evangelho, 1: 41, 42; portanto, não pode ser o autor. Tiago morreu nos primeiros anos da Igreja, At. 12:2. Então, conclui-se que o autor do Evangelho foi o apóstolo João. O texto de Jo. 1:24  identifica o autor como alguém referido em 13: 23;  19: 26;  20: 2.  Somente o apóstolo João ajusta-se a todas estas qualificações.

I - QUEM FOI O APÓSTOLO JOÃO

Seu caráter - João foi conhecido como o apóstolo do amor. As características atribuídas a ele são: coragem, lealdade, percepção espiritual, amor e humildade. O amor é o assunto central de suas Epístolas.
Sua família - João e seu irmão Tiago, o apóstolo, ambos foram chamados de “Boanerges” (filhos do trovão) por Jesus, Mc. 3: 17. Sua mãe, Salomé, era irmã de Maria, mãe de Jesus; portanto, João era primo de Jesus. De pescador, no mar da Galiléia, tornou-se líder da Igreja de Jerusalém, Gl. 2:9.
Sua atuação - Após a destruição de Jerusalém, entre os anos 70/95, João provavelmente começou a ministrar em Éfeso e Província da Ásia. Foi exilado na Ilha de Patmos, na costa da Ásia, onde escreveu o Apocalipse. De acordo  com  a  tradição, voltou a Éfeso, onde morreu e foi sepultado por volta do ano 100 d. C.

II – CARACTERÍSTICAS DO EVANGELHO DE JOÃO

1 - Simplicidade de linguagem. João consegue trazer-nos grandes mensagens, numa linguagem bastante compreensível. O estilo é único entre os quatro Evangelhos. Ele utiliza com freqüência os constrastes: luz e trevas; fé e descrença; verdade e mentira; bem e mal; aceitação e rejeição; etc. Além dessas, João também usa as palavras crer, mundo, testemunha, verdade e Filho de Deus, dando-lhes um sentido todo especial.   
2 - Ênfase na pessoa de Jesus - Enquanto os três evangelhos anteriores são chamados sinóticos, porque contêm material bastante semelhante entre si, João tem 92% de narrativa original. Ele dá maior cobertura ao ministério de Jesus na Judéia. Põe mais ênfase na pessoa de Jesus e no seu ensino acerca da vida eterna. Revela Jesus especialmente como Filho de Deus. Inclui longos sermões de Jesus.

III - A ESTRUTURA DO EVANGELHO DE JOÃO

Apesar da grandiosidade do livro, a forma como João organizou sua narrativa é bastante simples, estando ao alcance de todos a compreensão da mensagem, porque é Palavra de Deus e porque o material foi disposto de forma a levar o leitor em direção a uma confissão de uma fé ativa em Cristo.
a - O prólogo. Já no início de seu Evangelho, João vai mais além de que todos os evangelistas, 1: 1-18. Ele usa o termo “Verbo” para caracterizar a divindade de Jesus, ressaltando a pessoa de Cristo, ainda na eternidade, com Deus. Assim, em vez de tratar do nascimento de Jesus, ele aborda sua encarnação. Com isso, João faz com que o assunto de seu Evangelho seja universal. Depois, o Evangelho pode ser dividido em quatro períodos:
1 - O período de reflexão: 1: 19 a 6: 71 - Apresenta Jesus, o Verbo divino, e narra seus primeiros contatos com os discípulos. Utiliza a pregação de João e textos das Escrituras proféticas do AT para explicar sua missão. Surgem, porém, as primeiras controvérsias com os judeus, principalmente por causa da cura de um paralítico, num sábado. Os milagres do cap. 6 levam os discípulos a uma entrega à fé.
2 - O período de conflito: caps. 7 a 11 - No início de seu ministério houve séria descrença na missão de Jesus por parte dos judeus, 8: 22, 10: 19-20 e até pelos seus próprios irmãos, 7: 5. Por isso, nessa fase Jesus ensinou intensamente sobre si mesmo, 7: 16-18, procurando revelar sua divindade. Os discípulos crescem na fé, principalmente quando vêem o milagre da cura de um cego de nascença, cap. 9, e a ressurreição de Lázaro, cap. 11. O panorama religioso é marcado, por um lado, pelo contraste entre as multidões desnorteadas e a venenosa oposição da hierarquia judaica e, por outro, a pregação de Jesus.
3 - Período de preparação: caps. 12 a 17 - Depois, Jesus procurou estar longe das multidões, 12: 23 e 36. Nessa fase de recolhimento,  dedicou-se mais aos discípulos, cap. 13. Precisava prepará-los para o choque da  cruz. No final desse período, Ele volta para Jerusalém, em busca do cumprimento de sua missão, 13: 1. Ocorre sua entrada triunfal, sendo saudado por uma multidão de peregrinos, 12: 20, 21.
4 - Período de consumação: 18:1 a 20:31 - Os momentos finais de Jesus foram marcados por violentas contradições: alguns manifestam total oposição e rejeição, outros profunda aproximação e aceitação. Nos degraus do caminho da cruz estão o Getsêmani, a traição de Judas, a covardia de Pilatos, a fraqueza de Pedro, a crucificação. Mas também se vêem a constância do discípulo amado e das mulheres, a ação generosa de José de Arimatéia e de Nicodemos,  19: 39. A ressurreição foi a justificação final da fé.

