A REBELIÃO DE CORÁ
Muitos anos atrás, quando os filhos de Israel estavam
acampados no deserto, levantou-se uma discussão entre eles sobre quem deveria
exercer a autoridade. Moisés e seu irmão Arão vinham liderando o povo de Deus
até aquela ocasião.
Moisés tinha vindo ao Egito e, junto com seu irmão
Arão, falado a Palavra de Deus para os israelitas e para o faraó e, mais tarde,
conduzido o povo de Deus para fora de sua escravidão em direção ao seu destino
divinamente escolhido. Esse foi um tempo maravilhoso na história do povo de Deus,
durante o qual o poder de Deus e Sua vitória sobre as forças do mal foram
demonstradas dramaticamente.
Entretanto, com o passar do tempo, alguns dos outros
homens da congregação se desiludiram com o exercício de autoridade de Moisés e
de Arão. Esses outros homens (mais de 250 pessoas) também eram líderes na
congregação e bem conhecidos entre as pessoas (Nm 16:2). Eles começaram a
questionar o porquê de Moisés e Arão estarem “se colocando como autoridades” e
“exaltando a si mesmos” acima de todos os demais (Numeros 16:3).
Seu raciocínio era algo assim: “Somos todos ‘cristãos’
aqui. Deus está entre todos nós. Qualquer um na congregação é tão santo quanto
qualquer outro. Aos olhos de Deus somos todos iguais. Quem esses dois pensam
que são? Nossa compreensão da vontade de Deus é tão válida quanto a deles. Por
que deveríamos seguí-los?”
Agora, este tipo de raciocínio é fácil de entender. É
perfeitamente natural pensar desta maneira quando somos confrontados com a
autoridade espiritual. No início, quando alguém surge com uma palavra do Senhor
e manifesta uma unção espiritual, é fácil impressionar-se e prestar atenção no
que dizem.
Contudo, depois de algum tempo, quando você conhece a pessoa e
percebe suas falhas humanas e fraquezas – quando a primeira “aura” de impressão
espiritual se foi – este tipo de pensamento começa a surgir.
Não é difícil simpatizar com aqueles homens e com as
razões pelas quais pensavam daquela maneira. Moisés tinha prometido trazê-los
para uma terra onde havia bastante leite e mel, mas em volta deles só se via
deserto.
Ele lhes havia dito que Deus desejava abençoá-los abundantemente, mas
até mesmo o Egito tinha sido mais confortável que aquilo. Eles tinham olhos no
rosto; podiam ver que não estavam tomando o rumo mais rápido para seu destino.
Aquele Moisés também estava mantendo as coisas em
família, indicando seus parentes para o sacerdócio. Só um tolo continuaria a
ser guiado por aqueles dois sem expressar um pouco a sua própria opinião. Será
que Moisés pretendia manter todos eles cegos para que ele e seu irmão pudessem
permanecer nas posições de autoridade? (Numeros 16:14).
Conforme vamos lendo, descobrimos que a reação de Deus
a este processo de pensamento foi extremamente severa – na verdade, tão severa,
que muitos ficaram chateados e iraram-se.
Aqueles que não responderam à intimação de Moisés para
a tenda da congregação foram engolidos vivos pela terra. Aconteceu algo inédito
e aqueles homens, com suas famílias inteiras, caíram no abismo (Numeros 16:30-33).
Em seguida, desceu fogo do céu e consumiu os 250
remanescentes. Então, como se este julgamento devastador e terrível sobre o
povo de Deus já não tivesse sido suficiente, uma praga irrompeu sobre aqueles
que se ofenderam com o acontecido e matou mais 14.700!
Na verdade, foi só pela intervenção de Moisés e Arão
que a congregação inteira não foi destruída num piscar de olhos. Que calamidade
de proporções inimagináveis tinha acontecido àqueles a quem Deus havia
escolhido para serem Seus.
Vamos parar por um momento e avaliar este evento
cuidadosamente. Isto não é simplesmente uma sabatina de história antiga. O Novo
Testamento explica claramente que estas coisas foram escritas para o nosso
benefício (1 Corintios 10:11).
Essa é na verdade uma mensagem para a Igreja de hoje,
e Deus está ansioso para que a ouçamos. É uma palavra séria e corretiva que
está em Seu coração. Que Ele tenha misericórdia de nós para que sejamos capazes
de recebê-la como tal e obedeçamos as autoridades que Deus levantou.
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