terça-feira, 24 de março de 2015

APRENDENDO COM SANSÃO (PARTE 6)


SANSÃO E SEUS AMORES 
              Juízes 14 - 16

A história de Sansão, começa com o relato de seu casamento. Ele era juiz em Israel, posição de liderança no meio do povo judeu. 

A Bíblia não diz se ele era musculoso, porte atlético, fortão, belo, homem atraente. Cabelos longos e muito respeito ele tinha, era um guerreiro destemido e valente, porém mulherengo demais

Sansão viu em Timna uma mulher das filhas dos filisteus e fez de tudo para se casar com ela. 

Amor à primeira vista! Será que era mesmo amor ou simples desejo carnal? 

O desejo é um substituto pobre e egoísta do amor verdadeiro e desinteressado, amor este que se preocupa apenas com a felicidade mútua. 

Sansão sabia que aquela mulher era filistéia e que esse casamento não correspondia à vontade de Deus. Veremos adiante que, na vida desse homem, a emoção sempre dominou a razão.

Salomão disse que "melhor é o que domina o seu espírito do que o que toma uma cidade" (Provérbios 16:32)

Sansão era capaz de tomar uma cidade. Porém, ao que parece, nunca aprendeu a governar o próprio espírito.

 Amor à primeira vista? Então SANSÃO se empolgou: "Será que vem de Deus este desejo que sinto? É essa a mulher que Deus me destinou? 

Sansão pediu que seus pais lhe acertassem o compromisso.

Na época, era difícil agir de outra maneira. Mas o pai e a mãe, com razão, desaconselharam o pedido com veemência. Casar com uma mulher filistéia era trair a vontade de Deus. 

Os filisteus eram inimigos ferrenhos dos judeus 

O tempo em que os pais escolhiam o cônjuge para os filhos já passou, pelo menos em nossa cultura ocidental. Contudo, espero que os filhos peçam consentimento aos pais antes de tomar uma decisão tão importante e levem seu conselho a sério. 

Os filhos deveriam atribuir grande valor à aprovação deles.

Infelizmente, Sansão desprezou o conselho de seus pais — e este estava baseado nas Escrituras! 

As conseqüências foram terríveis. Esperava-se muito mais de um homem que teve pais como os dele e que, além disso, fora chamado para servir a Deus. 

A Palavra de Deus é bastante clara a respeito da união de crentes com incrédulos: é "jugo desigual". 

"Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?"  (2 Coríntios 6:14)

Essa declaração do apóstolo Paulo, mesmo que num contexto um pouco diferente, com certeza tem muito valor. Antes de dizer "sim", todo cristão deve estar totalmente convencido de que a fé do seu futuro cônjuge no Senhor Jesus seja real. 

Se faltar a unidade na fé, o matrimônio será uma desobediência grave. Os cristãos procuram na Palavra de Deus e nela encontram a solução para as perguntas vitais e o consolo para as dificuldades. 

Para eles, a Bíblia é a regra de conduta de vida. Isso o incrédulo jamais compreenderá, pois tem as mais diversas motivações para agir. A vida conjugal será, portanto, um conflito sem fim.

Enquanto houver amor e tolerância recíprocos, tudo pode ir mais ou menos bem. Mas permanece a pergunta da passagem citada: "Que união existe entre o crente e o incrédulo?" (v. 15). A resposta sempre será a mesma: nenhuma! 

As diferenças são grandes demais, essenciais e determinantes. Mas o que fazer se esse fosso aparecer somente depois de algum tempo após iniciado o relacionamento ou se, após firmado o compromisso de noivado, um dos dois se converte e surgem as diferenças? 

Respondo sem titubear: rompam! A quebra de uma promessa de casamento é lamentável, mas muito melhor que um matrimônio infeliz. Noivado não é casamento, é apenas um tempo de preparação para este. 

Durante esse tempo, os compromissos do matrimônio ainda não existem. Contudo, tanto para o noivado quanto para o casamento, pode-se aplicar a regra de ouro: "Refletir antes de agir!" 

Se o fosso aparecer ou se formar depois do casamento, é diferente. O cristão não pode mais voltar atrás.