APRENDENDO COM JESUS


Moisés e Elias falaram com Jesus

Na transfiguração, Elias e Moisés falaram realmente com Jesus?

Sim! Elias e Moisés realmente apareceram e falaram com Jesus. E (Jesus) transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele (Mt 17.2-3). Foi uma experiência de origem divina, uma revelação dada aos apóstolos sobre a glória do reino futuro que terá Jesus como seu Rei. Provavelmente, Moisés representava a autoridade da Lei, e Elias, os profetas.

A transfiguração não tem semelhança alguma com as sessões espíritas. Uma sessão espírita é caracterizada pelos seguintes fatores: 1. três pessoas estão envolvidas: o consultante, o médium e o suposto espírito do morto; 2. o médium é intermediário entre os vivos e os mortos; 3. alguma mensagem é transmitida aos vivos.


A transfiguração teve um processo completamente diferente:


1. não houve consulta, da parte dos apóstolos, aos mortos;


2. Jesus foi transfigurado e estava em glória, isso implica sua manifestação divina. Como Deus, ele pode falar com seus servos, uma vez que para ele não estão mortos, mas vivem (Lc 20.38);


3. Jesus não foi nenhum médium entre os vivos e os mortos, pois não houve nenhuma mensagem entregue aos apóstolos por parte de Moisés ou Elias;


4. Moisés e Elias conversaram com Jesus, mas não é informação sobre o que foi dito; contudo, assim como Moisés está para a Lei, Elias está para os profetas.

APRENDENDO COM ELISEU (PARTE 10)


APRENDENDO COM ELISEU

Não nos  deixa  morrer no deserto da guerra contra os rebeldes, antes  sacia  nossa sede, e ainda nos dá  vitória contra toda  rebelião.


Texto:  II RS 3: 4 – 27  /  Num  16 e  Num 17

A -  INTRODUÇÃO :  O QUE  É REBELDIA. II  RS  3: 4 – 5

Rebeldia  é o ato de se  revoltar  contra  alguém ou contra  alguma  orientação dada por   quem está  imbuído  de  autoridade.    Acabe, o rei de  Israel, exercia  domínio sobre  o território de  Moabe e o seu  rei, e este ao saber da morte do rei  Acabe se revoltou, e decidiu não mais pagar  tributos  a  Israel, o que poderia  trazer prejuízo   para  Israel e o fortalecimento da economia de Moabe.

Da   mesma   forma que os   três  reis, Moisés  e Arão viveram  a  rebeldia  em meio a um deserto. Coré, Datã  e Abirão , se  insurgiram   contra a liderança  de Moisés  e Arão. Além  de ambos, o povo   sofreu  conseqüências desta  rebeldia.  Vamos  a  frente   trazer  uma  comparação  das  duas  situações  no  deserto e  a  benção de  Deus  está  em cada  uma  delas.

