Obadias – Curto e grosso
O livro de Obadias é o mais curto do Antigo Testamento; possui apenas 21 versículos.
A biografia de Obadias ainda é um tema discutido entre os estudiosos, pois quase nada se sabe sobre o profeta.
A tradição judaica de que o autor do livro foi o mordomo do rei Acabe não se apoia em nenhuma evidência ou confirmação histórica (Talmude: Sanhedrin 39b; 1 Rs. 18:3-16).
Seu nome significa servo de Jeová, um nome bastante comum em Israel.
Este nome está associado a mais de uma dezena de personagens no Antigo Testamento em diferentes momentos da história.
O assunto principal do livro de Obadias é a sua reação diante do crime e oportunismo de Edom para com Judá, seu irmão. Os crimes descritos por Obadias podem ser situados em dois períodos entre 850 a.C e 400 a.C:
- Os filisteus e árabes invadem Jerusalém por volta de 844 a.C no reinado de Jeorão: 2 Rs. 8:16-20 e 2 Cr. 21:16-17
- Os babilônios sitiam, invadem e destroem Jerusalém em 587 a.C: 2 Rs. 25:1-12 e Ez. 25:1-3
A segunda opção parece ser mais plausível do ponto de vista do verso 11. Portanto, as profecias de julgamento contra Jerusalém se cumpriram.
A Babilônia invadira a terra, levara cativo o rei, devastara o templo, levando milhares de hebreus para o exílio.
Embora o castigo de Judá fosse merecido, as nações ao redor, especialmente Edom, aproveitaram-se da fragilidade momentânea de Judá para promover saques e o massacre étnico contra os seus habitantes.
Outras características que reforçam a datação pós exílica são os paralelos que Obadias faz com Jeremias 49:7-22 citando uma tradição mais primitiva e o termo exilados no verso 20 referindo-se aos israelitas.
A gravidade destas passagens bíblicas contra Edom reside no parentesco entre Edom e Israel, que foram respectivamente os patriarcas Esaú e Jacó, filhos de Isaque e Rebeca (Gn. 25:23-26).
A nação de Edom vivia nas montanhas e tinham uma organização social estruturada desde a época dos patriarcas (Gn. 36:1-30) e adotaram o governo monárquico antes do Êxodo dos hebreus do Egito.
Nesta época os edomitas negaram a passagem dos israelitas pelo leste mostrando seu potencial militar (Nm. 20:14-21; 21:4).
A data da destruição de Edom não pode ser precisada, mas, no tempo do profeta Malaquias (500 – 400 a.C.) a nação já estava arruinada (Ml. 1:2-4).
Por volta de 312 a.C. (domínio grego) os árabes nabateus tomaram as terras edomitas e expulsaram os sobreviventes para a Iduméia, ao norte.
No Novo Testamento o representante mais famoso desse povo foi Herodes, o grande.
Obadias não é o único com profecias dirigidas a Edom. Outros oráculos estão registrados em: Is. 21:11-12; 34:5-17; Jr. 49:7-22; Ez. 25:12-14; 35:1-15; Am. 1:11-12.
A recorrência aos edomitas nas profecias do Antigo Testamento surge desde a bênção de Isaque para Esaú (Gn. 27:39-40) até a confirmação da destruição total de Edom em Malaquias (Ml. 1:2-4) .
Obadias, como mensageiro de Deus, tratou sobre a restauração de Israel e o julgamento de todas as nações que cometeram crimes contra a humanidade.
Obadias utilizou-se do tema do Dia do Senhor, comum aos profetas, para predizer o livramento de Jerusalém e declarar o domínio universal do Senhor sobre todos os povos.
A punição de Edom serviria de aviso a todas as demais nações acerca da retribuição que teriam pela maneira injusta à qual submeteram os israelitas.
Mais importante do que a punição a Edom o livro de Obadias mostra o amor e cuidado do Senhor pelo povo da Aliança.
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