O marido crente não pode repudiar sua mulher incrédula por isso; nem tampouco a mulher crente, o marido incrédulo (1 Coríntios 7:12-17).

Paulo não dá instruções aos cônjuges incrédulos. Estes devem converter-se primeiro a fim de ter a sabedoria e a força espiritual para submeter-se à Palavra de Deus. 
E claro que Deus não permite ao crente divorciar-se para escapar de um jugo desigual, por mais opressora e insuportável que seja a situação.

De todo modo, estou convencido de que toda decisão tomada em obediência ao Senhor resulta em final feliz, mesmo que não entendamos isso de imediato. 

O Senhor prometeu que qualquer sacrifício feito por amor a Ele seria recompensado.

Lemos em 1 Pedro 3:1-2: 

"Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio marido, para que, se ele ainda não obedece à palavra, seja ganho, sem palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa, ao observar o vosso honesto comportamento cheio de temor". 

Ganhar o marido incrédulo sem palavras, somente pela conduta, não é tarefa fácil para mulher nenhuma. O sucesso nessa missão não é garantido. 

No entanto, é a única oportunidade oferecida pela Palavra de Deus e, por conseguinte, é a decisão certa a tomar.

O breve casamento de Sansão foi uma amarga decepção. Desgostoso, ele deixou a mulher e voltou para casa de seu pai. 

Não podemos aprovar a conduta dessa mulher. A indignação de Sansão é compreensível. Mas fugir enraivecido, abandonando a esposa também não é atitude adequada.

O capítulo 15 nos diz que, algum tempo depois, ele desejou visitar a esposa. Não sabemos quanto tempo se passou antes disso. 

Levara um presente, talvez como meio de reconciliação. Mas havia deixado passar o momento adequado. Chegou muito tarde.

Alguns alegam que jamais houve casamento de verdade entre Sansão e essa mulher. Não concordo. 

O casamento se consumou com o consentimento dos respectivos pais e foi confirmado oficialmente com um grande banquete.

Ambos tiveram parte da responsabilidade pela ruptura, e a atitude do sogro levou as coisas a uma separação definitiva. E raro num conflito conjugai as dificuldades serem provocadas apenas por uma das partes. 

Como é oportuno, em casos assim, quando forças externas intervirem a favor de uma reconciliação! Mas, que desgraça, quando ocorre justamente o contrário!

A separação jamais produz o resultado esperado. Além disso, lemos em Malaquias 2:16: "Porque o Senhor, Deus de Israel, diz que odeia o repúdio". 

E, no versículo 15, está escrito: "Portanto, cuidai de vós mesmos, e ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade". E triste constatar que Sansão não aprendeu a lição.

No capítulo 16, ele está em Gaza - outra cidade dos filisteus - passando a noite com uma prostituta. Aqui não se trata de casamento. 1 Coríntios 6:13 nos adverte da gravidade, aos olhos de Deus, do pecado de fornicação.

Em seguida, Sansão apaixonou-se novamente por outra filistéia, chamada Dalila (Juizes 16:4).

 Outra vez surge diante de nós a pergunta: Que amor era esse? Essa relação durou mais tempo e lhe foi fatal. 

Ele revelou os segredos do seu nazireado. Perdeu, por isso, sua marca exterior, os cabelos longos, e constatou tarde demais que Deus Se havia afastado dele. 

Os filisteus furaram-lhe os olhos, ataram-no e o puseram preso.

O cristão que se une ao mundo e se relaciona com qualquer mulher ao invés de separar-se das coisas oferecidas pelo mundo, cede as tentações, perde a comunhão com o Senhor e a força espiritual. 

Felizmente, no fim da vida de Sansão, essa comunhão foi restabelecida. Ao mesmo tempo, ele recuperou sua extraordinária força. Com a morte, conseguiu uma vitória maior que as anteriores.

Um dos aspectos trágicos da vida de Sansão foi a falta de controle sobre suas paixões. Elas o dominavam. 

