sexta-feira, 11 de setembro de 2015

APRENDENDO COM PILATOS


Quem foi Pôncio Pilatos?

Jesus nunca se envolveu com politica e religião, mas foi vítima destes 02 sistemas corruptos


Quem foi Pôncio Pilatos? Foi ALGUÉM Que reconheceu a INOCÊNCIA de JESUS, mas, não fez nada de bom, para amenizar o sofrimento dele

ZOMBADOR e cético, Pilatos é uma figura histórica que desafia a nossa imaginação. Para alguns, ele é um santo; para outros, a personificação da fraqueza humana, o típico político disposto a sacrificar um homem pela causa da estabilidade.” — Pontius Pilate (Pôncio Pilatos), de Ann Wroe. 

Quer você concorde com essas opiniões, quer não, o fato é que Pilatos celebrizou seu nome devido ao modo como lidou com Jesus Cristo. Quem foi Pôncio Pilatos? O que se sabe a seu respeito? Saber um pouco mais sobre o cargo que ocupava aumentará nossa compreensão dos eventos mais importantes já ocorridos na Terra.

Cargo, responsabilidades e poderes

O imperador romano Tibério nomeou Pilatos como governador da província da Judéia, em 26 EC. Tais magistrados pertenciam à Ordem de Cavalaria — a baixa nobreza, diferente dos aristocratas com status de senadores. Pilatos provavelmente se alistou no exército como tribuno militar, ou comandante júnior; adquiriu patentes em sucessivas campanhas e foi nomeado governador com menos de 30 anos de idade.

Acredita-se que o uniforme de Pilatos consistia em uma túnica de couro e um peitoral de metal. Ao apresentar-se ao público em geral, vestia uma toga branca, de orla púrpura. Provavelmente, seus cabelos eram curtos e não usava barba. Embora alguns achem que ele tenha vindo da Espanha, seu nome sugere que pertencia à tribo dos Pontii — nobres samnitas do sul da Itália.

Os magistrados do mesmo posto de Pilatos normalmente eram enviados a territórios bárbaros e, para os romanos, a Judéia se enquadrava nisso. Além de manter a ordem, Pilatos supervisionava o recolhimento dos impostos indiretos e do imposto por cabeça. 

Os tribunais judaicos administravam a justiça no dia-a-dia, mas casos que exigiam a pena de morte evidentemente eram submetidos ao governador, que era a autoridade judicial suprema.

Pilatos e sua esposa viviam na cidade portuária de Cesaréia, com um pequeno séqüito de escribas, consortes e mensageiros. Ele comandava cinco coortes (tropas) de infantaria de 500 a 1.000 homens cada uma, bem como um regimento de possivelmente 500 cavaleiros. 

Uma prática costumeira de seus soldados era executar infratores da lei. Em tempos de paz, as execuções eram feitas logo após breves audiências, mas, em casos de levantes, os rebeldes eram mortos no ato e em massa. Por exemplo, os romanos executaram 6.000 escravos para esmagar uma revolta liderada por Espártaco. 

Se surgissem agitações na Judéia, o governador normalmente poderia pedir auxílio ao legado imperial na Síria, que possuía legiões sob seu comando. Entretanto, durante boa parte do mandato de Pilatos, o legado estava ausente, de modo que Pilatos tinha que acabar depressa com os tumultos.

Os governadores comunicavam-se regularmente com o imperador. Assuntos que envolviam a dignidade deste, ou qualquer ameaça à autoridade de Roma, deviam ser relatados e resultavam em ordens imperiais. 

O governador talvez se apressasse em apresentar sua própria versão dos acontecimentos na sua província, antes que outros se queixassem. Com problemas fervilhando na Judéia, Pilatos tinha bons motivos para se preocupar.

À parte dos relatos nos Evangelhos, os historiadores Flávio Josefo e Filo são as principais fontes de informações sobre Pilatos. Também, o historiador romano Tácito menciona que Pilatos executou Christus (Cristo), de quem os cristãos adotaram seu nome.

Insulto aos judeus

O historiador Josefo diz que os governadores romanos, por causa da aversão dos judeus ao uso de imagens, evitavam entrar em Jerusalém com estandartes que exibiam efígies do imperador. 

Visto que Pilatos desconsiderava isso, os judeus, sentindo-se insultados, foram rapidamente a Cesaréia fazer um protesto. Por cinco dias, Pilatos não fez nada. No sexto dia, mandou seus soldados cercar os revoltosos e ameaçá-los de morte, caso não se dispersassem. Quando os judeus disseram que preferiam morrer a transgredir a Lei, Pilatos cedeu e ordenou que as imagens fossem removidas.

Pilatos fazia uso da força, quando julgava necessário. Num incidente registrado por Josefo, ele iniciou a construção de um aqueduto para levar água a Jerusalém, usando recursos do tesouro do templo para financiar o projeto. Pilatos evitou simplesmente se apoderar do dinheiro, pois sabia que saquear o templo seria um sacrilégio, o que faria com que judeus irados pedissem a Tibério que o destituísse do cargo. 

Pelo visto, Pilatos tinha o apoio das autoridades do templo. Bens dedicados ao templo, chamados de “corbã”, podiam ser usados legalmente em obras públicas em benefício da cidade. Mesmo assim, milhares de judeus reuniram-se para expressar sua indignação contra ele.

