segunda-feira, 18 de julho de 2022

APRENDENDO COM PAULO (PARTE 64)

GRAÇA NÃO INSIGNIFICANTE

Na vida de todos os grandes personagens, freqüentemente há surpresas estarrecedoras.

Quem poderia imaginar que o escritor do Novo Testamento, que provavelmente causou o maior impacto no     seu crescimento cristão, viesse de um mundo de tamanha cegueira espiritual e brutalidade física? Mas veio mesmo.

Foi por isso que reivindicou o título de “maior dos pecadores”. Embora você possa ser tentado a suavizar a questão, é melhor deixá-la como está. 

Saulo não estava tentando parecer modesto. Em sua mente, ele era o maior dos pecadores. E pode muito bem ter sido.

Ao analisar essas primeiras cenas que emergem de nossos primeiros vislumbres de Saulo de Tarso, três observações parecem dignas de menção.

Primeira, não importa como os outros o consideram hoje, pois todo indivíduo tem um lado obscuro. 

Você ficaria espantado se conhecesse a escuridão que espreita o passado das pessoas que tiveram influência em sua vida. Parece mentira, não é? 

Todos somos pecadores por nascimento, por  natureza e por escolha.

Permanecemos total e completamente depravados no íntimo. Tateamos no escuro por causa da nossa cegueira espiritual.

Não importa a nossa aparência, todos temos um passado nada agradável nem animador. 

Era a vida que vivíamos antes de nos entregarmos ao Salvador. Não somos tão vulneráveis e abertos quanto Paulo em compartilhar com outros o que a nossa vida era antes de abraçarmos a cruz. Nem precisamos ser.

Aprecio num hino que cantamos, “Preciosa a Graça de Jesus”, a palavra “perdido”. “Preciosa a graça de Jesus que um dia me salvou. 

Perdido andei...” Essa palavra não deve ser substituída. Nossa existência antes de Cristo estava entre os perdidos. 

Nunca devemos esquecer como era a vida fora dos limites da graça. Saulo esteve lá... e nós também.

Segundo, sem levar em conta o que você fez, a esperança abrange a todos. 

Essa é a grande esperança da mensagem cristã. Nenhum pecado no seu passado, por pior que seja, pode sobrepujar a graça de Deus. 

Se você duvidar disso, lembre-se do insolente fariseu de Tarso. Quando o Senhor o salvou, Ele não o pôs à prova. 

Os outros discípulos fizeram isso. Não, Deus deu a Saulo um novo nome e, no processo, fez dele uma nova criatura. É isso que torna a graça tão maravilhosa.

Terceiro, embora o seu passado esteja manchado, qualquer um pode encontrar um novo começo com Deus. 

Aqui está algo que tenho declarado no decorrer de todo o meu ministério: nunca é tarde demais para começar a fazer o que é certo. 

Quando Saulo se ajoelhou diante do Deus vivo, finalmente encarou a realidade do seu pecado. Bem no fundo do coração humano, Cristo transformou a sua vida, e ele começou a fazer o que era certo. 

A graça produz esse tipo de novo começo.

Não fique parado onde estava. Não perca tempo se concentrando no que você costumava ser. 

Lembre-se, a esperança que temos em Cristo significa que há um amanhã mais luminoso. Os pecados são perdoados. A vergonha desaparece. 

Não estamos mais acorrentados à cova profunda e escura do passado. A graça nos concede asas a fim de que voemos para bem longe dela.

Será que você está preso a algum fato do passado? É possível que isso tenha embaraçado seus passos de tal forma que lhe deu uma rasteira, deixando-o caído no chão de tanto embaraço, vergonha         e medo. 

Você ficou até mutilado. O melhor que pode fazer agora é sair mancando por aí, um dia após  o outro, esperando por um fim não muito doloroso. 

Esse modo de pensar é do inimigo, Satanás. Ele gosta de esfregar seu rosto na lama, esperando que perca as maravilhosas dádivas da graça.

Não aceite esse poder sobre a sua vida hoje. Ao seu redor, há pessoas tão merecedoras da graça quanto você, e o Senhor os tirou misericordiosamente da cova do pecado. 

Se ele pôde transformar um Saulo de Tarso, envolvido em um terrível assassinato, num Paulo, o apóstolo, que pregou e viveu a mensagem da graça, ele pode mudar a sua vida também.

