segunda-feira, 30 de julho de 2018

APRENDENDO COM SALOMÃO (PARTE 14)



A BUSCA DE SATISFAÇÃO NA VIDA

Você já tentou pegar a fumaça do escapamento de um carro ou ônibus?

Parece bem substancial, mas quando você tenta agarrá-la, percebe-se que não apanhou nada.

A vida é assim. Parece impressionante, mas quando você pára e a analisa, não há nada durável ou satisfatório nela. É vazia.

O livro de Eclesiastes registra a busca do rei Salomão por significado e propósito na vida.

Ele buscava valor real em diferentes áreas, mas o resultado final era deprimente.

"Vaidade de vaidades, diz o Pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade" (1:2).

"Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol" (Eclesiastes 2:11).

Ele achava a vida vazia e sem significado. Ele disse que era como caçar o vento: nunca se consegue pegá-lo.

Estaremos constantemente frustrados se procurarmos ganhar algo na vida que não está nela.

Quando reconhecemos que a vida é vazia, somos libertados para buscar seu verdadeiro significado fora desta existência temporal, e então encontramos o significado e propósito verdadeiro.

Eclesiastes contém quatro pensamentos básicos:

1. A busca do Pregador por valor real na vida; ele concluiu que tudo é vaidade. 2. Razões para as frustrações na vida. 3. Alguns modos melhores para viver a vida apesar dela ser vazia. 4. A única satisfação que há para um homem.

O escritor buscou significado em muitas áreas.

1. Ele tentou a sabedoria:

"Disse comigo: eis que me engrandeci e sobrepujei em sabedoria a todos os que antes de mim existiram em Jerusalém; com efeito, o meu coração tem tido larga experiência da sabedoria e do conhecimento.

Apliquei o coração a conhecer a sabedoria e a saber o que é loucura e o que é estultícia; e vim a saber que também isto é correr atrás do vento. Porque na muita sabedoria há muito enfado; e quem aumenta ciência aumenta tristeza" (Eclesiastes 1:16-18).

Com o aumento da sabedoria veio o aumento da dor, porque maior percepção do mundo leva a maior frustração com as coisas tortas do mundo que não podem ser retificadas.

2. Ele buscou prazer:

"Disse comigo: vamos! Eu te provarei com a alegria; goza, pois, a felicidade; mas também isso era vaidade. Do riso disse: é loucura; e da alegria: de que serve?" (Eclesiastes 2:1-2).

3. Ele procurou significado no uso moderado de álcool:

"Resolvi no meu coração dar-me ao vinho, regendo-me, contudo, pela sabedoria, e entregar-me à loucura, até ver o que melhor seria que fizessem os filhos dos homens debaixo do céu, durante os poucos dias da sua vida" (Eclesiastes 2:3).

4. Ele tentou satisfazer-se com grandes realizações:

"Empreendi grandes obras; edifiquei para mim casas; plantei para mim vinhas. Fiz jardins e pomares para mim e nestes plantei árvores frutíferas de toda espécie. Fiz para mim açudes, para regar com eles o bosque em que reverdeciam as árvores" (Eclesiastes 2:4-6).

5. Ele comprou escravos:

"Comprei servos e servas e tive servos nascidos em casa" (Eclesiastes 2:7).

6. Ele acumulou grande riqueza:

"Também possuí bois e ovelhas, mais do que possuíram todos os que antes de mim viveram em Jerusalém. Amontoei também para mim prata e ouro e tesouros de reis e de províncias" (Eclesiastes 2:7-8).

7. Ele buscou divertimento e prazer sexual:

"Provi-me de cantores e cantoras e das delícias dos filhos dos homens: mulheres e mulheres" (Eclesiastes 2:8).

8. Ele também observou o resultado da busca por popularidade (veja Eclesiastes 4:13-16).

Depois dessa análise detalhada, qual foi a conclusão final?

"Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol" (Eclesiastes 2:11).

Não havia satisfação em nenhuma destas buscas.

Razões para as Frustrações na Vida

Há boas razões pelas quais a vida é inerentemente insatisfatória, não importa quão bem sucedidas nossas buscas possam ser.

1. Nenhuma realização. Nada realmente acontece na vida. Há uma infindável e cansativa sucessão de acontecimentos, mas não há resultado. Essa monotonia é bem ilustrada pelos ciclos naturais na terra (Eclesiastes 1:3-7).

O sol se levanta, põe-se, e levanta-se novamente. Muita atividade, nenhuma mudança.

O vento sopra para o norte, sopra para o sul, e sopra para o norte novamente. Muito movimento, nenhuma realização.

Os rios correm para o mar, e correm para o mar, e correm para o mar. Estão em constante movimento mas jamais se esvaziam e o mar jamais se enche.

2. Não se pode mudar nada. Nunca se consegue, realmente, fazer muita diferença.

As coisas vão acontecer quando acontecerem e pouco haverá que se possa fazer para mudar isso.

Este é o ponto do Pregador em Eclesiastes 3:1-8 quando ele discute como há um tempo para tudo (veja também Eclesiastes 3:14 e Eclesiastes 8:8).