B -  A  REBELDIA  VEM  PARA  DIVIDIR  E  ENFRAQUECER

Nm   16: 1 – 3 , 11

Israel e Moabe  formavam uma  coluna contra as invasões que  vinham dos reinos  Sírios e   avanços  do Norte, e  a   rebeldia de Moabe   enfraquecia  o  domínio territorial da Palestina.

O rebelde tomou tempo nosso de  formação, de  oração de  acompanhamento, de amor, de dedicação e principalmente  de confiança.  E quando ele se rebela  leva junto com ele outros que são fracos, mas que dariam  grandes  aliados.
Enfraquecem o nosso momento atual e também  enfraquecem o futuro, contaminando  outros.

C -  A  REBELDIA  VEM PARA NOS DESGASTAR

Nm  16: 10 – 12

Israel  e Judá  tinham projetos para seus próprios  povos,  que cada vez mais ficariam  fortalecidos e seguros contra os  outros povos. Tinham muito o que  investir  internamente, porém com a rebeldia  iam  ter   um desgaste  violento com  situações  externas. Era como gastar com prejuízo, ao invés  de  investir em algo   sólido e rentável (Espiritualmente).

Moisés  e Arão já tinham tantos problemas  para  resolver em meio ao deserto, e  Datã, Coré  e  Abirão, ainda  trouxeram  desgastes  desnecessários. Tiveram que juntar toda a  congregação, tiveram que orientar a  congregação toda para não se contaminar. Só não foi pior  pela  misericórdia   de Deus que criou um isolamento definitivo com os rebeldes  (Num 16: 5, 6, 17 , 19 , 28 – 33) 

D -  A  REBELDIA  FORTALECE  O DESERTO

II  RS  3: 10  e  Nm  16: 41 e  43

Certas  situações  que seriam  rápidas  e  transitórias  se  tornam longas e demoradas.

Os  três  reis  teriam  agora que atravessar um deserto para chegar até Moabe, e o pior é que no caminho prolongado não  encontrariam água  para chegarem rápido até  o local. Haviam os animais, o exército, que teriam que chegar até a fronteira de Moabe. O deserto tiraria  as  forças  dos soldados, que não  tinham águas de refrigério (II RS  3: 9 – 10 )

Da mesma  forma  Moisés  teve que ficar  mais  tempo no deserto do  que deveria, e a rebeldia  se  alastrou   por  todo o povo e junto com a rebeldia  uma praga que demandaria  tempo de intercessão para eliminá-la, aumentando assim o período de Moisés e do povo no deserto. (Num  16: 41 – 50)

E -  A  REBELDIA  VEM NOS  ENTRISTECER  PELA  TRAIÇÃO.                    II 

Rs  3: 13 e  Num  16: 8 – 9

O  que  também  entristecia  é que havia a  impressão  de que Deus os  abandonara  em meio ao momento mais difícil. A rebeldia    a impressão  de que nós  também   falhamos, pois o inimigo aproveita  pequenos  enganos para nos  acusar em sua intolerância.  Então nos entristecemos, porque  geralmente  envolve pessoas importantes para nós. O pivô  da  conspiração na  saída  do Egito  era  um levita, parente de Arão e Moisés, alguém  muito chegado e isso era para que Moisés e Arão se  sentissem fragilizados e  entristecidos  até  questionando suas próprias  lideranças, porém Deus  honrou o seu ungido  testificando perante todo o povo a autoridade  de Arão, pois  sua  vara  floresceu  (Nm  17:5 – 10)


F -    COMO  DERROTAR  A  REBELDIA  E NOS  ALIMENTARMOS DA DERROTA DOS  REBELDES

  NÃO  FICAR OUVINDO OS  QUE SE ALIMENTAM  DE UM SENTIMENTO DE AUTO COMISERAÇÃO:.