Nossa condição de perdidos. Nossa libertação do medo. Nossa súplica pedindo graça... para nos levar de volta ao lar. 

CHARLES SWIDOLL 


 

APRENDENDO COM GIDEÃO (PARTE 06)

 

APRENDENDO COM GIDEÃO

Os líderes ouvem a Palavra, organizam o exército, treinam os guerreiros, mas os guerreiros é que vão e cumprem a Palavra e trazem o livramento!

 O Senhor precisava selecionar os guerreiros. Não era qualquer um que serviria.

 1. A PRIMEIRA ETAPA FOI DESPEDIR OS TÍMIDOS E OS MEDROSOS. (Jz 7:3)

Deus sempre está fazendo algo novo! E para entrarmos nestas coisas novas de Deus é necessário coragem! Tímidos e medrosos retardam o que Deus quer realizar! II Sm 5:6-9. Desde os tempos dos juízes os Jebuzeus haviam se instalado no centro de Israel e ninguém ousou tirá-los dalí. 

Um dos montes mais importantes para Israel estava em posse de seus inimigos. Davi e seus guerreiros ousaram tomar aquele monte. Ele não aceitou conviver com as heranças não possuídas em sua geração. Ele creu que Deus poderia dar-lhes aquele monte e o possuiu. ISTO É UMA FIGURA PARA NÓS HOJE!

O Senhor mandou Gideão despedir os tímidos, medrosos, os confusos, os inseguros. Deus queria fazer algo grande, mas não podia contar com estes. Por isso, é bom deixarmos Deus trabalhar em nós nesta época, para que não venhamos a ficar fora daquilo que Deus tem para nós no futuro.Os homens se atemorizam diante do novo e do desafio, porque não têm uma Palavra de Deus.

2. A SEGUNDA ETAPA FOI DESPEDIR OS DESCUIDADOS ( Jz 7:4-7 ).

Eles foram descuidados, deram as costas para o inimigo. Se queremos ser usados por Deus, precisamos estar atentos e em prontidão.

Agora Gideão tinha que enfrentar o exército dos Amalequitas e Midianitas (Jz.7:12) só com trezentos homens. Que tarefa impossível ao homem! Gideão havia posto Deus à prova. Agora, era Deus quem colocava Gideão à prova! A questão agora não era mais a força do exército de Israel, ou quantos soldados bons e valentes eles tinham. MAS, A FORÇA DO DEUS DE ISRAEL!

Quando olhamos para a história dizemos: 'Ah, o tempo da Igreja primitiva' . Mas não existia nada de especial naqueles irmãos que nós também não possamos ter. A questão não era os Apóstolos, mas o Deus que eles criam.!! E o Deus daquele tempo é o mesmo de hoje!

O LIVRAMENTO DO SENHOR: OS MEIOS

'Os meus caminhos são mais altos do que os vossos caminhos e os meus pensamentos são mais altos do que os vossos pensamentos'(Is 55:9)

Estamos hoje numa situação parecida com o povo de Israel no tempo dos Juízes; temos semeado muito e colhido pouco (Quanto a isto, precisamos considerar o nosso passado - Ag 1:6,7), e, como conseqüência disto, tem havido uma certa desmotivação entre os irmãos.

Estamos sendo saqueados por ' Midianitas ' . Mas Deus não está aquém desta história. O Senhor tem para nós um livramento. Entendemos que Deus realizará isto através de vidas dispostas e preparadas. Mas agora, é hora de entendermos A MANEIRA como o Senhor irá realizar isto. O texto de Isaías 55:9 nos mostra que Deus não está preso aos nossos esquemas e nem se restringe à nossa compreensão.

Muitas vezes cremos que Deus irá agir, mas queremos que seja da nossa maneira. Mas Deus não pode se prender à nossa compreensão.

E é para suprir essa nossa deficiência que Deus nos deu a fé. O Senhor diz: 'O meu justo viverá pela fé. Ora, a fé é a substância das coisas que se esperam e a convicção de fatos que se não vêem. E, de fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador daqueles que o buscam.' (Hb 10:38; 11:1,6).

Cremos que Deus, neste tempo, estará colocando uma Palavra de fé nos corações de alguns irmãos dispostos a ouví-Lo, para que estes possam dizer como Josué e Calebe: 'Eia, subamos e possuamos a terra, porque certamente prevaleceremos contra ela' (Nm 13:30).