Pilatos infiltrou soldados na multidão, com ordens de não usar a espada, mas bater nos manifestantes com porretes. Aparentemente, ele queria controlar a turba sem provocar um massacre. Parece que deu certo, embora alguns tenham morrido. Certas pessoas que disseram a Jesus que Pilatos havia misturado o sangue de galileus com os sacrifícios deles talvez estivessem se referindo a esse incidente. — Lucas 13:1.

“Que é verdade?”

A má fama de Pilatos se deve à maneira como investigou as acusações feitas pelos principais sacerdotes e anciãos judeus, de que Jesus se apresentava como Rei. Ao saber da missão de Jesus, de dar testemunho da verdade, 
Pilatos achou que o prisioneiro não representava nenhuma ameaça a Roma.

 “Que é verdade?”, perguntou, evidentemente achando que a verdade era um conceito vago demais para merecer muita atenção. Qual foi a sua conclusão? “Não acho crime neste homem.” — João 18:37, 38; Lucas 23:4.

Isso deveria ter sido o fim do julgamento de Jesus, mas os judeus insistiam em dizer que ele estava subvertendo a nação. O motivo da denúncia dos principais sacerdotes contra Jesus era a inveja, e Pilatos sabia disso. Ele sabia também que livrar Jesus traria problemas, e queria evitar isso. 

Problemas não lhe faltavam, pois Barrabás e outros estavam presos sob acusações de sedição e assassinato. (Marcos 15:7, 10; Lucas 23:2

Além disso, disputas anteriores com os judeus haviam manchado a reputação de Pilatos perante Tibério, conhecido por lidar severamente com maus governadores. Por outro lado, ceder aos judeus seria um sinal de fraqueza. Assim, Pilatos se confrontava com um dilema.

Ao saber da origem de Jesus, Pilatos tentou transferir o caso para Herodes Ântipas, que governava o distrito da Galiléia. Não tendo dado certo, Pilatos tentou induzir a multidão do lado de fora do palácio a pedir a absolvição de Jesus, segundo o costume de libertar um prisioneiro na Páscoa. Mas a multidão clamou pela soltura de Barrabás. — Lucas 23:5-19.

Pilatos pode até ter desejado fazer o que era direito, mas queria também defender seu cargo e agradar a multidão. Acabou colocando sua carreira à frente de sua consciência e da justiça. Pediu que lhe trouxessem água, lavou as mãos e alegou inocência na sentença de morte que estava 
aprovando.

* Embora acreditasse que Jesus era inocente, Pilatos mandou que fosse chicoteado e permitiu que soldados zombassem dele, batessem e cuspissem nele. — Mateus 27:24-31.

Pilatos ainda fez uma última tentativa de absolver Jesus, mas a multidão aos gritos disse que, se fizesse isso, não seria amigo de César. (João 19:12) Foi então que Pilatos cedeu. Certo erudito disse a respeito da decisão de Pilatos: “A solução era simples: executar o homem. Tudo o que se tinha a perder era a vida de um judeu aparentemente insignificante; seria tolice permitir que problemas aumentassem só por causa dele.”

O que aconteceu com Pilatos?

O último evento registrado da carreira de Pilatos foi outro conflito. Josefo diz que uma multidão de samaritanos armados se reuniu no monte Gerizim, na esperança de achar os tesouros que Moisés supostamente havia enterrado ali. 

Pilatos interveio, e seus soldados mataram muitas pessoas. Os samaritanos se queixaram ao superior de Pilatos, Lúcio Vitélio, governador da Síria. Não se diz se Vitélio achou que Pilatos havia ido longe demais. Seja como for, ele ordenou que Pilatos fosse a Roma explicar suas ações ao imperador. Antes de chegar lá, porém, Tibério faleceu.

“Nesse ponto”, diz certa fonte, “Pilatos passa da história para as lendas”. Mas muitos têm tentado fornecer os detalhes que faltam. Tem-se dito que Pilatos tornou-se cristão. “Cristãos” etíopes fizeram dele um “santo”. Eusébio, escritor de fins do terceiro século e início do quarto, foi o primeiro, dentre muitos, a dizer que Pilatos, assim como Judas Iscariotes, cometeu suicídio. 

No entanto, tudo a respeito do que por fim aconteceu com Pilatos é especulação.

Pilatos pode ter sido obstinado, leviano e autoritário. Mas ficou no cargo por dez anos, ao passo que a maioria dos governadores da Judéia ficava bem menos do que isso. Portanto, do ponto de vista dos romanos, Pilatos era competente. Muitos o consideram um covarde, que recriminadamente mandou torturar e matar Jesus só para salvar sua carreira. 

Outros argumentam que o dever de Pilatos não era tanto fazer justiça, mas sim promover a paz e os interesses de Roma.

Pilatos viveu numa época bem diferente da nossa. Ainda assim, nenhum juiz poderia, em sã consciência, condenar um homem que julgasse ser inocente. 

Se não fosse pelo seu encontro com Jesus, Pôncio Pilatos seria apenas mais um nome nos livros de História.

Nota: Lavar as mãos era uma maneira judaica, não romana, de expressar a não-participação em derramamento de sangue. — Deuteronômio 21:6, 7.

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