II RS  3: 10, 13 – 14

Nos  ataques  de  rebeldia sempre  existem   aqueles  que  comentam, que ficam com  pena  de nós, que  ficam abatidos e que só se lamentam.  O rei de Israel era  assim e Eliseu conhecia os  seus  sentimentos e por isso não ficou ouvindo suas lamentações para ouvir o que Deus tinha a  falar. O inimigo queria lhes  roubar  a  fé, pois  Deus  tinha o livramento.   (Rm 10:17)

  NÃO  PERMITIR QUE O CLIMA DE  ABATIMENTO DOMINE E SIM PREPARAR UM  AMBIENTE DE ADORAÇÃO AO SENHOR:  II Rs  3: 15

Não adiantava  ficar num clima de tristeza e desapontamento, Deus  traria a  justiça  contra o  rebelde e ainda os alimentaria no  deserto. No meio  dos louvores  Deus  habita, e quando o músico tocou  seu instrumento de louvor, veio a palavra de Deus a  Eliseu com o livramento.

  FAZER  A TUA PARTE, NÃO FICAR  NA INÉRCIA  MESMO QUE A  SITUAÇÃO PAREÇA  IMPOSSÍVEL:

II  Rs   3: 16 – 18

As  covas    seriam para reter a s  águas que eram impossíveis no deserto. Porém Josafá  não viu a impossibilidade e sim ouviu a  voz  de Deus. Ele  tinha que fazer a parte dele.  As  águas de Deus alimentaram  ele e o povo, e  também trouxeram  livramento, confundindo os rebeldes.

  NÃO  PERMITIR  QUE  A  RAIZ DE REBELDIA PERMANEÇA   MEIO A TUA    CONVIVÊNCIA .

II  RS  3:25

Os  reis  foram radicais, não deixaram   nada que pudesse potencializar  novamente  a rebeldia, sabiam do desgaste vivido e não deixariam  mais isso acontecer.

(I Sm 15:23)
 

terça-feira, 7 de julho de 2020

APRENDENDO COM JESUS


JESUS NOS ATRAIU
"E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo. Isto dizia, significando de que gênero de morte estava para morrer"  (João 12:32-33).
Uma das maiores verdades do Evangelho é que Jesus nos atraiu na cruz e nos fez morrer com Ele, incluindo-nos em sua morte e também em sua ressurreição. No entanto, poucos sabem, confessam e experimentam essa verdade da Palavra de Deus.
Jesus destrói não só nossos inimigos interiores (o pecado e a natureza Adâmica), mas também mata a nós mesmos (nosso velho homem, nosso eu, nosso egoísmo). Ele quebra (faz morrer) nosso coração de pedra, instrumento principal do pecado, o “corpo” do pecado, o nosso coração maligno e desesperadamente corrupto.
Para nos libertar totalmente do sistema maligno que nos escraviza, Jesus não só aniquilou o pecado em seu corpo, mas, ao atrair-nos à cruz do Calvário, Ele nos despojou da natureza carnal e crucificou nosso velho homem.
Diz as Escrituras em Romanos 6:6 "sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos."
Ele pregou na cruz nosso egoísmo, nosso coração empedernido e sem condições de amar o próximo. Mas graça a Deus que esse velho homem foi exterminado, encerrado, crucificado com Cristo lá no Calvário!
O meu velho homem sou eu. Eu morri com Cristo. Eu estou morto. O seu velho homem é você. Você morreu com Cristo. Você está morto.
Quando o nosso velho homem morre, morre o nosso egoísmo, que é a essência do primeiro homem. Assim, a vida recebida do primeiro Adão acabou na cruz.
Continuamos com nossa identidade particular, mas perdermos a matriz de onde extraíamos nossas motivações, vontades, emoções e sentimentos, que era o nosso coração de pedra.
Precisamos entender que a grande evidência de que realmente nosso velho homem (egoísmo) está morto se dará na manifestação de um novo estilo de vida baseado na cruz e na renúncia à nossa vontade pessoal, para que em tudo a vontade de Deus seja feita na terra como é nos céus.
A cruz é algo que deveremos experimentar diariamente em nossa alma, mesmo após sermos libertos do velho homem. A cruz foi o estilo de vida de Jesus e também deverá ser o nosso, até que chegue o dia quando a trocaremos por uma coroa!
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APRENDENDO COM JABES

  APRENDENDO COM JABES O m enino  p rodígio da  g enealogia!   Alguém já disse certa vez que existe muito pouca diferença entre as pessoas –...