 Anésio Rodrigues de Souza

 

APRENDENDO COM TIMÓTEO (PARTE 07)

APRENDENDO COM TIMÓTEO 

 

Os perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados. Quanto a você, porém, permaneça nas coisas que aprendeu e das quais tem convicção, pois você sabe de quem o aprendeu. [2 Timóteo 3.13-14]

 

A Segunda Carta de Paulo a Timóteo foi sua última carta, escrita pouco tempo antes de seu martírio. Sua preocupação principal ainda é com o que irá acontecer ao evangelho quando ele não estiver mais por perto para guiar e ensinar a igreja.

 

Em 2 Timóteo 3.1-5, Paulo adverte Timóteo de que os “últimos dias” (que Jesus inaugurou) incluiriam “tempos terríveis” (v. 1). Em seguida ele apresenta um quadro vívido desses dias. Ele relaciona dezenove características dos últimos dias, sendo que a pior de todas é a deturpação do amor.

 

As pessoas serão “mais amantes dos prazeres do que amigas de Deus”, avarentas, egoístas e soberbas. De fato, as pessoas não terão amor pela família (v. 3). A falta do verdadeiro amor irá destruir os relacionamentos.

 

Paulo temia que Timóteo fosse arrastado por essa torrente de egoísmo, e insiste com ele para permanecer firme e resistir às pressões do mundo.

 

Em 2 Timóteo 3.10 e 14, Paulo se dirige a Timóteo usando duas palavras gregas monossilábicas, su de, que aparecem no texto como: “mas você” (v. 10) e “quanto a você” (v. 14).

 

Timóteo precisava ter uma conduta diferente, em evidente contraste com a cultura contemporânea, e, se necessário, permanecer só.

 

Paulo afirma que Timóteo tem “seguido de perto” o seu ensino e a sua conduta. Ele então exorta Timóteo a continuar no mesmo caminho: “permaneça nas coisas que aprendeu” (v. 14).

 

Assim, os versículos 10-13 descrevem a lealdade de Timóteo ao apóstolo, no passado, e os versículos 14-17 o conclamam a permanecer leal no futuro. Ele tinha boas razões para agir desta forma — ele sabia que quem o estava instruindo era o próprio apóstolo Paulo, cuja autoridade apostólica era reconhecida por ele, e também porque conhecia as Escrituras desde a infância, reconhecendo-as como theopneustos (literalmente, “sopradas por Deus”) e úteis.

 

Esses dois fundamentos se aplicam até hoje. O evangelho em que crêem os cristãos é o evangelho bíblico, referendado pelos profetas de Deus e pelos apóstolos de Cristo.

 

Somos gratos por essa dupla autenticação.

 

Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. [...] Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.

 

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra. (2 Timóteo 3:1-17)

 



APRENDENDO COM PAULO (PARTE 63)

 UM CONFRONTO INÚTIL

Desde o dia de Pentecostes, registrado em Atos 2, Jerusalém mostrava-se agitada por uma atividade religiosa sem precedentes. Quanto mais os agora ousados apóstolos pregavam as boas novas de Cristo, tanto mais o povo ia se convertendo.

Tudo estava mudando, até mesmo as tradições havia muito existentes. Judeus moradores de Jerusalém, assim como peregrinos das redondezas em visita à cidade, aceitavam Cristo aos milhares. Os líderes religiosos empedernidos sentiam-se exasperados com o que testemunhavam. Aquilo era demais! Como resultado, segundo Atos 5:18, “prenderam os apóstolos e os recolheram à prisão pública”.

Aqueles apóstolos cheios do Espírito estavam dando nos nervos dos líderes da religião dominante. Não devemos olhar essas cenas por meio de lentes demasiado cristãs. É melhor vê-las da perspectiva dos cidadãos de Jerusalém.

 

Aquele foi um período perturbador para o Sinédrio. Sua tentativa de silenciar os seguidores de Jesus crucificando o seu Mestre havia tido efeito contrário ao desejado. Portanto, encarcerar os fanáticos religiosos pareceu consistir na melhor estratégia para evitar que fizessem novos prosélitos judeus. Nem isso, porém, adiantou.