O instinto sexual não é pecado nem algo de que devamos nos envergonhar. Deus - o Criador - fez Suas criaturas dessa maneira; o homem não é exceção. É a forma de se conservarem as espécies.

Contudo, entre o homem e os animais há uma diferença fundamental. O animal segue seus instintos, mas Deus tem outros propósitos para o homem. 

Ele une homem e mulher numa relação duradoura. Mesmo quando não há o objetivo de conservação da espécie, os cônjuges exercem mútua atração. 

O sexo é um dom inigualável que, no casamento, pode produzir um extraordinário estado de felicidade.

Ao contrário dos animais, Deus proveu o homem de razão e vontade. Um médico escreveu o seguinte: "A razão tem condições de submeter, de dominar, o instinto sexual e até de orientá-lo corretamente. 

Vemos, pois, repetidas vezes, que a razão unida à vontade do homem se sobrepõe ao instinto como uma faculdade de ordem superior".

"O amor é cego", diz o ditado popular. Infelizmente, a verdade dessa afirmação se confirma com muita freqüência. Por outro lado, não se deve esquecer que o amor é condição indispensável para um casamento feliz. 

A razão e a vontade, porém, não ficam em segundo plano nem acima dos princípios bíblicos referentes ao matrimônio. Se cedermos tão-somente aos instintos da natureza, correremos grave perigo.

"Melhor é o que domina o seu espírito, do que o que toma uma cidade" (Provérbios 16:32).

Sansão era plenamente capaz de tomar uma cidade, porém jamais aprendeu a governar o espírito. Os crentes devem aprender essa lição com a ajuda do Senhor e o poder do Espírito Santo. 

Os meios de comunicação todos os dias nos apresentam condutas que as Escrituras chamam de pecado. Quem se deixa influenciar impede ou atrapalha a felicidade conjugai que Deus quer proporcionar.

Se alguém pensa somente nos próprios privilégios ou no que vai receber de bom com o casamento, parte de uma base ruim e perigosa. 

Se os cônjuges não sabem com que devem contribuir, terão muito pouco a receber. Um lar feliz não resulta de motivos egoístas, mas da abnegação de ambas as partes. 

O bem do outro deve ser prioridade de cada um. Marido e mulher não conseguem alcançar a grande felicidade que Deus previu para eles no casamento se cada um reivindicar os próprios direitos como supremos. 

O apóstolo Pedro era casado. Lemos nos evangelhos que sua sogra foi curada pelo Senhor Jesus (Lucas 4:38-39). 

O apóstolo Paulo escreveu que a mulher de Pedro acompanhava o marido nas viagens (1 Coríntios 9:5). Por esse enfoque, as palavras deste têm muito mais valor para nós: 

"Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações" (1 Pedro 3:7).

Creio que em todo lar há situações em que o marido, bem como a mulher, deve submeter seus desejos à razão e à vontade. 

Para os que têm problemas dessa natureza, melhor procurar um médico crente ou uma pessoa que inspire confiança e de quem possam receber ajuda de acordo com os princípios da Palavra de Deus.

Sansão, na verdade, ele era um nazireu, homem separado para o serviço de Deus. Libertou o povo de Deus do domínio dos filisteus. Seu nome figura em Hebreus 11 entre os heróis da fé. 

E o que devemos pensar de Juizes 14:44? 

"Mas seu pai e sua mãe não sabiam que isto vinha do Senhor, pois este [Sansão] procurava ocasião contra os filisteus". Sem dúvida, a intenção de Sansão era boa, e Deus o ajudou a alcançar seu propósito, o que não significa que Deus aprovava sua maneira de agir.

Deus é soberano. Cumpre Seus desígnios. Escolhe os Seus instrumentos. 

Os que conhecem as Escrituras sabem que Ele pode valer-se das artimanhas de Satanás, das atividades de Seus inimigos, dos pecados e das fraquezas de Seus filhos. 

Dizem que Deus pode dar um golpe certo com um pau torto. 

E o que fez com Sansão, e não podemos senão admirar a Sua graça nisso. 

Mas de maneira nenhuma devemos enxergar um incentivo para convertermos-nos em paus tortos.


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