O Evangelista do amor
apresenta Jesus
João
3: 16-30
Já no final de sua vida, o
apóstolo João viu que a Igreja havia se expandido e alcançava todo o império
Romano. Tendo sido ele uma testemunha ocular acerca da pessoa e da vida de
Cristo, deve ter desejado deixar uma narrativa mais ampla do que as que já
constavam em outros escritos.
João sabia que a Igreja, a
esse tempo amadurecida, tinha necessidade de estar bem segura de que Jesus de
fato era o Messias e de que todos podem ter vida eterna através dEle.
Considerou também o perigo das heresias, entre elas o gnosticismo que vinha
crescendo por todo o Império Romano, e sentiu a necessidade de levar ao homem
a pura fé em Jesus Cristo. Esse é o tema do quarto Evangelho, que temos o
privilégio de estudar com detalhes.
Por que cremos que o apóstolo
João escreveu o quarto evangelho? O círculo íntimo de discípulos de Jesus
consistia de Pedro, Tiago e João, Mt. 17:1. Pedro tem seu nome citado no
Evangelho, 1: 41, 42; portanto, não pode ser o autor. Tiago morreu nos primeiros
anos da Igreja, At. 12:2. Então, conclui-se que o autor do Evangelho foi o
apóstolo João. O texto de Jo. 1:24
identifica o autor como alguém referido em 13: 23; 19: 26;
20: 2. Somente o apóstolo João
ajusta-se a todas estas qualificações.
I - QUEM FOI O APÓSTOLO JOÃO
Seu
caráter -
João foi conhecido como o apóstolo do amor. As características atribuídas a
ele são: coragem, lealdade, percepção espiritual, amor e humildade. O amor é
o assunto central de suas Epístolas.
Sua
família -
João e seu irmão Tiago, o apóstolo, ambos foram chamados de “Boanerges”
(filhos do trovão) por Jesus, Mc. 3: 17. Sua mãe, Salomé, era irmã de Maria,
mãe de Jesus; portanto, João era primo de Jesus. De pescador, no mar da
Galiléia, tornou-se líder da Igreja de Jerusalém, Gl. 2:9.
Sua
atuação -
Após a destruição de Jerusalém, entre os anos 70/95, João provavelmente
começou a ministrar em Éfeso e Província da Ásia. Foi exilado na Ilha de
Patmos, na costa da Ásia, onde escreveu o Apocalipse. De acordo com
a tradição, voltou a Éfeso,
onde morreu e foi sepultado por volta do ano 100 d. C.
II – CARACTERÍSTICAS DO EVANGELHO DE
JOÃO
1
- Simplicidade de linguagem. João
consegue trazer-nos grandes mensagens, numa linguagem bastante compreensível.
O estilo é único entre os quatro Evangelhos. Ele utiliza com freqüência os
constrastes: luz e trevas; fé e descrença; verdade e mentira; bem e mal;
aceitação e rejeição; etc. Além dessas, João também usa as palavras crer,
mundo, testemunha, verdade e Filho de Deus, dando-lhes um sentido todo
especial.
2
- Ênfase na pessoa de Jesus -
Enquanto os três evangelhos anteriores são chamados sinóticos, porque contêm
material bastante semelhante entre si, João tem 92% de narrativa original.
Ele dá maior cobertura ao ministério de Jesus na Judéia. Põe mais ênfase na
pessoa de Jesus e no seu ensino acerca da vida eterna. Revela Jesus
especialmente como Filho de Deus. Inclui longos sermões de Jesus.
III - A ESTRUTURA DO EVANGELHO DE
JOÃO
Apesar da grandiosidade do
livro, a forma como João organizou sua narrativa é bastante simples, estando
ao alcance de todos a compreensão da mensagem, porque é Palavra de Deus e
porque o material foi disposto de forma a levar o leitor em direção a uma confissão
de uma fé ativa em Cristo.
a
- O prólogo.
Já no início de seu Evangelho, João vai mais além de que todos os
evangelistas, 1: 1-18. Ele usa o termo “Verbo” para caracterizar a divindade
de Jesus, ressaltando a pessoa de Cristo, ainda na eternidade, com Deus.
Assim, em vez de tratar do nascimento de Jesus, ele aborda sua encarnação.
Com isso, João faz com que o assunto de seu Evangelho seja universal. Depois,
o Evangelho pode ser dividido em quatro períodos:
1
- O período de reflexão: 1: 19 a 6: 71 - Apresenta Jesus, o Verbo divino, e narra seus
primeiros contatos com os discípulos. Utiliza a pregação de João e textos das
Escrituras proféticas do AT para explicar sua missão. Surgem, porém, as
primeiras controvérsias com os judeus, principalmente por causa da cura de um
paralítico, num sábado. Os milagres do cap. 6 levam os discípulos a uma
entrega à fé.
2
- O período de conflito: caps. 7 a 11 - No início de seu ministério houve séria
descrença na missão de Jesus por parte dos judeus, 8: 22, 10: 19-20 e até
pelos seus próprios irmãos, 7: 5. Por isso, nessa fase Jesus ensinou
intensamente sobre si mesmo, 7: 16-18, procurando revelar sua divindade. Os
discípulos crescem na fé, principalmente quando vêem o milagre da cura de um
cego de nascença, cap. 9, e a ressurreição de Lázaro, cap. 11. O panorama
religioso é marcado, por um lado, pelo contraste entre as multidões
desnorteadas e a venenosa oposição da hierarquia judaica e, por outro, a
pregação de Jesus.
3
- Período de preparação: caps. 12 a 17 - Depois, Jesus procurou estar longe das
multidões, 12: 23 e 36. Nessa fase de recolhimento, dedicou-se mais aos discípulos, cap. 13.
Precisava prepará-los para o choque da
cruz. No final desse período, Ele volta para Jerusalém, em busca do
cumprimento de sua missão, 13: 1. Ocorre sua entrada triunfal, sendo saudado
por uma multidão de peregrinos, 12: 20, 21.
4
- Período de consumação: 18:1 a 20:31 - Os momentos finais de Jesus foram marcados por
violentas contradições: alguns manifestam total oposição e rejeição, outros
profunda aproximação e aceitação. Nos degraus do caminho da cruz estão o
Getsêmani, a traição de Judas, a covardia de Pilatos, a fraqueza de Pedro, a
crucificação. Mas também se vêem a constância do discípulo amado e das
mulheres, a ação generosa de José de Arimatéia e de Nicodemos, 19: 39. A ressurreição foi a justificação
final da fé.
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