 

Algo miraculoso aconteceu também para piorar as coisas. “Mas, de noite, um anjo do Senhor abriu as portas do cárcere e, conduzindo-os para fora, lhes disse: Ide e, apresentando-vos no templo, dizei ao povo todas as palavras desta Vida. Tendo ouvido isto, logo ao romper do dia, entraram no templo e ensinavam” (At 5:19-21).

O tiro saiu realmente pela culatra! Os líderes religiosos achavam que tinham resolvido o caso dos rebeldes, quando, na verdade, apenas os motivaram a voltar à sua pregação mais ousados do que nunca! Foi algo similar ao acontecimento que se seguiu à cena do Gólgota. Os líderes religiosos tinham certeza de que crucificar Cristo terminaria tudo. Não podiam estar mais errados.

 

O Cristianismo desabrochou depois da ressurreição dele. Agora, inflamados com o poder do Espírito, os apóstolos estavam incendiando Jerusalém com a sua pregação. Seu zelo era contagioso, e sua mensagem, convincente. Não demorou muito para que as autoridades religiosas se vissem reduzidas a uma minoria que diminuía cada vez mais. Isso as levou a convocar uma reunião de emergência para decidir o que fariam a seguir.

 

Chegando, porém, o sumo sacerdote e os que com ele estavam, convocaram o Sinédrio e todo o senado dos filhos de Israel e mandaram buscá-los no cárcere. Mas os guardas, indo, não os acharam no cárcere; e, tendo voltado, relataram, dizendo: Achamos o cárcere fechado com toda a segurança e as sentinelas nos seus postos junto às portas; mas, abrindo-as, a ninguém encontramos dentro.

Atos 5:21-23

Isso não foi esplêndido? O anjo do Senhor abriu a prisão, libertou os apóstolos e depois trancou tudo outra vez. Ao chegarem, encontraram os guardas dormindo, as portas fechadas e nenhum prisioneiro.

E bem provável que Saulo estivesse no grupo que ouviu esse relato perturbador.

 

Teria sido apresentado a todo o Sinédrio, inclusive aos agregados, tais como advogados iniciantes, conselheiros e talvez até servos. Não querendo perder nada, Saulo absorveu cada detalhe à medida que se desenrolavam os acontecimentos. As coisas estavam fugindo ao controle.

Compreenda também a crescente frustração que tomou conta das autoridades religiosas. Lemos: “Quando o capitão do templo e os principais sacerdotes ouviram estas informações, ficaram perplexos a respeito deles e do que viria a ser isto” (At 5:24).

Não é interessante esse texto? Em termos atuais, “ficaram perplexos” seria: — O QUE ESTÃO QUERENDO DIZER? COMO É QUE NÃO ENCONTRARAM OS HOMENS? Aqueles juízes

preconceituosos ficaram fora de si tentando descobrir o que acontecera. Para piorar as coisas, outro mensageiro apareceu correndo com uma notícia ainda mais surpreendente: Eis que os homens que recolhestes no cárcere, estão no templo ensinando o povo. Nisto, indo o capitão e os guardas, os trouxeram sem violência, porque temiam ser apedrejados pelo povo.

Atos 5:25,26

Não perca de vista a importância do detalhe acrescentado no final. Esses líderes piedosos agora temiam por suas vidas, pois sentiram a maré se voltando contra eles. Mais e mais pessoas nas ruas estavam dizendo: “Não toquem nesses homens. Eles estão declarando coisas que precisamos ouvir... coisas que vocês nunca nos disseram.” A confiança cega que o povo de Jerusalém colocara em seus líderes estava agora desaparecendo, à medida que seus olhos iam sendo abertos para a verdade do Evangelho. Em vista de as massas estarem acreditando neles, o Sinédrio procedeu com cautela: “Trouxeram-nos, apresentando-os ao Sinédrio” (v. 27).

Observe agora cuidadosamente: “E o sumo sacerdote interrogou-os, dizendo: Expressamente vos ordenamos que não ensinásseis nesse nome; contudo, enchestes Jerusalém de vossa doutrina; e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem” (At 5:27,28).