Há muitas coisas importantes sobre as quais não temos, absolutamente, nenhum domínio: o clima, as condições econômicas, a guerra, a doença, a morte, etc.

É frustrante estar à mercê de forças externas.

3. Não se pode prever nada. "Porque este não sabe o que há de suceder; e, como há de ser, ninguém há que lho declare" (Eclesiastes 8:7).

Há tantas incertezas, tantas perguntas sem respostas na vida. Podemos nos juntar a Jó ao perguntar por quê, e acompanhá-lo no passar de muitos dias agonizantes sem nenhuma resposta.

4. O mesmo destino para todos. A mesma coisa acontece aos homens bons e aos perversos.

"Este é o mal que há em tudo quanto se faz debaixo do sol: a todos sucede o mesmo" (Eclesiastes 9:1-3).

A morte é muito democrática; há uma para todos. Quanto a esta vida, a mesma coisa que acontece conosco acontece aos animais: morremos e nossa carne apodrece (Eclesiastes 3:18-21).

Se a vida atual fosse tudo o que há, nosso fim seria exatamente igual ao dos animais. Que deprimente!

5. O acaso governa. "Vi ainda debaixo do sol que não é dos ligeiros o prêmio, nem dos valentes, a vitória, nem tampouco dos sábios, o pão, nem ainda dos prudentes, a riqueza, nem dos inteligentes, o favor; porém tudo depende do tempo e do acaso" (Eclesiastes 9:11).

O sucesso não está sob o nosso comando. O melhor sujeito nem sempre ganha. Às vezes a vitória é apenas uma questão de sorte.

6. Nenhuma retenção. Aqui nada é durável. Poucos anos depois que morrermos ninguém se lembrará de nós nem se importará conosco.

Nosso legado será passado para alguém que não trabalhou por ele e que, conseqüentemente, não o apreciará nem usará como nós o faríamos.

"Pois, tanto do sábio como do estulto, a memória não durará para sempre; pois, passados alguns dias, tudo cai no esquecimento.

Ah! Morre o sábio, e da mesma sorte, o estulto! ...

Também aborreci todo o meu trabalho, com que me afadiguei debaixo do sol, visto que o seu ganho eu havia de deixar a quem viesse depois de mim. E quem pode dizer se será sábio ou estulto?

Contudo, ele terá domínio sobre todo o ganho das minhas fadigas e sabedoria debaixo do sol; também isto é vaidade" (Eclesiastes 2:16,
Eclesiastes 18-19).

O empenho humano não pode ser recordado, retido ou passado a outro.

7. Nenhuma satisfação. As pessoas freqüentemente pensam, "Se tivéssemos mais um pouco, poderíamos ser felizes." Assim conseguem um pouco mais; porém, ainda estão infelizes.

As coisas desta vida nunca satisfazem; nosso vazio sempre fica mais e mais profundo. "Todo trabalho do homem é para a sua boca; e , contudo, nunca se satisfaz o seu apetite" (Eclesiastes 6:7).

8. Injustiça. A vida não é justa. Quem consegue o emprego ou a promoção? Muitas vezes é a pessoa que menos merece.

Geralmente é preciso menos esforço para criar um problema do que para resolvê-lo.

"Qual a mosca morta faz o ungüento do perfumador exalar mau cheiro, assim é para a sabedoria e a honra um pouco de estultícia"
(Eclesiastes 10:1).

9. Velhice. Eclesiastes 12:2-8 registra uma descrição poética do envelhecimento.

Em termos pitorescos, as fraquezas da velhice são descritas: as mãos trêmulas, a postura encurvada, os dentes perdidos, a visão diminuída, a audição debilitada, o sono intermitente, a voz áspera, o cabelo encanecido, o andar desajeitado, etc.

Assim, se não morrermos antes, estaremos todos destinados a esse estado débil. Que deprimente!

A Verdadeira Satisfação na Vida

Necessitamos dessa mensagem. É má notícia. Mas precisamos receber as más notícias para procurarmos a cura.

Podemos menosprezar o fato da vida ser vazia, podemos ocupar-nos em atividades frenéticas, podemos trombetear em alto som que estamos felizes e satisfeitos, mas não podemos escapar.

Buscando sombras incontáveis ficamos cada vez mais vazios. Somente quando reconhecermos a total futilidade de todos os esforços nesta vida, nos voltaremos para aquele que pode dar o significado e a satisfação que buscamos.

A vida realmente tem significado, propósito e valor quando nossa meta é servir a Deus.

"De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más" (Eclesiastes 12:13-14).

Há um espaço em nossa alma que somente Deus pode ocupar, e nunca estaremos em paz até que permitamos que ele a preencha.

Esta é a mensagem de Eclesiastes. A vida é vazia, a menos que façamos de Deus nossa vida.

Ele é a única meta adequada de nossa existência. Sem ele descemos no vazio e no desespero, apesar de todos os esforços para nos enchermos com o mundo.

"Vaidade de vaidades, diz o Pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade" (Eclesiastes 1:2).

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