Em outras palavras: “Vocês estão dizendo ao povo que nós somos a razão de aquele falso Messias ser crucificado. Queremos que saibam que foram os romanos que fizeram isso. Nós apenas aceitamos o plano. Mas vocês nos fazem parecer perversos.” Note como os apóstolos, especialmente Pedro, responderam: Então, Pedro e os demais apóstolos afirmaram: Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens. O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, a quem vós matastes, pendurando-o num madeiro. Deus, porém, com a sua destra, o exaltou a Príncipe e Salvador, a fim de conceder a Israel o arrependimento e a remissão de pecados. Ora, nós somos testemunhas destes fatos, e bem assim o Espírito Santo, que Deus outorgou aos que lhe obedecem.

Atos 5:29-32

Saulo ouviu esse discurso. Já pensou nisso? Enquanto ficava nas sombras ouvindo Pedro falar, os cabelos em sua nuca se eriçaram. Aquele jovem e piedoso fariseu, hebreu dos hebreus, ouviu irado enquanto aquele pescador ignorante, chamado Pedro, falava do falecido Jesus, que tinha afirmado ser Deus. Era quase mais do que podia suportar. As emoções de Saulo fervilhavam em seu íntimo, enquanto ele formulava planos, pensando: “Se pudesse pôr as mãos nele, eu o mataria como a todo o resto”. Ele não podia imaginar que aquele “pescador ignorante” viria a ser seu colaborador no trabalho de estabelecer igrejas cristãs em todo o mundo conhecido. Antes que Saulo pudesse organizar um ataque sobre aquele homem e seus companheiros, Deus interveio em outra surpreendente reviravolta de eventos quando o conselheiro de Saulo levantou-se no meio da reunião.

 

 

UM ALIADO INESPERADO

Eles, porém, ouvindo, se enfureceram e queriam matá-los. Mas, levantando-se no Sinédrio um fariseu, chamado Gamaliel, mestre da lei, acatado por todo o povo, mandou retirar os homens, por um pouco.

Atos 5:33,34

Espere um pouco. Quem é Gamaliel? Saulo estudou com esse homem durante os anos de sua instrução em Jerusalém; ele testemunhou que foi “instruído aos pés de Gamaliel” (At 22:3). Sentou- se aos pés de Gamaliel durante a sua educação formal na lei judaica. Ficou olhando quase sem respirar, enquanto observava seu orientador espiritual em ação. Seria o mesmo que um estudante de direito, depois de formado, visitasse um tribunal para observar um professor a quem admira praticar a lei. Que grande momento para Saulo! Ele talvez esperasse palavras fortes de condenação contra Pedro. Mas aconteceu justamente o oposto.

E lhes disse: Israelitas, atentai bem no que ides fazer a estes homens. Porque, antes destes dias, se levantou Teudas, insinuando ser ele alguma coisa, ao qual se agregaram cerca de quatrocentos homens; mas ele foi morto, e todos quantos lhe prestavam obediência se dispersaram e deram em nada. Depois desse, levantou-se Judas, o galileu, nos dias do recenseamento, e levou muitos consigo; também este pereceu, e todos quantos lhe obedeciam foram dispersos. Agora, vos digo: dai de mão a estes homens, deixai-os; porque, se este conselho ou esta obra vem de homens, perecerá.

Atos 5:35-38

William Barclay chama Gamaliel de “aliado inesperado”. Em meio à irritação geral e pensamentos irracionais, esse professor sábio e experiente, levantou-se com toda calma e advertiu: “Tomem cuidado. Não se apressem em julgar.” Em suas próprias palavras: “...dai de mão a estes homens, deixai-os; porque, se este conselho ou esta obra vem de homens, perecerá; mas, se é de Deus, não podereis destruí-los, para que não sejais, porventura, achados lutando contra Deus” (At 5:38,39).

O jovem fariseu balançou a cabeça incrédulo: “Este homem deveria ser um porta-voz do judaísmo. Ele me ensinou grande parte do que sei sobre o judaísmo e a lei. Ele me instruiu sobre como fazer exatamente o que faço hoje em dia. Mestre Gamaliel, o senhor perdeu a cabeça?!”

E claro que Saulo não tinha meios para saber que aquele raciocínio calmamente expresso iria preservá-lo, mais tarde, quando viesse a carregar a tocha de Cristo. Então se lembraria de que os que lutassem contra ele estariam, na verdade, lutando contra Deus. Mas, naquele momento, não tinha a menor noção disso. Tudo o que via era uma mancha vermelha. Vermelha como sangue. Não conseguia acreditar que o Sinédrio concordasse com um conselho assim tão calmo e considerasse usar de brandura com aqueles infiéis. Mas foi exatamente isso que fizeram.

Se me permitir um instante de digressão aqui, penso que Pedro permaneceu vivo então e nos anos que se seguiram por causa da intervenção sábia de Gamaliel. Acredito que o “aliado inesperado” salvou sua vida. Saulo e os outros teriam apedrejado o grupo inteiro. Mas Deus graciosamente interferiu, usando as palavras de um professor sábio para preservar a vida daqueles que posteriormente iriam desempenhar papéis trágicos na formação da igreja cristã. Lembre-se disso quando sentir que as circunstâncias de sua vida são desespe-radoras. Não importa o que tenha de enfrentar, Deus continua no controle, silenciosa e soberanamente operando todas as coisas conforme seu plano perfeito. Ele tem o seu Gamaliel esperando nos bastidores. No momento exato, quando suas palavras forem produzir o maior impacto, eles sairão das sombras.

Os líderes religiosos aceitaram sabiamente o conselho de Gamaliel. As Escrituras dizem que: “Chamando os apóstolos, açoitaram-nos e, ordenando-lhes que não falassem em o nome de Jesus, os soltaram” (v. 40).

Espere um minuto! Isso não é justo. Que direito tinham de açoitar os homens se estavam planejando soltá-los? Foi o jeito de o Sinédrio dar seu doloroso recado: “Quando a pele de suas costas for arrancada, talvez não esqueçam que estamos falando sério. Vão embora!”

Como você teria reagido numa situação assim? Quando o seu grupo estivesse em fila e despido para as chicotadas, você teria se escondido no corredor dos fundos? Teria procurado um meio de sair pela porta, quando ninguém estivesse olhando? O açoite era uma tortura terrivelmente dolorosa e humilhante. Quem não tentaria escapar?

Nosso respeito por esses homens se intensifica nesse ponto. Veja como eles reagiram: “E eles se retiraram do Sinédrio regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome. E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e de pregar Jesus, o Cristo” (5:41,42).

Coragem notável! O sangue em suas feridas mal havia secado quando voltaram a pregar Cristo para o povo. Embora nós os respeitemos, Saulo os odiava por causa disso. Foi o que o motivou a tomar medidas ainda mais agressivas contra eles, e o que mais tarde usou em sua defesa perante Agripa: “E assim procedi em Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos principais sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e contra estes dava o meu voto, quando os matavam. Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo por cidades estranhas os perseguia” (At 26:10,11).

Preste atenção novamente. Não se trata de um intelectual manso e de boas maneiras falando. Ele se tornara um fariseu apaixonado e decidido - um homem com uma missão. Mais tarde, escreveria uma confissão similar a seu filho na fé, Timóteo: “Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, eperseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade” (1 Tm 1:12,13, grifos do autor).

Que tal essa autobiografia de Saulo em duas frases?

Esse é o mesmo homem que escreveria sobre a graça e a misericórdia de Deus. Esse é aquele que viveria para ver o dia em que as palavras penetrantes de Pedro tomariam conta de sua própria garganta, tornando-se a força motriz de seu compromisso com Cristo. “Ninguém pode lutar contra Deus”, pregaria ele aos seus adversários. Mas antes de a graça de Cristo pegá-lo de jeito, ele se opunha violentamente a tudo e a todos que se relacionassem ao Caminho. Não esqueça de uma coisa: ele fez isso em nome de Deus. Essa é a razão de não haver nada mais assustador, mais perverso, do que um terrorista religioso. Justifica todas as suas ações em nome de Deus.


Saulo não era exceção. O homem “irrepreensível segundo a lei” conforme seu próprio testemunho acreditava cegamente que suas obras sangrentas honravam a Deus ao erradicar da Terra aquela seita. De acordo com as Escrituras, Saulo então “assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere” (At 8:3). Essa não era uma cena para os de estômago fraco. É difícil imaginar ódio tão profundo.

É aqui que devemos deixar Saulo, por enquanto. 


CHARLES SWIDOLL

APRENDENDO COM JABES

  APRENDENDO COM JABES O m enino  p rodígio da  g enealogia!   Alguém já disse certa vez que existe muito pouca diferença entre as pessoas –...